sexta-feira , 22 novembro , 2024

Primeiras Impressões | ‘A Lenda do Tesouro Perdido: No Limiar da História’ é divertida, mas ainda tem muito a melhorar

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Em 2004, a Walt Disney Studios lançava a adorada aventura A Lenda do Tesouro Perdido. Estrelada por Nicolas Cage, o longa acompanhou o historiador e criptologista Benjamin Gates, que procura tesouros escondidos e descobre que a Declaração de Independência dos Estados Unidos pode conter um mapa para uma descoberta muito valiosa. Apesar das críticas mistas, a produção caiu no gosto do público e fez um estrondo de bilheteria, garantindo uma sequência lançada três anos mais tarde e, com um inegável legado relembrado por diversos espectadores, coube à Casa Mouse reviver a franquia com o anúncio de uma série derivada intitulada A Lenda do Tesouro Perdido: No Limiar da História’.

A trama acompanha Jess (Lisette Oliviera), uma jovem extremamente sagaz que vive em um apartamento com sua melhor amiga, Tasha (Zuri Reed). Jess tem um apetite voraz e uma habilidade invejável em resolver quebra-cabeças e enigmas quase impossíveis – mas o que não passava de um simples passatempo se transforma em uma jornada perigosa quando ela cruza caminho com o misterioso Peter Sadusky (Harvey Keitel reprisando seu papel do filme original), um ex-agente do FBI que lhe diz que sua história está entrelaçada com o paradeiro de um poderoso objeto que não pode cair em mãos erradas. E por “mãos erradas”, ele se refere à sedutora e mortal colecionadora Billie (Catherine Zeta-Jones) e seus comparsas. É a partir daí que a trama desenrola ou, ao menos, tenta desenrolar.



Desde o anúncio oficial da série, fiquei bastante animado para ver como Cormac e Marianne Wibberley reavivariam as memórias que tinha quando criança – ainda mais considerando que estamos em outra época e que as evoluções tecnológicas poderiam se encaixar com perfeição ao mote da narrativa principal. E, apesar das boas intenções, o resultado é um tanto quanto desequilibrado, acertando em alguns aspectos e falhando na estrutura que sustenta o enredo, desde ritmo até certos erros de direção. É claro que o nosso foco principal é o elenco, cujo cerne reside em Oliviera, que faz um trabalho admirável e ganha palco em uma das maiores plataformas do mundo, e Zeta-Jones, que acaba de sair da ótima ‘Wandinha’ e transmuta-se em uma antagonista que ainda tem muito a nos contar.

Entretanto, é difícil não traçar paralelos com os títulos originais e sentir que algo está faltando – talvez o carisma acolhedor de Cage ou a divertida ambição por trás do longa-metragem. De qualquer forma, lidamos com outra mídia, o que abre espaço para uma dilatação da história e uma consequente diminuição de dinamismo. Os capítulos de estreia, dessa maneira, movem a passos mais curtos, sem se preocupar em entregar todas as cartas do jogo de uma vez e cultivando um sentimento que irá nos prender nas próximas semanas – e, mesmo assim, há um considerável número de subtramas que se envolvem em uma mixórdia cansativa e que parece não conseguir fugir muito das fórmulas.

A cena inicial do episódio piloto nos auxilia a compreender o que é cobiçado por Billie e, pouco depois, por Jess: pequenos artefatos cúbicos que contém indicações para um tesouro asteca centenário e que se perdeu há muito tempo. O pai de Jess, em uma tentativa de proteger a família, se sacrificou para manter o segredo escondido e levou a esposa a dizer para a filha não seguir os passos do pai e se manter viva; porém, como a fruta não costuma cair muito longe da árvore, o instinto desbravador da protagonista fala mais alto e, aliado a uma mente aguçada e calculista, a arremessa em uma jornada que com certeza irá mudar sua vida.

Os Wibberley teriam todo o tempo do mundo para esmiuçar cada personagem e talvez os reunir um pouco mais para a frente, mas resolvem, logo de cara, colocar Jess e Billie em um jogo de gato e rato, à medida que esta sequestra um dos amigos mais próximos daquela, Oren (Antonio Cipriano). Em troca do artefato supracitado, Billie não irá atrás deles e devolverá Oren são e salvo. E isso se estende desnecessariamente para o capítulo seguinte, como se as pontas soltas fossem amarradas com pressa e como forma de dar início a mais um enredo – e é nessa tentativa desesperada de fazer tudo ao mesmo tempo que não permite ao público se conectar aos personagens e entender qual a motivação de cada um deles dentro do cosmos apresentado.

De qualquer forma, é possível ignorar as fracas bases que erguem a série quando transferimos nossa atenção para a atuação. O elenco acredita com sólida fé no que quer entregar aos assinantes do Disney+ e aos fãs da mini-franquia predecessora, cada qual envolvido em seu próprio projeto e destilando habilidades que serão importantes para as próximas semanas. De fato, os holofotes são roubados pelas atrizes principais, mas os outros artistas também brilham e terão mais chances de brilhar no futuro. Além disso, é notável como, apesar de fazer referências aos filmes, a série funciona por conta própria e não se vale muito de uma nostalgia desmedida.

