terça-feira, abril 30, 2024

A Ascensão e Queda da Indústria de Quadrinhos e os Ecos no Audiovisual

Depois de um grande ano, o mercado editorial sofre com as consequências da Covid-19

O ano de 2019 foi muito bom para todo o segmento editorial de revistas em quadrinhos, não à toa configurando como um dos anos mais lucrativos para eles em décadas. Um relatório anual publicado pela revista varejista ICv2 e pela Comichron apontou que nesse período as vendas alcançaram uma marca de US$ 1,21 bilhão. Com isso, superando em muito a média histórica estabelecida em 2018 de US$ 1,095 bilhão.

Apesar de não haver uma razão cravada para esse aumento, em entrevista concedida a Business Insider o presidente da ICv2, Milton Griepp, apontou que o aumento de procura por Graphic Novels (um segmento da indústria voltado para histórias mais trabalhadas) e as novas histórias para os quadrinhos infantis, que não se limitam mais ao clássico gênero de super-heróis, são indicadores de novos tempos para o mercado.

No entanto, em 2020 o panorama geral do mundo mudou drasticamente com a pandemia do novo Coronavírus. Todos os seguimentos de diversas indústrias foram afetados direta ou indiretamente pela nova configuração social que foi adotada pela maior parte dos países para conter a proliferação do contágio. No caso do mercado de quadrinhos não foi diferente.

Mercado de quadrinhos enfrenta momento complicado

Em matéria assinada por Sam Thielman para o Guardian, a crise dos quadrinhos é representada pela situação da Diamond Comics Distributors. A empresa é responsável por abastecer as prateleiras das lojas de quadrinhos com as últimas edições de Marvel\DC\Image etc., segundo Thielman o fechamento das lojas de quadrinhos e a consequente falta de receita afeta as distribuidoras, que por sua vez não tem condições de pagar as grandes editoras, eventualmente não tendo condições de pagar seus editores e funcionários.

Por meio de uma linha do tempo estabelecida pelo Comichron para o ano de 2020, janeiro foi um mês considerado próspero com a venda de Wonder Woman #750, seguido por fevereiro que registrou um aumento de 7% nas vendas motivados por Wolverine #1. Porém em março, quando os casos de Covid-19 começaram a ganhar proporção fora da China foi quando o mercado de quadrinhos registrou as primeiras estimativas negativas.

Em 5 de junho a DC Comics terminou a parceria com a Diamond Distribution. Veio agosto e por uma decisão administrativa do conglomerado de comunicação AT&T, este que comprou o grupo Warner e consequentemente a DC Comics, ocorreu uma demissão em massa de funcionários do serviço de streaming da editora (o DC Universe) cujo o catálogo será realocado para o futuro projeto da HBO Max. De acordo com o portal Comicbook os efeitos econômicos negativos da pandemia tiveram grande influência na decisão da AT&T que vê a mídia digital como uma forma de recuperar as perdas.  

Serviço de streaming do grupo Warner vem para deixar sua marca no mercado

A própria editora em si não escapou das demissões, sendo a do editor chefe Bob Harras como a que mais chamou a atenção. Além dele, o famoso ilustrador Jim Lee, que possui um cargo administrativo dentro da empresa, teve sua posição realocada para tapar eventuais faltas na cadeia de comando.

Já a sua principal competidora, Marvel Comics, precisou se adequar aos novos tempos com uma estratégia própria: limitar o número de venda de quadrinhos físicos e focar nas versões digitais. Não é de agora que o mercado digital começou para essa indústria, tendo inclusive serviços por assinatura (como o Marvel Unlimited). Segundo a ICv2 as receitas oriundas da venda de mídia digital geraram, em 2019, US$ 90 milhões. Já em 2018 esse mercado viu sua maior receita em tempos, US$ 100 milhões.

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Não se sabe ainda o quão longevo e profundo será o impacto do Covid-19 para a economia de maneira geral e ainda mais especificamente para a indústria dos quadrinhos. A queda na receita de vendas impulsionou serviços de streaming como Disney + e futuramente a HBO Max, estas que possuem as adaptações cinematográficas das duas maiores editoras do ramo. Ao mesmo tempo que há tal oportunidade de expansão, a ameaça de corte de funcionários aparentemente permanecerá no ar durante os próximos meses antes de se estabilizar. 

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