Alguns dos filmes mais instigantes da atualidade vêm da Ásia. Japão, China, Hong Kong, Cingapura, Coréia do Sul. Ah, os sul-coreanos… Eles estão conseguindo conciliar blockbuster com filmes mais artísticos mantendo uma média de alta qualidade. Confissão de Assassinato, de 2012, primeiro longa ficcional de Jung Byung-Gil me provocou uma questão sobre o cinema sul-coreano.
No filme, Lee Du-seok publica um livro no qual descreve uma séria de assassinatos ocorridos tempos atrás e se assume como autor dos crimes. Choi, detetive responsável pelo caso, assiste tudo impotente, pois os crimes já prescreveram. O filme se estrutura em dois eixos: a relação entre Choi e Lee e os familiares das vítimas, que desejam matá-lo. Falar mais sobre o enredo pode estragar algumas surpresas. Melhor falar do estilo!
O filme tem edição ágil (no começa tem até câmera na mão, algo não muito recorrente no cinema sul-coreano). As sequências de ação são delirantes, a direção busca enquadramentos inusitados. Há um misto de drama e humor negro. O roteiro é rocambolesco, delirante, fazendo a gente se perguntar se realmente é um bom roteiro.
De maneira geral, Confissão de Assassinato é um filme bom que sintetiza muitas características do cinema sul-coreano. Para quem duvida, faça a dobradinha e assista OLDBOY, um dos melhores filmes da primeira década do século. Contudo, o filme de Byung-Gil não tem a mesma potência, por vezes parece genérico. E aqui surge a pergunta: as semelhanças com outras obras indicam que o cinema sul-coreano está consolidando suas características fundamentais (e poderemos futuramente falar em uma escola) ou seriam clichês se formando?
O Conselheiro do Crime é o novo projeto de um dos maiores diretores do cinema de Hollywood atual, Ridley Scott. O pai de Alien – O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner (1982) entraria para a história só por esses dois projetos, mas Scott viveu para ter uma das carreiras de maior prestígio do cinema americano. O cineasta se consolidou entre os grandes verdadeiramente, da última década em diante. Durante as décadas de 1980 e 1990 seus filmes não chamavam muita atenção, e foi quando o diretor entregou seus trabalhos menos expressivos como Chuva Negra (1989), Perigo na Noite (1987), e o seu filme menos apreciado, Até o Limite da Honra (1997), com Demi Moore como uma militar.
O Conselheiro do Crime marca seu vigésimo segundo filme da carreira, e décimo segundo somente nos últimos doze anos. Os novos projetos de Scott são assim, chamam a atenção por serem grandiosos, e fazerem uso de um elenco renomado. O diretor é, no entanto, considerado um grande operário, por cumprir bem seu papel em todo e qualquer tipo de gênero (seja filmes de guerra, épicos medievais, ficção científica, dramas e inclusive comédias leves), sem possuir um estilo único estético ou narrativo. Scott mais uma vez realiza um bom trabalho atrás das câmeras em seu novo filme, o maior problema aqui é mesmo, inusitadamente, o texto do sempre ótimo Cormac McCarthy (Onde os Fracos Não Têm Vez e A Estrada).
O escritor octogenário cria uma história difícil de ser acompanhada, e desinteressante. Na qual a simplicidade das situações é totalmente enevoada por diálogos complexos e rebuscados, que parecem não fazer muito sentido dentro de sua própria lógica. Tudo soa como aquele bêbado metido a intelectual no bar, que sabe citar grandes versos, mas num contexto totalmente equivocado. Ver o resultado final da obra faz pensar que talvez esse tenha sido o motivo de tanto mistério em torno da produção, em relação à sinopse e trailers: Aqui realmente não existe muito. A trama, um tanto quanto simplista, traz o ótimo Michael Fassbender (visto pela última vez justamente ao lado de Scott em Prometheus) como um advogado, cujo personagem não possui nome.
