sexta-feira , 21 fevereiro , 2025
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Astro Boy

 

Estreia nessa sexta a animação Astro Boy, da Paris Filmes. Para quem não sabe, o Astro Boy é um famoso mangá criado pela conhecida dupla Osamu Tezuka & Akira Himekawa na década de 50. Fez tanto sucesso na época, que até uma série sobre o personagem foi criada no Japão. Porém, quem dirigiu o filme foi um americano: David Bowers (Por Água Abaixo).

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Em inglês, quem faz a voz do Astro Boy é o fofo Freddie Highmore (A Fantástica Fábrica de Chocolate). No Brasil, quem o dublou foi Rodrigo Faro. No começo foi estranho, pois, afinal, Faro já não é um adolescente faz tempo. Mas depois você acaba acostumando. A história do filme já começa triste, com o filho do cientista, Toby, morrendo. E, para não perder o filho por completo, o pai resolve transformá-lo num garoto-robô, sem ele saber. O jovenzinho começa a perceber que existe algo estranho e, sem querer, descobre que é super poderoso.

Seu pai fica infeliz e arrependido do que fez e resolve “desligar” o garoto, depois que ele descobre a verdade. Chateado, Toby foge de casa e assume o codinome Astro Boy. No entanto, sua ingenuidade e desejo de ser aceito do (novo) jeito que é, o leva a ser enganado por pessoas de fora e de repente se vê tendo de enfrentar forças muito maiores das que possui.

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Apesar do longa ser para o público infantil, os adultos irão gostar de filme também. É bem feito, divertido e tem uma narrativa inocente mas ao mesmo tempo realista, pois dá algumas indiretas de com o ser humano não cuida da Terra.

Ok… esse assunto para nós, adultos, já está batido. Mas, para crianças, qualquer conscientização, mesmo que indireta, é válida.

 


Crítica por:
Janis Lyn Almeida Alencar (Blog)

 

 

As Sessões

 

Baseado num artigo de Mark O´Brien, “As Sessões” é um dos melhores filme do ano passado, e facilmente poderia ter ocupado a última posição deixada vazia entre os indicados para melhor filme no Oscar 2013. No filme, o fantástico John Hawkes interpreta O´Brien, um sujeito que contraiu poliomielite, ou paralisia infantil, e passou a vida inteira numa maca com o corpo imóvel.
Mas isso não o impediu de viver, e Mark com a ajuda de uma maca elétrica, similar às cadeiras de rodas elétricas, se formou em jornalismo na faculdade, e se tornou um poeta. Com completa sensibilidade no corpo inteiro, o protagonista apenas não consegue ter o controle sobre seus movimentos. Apesar de viver sozinho, Mark precisa de uma acompanhante para desempenhar algumas funções básicas, como o banho.

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Após alguns incidentes envolvendo excitação devido a sua sensibilidade latente, e principalmente após o fascínio do protagonista por sua segunda acompanhante, a jovem e bela Amanda (Annika Marks), o sujeito decide que é hora de ter sua primeira relação sexual, aos quase 40 anos de idade. Usando um padre local (papel de William H. Macy) como espécie de terapeuta, e com seu aval, Mark decide usar os serviços do departamento de psicologia sexual de uma universidade, contratando assim uma profissional conhecida como substituta sexual. E ela vem na forma da veterana Helen Hunt. Como ela trata de explicar logo de início para que não haja confusão da parte de Mark, e da plateia, sua personagem não é uma prostituta.

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Acho que a principal diferença é que uma prostituta possui diversos clientes, e embora a substituta sexual de Hunt também esteja sendo paga, Mark será seu único cliente com objetivos de estudo, e só poderão ter um determinado número de encontros, mais ou menos 5, como ela igualmente especifica. O diretor da obra é Ben Lewin, que também adaptou para o cinema o artigo do verdadeiro Mark O´Brien. O cineasta polonês Lewin também é ele mesmo um deficiente físico, por isso essa história é muito pessoal para ele igualmente. Aqui o diretor entrega uma verdadeira história humana, comovente e emotiva, mas também fortemente positiva. Esse é um feel good movie de certa forma mais impactante do que o recente sucesso francês “Intocáveis”, por não se esquivar totalmente dos momentos pesados em nome do humor.

