terça-feira , 17 dezembro , 2024

37ª Mostra de Cinema de São Paulo: Era Uma Vez em Tóquio

A OBRA MÁXIMA DE OZU

Acredito que obras de arte não tem classificação etária. Nada impede alguém de pouca idade conseguir apreciar um Pedro Almodóvar ou alguém mais velho se empolgar com um desenho da Disney. Apesar dessa máxima, certas coisas são mais bem apreciadas com mais idade ou, ao menos, depois de adquirida certa experiência de vida. Era Uma Vez Em Tóquio (1953), de Yasujiro Ozu, é um caso desses.

Exibido na Mostra de São Paulo em regime de minirretrospectiva, o filme segue a simplicidade marcante de Ozu. Um casal de idosos viaja da cidade de Onomichi a Tóquio para visitar os filhos depois de longo período distante. Acontece que os filhos não têm todo tempo do mundo para os pais. Eles tentam dar atenção aos pais ou fazê-los se sentirem bem, mas eles percebem que incomodam.



Não é um filme trágico. Ozu constrói um drama íntimo. Somado à tradição japonesa de profundo respeito e educação, Era Uma Vez… é um drama em voz baixa, que nunca se esquece da beleza da vida. O filme pode ser lido como uma exposição do choque entre tradição e modernidade no Japão do pós-guerra. Mas, sua estética peculiar, de cortes precisos, enquadramentos belíssimos que exploram as possibilidades da arquitetura tradicional japonesa, cenários simples e elegantemente construídos e uma câmera fixa posicionada na altura dos olhos de alguém sentado no tatame, Ozu limpa a imagem nos permitindo a construção de sentidos e sentimentos.

É muito difícil não completarmos a tela com uma narrativa pessoal. Lembrei-me de meus pais, de minha noiva e dos pais dela. Talvez você se lembre dos seus pais, dos seus avós, dos seus netos, de um irmão, de uma nora, de um tio. Memórias e afetos convocados para se infiltrarem na imagem.

Quem não puder vê-lo em tela grande, pode assisti-lo em DVD, em edição lançada este ano pela Versátil.

Próximas exibições:

  • Dia 28/10 – 13:00 – Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 1
  • Dia 31/10 – 20:00 – Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 3

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Exibido na Mostra de São Paulo em regime de minirretrospectiva, o filme segue a simplicidade marcante de Ozu. Um casal de idosos viaja da cidade de Onomichi a Tóquio para visitar os filhos depois de longo período distante. Acontece que os filhos não têm todo tempo do mundo para os pais. Eles tentam dar atenção aos pais ou fazê-los se sentirem bem, mas eles percebem que incomodam.

Não é um filme trágico. Ozu constrói um drama íntimo. Somado à tradição japonesa de profundo respeito e educação, Era Uma Vez… é um drama em voz baixa, que nunca se esquece da beleza da vida. O filme pode ser lido como uma exposição do choque entre tradição e modernidade no Japão do pós-guerra. Mas, sua estética peculiar, de cortes precisos, enquadramentos belíssimos que exploram as possibilidades da arquitetura tradicional japonesa, cenários simples e elegantemente construídos e uma câmera fixa posicionada na altura dos olhos de alguém sentado no tatame, Ozu limpa a imagem nos permitindo a construção de sentidos e sentimentos.

É muito difícil não completarmos a tela com uma narrativa pessoal. Lembrei-me de meus pais, de minha noiva e dos pais dela. Talvez você se lembre dos seus pais, dos seus avós, dos seus netos, de um irmão, de uma nora, de um tio. Memórias e afetos convocados para se infiltrarem na imagem.

Quem não puder vê-lo em tela grande, pode assisti-lo em DVD, em edição lançada este ano pela Versátil.

Próximas exibições:

  • Dia 28/10 – 13:00 – Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 1
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