Ele está envolvido numa parceria empresarial com o homem de negócios escuso, Reiner, vivido de forma chamativa (mais em sua caracterização do que na atuação em si) por Javier Bardem (Amor Pleno). Por dívidas financeiras, o advogado decide dar o passo além, e aderir ao tempestuoso mundo do tráfico de drogas, ao lado de seu parceiro de negócios. A primeira metade de O Conselheiro do Crime consiste apenas no personagem sondar as possibilidades de sua nova ventura. E essa é justamente a melhor parte do filme. Todas as hipóteses de se mergulhar num mundo sujo, e suas consequências, são levantadas através de muitos diálogos entre os personagens de Fassbender, Bardem, e também de Brad Pitt (Guerra Mundial Z).
Pitt interpreta o intermediário de um cartel. Ele é o típico texano, e seu personagem faz uso de um chapéu de cowboy. Da metade em diante, quando tudo começa a dar errado dentro da trama para o protagonista, o filme igualmente sai dos trilhos. O motivo é que não sentimos em momento algum aonde e porque as coisas poderiam ter dado tão errado a ponto de acontecerem de forma tão rápida e trágica para todos. O único motivo para isso é simplesmente para servir a trama, porque tinham que acontecer para termos um filme. Mas sem uma explicação convincente nossa credulidade também se esvai, como o sangue de diversos personagens.
As atuações são muito boas, todos estão no auge de sua arte. O problema é que parecem perdidos em seus diálogos, como, por exemplo, numa cena em que Bardem confessa para Fassbender o que sua namorada, interpretada por Cameron Diaz (Um Golpe Perfeito) fez com seu carro. Ou quando a mesma personagem resolve se confessar para um padre na igreja. Bons atores precisam ser convincentes recitando o mais louco e desconexo dos diálogos, e isso é um pouco do que acontece aqui. São cenas soltas do resto do filme, que não funcionam num geral, apenas independentemente. O filme possui momentos e cenas ótimas, mas que simplesmente não funcionam de forma agrupada.
Por falar em Cameron Diaz, a atriz desempenha provavelmente seu melhor papel de toda a carreira. Como a sexualmente agressiva Malkina, a loira é mais uma das onças pintadas do personagem de Bardem, e possui inclusive as tatuagens nas costas para provar. De unhas prateadas, dente de ouro, e penteado estiloso, Diaz exala mais sensualidade do que qualquer outra personagem desse ano. Sua performance vem igualada, criando uma mulher fria, sedutora, que possui seus próprios segredos, e que quem sabe daria medo até mesmo em Lisbeth Salander (personagem da trilogia Millenium). Já existe inclusive falatório de prêmios para a atriz de 41 anos (se não for agora, quando?). Ah sim, Penélope Cruz (Os Amantes Passageiros) também está nesse filme, como a “noiva” de Fassbender. O talento da espanhola merecia mais.
Ilo Ilo é o filme indicado por Cingapura para concorrer a uma vaga ao Oscar de 2014. Depois de uma carreira nos curtas, Anthony Chenestreia com sucesso em seu primeiro longa (que também roteiriza). Durante a crise financeira de 1997, a filipina Teresa (Angeli Bayani) vai trabalhar como doméstica na casa da família Lim. Acompanhamos a busca por adaptação de Teresa e as dificuldades dos Lim, Teck (Chen Tian Wen), o pai, Hwee Leng (Yeo Yann Yann), a mãe, e Jiale (Koh Jia Ler), o filho.
A narrativa costura as relações afetivas e conflitos desses sujeitos. Teck enfrenta o desemprego e busca apaziguar os conflitos familiares. Jiale, com sua peraltice busca atenção e carinho, enquanto recorta os números da loteria, em busca de alguma lógica. Os grandes destaques são Teresa e Hwee Leng – todo elenco é ótimo, mas essas duas atriz impressionam.
Hwee está grávida e quer espera que a filipina seja uma ajuda. Ela busca ganhar dinheiro fácil em meio a crise, tenta colocar o filho na linha e dar força ao marido. Teresa busca se adaptar ao trabalho, a um país estranho, controlar a saudade da família, especialmente do filho, tenta encontrar uma forma de ganhar um pouco mais de dinheiro e tenta domar Jiale, que com suas tolices acaba prejudicando-a.
Isso é um esboço da narrativa. Relevante é apontar os méritos estéticos. Anthony Chen começa acertando ao fugir do maniqueísmo. Ninguém assume o papel de vilão – já basta a crise financeira – nem de vítima. Conseguimos encontrar em cada personagem (especialmente em Hwee e Teresa) algum momento de excesso, outro de fraqueza, erros, acertos. Enfim, o diretor consegue humanizar seus personagens. Também consegue mimetizar o cotidiano. Apesar de existir uma linha narrativa, diversos eventos servem para expor esse fluxo do dia a dia. A opção por boa parte dos enquadramentos próximos dos atores e dos objetos e de uma razão de aspectos mais restrito, passam a sensação de espaço reduzido, como se realmente estivéssemos em um pequeno apartamento de Cingapura. Poucos são os planos mais abertos. Contudo, esse enquadramento mais fechado não passa angustia, antes ajuda a nos inserir naquele cotidiano.
O filme enfoca o problema dos imigrantes de forma muito delicada. Pessoas que nem sempre deixam seu país por gosto, mas por necessidade, para buscar condições melhores de trabalho. Novamente não há paternalismo, apenas uma exposição franca da condição quase sempre difícil, na qual a saudade e a solidão são, muitas vezes, os únicos companheiros. E há a crise financeira, esse fato tão inerente ao nosso tempo. São ciclos que, como outros problemas da vida, se repetem, mas que podem ser devastadores, ou silenciosamente destrutivos.
Próximas exibições:
Dia 28/10 – 18:00 – Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 1
Dia 30/10 – 17:40 – Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 4
Através de depoimentos de personalidades como Zico, Assis, Romário e Pedro Bial o filme mostra a grande e charmoda rivalidade existente entre os dois clubes cariocas.
Através de depoimentos de personalidades como Zico, Assis, Romário e Pedro Bial o filme mostra a grande e charmoda rivalidade existente entre os dois clubes cariocas.
Serra Pelada chega com a pompa de ser o projeto nacional do ano. Uma grande produção, que conta com um vasto elenco renomado, e um diretor chamativo, já com uma carreira internacional. O cineasta Heitor Dhalia começou a carreira com longas em 2004, quando entregou Nina. Depois de O Cheiro do Ralo, um dos melhores filmes brasileiros dos últimos anos, comandou os internacionais Vincent Cassel e Camilla Belle em À Deriva (2009). Era o passo final para aderir a Hollywood em 2012. É uma pena somente que projeto tenha sido mal avaliado e passado em branco.
12 Horas é um suspense protagonizado pela atriz em ascensão Amanda Seyfried (Os Miseráveis). Agora, Dhalia volta com moral para comandar provavelmente o maior projeto cinematográfico brasileiro de 2013, com Serra Pelada. Um projeto caro e muito bem elaborado, que tem como proposta retratar a época da caça ao ouro, em território nacional. Foi durante a década de 1980, no Pará, que milhares de garimpeiros conseguiram extrair 30 toneladas de ouro, do maior garimpo a céu aberto do mundo.
O interessante é que Dhalia e sua equipe usam o fato para impulsionar a trama do filme, que vem sendo definido como um faroeste moderno, de forma correta. Todos os elementos de um bom faroeste estão aqui, principalmente duelos à bala, e disputas de poder e riqueza. No Brasil, é muito difícil emplacar um filme junto ao grande público se esse não pertencer ao gênero da comédia escrachada, vide os recentes sucessos de Até que a Sorte nos Separe, De Pernas Pro Ar, Os Penetras, e os filmes do humorista Bruno Mazzeo.
No Entanto, nem só fazer um filme no gênero é a receita de sucesso, vide muitas comédias que passam em branco. Fora do gênero tivemos os sucessos de Tropa de Elite, e O Palhaço (moderado). Bebendo na fonte de Tropa, Federal e Assalto ao Branco Central não emplacaram muito. Gonzaga – De Pai para Filho, do ano passado, precisou buscar força na TV, assim como Xingu. E Paraísos Artificiais, que era impulsionado fortemente junto aos jovens, também não impactou de forma desejada (em partes por estrear junto com Os Vingadores).
Esse ano tivemos a aprovação dos filmes da banda Legião Urbana, Somos Tão Jovens e Faroeste Caboclo. Voltando para Serra Pelada, a história narra a amizade de Juliano, vivido pelo ótimo Juliano Cazarré (360) e Joaquim, papel (mais ingrato) de Júlio Andrade (Gonzaga). Para um ator é sempre mais interessante interpretar personagens dúbios e cheios de falha, e quem fica com esse presente é Cazarré. Seu Juliano é o Scarface do serrado, um sujeito que chega ao local inocente, e escala até o topo como o rei da mina.
No caminho tirando, de qualquer forma necessária, todos os indesejáveis. Já o personagem de Andrade, se mantém fiel ao seu espírito original e suas convicções. O que, como já perceberam, porá os dois num confronto iminente. Dentre os personagens ao redor da dupla temos Matheus Nachtergaele, como o Poderoso Chefão da Serra, e primeiro e grande desafeto da dupla. Wagner Moura, como sempre camaleônico (aqui de bigodinho, óculos, e uma falsa careca), no papel de Lindo Rico, um sujeito ardiloso do local.
Moura exagera na dose, em busca de risadas basicamente em seu papel, mas o público parece ter engolido (e muito), ao menos na minha sessão. E por fim, a bela Sophie Charlotte, que entra com o pé direito no mundo do cinema, em seu primeiro filme. A atriz interpreta a prostituta Tereza, mulher do vilão, que se apaixona por Juliano. Seu papel não exige grande profundidade, mas Charlotte extrapola na sensualidade marcando definitivamente seu debute (ao contrário de Isis Valverde em Faroeste).
O grande problema de Serra Pelada, que até mais da metade satisfaz com uma narrativa coesa, bons personagens e um clima bem interessante, é justamente o roteiro que parece perder a força no ato final, se tornando repetitivo e sem ter muito o que dizer. Os melhores personagens saem logo de cena, e seus arcos são facilmente resumidos e apressados. O filme possui uma recriação de época fenomenal. É espantoso ver os muitos figurantes trabalhando na grande cratera que era a montanha.
Dhalia nos leva de volta no tempo, com sua máquina chamada cinema. Serra Pelada é um filme intenso e bem elaborado, que poderia fazer bom uso de um texto mais polido, diálogos mais aguçados, e situações mais bem exploradas. Como está, não desaponta em grande escala (talvez por sua simplicidade), e promete estar pronto pro sucesso.
No primeiro Kick-Ass, um típico nerd de colegial decidia que era hora de fazer justiça com as próprias mãos, evocando seus ídolos, os super-heróis de quadrinhos. Kick-Ass, o filme, que também é baseado em quadrinhos de heróis, criados por Mark Millar e John Romita Jr., tinha a proposta de satirizar e homenagear o subgênero. O problema é que esses autointitulados “super-heróis” humanos e reais soam muito como sua contraparte de papel. Mesmo sem superpoderes, aqui existem cenas que desafiam as leis da física, e nossa credulidade.
Personagens como Batman e o Justiceiro combatem o crime sem poderes, e o Homem-Aranha é um adolescente despreparado para suas grandes aventuras. Então podemos afirmar que o material de Kick-Ass não é assim tão original. Fora isso, um fator que chamou grande atenção da imprensa no filme original de 2010 foi sua extrema violência. E não apenas isso, mas violência infligida por uma menininha em seus 11 anos de idade. Hit-Girl, a personagem que virou sensação, é uma menina treinada pelo pai para ser a vigilante definitiva. O sangue frio da pequena é tanto que ela não hesita em desmembrar e decapitar criminosos. Tudo com o propósito de uma boa diversão nos cinemas.
Quando escrevi sobre o filme original dei minha opinião sobre o significado de uma grande violência imposta para os jovens apenas com o propósito de entreter. Já deu para perceber que não fui arrebatado pelo filme de Matthew Vaughn (X-Men: Primeira Classe) como a maioria, por achar que fica na tênue linha onde não é sério e importante o suficiente, e ao mesmo tempo não é caricato, divertido e engraçado como deveria. De qualquer forma, Kick-Ass – Quebrando Tudo foi um os destaques de 2010. Alguns anos depois e ganhamos a inevitável continuação, que chega de maneira tímida nos cinemas brasileiros. Caminho similar que fez nos Estados Unidos, aonde não despertou grandes paixões.
Em muitos aspectos, no entanto, Kick-Ass 2 é superior a seu predecessor. O primeiro deles é a dramaticidade e importância dada às subtramas, e desenvolvimento de personagens. Vemos, por exemplo, as consequências que tem para a sua família, o fato do protagonista (vivido mais uma vez pelo talentoso Aaron Taylor-Johnson – de Selvagens) vestir o uniforme. O relacionamento entre o jovem Dave, a identidade secreta do herói Kick-Ass, e seu pai é abalada de uma forma irremediável. O mesmo pode ser dito da personagem Hit-Girl, mais uma vez vivida por Chlöe Grace Moretz (a nova Carrie).
Esse realmente é um filme mais dela do que de Kick-Ass. A trama evolui a personagem de Moretz, agora com 16 anos, e com problemas em se ajustar à vida colegial e adolescência. Também temos o universo super heroico em geral expandido, como se o próximo passo fosse dado em relação a termos apenas três personagens mascarados no filme original. Uma espécie de Liga da Justiça “furreca” e violenta é criada, comandada pelo personagem deJim Carrey (um dos maiores astros da década de 1990 tentando ensaiar um retorno ao palco principal).
O personagem de Carrey é um ex-assassino da máfia, que encontrou Deus e decidiu rachar crânios de criminosos em Seu nome. O ator está irreconhecível no papel, longe de seus exageros de praxe. Aqui Carrey quase não faz rir. O ator inclusive renunciou o filme por sua violência, já que Carrey agora é um forte ativista do desarmamento. Entre os membros dessa formada equipe heroica destacam-se o boa praça Dr. Gravidade (nada a ver com o filme de Cuarón), vivido por Donald Faison (da série Scrubs), e a autointitulada Night Bitch, vivida pela bela ruiva Lindy Booth (Madrugada dos Mortos), que tem um caso com o protagonista.
Todos possuem suas histórias e seus próprios passados trágicos. A belíssima Lyndsy Fonseca (A Ressaca), namorada do herói no original, possui pouquíssimo espaço em cena (infelizmente) e é jogada para escanteio. Quem volta sem grande importância é o vilão, agora exagerado, de Christopher Mintz-Plasse, que depois de abandonar o pseudônimo do falso herói Red Mist, resolve se batizar como Motherfucker (nome impróprio por significar um palavrão em inglês, que com certeza fez subir a censura por lá).
O vilão traz consigo uma legião de inimigos a seu comando. Entre eles, a gigantesca Mother Russia (Olga Kurkulina, uma montanha de músculos), a única adversária a altura da feroz Mindy, identidade de Hit-Girl. Entre erros e acertos Kick-Ass 2 talvez não seja tão impactante e original (segundo dizem) quanto o primeiro, mas sem dúvidas merecia mais respeito, e não ser descartado completamente. As portas ficam abertas para um Iron Kick-Ass…
Com certo atraso, falemos sobre o final da primeira temporada de Bates Motel. Ou melhor, vamos falar menos sobre o ep. 10 e mais sobre a série de forma geral e aquilo que está por vir.
Sobre o ep. 10 (contém spoilers, se não viu o ep., siga para o próximo tópico)
O último ep. cumpriu o seu dever, fechando as pontas soltas e deixou um belo gancho que poderá servir tanto para prosseguir com outras temporada quanto para um final em aberto, sem se tornar um furo. Sem pormenores, resta dizer que minha impressão sobre a coragem de Norma Bates (Vera Farmiga) ser mais fruto da falta de noção e excesso de ego se confirmam. Vamos combinar, existem coragens mais nobres, hehe. Norman (Freddie Highmore) finalmente expõe o lado que conhecemos no filme, maligno, frágil e encantador. Mistério mesmo ficou com o xerife Romero (Nestor Carbonell). Foram muitas ambiguidades. Seu heroísmo final não me convenceu de seu coração puro.
Foi um ep. de narrativa equilibrada e com sequencias bem emocionantes. O entrecho de mais alta tensão foi no encontro entre Jake Abernathy (Jere Burns), Romero e Norma. Uma sequencia que concentrou tensão e reviravoltas muito surpreendentes. Essas reviravoltas se devem, muito, à forma como o ep. foi construído, centrando-se muito nos preparativos de Norma para matar Abernathy e nos movimentos de Remoro para devolver o dinheiro para ele.
Balanço Geral
Bates Motel atendeu às expectativas. Seu hype foi alto. Muito se falou durante a produção sobre como seria trabalhado a mitologia do filmePsicose. Nesta primeira temporada, a missão dada foi cumprida. Pode-se questionar a opção por trazer o enredo para os dias de hoje, mas não afetou seu desenvolvimento. O universo construído ao redor das personagens originais também foi bem sucedido. A cidade de White Pane Bay preencher as elipses do filme possibilitando a estruturação da série.
A pergunta não deve ser se a série conseguiu passar bem por sua primeira temporada, mas como enfrentará as próximas, mantendo a qualidade?
Toda a série cuja narrativa é romanceada (um ep. continua imediatamente o anterior), de largada, já deve equilibrar seu tamanho com a necessidade de chegar ao fim. Não estamos falando de um Big Bang Theory, cujos eps. podem ser vistos isoladamente. Em séries como Bates Motel, desejamos ver o final e mas que não seja logo. Sempre achei que a melhor saída é que a série já seja planejada para muitas temporadas, mesmo com contrato para apenas uma! Se o sucesso vier, os produtores já tem seu plano de voo.
Mas, planejamento não é sinônimo de qualidade. E, apesar de ter tido uma impecável primeira temporada, cabe perguntar por quanto tempo a matéria base de Bates Motel tem fôlego?
Não falo das personagens secundárias, mas de Norma e, essencialmente, Norman Bates. A série é sobre como ele se tornará o assassino imortalizado no chuveiro. Esse é o dead line. Não vale gastar eps. e mais eps. com narrativas paralelas. Isto não aconteceu até o momento. Se os produtores conseguirem repetir o feito na segunda temporada, maravilha. Se outras vierem com a mesma qualidade, ótimo. Mas, por favor, não façam disso uma LOST. Adorei esta série, mas foi longa demais.
Nessas decisões pesa mesmo o faturamento. Raramente um criador termina uma obra no auge – esses sujeitos merecem o nome de artistas. Espero que os produtores já tenham a quantidade limites de temporadas. Especificamente em Bates Motel, há a peculiaridade de não podermos levar indefinidamente a formação de um psicopata. Uma saída seria, depois de formada a personalidade assassina, recriaro enredo do filme, algo que, se bem feito, seria instigante e renderia alguns eps. na temporada final.
Agradeço a companhia de vocês ao longo desta primeira temporada. Até o ano que vem!
A fórmula para um filme de sucesso parece simples e perfeita. Você une dois dos maiores astros da atualidade – Angelina Joliee Johnny Depp – a um diretor que venceu um Oscar em sua estreia – Florian Henckel von Donnersmarck (‘A Vida dos Outros‘) – e refilma um elogiado filme francês – ‘Anthony Zimmer: A Caçada‘.
Infelizmente, nem toda fórmula perfeita se transforma em um produto de sucesso. Com as expectativas a mil tendo o benefício do elenco dos sonhos, ‘O Turista’ decepciona a grandes níveis.
Durante uma viagem à Europa, o turista Frank (Depp) desenvolve uma inesperada relação amorosa com Elise (Jolie), uma mulher extraordinária que deliberadamente cruza o seu caminho. Tendo o excitante cenário de Paris e Veneza como pano de fundo, o intenso romance se desenvolve rapidamente na medida em que ambos se envolvem involuntariamente num jogo mortal como gato e rato.
O maior atrativo do filme, seus astros, parecem estar pouco à vontade em seus papéis, e são prejudicados por uma direção aparentemente novata de Von Donnersmarck, que não faz jus a seu último trabalho.
Jolie está belíssima com o figurino dos sonhos, assinado por assinado por Collen Atwood, vencedora do Oscar. A atriz, que teve aulas de comportamento para viver uma européia, dá o seu melhor, mas não é beneficiada em nenhum momento pelo roteiro fraco e confuso, que entrega uma personagem dúbia e rasa.
Enquanto Jolie se esforça, Depp parece estar perdido em uma atuação fraca, não digna do grande ator que ele é. Prejudicados pelo roteiro, o casal de protagonistas acaba demonstrando zero de química.
No elenco de apoio, que merece destaque é Paul Bettany (‘Padre’), que entrega uma ótima atuação.
O maior acerto do filme é sua fotografia, induzida pela bela Veneza. A cidade, unida à beleza de seus astros, torna o longa um espetáculo visual.
No final, ‘O Turista’ é um divertido filme, que entretém o espectador ao longo de sua projeção. Mas unir Jolie e Depp em uma produção mediana é, no mínimo, um crime.
Reunir Johnny Depp e Angelina Jolie é – definitivamente – uma ótima estratégia para levar os fãs dos astros ao cinema.O Turista não é uma das melhores estreias desta temporada, mas seus acontecimentos e burburinhos de backstage levantaram a bola do longa tornando-o uma das mais aguardadas. E de quebra recebeu indicações ao Globo de Ouro.
A história é do turista Frank (Depp), que é envolvido num jogo de perseguições através da enigmática Elise (Jolie). O roteiro tem como finalidade enganar os espectadores com personagens dúbios em situações de filmes de espionagem. Da abertura aos créditos finais, os espectadores são envolvidos em uma trama baseada no ‘pega ladrão’, ou jogo de gato e rato e até mesmo Carmen Sandiego. Agentes federais e gangsters estão na busca de Alexander Pearce, e parece que Elise é o elo que pode trazer Pearce à tona. Tendo ainda a participação de Rufus Sewell em um personagem enigmático.
Mesmo com uma trama de perseguição e espionagem, cheio de reviravoltas, o filme não decola pelo simples fato de seus protagonistas não imprimirem a química necessária para o casal de enamorados. Jolie e Depp decepcionam com atuações preguiçosas e apáticas.
O roteiro busca o êxito exibindo personagens e situações onde “nada é o que parece” se assemelhando com outro filme de Angelina, Salt.
Para os que se lembram deste, O Turistamais parece a continuação dele. E definitivamente não é o longa merecedor de Globo de Ouro.