Os atores do Reino Unido lançaram uma campanha histórica contra o uso descontrolado de Inteligência Artificial (IA) na indústria audiovisual. Em uma votação indicativa realizada pelo sindicato Equity, 99% dos membros, incluindo nomes como Harriet Walter, Hugh Bonneville e Adrian Lester, votaram a favor da recusa de escaneamentos digitais nos sets de filmagem até que proteções contratuais adequadas sejam estabelecidas.
Conforme o Deadline, o Impasse com a Pact A votação, que teve participação de 75% dos 7.000 membros consultados, servirá como instrumento de pressão nas negociações com a Pact, entidade que representa os produtores britânicos.
O atual acordo coletivo não menciona IA, e o Equity busca salvaguardas que superem os termos conquistados pelo sindicato americano SAG-AFTRA há dois anos.
O secretário-geral do Equity, Paul W. Fleming, foi enfático: “A IA é o desafio definidor desta geração. Os produtores precisam respeitar essa demonstração de força. Estamos dispostos a causar uma interrupção significativa na produção se nossos termos e condições não forem modernizados”.
Por outro lado, a Pact defende que a maioria das produções não realiza escaneamentos e que, quando ocorrem (especialmente em filmes com muitos efeitos especiais), os atores são devidamente informados. Segundo a entidade, o Equity exige proteções “futuristas” que vão além dos padrões globais já estabelecidos.
A maior preocupação recai sobre os figurantes. Pierre Bergman, liderança da categoria, alerta que muitos aceitam o escaneamento por medo de retaliação. Uma vez digitalizados, esses profissionais temem ser substituídos por réplicas de IA sem consentimento ou remuneração adicional.
Embora a greve ainda não tenha sido convocada legalmente, o resultado da votação coloca a indústria em alerta máximo para as negociações que serão retomadas em janeiro.