A trilogia ‘Creed’: o legado de Rocky!

Uma das grandes questões que surgem quando pensamos sobre uma franquia oriunda de outra é se a essência dos personagens serão mantidas. Em 2015, chegou aos cinemas o primeiro filme da saga Creed, Creed: Nascido para Lutar, que nos mostraria o eterno Rocky como um coadjuvante pela primeira vez e nos apresentaria um novo rosto, Adonis Creed, filho de um grande amigo de Rocky. O sucesso foi estrondoso e novos filmes já se tornaram praticamente certos.

Abaixo, vamos analisar os filmes produzidos até aqui desse Spin Off cinematográfico.

Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. Após o ótimo Fruitvale Station: A Última Parada, o cineasta californiano Ryan Coogler embarcou nesse projeto que resgata um dos grandes mitos do cinema norte-americano. Creed: Nascido para Lutar é uma espécie de mais um filme sobre o eterno Rocky Balboa, mas dessa vez, o lendário personagem lutador prefere ser o coadjuvante de uma ótima e criativa história que fala sobre grandes batalhas da vida. O grande destaque da fita é sem dúvidas a atuação maravilhosa de Sylvester Stallone que mostra que é possível resgatar um personagem quando ele é extremamente poderoso em cena.

Na trama, acompanhamos a história de Adonis Johnson (Michael B. Jordan), um homem marcado por uma infância conturbada e que nunca conheceu seu pai. Certo dia, anos depois de ser adotado pela ex-mulher de seu pai (o famoso pugilista Apollo Creed), Adonis resolveu investir na carreira de lutador e acaba se mudando para a Filadelfia, onde vai atrás de seu ‘Tio’, o famoso lutador Rocky Balboa (Sylvester Stallone). Assim, esses dois buscarão enfrentar cada um seu desafio, nessa etapa da vida.

Creed fala entre outras coisas do poder da família em nossos corações. Rocky sempre cuidou de todos os amigos e familiares ao seu redor ao longo de todos os filmes, dessa vez, é ele que também precisa de uma motivação extra para lutar a maior batalha de sua vida. Adonis chega na vida de Rocky para preencher de esperança a rotina, do agora comerciante, do ex-campeão. Os laços de afeto entre os dois são muito bem expostos na telona, exalam carisma em cena.

O grande mérito do filme é ter Rocky Balboa mas o próprio ser muito mais lembrando por algumas sequências que lembram o maravilhoso personagem. Stallone, o ser humano que mais conhece o garanhão italiano na face da terra, coloca um ar de terceira idade (parecido um pouco com linhas de raciocínio de Os Mercenários) muito profundo e bonito, em algumas partes chega a emocionar. Não sei se podemos dizer que a grande atuação de Sly foi uma surpresa, talvez a característica mais marcante e/ou curiosa é a releitura do personagem se encaixar como uma luva no roteiro de Creed.

 

Quatro anos mais tarde um novo filme

Uma vez Rocky, sempre emoção. Tentando dar seguimento a uma espécie de reboot à clássica história do saudoso e inesquecível garanhão italiano, personagem emblemático de Sylvester Stallone nas telonas, Creed II ainda com fios de laços com a história de Rocky, foca na família e nas escolhas do passado para entendermos melhor o protagonista, filho do eterno Apollo Creed. Reunindo um competente elenco, um ou outro vacilo no andamento do roteiro mas tentando manter a força dramática dos outros filmes do qual é oriundo, o cineasta Steven Caple Jr, que assina a direção (esse é apenas o segundo longa dirigido por ele) faz o básico e busca manter a força dos personagens mas sem o carisma de outrora.

Na trama, voltamos a encontrar o jovem lutador de boxe profissional Adonis Creed (Michael B. Jordan) que por anos se manteve distante da história de sua família para tentar trilhar uma carreira de sucesso sem comparações. Mas tudo isso fica em cheque quando um polêmico organizador de lutas vai até a mídia e faz pressão para Adonis lutar contra o filho do lutador que matou seu pai Apollo, o boxeador russo Ivan Drago (Dolph Lundgren). Assim, tentando driblar a força do destino e com a ajuda de seu mentor, treinador e amigo Rocky Balboa (Sylvester Stallone), o protagonista deverá enfrentar mais esse complicado desafio.

A vantagem de ter tido tantos filmes sobre Rocky se mostra claramente na elaboração de novas ideias e caminhos para que essa chama nunca se apague. Com uma veia dramática forte e diversas portas a se abrirem, Creed II cresce nas telas como um paralelo a nostalgia, tentando a cada linha de roteiro ter uma personalidade própria. Mas mesmo com todo esforço, assim que aparece Rocky e suas lembranças bem distantes é onde o filme cresce e milhões de espectadores aguardam ansiosamente pela música clássica dos outros longas. A narrativa é progressiva, as cenas de lutas são ótimas, os atores muito competentes. Os arcos familiares são bons e se tornam o novo pilar dessa grande antiga nova saga.

Estimado em cerca de 50 milhões de dólares, o filme deve arrecadou muito mais que o dobro nas bilheterias mundiais. Mesmo não conseguindo se desvincular de uma sessão nostalgia mesmo buscando novos arcos com os novos personagens, Creed II vale a pena. Uma vez Rocky, sempre emoção.

 

Em 2023, o mais recente capítulo dessa nova saga

Jogo é jogo, treino é treino. Em seu primeiro trabalho atrás das câmera como diretor, Michael B. Jordan busca a emoção a todo instante seja no duelo profissional ou no pessoal do ótimo protagonista que dá título a essa franquia, oriunda da saga Rocky, que caiu nas graças de todos que viraram órfãos do garanhão italiano. Em Creed III, vemos o tom reflexivo de um campeão que precisa confrontar seu passado. Os conflitos familiares contornam a narrativa mas sem deixar de ter fôlego para cenas de ação de um dos esportes mais populares do universo das lutas. Esse é o primeiro filme do universo de Rocky que o lendário personagem não aparece.

Na trama, voltamos a encontrar Adonis Creed (Michael B. Jordan) agora um empreendedor do mundo das lutas após sua recente aposentadoria com um currículo invejável como lutador. Só que nesse terceiro filme da franquia vamos conhecendo mais a fundo o passado do personagem e o reencontro dele com um amigo do passado, o complicado e ex-presidiário Damian (Jonathan Majors) um antigo prodígio do boxe. Desse encontro, logo um confronto acontece e os amigos irão se enfrentar em uma batalha onde só um pode ficar com o cinturão.

A palavra família contorna as linhas da narrativa. Com certa profundidade, sempre aos olhos do protagonista, vamos vendo mais de perto sua profunda relação com a esposa, a filha (que é surda) e a mãe, essa última com lembranças do passado quando o assunto é Damian, um amigo encrenqueiro que ficou quase duas décadas preso por conta de confusões e uma situação ligada ao amigo Adonis. O desenvolvimento de Adonis nesse filme é uma estrada de conflitos que são muito bem executadas traçando um poderoso raio-x da personalidade, até mesmo um antes e depois, desse forte personagem.

Será que vai ter um quarto filme? Provavelmente, história é o que não falta!

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