O Festival de Cinema de Cannes revelou na última quinta-feira, dia 4 de maio, a composição do Júri para a edição de 2023. Ao lado do presidente, Ruben Östlund (Triângulo da Tristeza), estarão quatro mulheres e quatro homens, entre eles a ganhadora da Palma de Ouro Julia Ducournau (Titane) e a norte-americana — capitã Marvel — Brie Larson, para atribuir o grande prêmio do evento a um dos 21 filmes em competição, de 16 a 27 de maio.
Composta por sete nacionalidades de quatro continentes, a seleção de atores, diretores e escritores promete diversidade e uma árdua tarefa pela frente. Conheça a abaixo um pouco dos nove membros do júri do 76º Festival de Cannes, com cobertura completa do CinePOP.
Ruben Östlund, presidente do júri
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Vencedor no ano passado em Cannes, o sueco Ruben Östlund é um dos queridinhos da Croisette, tendo ganho duas Palmas de Ouro, a primeira em 2017 por The Square – A Arte da Discórdia e a segunda no ano passado por Triângulo da Tristeza.
Com seis longas-metragens no currículo, o cineasta utiliza o humor em uma mistura de exames sociológicos e questões sobre a humanidade. Este ano, ele torna-se o terceiro cineasta duplamente premiado a presidir o júri, após Francis Ford Coppola (Apocalypse Now) e Emir Kusturica (Underground: Mentiras de Guerra).
Julia Ducournau
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A francesa Julia Ducournau é uma das quatro mulheres a integrar o júri do Festival. Estrelado por Vincent Lindon e Agathe Rousselle, o seu segunda longa-metragem, Titane, ganhou a Palma de Ouro em 2021, tornando-a a segunda mulher a receber a honraria depois de Jane Campion (O Piano, 1993).
Graduada pela La Fémis, uma famosa escola de cinema parisiense, a cineasta de 39 anos tornou-se conhecida mundialmente em 2016, com seu primeiro filme de terror Grave. Aclamada pela crítica, Julia Ducournau dirigiu episódios do seriado Servant, da Apple TV+, e planeja uma nova série, The New Look, para a mesma plataforma ainda este ano. Comprometida com a igualdade de gênero na sétima arte, a cineata integra o coletivo 50/50.
Brie Larson
Brie Larson joga em diversas posições no showbusiness, como atriz, diretora, cantora, mas ela é mais conhecida por sua atuação no universo Marvel, no papel da super-heroína Carol Danvers desde 2019. Depois de vários anos interpretando papéis coadjuvantes, a estadunidesne revelou-se nos filmes Temporário 12 (2013), de Destin Daniel Cretton, e O Quarto de Jack (2015), de Lenny Abrahamson.
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Em 2017, ela fez sua estreia como diretora no TIFF com Loja de Unicórnios, porém obteve uma recepção morna da crítica. Empenhada na luta contra o assédio e o machismo no cinema, ela é uma das 300 personalidades de Hollywood a ter criado o movimento Time’s Up em 2019.
Maryam Touzani
Ex-jornalista marroquina, Maryam Touzani tornou-se uma aclamada roteirista e diretora ao apresentar seu longa-metragem Adam (2019) no Festival de Cannes daquele ano. Intimamente político, o título abordava a condição da mulher no Marrocos.
Ano passado, a cineasta voltou a Croisette com elogiadíssiomo O Caftan Azul, um filme sobre a homossexualidade no seu país de origem. Com passagem pelo Festival do Rio 2022, o longa foi o escolhido para representar o Marrocos na categoria Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2023.
Denis Ménochet
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Com início de carreira na televisão, Denis Ménochet pouco a pouco foi conquistando o mudo do cinema e não o abandonou mais. Seus primeiros trabalhos importantes foram Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, e Os Adotados, de Mélanie Laurent. O sucesso veio com protagonismo no drama Custódia, de Xavier Legrand, pelo qual recebeu uma indicaçao ao César de Melhor Ator.
Recentemente, o ator natural de Enghein-les-Bains protagonizou Peter Von Kant, de François Ozon; As Bestas, de Rodrigo Sorogoyen; e Beau Tem Medo, de Ari Aster.
Atiq Rahimi
Vencedor do Prêmio Goncourt em 2008 por seu romance A Pedra de Paciência, Atiq Rahimi é um escritor e diretor franco-afegão. Depois de fugir do regime talibã em 1984, pediu asilo político na França e fez doutorado em audiovisual na Universidade Sorbonne.
Seu primeiro documentário, Terres et Cendres, adaptado de seu romance sobre a guerra no Afeganistão, rendeu-lhe uma apresentação na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes em 2004. Ele retorna ao cinema em 2013 para a adaptação do seu premiado romance A Pedra de Paciência.
Vale lembrar que este ano existem dois documentários na competição pela Palma de Ouro: Les Filles d’Olfa, de Kaouther Ben Hania, e Jeunesse, de Wang Bing.
Damian Szifron
Presença assídua no Festival de Cannes, o roteirista e diretor argentino Damián Szifrón concorreu à Palma de Ouro em 2014 por seu filme Relatos Selvagens, indicado igualmente ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Após longo período distante das telas, o cineasta apresenta este ano o longa Sede Assassina, com Shailene Woodley e Ben Mendelsohn. Com estreia prevista para 25 de maio, o filme relata a caçada a um assassino em massa nos Estados Unidos.
Paul Dano
Revelado no início dos anos 2000 pelo filme Sem Saída, de Michael Cuesta, Paul Dano coleciona sucessos no currículo, entre eles a comédia Pequena Miss Sunshine (2006) e o drama Sangue Negro (2007). Poucas pessoas sabem, mas o artista também ocupou o posto de diretor e roteirista — mesmo que apenas um vez — com o título Vida Selvagem (2018)
Com seu rosto peculiar para os padrões de Hollywood, Paul Dano destacou-se por personagens, por vezes engraçados, por vezes assustadores, como em Ruby Sparks – A Namorada Perfeita (2012) e Os Suspeitos (2013), respectivamente. Ano passado, o ator interpretou o pai do diretor Steven Spielberg na autobiografia Os Fabelmans (2022).
Rungano Nyoni
Atriz, roteirista e diretora da Zâmbia, Rungano Nyoni é conhecida por seus curtas: Nordic Factory (2014) e Kuuntele (2014). O segundo ganhou o prêmio de melhor curta-metragem no Festival de Tribeca.
Sua notoriedade, entretanto, advém do longa Eu Não sou uma Bruxa (2017), sobre menina acusada de bruxaria numa aldeia tradicional da Zâmbia. Aclamado pela crítica, o projeto estrou na Quinzena dos Realizadores em Cannes em 2017. No mesmo ano, Rungano Nyoni ganhou o prêmio de melhor primeiro filme na cerimônia dos BAFTA no Reino Unido e também foi escolhido para representar o país como Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2019.