quarta-feira , 25 dezembro , 2024

‘Batman’ empresta pegada sombria e REALISTA da trilogia de Nolan e faz referência a ‘Coringa’; Confira!

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Passada toda euforia após a revelação do aguardado trailer de The Batman, já tivemos muitos reacts e uma infinidade de teorias e referências criadas pelos fãs ao redor do mundo. Porém, ainda que o novo filme do morcego tenha trazido algumas novidades e possua em Gotham uma estética própria, é inegável o quanto o diretor do projeto, Matt Reeves, pegou emprestado da sempre elogiada trilogia The Dark Knight, comandada por Christopher Nolan – sobretudo de Batman Begins. Desde sua estrutura que tenta adaptar um pouco do que vemos no arco BatmanAno Um, de Frank Miller, onde o Cruzado Encapuzado, no início de sua carreira como vigilante, enfrenta a máfia de Gotham e seus primeiros inimigos. E se tínhamos em Batman Begins a trinca de vilões formada por Ra’s al Ghul (Liam Neeson), Espantalho (Cillian Murphy) e Carmine Falcone (Tom Wilkinson), que representavam, respectivamente, o planejamento, o caos e o crime organizado; em The Batman o Pinguim (Colin Farrell) faz às vezes de arquiteto do crime, o Charada (Paul Dano) aparece como o objeto desestabilizador da trama e a Mulher-Gato (Zoë Kravitz) é parte do que Gotham representa, um misto de beleza e perigo.



O Alfred de Andy Serkis também não é tão diferente daquele de Michael Caine, com uma classe que é habitual do personagem original, mas com o tom irônico igualmente trazido por Caine. E se realmente é comum vermos o Batman utilizar o seu gancho e cair na porrada com bandidos em meio a um galpão/estacionamento, a maioria dos ângulos e a concepção das cenas parecem ter saído diretamente de O Cavaleiro das Trevas, como aquela cena da abertura do Batman fake. Por outro lado, é engraçado e até carinhoso que Matt Reeves tenha referenciado o Batman Eternamente, do Joel Schumacher, logo na cena inicial por enquadrar o herói da mesma maneira que víamos Val Kilmer nessa situação.

E já falando das intenções de Matt Reeves, é óbvio e correto que ele tenha escolhido voltar para a pegada mais séria e palpável dos filmes de Chris Nolan. Tanto que Reeves confessa sua influência e o próprio Nolan elogia e entende a necessidade de repetir tal interpretação, vide a má sucedida passagem de Ben Affleck que, sob o comando de Zack Snyder, entregou um Batman visualmente interessante, mas tapado feito uma porta e agindo como um brutamontes constantemente. Reeves abdica criar um viés mais autoral e artístico, tanto no perfil do Batman quanto do filme de um modo geral. O que fez, por exemplo, Tim Burton, com sua estética gótica e onírica que beirava o expressionismo alemão no Batman de 1989, e, por que não, o próprio Joel Schumacher que criou um visual pulp e colorido visto nas histórias do Batman da chamada Era de Prata, e da série clássica de Adam West e cia. O Batman idealizado por Reeves é, aparentemente, um homem agindo como pode e gritando, rouco como um cachorro asmático, com os seus inimigos.

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No começo de tudo, o Batman de Christian Bale parecia mais contido que este de Robert Pattinson, explodindo emocionalmente assim apenas, mais a frente, como nos eventos de O Cavaleiro das Trevas Ressurge – ainda que Pattinson consiga ser verossímil suficiente pra funcionar bem quando trajado. E a despeito do temperamento, não que inexista classe no herói de The Batman, pois vemos o ator histérico em apenas uma cena que envolve o Charada, ainda que acabe sendo tão canastrão quanto o próprio Bale. Por outro lado, precisamos ver mais do Bruce Wayne interpretado pelo antigo Edward Cullen, pois, nesse sentido, o Bale arrebentava e usava bem o seu carisma, mesclando as duas personalidades distintas do personagem de maneira eficiente e sutil.