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O personagem de Hawkes respira por um aparelho conhecido como “pulmão de ferro”, e as consequências disso são mostradas numa cena desesperadora durante uma noite de falta de energia elétrica. Em outra cena “As Sessões” tira sarro de “Intocáveis”, quando o personagem de Hawkes afirma que sua orelha é a pior zona erógena de seu corpo (coisa que era o auge para o personagem tetraplégico do filme francês). A talentosa Helen Hunt, que já tem um Oscar decorando sua casa, recebe sua segunda indicação e representa o filme na noite de maior prestígio para a sétima arte. Hunt aparece na metade de suas cenas, ou quem sabe mais da metade, nua. O trabalho requer muita coragem, principalmente porque Hunt se sentiu à vontade para tal desafio somente aos quase 50 anos.

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Igualmente temos que mencionar as performances de Moon Bloodgood, William H. Macy e da citada Annika Marks, todos com ótimos desempenhos. Mas sem dúvidas a alma de “As Sessões” é John Hawkes, o talentoso e subestimado ator, já havia marcado presença com sua indicação dois anos atrás pelo excelente “Inverno da Alma”. Sua performance como Mark O´Brien é simplesmente cativante, e Hawkes desempenha todo um trabalho de voz e físico. Seu trabalho é um dos melhores do ano, e não fica devendo nada para nenhum dos indicados para melhor ator. Mas infelizmente a menos que aumentem o espaço na categoria como fizeram com o melhor filme, sempre irá existir gente muito boa de fora.

 

 


Crítica por:
Pablo Bazarello (Blog)

 

 

Assassino a Preço Fixo

 

 


Assassino à Preço Fixo (The Mechanic) é um remake de 1972, onde Charles Bronson era o protagonista do longa. Em sua nova versão, o filme vem protagonizado por Jason Statham, que faz o papel de Arthur Bishop, um assassino de aluguel com um grande talento para eliminar seus alvos.

Tudo ia bem até o dia em que é pago para eliminar Harry (Donald Sutherland), seu amigo e mentor. Ao perceber a grande presepada em que entrou, parte para cima daqueles que encomendaram a morte de Harry. Porém, o filho da vítima, Steve (Ben Foster), quer seguir os passos de Bishop para pegar os culpados pela morte do pai. Mas Bishop está acostumado a trabalhar sozinho, e a companhia de Steve passa a ser um estorvo para ele, atrapalhando seus planos e o pondo em risco em suas tarefas.

Vou ser bem sincera: gosto de Statham. Esse é o tipo de filme que ele faz bem feito. Muita ação, tiros e corre-corre, o filme começa lento e vai ficando cada vez mais interessante.

Arthur Bishop é um de assassino frio e calculista, que faz muito bem o seu serviço e não deixa rastros. Sua esperteza será colocada em risco com a companhia de Steve, que na verdade é um jovem problemático que só se preocupa com vingança. Toda essa temática dá um bom resultado em um filme que não é um top, mas garante uma boa tensão e diversão.

 

 

Crítica por: Silvia Freitas (Blog)

 

 

O Assassinato de Jesse James

 

 

Para narrar a lenda do mais famoso fora-da-lei norte-americano Jesse James e de seu admirador e assassino Robert Ford, o cineasta Andrew Dominik criou um belo drama psicológico, abordando os limites do comportamento humano frente a sentimentos tão controversos como a adoração, a inveja, o ressentimento, a desconfiança.

