Antes mesmo da Cerimônia de Encerramento e do anúncio oficial dos Palmares, O Agente Secreto, novo filme de Kleber Mendonça Filho, já saía consagrado em Cannes 2025 com dois prêmios de peso: o Prêmio FIPRESCI, da Federação Internacional de Críticos de Cinema, e o “Art et Essai”, oferecido pela associação francesa de exibidores independentes, a AFCAE.
A escolha da FIPRESCI veio acompanhada de uma declaração forte e precisa do júri, formado por críticos de nove países diferentes:
“Escolhemos um filme que tem uma generosidade romanística e épica; um filme que permite digressão, diversão, humor e caráter para evocar um tempo e lugar e uma história rica, estranha e profundamente preocupante de corrupção e opressão. Um filme que faz suas próprias regras, que é pessoal, mas universal, que leva seu tempo e mergulha você em um mundo — o mundo do Brasil governado pelos militares em 1977 e o mundo das pessoas boas em tempos ruins.”
O reconhecimento marca a quinta vez que Kleber Mendonça Filho participa do festival, consolidando ainda mais sua trajetória internacional. Em seu discurso de agradecimento, o cineasta brasileiroe relatou que jornalistas se emocionaram com o filme: “Foram dias conversando com a imprensa. Em pelo menos sete momentos diferentes, jornalistas — brasileiros, franceses, espanhóis, italianos — travavam, ficavam com a voz embargada. Isso me tocou. Acho que é um filme que fala do passado, do presente e do futuro.”
Ambientado no Recife de 1977, O Agente Secreto é um suspense político estrelado por Wagner Moura no papel de Marcelo, um especialista em tecnologia que retorna à cidade natal tentando escapar de um passado obscuro. Mas a Recife que encontra está longe de ser um lugar de paz. O elenco conta ainda com Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Hermila Guedes, Carlos Francisco, Alice Carvalho, Roberto Diogenes, entre outros grandes nomes do cinema nacional.
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A produção é liderada pelo esposa do cineasta, Emilie Lesclaux, com coproduções do Brasil (CinemaScópio), França (MK Productions), Holanda (Lemming Film) e Alemanha (One Two Films). A distribuição internacional será feita pela NEON (EUA e Canadá) e pela MUBI (Reino Unido, Irlanda, Índia e América Latina, com exceção do Brasil), enquanto no país o lançamento fica por conta da Vitrine Filmes.
Vale lembrar que antes de se firmar como um dos principais diretores brasileiros da atualidade, Kleber Mendonça Filho trabalhou como crítico de cinema por 18 anos. Sua estreia na direção de longas veio com O Som ao Redor, seguido por Aquarius, Bacurau (vencedor do Prêmio do Júri em Cannes, em 2019) e Retratos Fantasmas, todos com passagens marcantes pelo festival e recepção calorosa tanto do público quanto da crítica.
Com esses reconhecimentos e a recepção calorosa da crítica, a expectativa em torno do filme cresce ainda mais, alimentando a possibilidade de uma trajetória de destaque na temporada dos grandes prêmios internacionais — a exemplo de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional.