Ainda que Matt Reeves utilize a formula de Batman Begins e resgate alguns vilões que estrelaram as três maiores interpretações do Detetive das Sombras nos cinemas – o caso do Pinguim (Danny DeVito) em Batman O Retorno, o Charada (Jim Carrey) em Batman e Robin e a Mulher-Gato (Anne Hathaway) em Batman O Cavaleiro das Ressurge – eles são arqui-inimigos que ainda não foram devidamente apresentados, pelo menos não do jeito que realmente funcionam nos quadrinhos. E isso pode ser uma carta interessante. Reeves é um cineasta que tem lastro, sua visão nos dois últimos filmes da trilogia Planeta dos Macacos e a nova interpretação que deu ao remake Deixe-me Entrar comprovam o talento do sujeito, não só por sua veia autoral, mas também por sua visão de mercado. Contudo, a escolha também é arriscada, existe sim um risco real, o público pode encarar The Batman apenas como mais um filme sério e genérico do maior detetive do mundo, bem aos moldes de Nolan. Ah, pra gente não achar que o Matt Reeves tirou tudo daqueles filmes de Chris Nolan, a Gotham destacada em The Batman possui um estilo mais clássico e diferente daquela vista na trilogia anterior, que mais parecia a metrópole de Blade Runner – ideia intencional que partiu do próprio Nolan.

Gotham do Nolan
Gotham do Reeve

O primeiro Batman de Nolan tentava fazer diferente também e trazia Ra’s al Ghul que, apesar de ser um personagem icônico em várias sagas do morcego nos quadrinhos, nos cinemas ainda não tinha dado as caras. Junte isso ao fato do personagem, naquele momento, ter “se queimado” devido aos filmes peculiares do Schumacher, que novamente transformarem o Batman numa figura pastelona. Batman Begins teve uma bilheteria mundial de US$ 371 milhões, mas sua sequência bateu a casa do bilhão. Hoje o terreno é mais fértil para um filme como The Batman, mas Reeves e a Warner devem entender que, mesmo em 2022, o público total talvez não se reestabeleça – ainda que as bilheterias recentes de 007 Sem Tempo para Morrer e Venom Tempo de Carnificina já demonstrem uma força considerável. Só vamos realmente ter uma melhor noção sobre isso quando a Marvel Studios lançar uma das suas produções com exclusividade das telonas. No mais, creio que os fãs curtiram o que viram nesse novo trailer e até abriram o coração, principalmente em relação a Robert Pattinson, que vai poder mostrar ao grande público o seu indiscutível talento.

Ah, só pra não esquecer, também foi visto nesse novo trailer que, quando o Batman vai encontrar o Charada na prisão, na roupa do sujeito está escrito Hospital Arkham. Como todos sabem, nos quadrinhos o lugar é conhecido por Asilo Arkham, porém, no filme solo do Coringa, o Asilo Arkham foi retratado exatamente como Hospital Arkham. Sim, o Coringa do Joaquin Phoenix passa várias vezes pelo Hospital Arkham, por sinal, ele acaba sendo preso por lá. Será mesmo possível alguma ligação?

Uniforme do Charada
Hospital visitado pelo Coringa
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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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O Alfred de Andy Serkis também não é tão diferente daquele de Michael Caine, com uma classe que é habitual do personagem original, mas com o tom irônico igualmente trazido por Caine. E se realmente é comum vermos o Batman utilizar o seu gancho e cair na porrada com bandidos em meio a um galpão/estacionamento, a maioria dos ângulos e a concepção das cenas parecem ter saído diretamente de O Cavaleiro das Trevas, como aquela cena da abertura do Batman fake. Por outro lado, é engraçado e até carinhoso que Matt Reeves tenha referenciado o Batman Eternamente, do Joel Schumacher, logo na cena inicial por enquadrar o herói da mesma maneira que víamos Val Kilmer nessa situação.

E já falando das intenções de Matt Reeves, é óbvio e correto que ele tenha escolhido voltar para a pegada mais séria e palpável dos filmes de Chris Nolan. Tanto que Reeves confessa sua influência e o próprio Nolan elogia e entende a necessidade de repetir tal interpretação, vide a má sucedida passagem de Ben Affleck que, sob o comando de Zack Snyder, entregou um Batman visualmente interessante, mas tapado feito uma porta e agindo como um brutamontes constantemente. Reeves abdica criar um viés mais autoral e artístico, tanto no perfil do Batman quanto do filme de um modo geral. O que fez, por exemplo, Tim Burton, com sua estética gótica e onírica que beirava o expressionismo alemão no Batman de 1989, e, por que não, o próprio Joel Schumacher que criou um visual pulp e colorido visto nas histórias do Batman da chamada Era de Prata, e da série clássica de Adam West e cia. O Batman idealizado por Reeves é, aparentemente, um homem agindo como pode e gritando, rouco como um cachorro asmático, com os seus inimigos.

No começo de tudo, o Batman de Christian Bale parecia mais contido que este de Robert Pattinson, explodindo emocionalmente assim apenas, mais a frente, como nos eventos de O Cavaleiro das Trevas Ressurge – ainda que Pattinson consiga ser verossímil suficiente pra funcionar bem quando trajado. E a despeito do temperamento, não que inexista classe no herói de The Batman, pois vemos o ator histérico em apenas uma cena que envolve o Charada, ainda que acabe sendo tão canastrão quanto o próprio Bale. Por outro lado, precisamos ver mais do Bruce Wayne interpretado pelo antigo Edward Cullen, pois, nesse sentido, o Bale arrebentava e usava bem o seu carisma, mesclando as duas personalidades distintas do personagem de maneira eficiente e sutil.

Ainda que Matt Reeves utilize a formula de Batman Begins e resgate alguns vilões que estrelaram as três maiores interpretações do Detetive das Sombras nos cinemas – o caso do Pinguim (Danny DeVito) em Batman O Retorno, o Charada (Jim Carrey) em Batman e Robin e a Mulher-Gato (Anne Hathaway) em Batman O Cavaleiro das Ressurge – eles são arqui-inimigos que ainda não foram devidamente apresentados, pelo menos não do jeito que realmente funcionam nos quadrinhos. E isso pode ser uma carta interessante. Reeves é um cineasta que tem lastro, sua visão nos dois últimos filmes da trilogia Planeta dos Macacos e a nova interpretação que deu ao remake Deixe-me Entrar comprovam o talento do sujeito, não só por sua veia autoral, mas também por sua visão de mercado. Contudo, a escolha também é arriscada, existe sim um risco real, o público pode encarar The Batman apenas como mais um filme sério e genérico do maior detetive do mundo, bem aos moldes de Nolan. Ah, pra gente não achar que o Matt Reeves tirou tudo daqueles filmes de Chris Nolan, a Gotham destacada em The Batman possui um estilo mais clássico e diferente daquela vista na trilogia anterior, que mais parecia a metrópole de Blade Runner – ideia intencional que partiu do próprio Nolan.

Gotham do Nolan
Gotham do Reeve

O primeiro Batman de Nolan tentava fazer diferente também e trazia Ra’s al Ghul que, apesar de ser um personagem icônico em várias sagas do morcego nos quadrinhos, nos cinemas ainda não tinha dado as caras. Junte isso ao fato do personagem, naquele momento, ter “se queimado” devido aos filmes peculiares do Schumacher, que novamente transformarem o Batman numa figura pastelona. Batman Begins teve uma bilheteria mundial de US$ 371 milhões, mas sua sequência bateu a casa do bilhão. Hoje o terreno é mais fértil para um filme como The Batman, mas Reeves e a Warner devem entender que, mesmo em 2022, o público total talvez não se reestabeleça – ainda que as bilheterias recentes de 007 Sem Tempo para Morrer e Venom Tempo de Carnificina já demonstrem uma força considerável. Só vamos realmente ter uma melhor noção sobre isso quando a Marvel Studios lançar uma das suas produções com exclusividade das telonas. No mais, creio que os fãs curtiram o que viram nesse novo trailer e até abriram o coração, principalmente em relação a Robert Pattinson, que vai poder mostrar ao grande público o seu indiscutível talento.

Ah, só pra não esquecer, também foi visto nesse novo trailer que, quando o Batman vai encontrar o Charada na prisão, na roupa do sujeito está escrito Hospital Arkham. Como todos sabem, nos quadrinhos o lugar é conhecido por Asilo Arkham, porém, no filme solo do Coringa, o Asilo Arkham foi retratado exatamente como Hospital Arkham. Sim, o Coringa do Joaquin Phoenix passa várias vezes pelo Hospital Arkham, por sinal, ele acaba sendo preso por lá. Será mesmo possível alguma ligação?

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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