 

Robert Ford, um jovem membro da Gangue de Jesse James tinha 19 anos, na época em que assassinou friamente seu ídolo. Um misto de medo, de idolatria ou um desejo de reconhecimento, de notoriedade? Um pouco de tudo. São as hipóteses levantadas pelo escritor Ron Hansen, em seu livro de mesmo nome, e filmadas por Dominik.

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Com Brad Pitt no papel de Jesse e Casey Affleck como Robert, a história, baseada nos acontecimentos que antecedem ao crime, ganha profundidade e dramaticidade. Pitt encarna o fora-da-lei com sensibilidade, impondo a melancolia, sagacidade e carisma do herói. Jesse era conhecido como um jovem de 34 anos com um estado de espírito imprevisível. Alguém que conseguia impor terror nos homens da lei e em seus próprios comparsas, apenas com sua presença. Nada e ninguém passavam por ele desapercebidos. Atualizado com as notícias que circulavam na época, era um homem que estava sempre interagindo com os moradores de sua localidade e constantemente mudando de casa com sua família.

 

Quanto a Robert Ford, a história o retrata como um covarde que matou o homem mais procurado do país, dentro de sua própria casa, ao lado de sua família, atirando pelas costas. Um “peso” que carregou por muitos anos. Arrependimento ou satisfação? Casey Affleck, em uma bela e sensível interpretação como Ford, consegue desvendar esta dúvida. Com seu olhar inocente e triste, mesclado a um ar meio pernóstico, ele nos causa a impressão de ser um homem inseguro, um tolo admirador de Jesse James.

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Com um clima vitoriano e de pós-guerra Civil, O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford – EUA/2007 – Drama – 160 min.– Warner Bros.) é visualmente grandioso, assim como suas vastas e inabitadas paisagens que retratam um velho-oeste sob uma perspectiva diferente dos velhos filmes de cowboy a que todos nós estamos acostumados a ver. Um ótimo filme que merece ser visto.


Crítica por:
Viviane França

 

 

Assalto em Dose Dupla

 

Quando se fala em literatura policial em língua inglesa, os nomes dos autores Agatha Christie e Arthur Conan Doyle são citados constantemente. O filme Assalto em Dose Dupla (Flypaper) mistura fórmulas consagradas por esses dois escritores.
O enredo se passa em um banco que recebe a ilustre visita de dois grupos de assaltantes ao mesmo tempo. Antes que um dólar seja tocado pelos criminosos, um homem misterioso é assassinado no meio do saguão do banco.

Entre funcionários, clientes e ladrões; há treze suspeitos. Tem-se o clássico caso da sala fechada, uma fórmula de trama muito bem explorada na obra de Agatha Christie. Os desdobramentos da história trazem à memória o livro E não Sobrou Nenhum (antes conhecido como O Caso dos Dez Negrinhos).

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Assalto em Dose Dupla não nega essa referência e inclui uma fala tirada das páginas escritas por Christie. Essa frase é de Tripp (Patrick Dempsey, de Transformers 3), um cliente do banco com problemas mentais que está determinado a entender o que está verdadeiramente acontecendo no banco.


Para resolver o mistério e conhecer melhor os demais personagens, Tripp faz uso de sua inteligência e de um afinado senso dedutivo. O protagonista é a ligação de Assalto em Dose Dupla com a obra de Arthur Conan Doyle, mais especialmente o detetive Sherlock Holmes.

Com essa receita, os fãs de Christie e Doyle terão bons motivos para assistir ao filme. Já o restante do público pode curtir essa mistura e aproveitar as inserções bem-humoradas do roteiro.

 

 


Crítica por:
Edu Fernandes (CineDude)

 

 

Assalto em Dose Dupla

 

Daria para imaginar dois assaltos acontecendo simultaneamente no mesmo lugar?

Em Assalto em Dose Dupla (Flypaper), é isso o que acontece. Um banco está sendo assaltado por uma dupla de idiotas quando chega uma equipe, essa sim profissional, para assaltar o mesmo banco.