A Lenda do Tesouro Perdido: No Limiar da História’ pode até ser decepcionante para aqueles que tinham fortes expectativas, mas, no geral, estamos diante de uma honesta aventura para passar o tempo. O que podemos fazer, agora, é esperar que as coisas melhorem – e que sejamos conduzidos para um merecido grand finale recheado de reviravoltas.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A trama acompanha Jess (Lisette Oliviera), uma jovem extremamente sagaz que vive em um apartamento com sua melhor amiga, Tasha (Zuri Reed). Jess tem um apetite voraz e uma habilidade invejável em resolver quebra-cabeças e enigmas quase impossíveis – mas o que não passava de um simples passatempo se transforma em uma jornada perigosa quando ela cruza caminho com o misterioso Peter Sadusky (Harvey Keitel reprisando seu papel do filme original), um ex-agente do FBI que lhe diz que sua história está entrelaçada com o paradeiro de um poderoso objeto que não pode cair em mãos erradas. E por “mãos erradas”, ele se refere à sedutora e mortal colecionadora Billie (Catherine Zeta-Jones) e seus comparsas. É a partir daí que a trama desenrola ou, ao menos, tenta desenrolar.

Desde o anúncio oficial da série, fiquei bastante animado para ver como Cormac e Marianne Wibberley reavivariam as memórias que tinha quando criança – ainda mais considerando que estamos em outra época e que as evoluções tecnológicas poderiam se encaixar com perfeição ao mote da narrativa principal. E, apesar das boas intenções, o resultado é um tanto quanto desequilibrado, acertando em alguns aspectos e falhando na estrutura que sustenta o enredo, desde ritmo até certos erros de direção. É claro que o nosso foco principal é o elenco, cujo cerne reside em Oliviera, que faz um trabalho admirável e ganha palco em uma das maiores plataformas do mundo, e Zeta-Jones, que acaba de sair da ótima ‘Wandinha’ e transmuta-se em uma antagonista que ainda tem muito a nos contar.

Entretanto, é difícil não traçar paralelos com os títulos originais e sentir que algo está faltando – talvez o carisma acolhedor de Cage ou a divertida ambição por trás do longa-metragem. De qualquer forma, lidamos com outra mídia, o que abre espaço para uma dilatação da história e uma consequente diminuição de dinamismo. Os capítulos de estreia, dessa maneira, movem a passos mais curtos, sem se preocupar em entregar todas as cartas do jogo de uma vez e cultivando um sentimento que irá nos prender nas próximas semanas – e, mesmo assim, há um considerável número de subtramas que se envolvem em uma mixórdia cansativa e que parece não conseguir fugir muito das fórmulas.

A cena inicial do episódio piloto nos auxilia a compreender o que é cobiçado por Billie e, pouco depois, por Jess: pequenos artefatos cúbicos que contém indicações para um tesouro asteca centenário e que se perdeu há muito tempo. O pai de Jess, em uma tentativa de proteger a família, se sacrificou para manter o segredo escondido e levou a esposa a dizer para a filha não seguir os passos do pai e se manter viva; porém, como a fruta não costuma cair muito longe da árvore, o instinto desbravador da protagonista fala mais alto e, aliado a uma mente aguçada e calculista, a arremessa em uma jornada que com certeza irá mudar sua vida.

Os Wibberley teriam todo o tempo do mundo para esmiuçar cada personagem e talvez os reunir um pouco mais para a frente, mas resolvem, logo de cara, colocar Jess e Billie em um jogo de gato e rato, à medida que esta sequestra um dos amigos mais próximos daquela, Oren (Antonio Cipriano). Em troca do artefato supracitado, Billie não irá atrás deles e devolverá Oren são e salvo. E isso se estende desnecessariamente para o capítulo seguinte, como se as pontas soltas fossem amarradas com pressa e como forma de dar início a mais um enredo – e é nessa tentativa desesperada de fazer tudo ao mesmo tempo que não permite ao público se conectar aos personagens e entender qual a motivação de cada um deles dentro do cosmos apresentado.

De qualquer forma, é possível ignorar as fracas bases que erguem a série quando transferimos nossa atenção para a atuação. O elenco acredita com sólida fé no que quer entregar aos assinantes do Disney+ e aos fãs da mini-franquia predecessora, cada qual envolvido em seu próprio projeto e destilando habilidades que serão importantes para as próximas semanas. De fato, os holofotes são roubados pelas atrizes principais, mas os outros artistas também brilham e terão mais chances de brilhar no futuro. Além disso, é notável como, apesar de fazer referências aos filmes, a série funciona por conta própria e não se vale muito de uma nostalgia desmedida.

A Lenda do Tesouro Perdido: No Limiar da História’ pode até ser decepcionante para aqueles que tinham fortes expectativas, mas, no geral, estamos diante de uma honesta aventura para passar o tempo. O que podemos fazer, agora, é esperar que as coisas melhorem – e que sejamos conduzidos para um merecido grand finale recheado de reviravoltas.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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