Anunciado como o Se Beber, Não Case da terceira idade, A Última Viagem a Vegas consegue superar os filmes do “wolfpack” em todos os quesitos. O primeiro e mais óbvio é o peso do elenco de veteranos que conta com Morgan Freeman (Truque de Mestre), Michael Douglas (Behind the Candelabra), Kevin Kline (Sexo Sem Compromisso) e Robert De Niro (A Família), e traz grande nostalgia para uma fatia do público. Eles são como nossos velhos amigos, que viemos acompanhando por décadas nas telas.
O fato causa identificação imediata para todos que já viram sua época de auge passar. O humor aqui é mais limpo também, e de certa forma seguro, apropriado para todas as idades sem precisar apelar para a escatologia como nos filmes de Alan e Cia. (nada contra, quando o humor sujo funciona). Mas o grande fator diferencial é a alma e coração que A Última Viagem a Vegas surpreendentemente possui. Essa não é apenas uma comédia vazia cujo único mote é juntar velhos astros e fazê-los se comportar como idiotas.
Pelo contrário. Quem der uma chance ao filme, ganhará uma obra mais calorosa do que o esperado, e que tem muito a dizer sobre amizade e amor. Na trama, quatro amigos de infância e ex-reizinhos de um bairro em Nova York envelheceram, mas sua amizade continuou em grande parte intacta. Billy (Douglas), fazendo uso da persona de galã do ator, vai se casar com uma jovem com idade para ser sua filha, ou quem sabe neta. Vale lembrar que Douglas, na vida real com 69 anos, é casado com a atriz Catherina Zeta-Jones (Red 2), 25 anos mais jovem.
Para a despedida de solteiro, Douglas reúne seus melhores amigos em uma viagem inesquecível. Archie (Freeman, de 76 anos) vive com o filho, a nora e a netinha. Depois de um derrame, sua família se tornou extremamente preocupada com ele, e a viagem para Vegas é um segredo que ele precisará manter deles. Sam (Kline, de 66 anos) é o único da turma ainda casado, e recebe um passe livre da esposa, juntamente com um Viagra, uma camisinha e os dizeres: “o que acontece em Vegas, fica em Vegas”.
Por fim temos Paddy (De Niro, de 70 anos), viúvo amargurado que tem problemas não resolvidos com o personagem de Douglas. O personagem de De Niro também faz uso de sua persona ranzinza e durona nas telas. A química entre os veteranos é ótima, e a sensação que temos é a de que esse grupo realmente se divertiu durantes as filmagens. Grande parte reflete no que vemos. A ainda bela Mary Steenburgem (a eterna Clara Clayton de De Volta para o Futuro III) chega para abalar as estruturas desse quarteto na pele de Diana, uma cantora de bar muito especial.
Não deixe de assistir:
Entre brigas, reflexões de vida, debates sobre amizade, e gracinhas envolvendo danças, piscinas e vodka com Red Bull, A Última Viagem a Vegas é a comédia mais agradável do ano. Entretém sem nunca passar dos limites, e consegue ser muito mais emocionante do que imaginaríamos. Em especial os personagens de Douglas e De Niro causam nós na garganta em mais de um momento. Escrito por Dan Fogelman, um especialista em obras calorosas, vide Amor a Toda Prova (2011) e Minha Mãe é uma Viagem (2012), o filme ganha o contorno simpático das produções de Jon Turteltaub (Enquanto Você Dormia, Fenômeno e Duas Vidas).