‘Ainda Estou Aqui’ chegou aos cinemas nacionais na última quinta-feira, 7 de novembro, apresentando a história da família de Rubens Paiva, engenheiro civil e político que desapareceu após ser levado pelos militares.
Nas redes sociais, o filme tem gerado incômodo em perfis de direita, que estão até mesmo tentando promover um boicote contra ‘Ainda Estou Aqui’.
Fernanda Torres, que interpreta a protagonista Eunice Paiva, tem sido alvo de ataques, com perfis utilizando diversos argumentos, incluindo muitos inverídicos, para criar uma campanha contra o filme brasileiro.
Com medo de Boicote, Fernanda Torres, eleitora de Lula e que já afirmou ter preconceito contra crentes, agora pede paz e diz que seu filme “Ainda estou aqui” e para todos…
Você vai boicotar o filme? pic.twitter.com/hONLEF0ryz
— Primeiro Front (@PrimeiroFront) November 10, 2024
Alguns perfis de direita também estão tentando descredibilizar o filme, alegando um suposto fracasso de bilheteira, o que não está ocorrendo.
De acordo com a Comscore, entre os dias 7 e 10 de novembro, ‘Ainda Estou Aqui’ atingiu um total de 358 mil espectadores, o que representa 27% do total da bilheteira nacional neste período.
O filme levou mais de 50 mil espectadores aos cinemas apenas na quinta-feira, 7, e arrecadou R$ 1,1 milhão em apenas um dia.
O longa liderou isolado das outras produções em cartaz.
Muito orgulho de ser brasileiro e dos brasileiros. #AindaEstouAquiFilme é o filme N°1 do Brasil! Já marca aqui quem precisa assistir esse filme com você e bora lotar os cinemas neste final de semana. pic.twitter.com/SrxQSDDIVj
— Sony Pictures Brasil (@SonyPicturesBr) November 8, 2024
Escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para concorrer na categoria de Melhor Filme Internacional na 97ª Premiação do Oscar, o filme recebeu 90% de aprovação no Rotten Tomatoes, com base em 20 avaliações.
Os críticos elogiaram amplamente o filme, destacando a forma humanizada com que retrata os eventos reais, bem como o desempenho notável do diretor Walter Salles e de Torres.
O filme tem apenas 2 críticas negativas.
Confira os comentários:
“Salles obtém performances convincentes de todo o elenco. Eles se sentem como família e amigos presos em um regime maligno.”, disse Dwight Brown.
“Ainda Estou Aqui é um filme envolvente e profundamente tocante, que revela uma rica camada de emoção. Sem dúvida, é uma das melhores obras de Salles”, disse David Rooney do The Hollywood Reporter.
“Fazer com que o destino desta casa bem equipada, de classe média alta, remeta ao de um Brasil cada vez mais oprimido pode parecer uma metáfora forçada, mas o empenho de Salles na direção é notável por sua elegância e realismo”, disse Stephanie Bunbury do Deadline.
“Clássico na forma, mas radical na empatia, I’m Still Here (Ainda Estou Aqui) talvez não precise das seções adicionais que alteram um pouco o ritmo emocional. Mas, por outro lado, esses personagens são tão vívidos que não queremos deixá-los também”, disse Jessica Kiang da Variety.
“O excelente filme de Walter Salles, baseado em fatos reais — uma vez que ele foi amigo da família Paiva na adolescência — é um tributo profundo e comovente a uma mulher e sua família notáveis”, disse Wendy Ide do Screen International.
“O relato baseado em fatos de [Walter Salles] sobre a situação dos desaparecidos é compreensivelmente afetado e pode carregar uma certa dose de sentimentalismo. No entanto, I’m Still Here (Ainda Estou Aqui) continua sendo um drama profundo e comovente sobre os desaparecidos da nação”, disse Xan Brooks do The Guardian.
“Vibrante e comovente, com uma performance excepcional de Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva, o filme se destaca por nos fazer experimentar a essência da absoluta arbitrariedade”, disse Fernando E. Juan Lima do Otroscines.
“Fernanda Torres oferece uma atuação que, sem dúvida, será aclamada como um dos maiores marcos de sua carreira e, provavelmente, a tornará mais reconhecida internacionalmente”, disse Nicholas Bell da IonCinema.
“O respeito que ele demonstra pela família Paiva, com a qual mantém uma relação próxima, comprova que ele foi a escolha certa para este filme”, disse Robert Ruggio do AwardsWatch.
“Talvez, se Ainda Estou Aqui fosse apresentado como a vida de Eunice através dos olhos de Marcelo, a maior parte dos amplos e idealizadores traços desse retrato santificado seriam muito mais aceitáveis”, disse Savina Petkova do The Film Stage.
“Independentemente de qualquer vínculo pessoal com esse período sombrio, os espectadores serão cativados pela história desta família corajosa e, especialmente, pela força de Eunice, tudo graças à atuação de Torres”, disse Ema Sasic do Next Best Picture.
Já as duas críticas negativas dizem:
“O filme tem dificuldade em extrair qualquer humanismo grosseiro dessa história decididamente humana, optando, em vez disso, por pintar a família em seu centro com pinceladas amplas e pouco inspiradas.”, por Cole Kronman, da Slant.
“Talvez se Ainda Estou Aqui fosse enquadrado como a vida de Eunice através dos olhos de Marcelo, então a maioria das pinceladas amplas e idealizadoras neste retrato santo seriam muito mais permissíveis.”, afirmou Savina Petkova, do Movie Stage.
No elenco principal, estão nomes como Valentina Herszage, Luiza Kosovski, Bárbara Luz, Guilherme Silveira e Cora Ramalho, que interpretam os filhos na primeira fase do filme, e Olivia Torres, Antonio Saboia, Marjorie Estiano, Maria Manoella e Gabriela Carneiro da Cunha, integrando a família no segundo momento.
O filme estreia em Nova York e Los Angeles em 17 de janeiro, com uma semana de duração, válida para premiações, antes de estrear nos cinemas de todo o país em 14 de fevereiro.
Confira o trailer e siga o CinePOP no Youtube:
A produção é inspirada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família. O relato começa no início dos anos 70, quando um ato de violência muda a história da família Paiva para sempre. O livro e o filme abraçam o ponto de vista daqueles que sofrem uma perda em um regime de exceção, mas não se dobram.
Exibido nos festivais de Toronto e San Sebastián, o filme foi selecionado para o Festival de Nova York, e venceu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza.