quinta-feira, abril 25, 2024

As INSANAS histórias reais que inspiraram o episódio “Vamos às Cataratas” de Pica-Pau

Lançado em outubro de 1956, o episódio “Niagara Fools” ou “Vamos às Cataratas”, em português, acabou se tornando sinônimo do desenho do Pica-Pau. Na trama do episódio, o nosso querido Pica-Pau está visitando as Cataratas do Niágara, quando um guarda do parque começa a contar vantagem de nunca ter deixado nenhum maluco descer as quedas d’água em um barril. Obviamente, o passarinho biruta decide acabar com paz e tranquilidade laboral do pobre coitado e começa a levar barris para descer. Porém, como vocês podem imaginar, o guarda faz de tudo para impedi-lo e acaba descendo as cataratas em vários barris ao longo do dia. Mais abaixo, em um dos mirantes, uma plateia fiel usando capas de chuvas amarelas se aglomera para assistir e comemorar cada novo barril que rola por água abaixo.

O episódio se tornou tão icônico no Brasil, que basta alguém falar “aeee” perto de alguma pessoa caindo, que o cérebro já remete imediatamente ao pobre guarda descendo as cataratas. Em 2017, durante a turnê de divulgação do filme em live action fez com que a equipe de publicidade da Universal levasse o Pica-Pau para as Cataratas do Iguaçu, no Sul do Brasil, onde ele recriou a aglomeração com as pessoas de capa de chuva em um dos mirantes do parque. A ação foi um sucesso e repercutiu internacionalmente.

No entanto, esse episódio, por mais engraçado que seja, é baseado em uma atividade real que foi muito comum no início do século XX. Sim, por mais insano que pareça, algumas pessoas realmente iam para o Niágara, onde desciam em barris comuns ou barris reforçados, pensado especificamente para garantir a segurança dos supostos pilotos. A pioneira desse feito foi Annie Edson Taylor, uma professora americana aposentada que, em seu aniversário de 63 anos, em 24 de outubro de 1901, resolveu se aventurar descendo as cataratas em um barril de salmoura modificado. Acontece que ela não fez isso apenas por uma assustadora falta de amor à vida. Na verdade, ela estava falida e não podia contar com a ajuda do marido, que morreu anos antes, durante a Guerra Civil Americana. Com as contas vencendo, ela descobriu que algumas pessoas estavam conseguindo patrocínios e arrecadando um bom dinheiro do público por navegar próximo às quedas d’água. Como ela queria viver bem e sem se preocupar com o dia de amanhã, convocou a imprensa para que seu feito fosse devidamente registrado e divulgado. Dessa forma, ela se juntou a dois amigos e modificou um barril comum, colocando peças de couro no interior e vedando qualquer buraco ou abertura que permitisse que ela sufocasse.

Para saber se o plano daria certo, ela colocou um gatinho dentro do barril e jogou ele por água abaixo. Para a surpresa de muitos, o bichano sobreviveu. Então, pela lógica da época, se o gato não morreu, a idosa também vai sobreviver. Com ampla cobertura da imprensa, ela se lançou nas águas do Niágara com uma bigorna de 45 kg para equilibrar o peso, um travesseiro da sorte e conseguiu descer. Seu barril foi resgatado 17 minutos depois da consumação da queda. E como ela havia planejado, saiu andando, em segurança, completamente descabelada, mas bem. Para não dizer que ela saiu ilesa, sofreu um corte leve na cabeça. Durante a queda, centenas de repórteres e curiosos fotografaram e escreveram matérias sobre o incrível feito da “Heroína das Cataratas do Niágara”. Infelizmente, para sua decepção, o espetáculo não rendeu o dinheiro que ela esperava e acabou que ela não enriqueceu, apenas entrou para a história como uma das maiores doidinhas da história.


Ao longo da história, foram registradas 17 pessoas que tentaram descer as Cataratas do Niágara num barril, em bolas ou sem nada no corpo. Houve 11 casos bem sucedidos – sendo que alguns terminaram com fraturas e machucados terríveis e cinco mortes trágicas – incluindo uma por asfixia, já que o barril de George Stathakis ficou preso atrás da cascata por 18h e ele acabou ficando sem ar, em 1930.

George desceu com sua tartaruga de estimação. Ele morreu, mas a tartaruguinha sobreviveu.

Houve também o caso de um dublê que saltou duas vezes. Na primeira descida, em 2003, Kirk Jones pulou apenas com as roupas do corpo e sobreviveu. Isso rendeu a ele o título de “Maior Dublê do Mundo” e muito dinheiro com palestras sobre seu feito. 14 anos depois, em 2017, ele decidiu repetir o feito, mas agora ele iria dentro de uma bola inflável, como se fosse um hamster gigante. Não deu certo e ele foi encontrado a 19 km das quedas d’água já sem vida. Ele foi a última pessoa a conseguir descer as Cataratas do Niágara.

Kirk chocou o mundo ao sobreviver em 2003, pulando apenas com as roupas que vestia. Em 2017, ele tentaria repetir o feito, mas não resistiria à queda.

O Parque Nacional do Niágara decidiu fiscalizar com mais vigor e proibir oficialmente a descida desses malucos em barris em 1951, após a morte de William Red Hill Jr., que tentou descer em um barril caseiro enrolado por uma rede de pesca, causar comoção nacional. Os número de guardas aumentou e instalaram algumas câmeras nas margens para evitar que novos aventureiros sem noção se arriscassem no local. E quem fosse pego descendo, caso sobrevivesse, teria que pagar um multa equivalente a US$ 100.

Atualmente, quem for pego tentando descer ou incentivando a descida das Cataratas terá que pagar uma multa a partir de 10 mil dólares, pouco mais de R$ 50 mil, na cotação atual. Além de uma sentença de até seis meses de prisão. Ou seja, a menos que você seja o Pica-Pau, que não está sujeito aos 25% de chance de morte na queda, descer as cataratas num barril não é um bom negócio para ninguém.

Não deixe de assistir:

O episódio é inspirado na história de Annie, mas insere várias referências a outros lunáticos que tentaram descer as cataratas, como um kit de “faça seu barril caseiro”, remetendo a Hill Jr., que causou a proibição das decidas. Em novembro de 2020, no canal oficial do Pica-Pau no Youtube, a Universal fez um remake do episódio, agora ambientado nas Cataratas do Iguaçu, no Brasil.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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