Previsto para chegar ao Brasil em pleno feriadão, no dia 1º de novembro, Podres de Ricos (Crazy Rich Asians) já fez história no cinema, mesmo se tratando de uma comédia romântica. Com um enredo que mistura histórias já contadas em A Sogra (2005) e O Diabo Veste Prada (2006), por exemplo, o aspecto cultural é o que destaca o obra de todas as demais do gênero.
A adaptação literária tornou-se fenômeno de bilheteria no primeiro fim de semana nos Estados Unidos e Canadá, faturando $26,5 milhões em três dias, segundo Box Office Mojo. Após 12 dias em cartaz, esta sensação do verão norte-americano já faturou $76,8 milhões, mais que o dobro do orçamento da produção de $30 milhões.
De fato, Hollywood parece, finalmente, ter acordado para diversidade do mundo e, assim como Pantera Negra (2018), o filme de Jon M. Chu – filho de um chinês e uma taiwanesa – traz uma visão da cultura asiática de forma deslumbrante e com um elenco completo de atores orientais e descendentes, trazendo para às telas a caracterização de milhares de imigrantes e seus filhos no ocidente. Ou seja, representatividade importa.
Destacamos, portanto, sete pontos para você entender a importância do filme e o porquê devemos aguardar com expectativas a chegada da obra aos cinemas nacionais.
1 | Diretor e elenco completamente de asiáticos e descendentes
De acordo com censo dos EUA, 5,6% da população estadunidense é formada de asiáticos, sendo que 3,79 milhões são chineses e 3,41 milhões, filipinos. Ou seja, não é pouca gente que um elenco asiático representa por lá. Ainda mais depois dos fiascos de colocar Scarlett Johansson como a protagonista japonesa de Ghost in the Shell (2017) e Matt Damon como guerreiro no chinês A Grande Muralha (2017), o que gerou o whitewashing, isto é, uma limpeza de outras etnias pela branca.
Tanto que os maiores comentários da estreia de Podres de Ricos são sobre este ser o primeiro longa em 25 anos a ter a ousadia de não colocar os rostinhos dos famosos atores hollywoodianos para contar a história de outro país. O último a encarar o desafio foi o drama O Clube da Felicidade e da Sorte (1993), no qual quatro mulheres chinesas que moram nos EUA se reúnem constantemente para discutirem suas lembranças e o relacionamento delas com as filhas nascidas na América.
2 | Protagonismo cultural e social da Ásia
Depois do sucesso de Pantera Negra no início deste ano, é difícil negar que as pessoas estão interessadas em descobrir outras culturas por meio da linguagem cinematográfica de Hollywood. Ver um elenco inteiro de pessoas negras na telona em uma produção que respeita os aspectos culturais africanos, trouxe a maior bilheteria doméstica do EUA em 2018.
Assim como Mulher Maravilha (2017) trouxe uma heroína em destaque ao mundo dos super-heróis e inspirou milhares de meninas a se sentirem super poderosas, os personagens Rachel Chu (Constance Wu) e Nick Young (Henry Golding) lançam que os protagonistas de uma história de amor não precisam ter a aparência nórdica dos contos de fadas. Sobretudo, apresentam o lado cultural, soberbo e desconhecido de Singapura e Malásia.
Outra recente novidade neste caminho é a protagonista da adaptação Para Todos os Garotos que Já Amei (2018), lançado em agosto na Netflix. A comédia romântica traz a vietnamita Lana Condor como a protagonista Lara Jean. Vale conferir!
Crítica | Para Todos os Garotos que Já Amei: A doçura e delicadeza da descoberta do amor
3 | Aclamação da crítica e do público
Quando muitos críticos de cinema dão o seu aval para uma obra, a gente não pode ignorar o motivo dos holofotes, não é verdade? Os termômetros mais famosos Rotten Tomatoes e IMDB deram os seus avais para a produção.
No Rotten Tomatoes, a aprovação é de 94%, a resenha da revista TIME, por exemplo, diz: “os protagonistas, Wu e Golding, são charmosos e genuínos, e os coadjuvantes ao redor deles desenvolvem todo o louco enredo sem nunca se tornar cansativo”. Já o IMDB, por meio do público, o classificou em 7.7 com mais de 10 mil votos. Uma das resenhas diz: “Uma das melhores – senão a melhor – comédia romântica do ano.” O que nos leva ao próximo ponto.
4 | A comédia romântica mais bem-sucedida dos últimos anos
A questão aqui não é se você gosta de romance ou de comédia, mas se você curte se divertir. Quem vai responder “não” para isso? Este é exatamente o ponto de Podres de Ricos, que apresenta os comediantes Awkwafina (vista recentemente em Oito Mulheres e Um Segredo) e Ken Jeong (conhecido pelo papel de Mr. Chow na trilogia Se Beber, Não Case) como um espetáculo à parte.
Somado a isso, o longa em questão é a primeira comédia romântica em três anos (desde Descompensada, de Amy Schumer, que nem chegou aos cinemas brasileiros) a fazer mais de $20 milhões no primeiro fim de semana.
Já a comédia romântica de maior bilheteria de todos os tempos, de acordo com Box Office Mojo, é Casamento Grego (2002), a qual trazia um casamento e os hábitos de uma cultura diferente como pano de fundo, tal como aqui. Será que Podres de Ricos quebra esse recorde?
5 | Exuberância de figurino, dança e direção
Após lutar com a Netflix, o CEO da Warner Kevin Tsujihara, de descendência asiática, adquiriu o direito do livro Crazy Rich Asians, em outubro de 2016. A partir desta data, começou a busca por um elenco totalmente característico com a história e a finalidade de matar a curiosidade dos ocidentais sobre o continente mais rico do planeta.
Para dirigir o espetáculo de um casamento em Singapura, os produtores chamaram Jon M. Chu, responsável pelas continuações Ela Dança, Eu Danço 2 e 3 (2008/2010); G.I. Joe: Retaliação (2013) e Truque de Mestre 2 (2016). O cineasta coleciona filmes com dança, música, coreografia e até foi cogitado para comandar o remake de O Grande Gatsby (2013), mas a produção sobrou para Baz Luhrmann.
A luxúria e opulência da produção têm sido destaque de crítica e um motivo a mais para encantar os olhos dos espectadores. Fala-se até de possíveis prêmios…
6 | Previsões ao Oscar 2019
Já rola rumores sobre a onda de premiações do próximo ano e, principalmente, sobre o Oscar. No início do mês, a academia anunciou a criação da categoria de Filme Mais Popular, dividindo opiniões. Esse novo prêmio, com certeza, incluirá o novo queridinho Podres de Ricos, por conta do sucesso e representatividade, tal como Pantera Negra.
Por outro lado, o filme tem chances de ser nomeado a outras categorias. Apesar de comédias românticas não serem benquistas pelos membros da academia, vale lembrar que Casamento Grego – ele novamente – recebeu uma indicação a Melhor Roteiro Original. Portanto, Podres de Ricos está cotadíssimo para Melhor Roteiro Adaptado e Direção de Arte. Quer apostar?
7 | Adaptação de uma trilogia que virou best-seller
Convenhamos que nem sempre o livro mais vendido das paradas é um ótimo produto, vide a Saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e Cinquenta Tons de Cinza, de E.L.James. A trilogia do singapurense Kevin Kwan, entretanto, tem recebido elogios também da crítica literária e é tido como “uma introdução da Ásia contemporânea para o público americano”.
Sendo assim, Kwan também entrou na lista da revista TIME como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, após vender mais de um milhão de cópias e ficar por 50 semanas consecutivas na lista do mais vendidos do The Straits Times, jornal de Singapura.
A Warner já confirmou a sequência China Rich Girlfriend e, provavelmente, veremos o último volume Rich People Problems nas telonas também. Convencidos? Agora é só esperar novembro chegar!