Patrick Dempsey participa do longa como um cara que aparentemente está sacando uma quantia no banco quando a confusão começa. Ele rapidamente tenta defender a moça do caixa, e logo começa a se envolver com ela de uma maneira muito estranha. Bom, na verdade tudo é estranho nesse filme.

Os dois bobocas que entram primeiro para assaltar o banco é a parte engraçada. Onde já se viu querer executar um assalto daquele jeito? Já a turma de assaltantes experiente é muito sinistra, andam só encapuzados e falam sério, não querem saber de brincadeiras em serviço.

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O filme todo é uma confusão só, muita trapalhada e pouco sentido. Conforme as coisas vão acontecendo você vai percebendo que nada é o que parece ser. Os personagens são estranhos, mas é preciso prestar atenção em cada um para entender depois o quem de fato são.

Resumindo: o filme não é lá grandes coisas, você consegue dar algumas risadas, mas é só isso.

 


Crítica por:
Silvia Freitas (Blog)

 

 

Assalto ao Banco Central

 

Inocência pura a minha ao achar que Cilada.com seria uma das piores surpresas do ano. Estreia na próxima sexta-feira Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo, um filme repleto de cenas de ação e montagem eficiente. Mas também uma produção adornada pelos mais pífios clichês do cinema estadunidense e com uma trama romantizada, baseada em fatos reais, ocorridos no Brasil há alguns anos.
Sempre soubemos que o cinema brasileiro esteve alguns passos atrás em relação a cinematografia estadunidense. Desde os primórdios, lá no cinema mudo, estávamos sempre em desvantagem. Quando o Brasil desponta para o sucesso tecnológico com as narrativas do cinema mudo, os Estados Unidos divertem os cinemas com as suas primeiras produções sonoras. A desvantagem do Brasil se torna algo muito irrelevante esteticamente com o Cinema novo no interior da conturbada década de 60 e financeiramente com o Cinema da Retomada, iniciado por volta de 1994. Cidade de Deus, Tropa de Elite, diretores como Walter Salles e Fernando Meirelles, mais indicações ao Oscar e outros importantes prêmios estrangeiros. Tudo parecia lindo e belo até a chegada de algumas pérolas com desejo de regressão: em 2011, Cilada.com e este Assalto ao Banco Central são os representantes da ruindade no que tange à representação da linguagem do cinema na produção cultural brasileira.

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Na sinopse oficial, temos a seguinte informação: Barão (Milhem Cortaz, mediano) teve a grande ideia de ganhar muito dinheiro em pouco tempo ao cometer o crime perfeito, sem violência. Para isso, basta arrumar as pessoas certas, dispostas a receber R$ 2 milhões, botar o plano em prática e executar a façanha. Após cerca de três meses de operação, R$ 164,7 milhões foram roubados do Banco Central, em Fortaleza, no Ceará. Sem dar um único tiro, sem disparar um alarme, os bandidos entraram e saíram por um túnel de 84 metros cavado sob o cofre, carregando três toneladas de dinheiro. Foi o segundo maior assalto a banco do mundo.

Nada contra a inspiração na cinematografia internacional. Este não é o grande problema de Assalto ao Banco Central, é apenas um deles. Na trama, temos os clichês mais óbvios e o desejo de repetir a fórmula dos sucessos do cinema hollywoodiano. O primeiro ângulo a iluminar está na construção das personagens: a policial interpretada por Giulia Gam, divide a sua investigação policial com alguns problemas pessoais, com o celular que não para de tocar, com alguém do outro lado da linha exigindo atenção. Nada mais óbvio: Sandra Bullock e Jodie Foster já fizeram algo parecido em Cálculo Mortal e O Silêncio dos Inocentes, respectivamente. Lima Duarte faz um delegado que investiga e implica boa parte do tempo com a personagem de Giulia Gam. Próximo do fim acaba aposentado contra a sua vontade. Quer mais clichês? O que dizer do parceiro do vilão, aqui chamado de Barão, que logo no começo percebemos que vai utilizar a sua forma física e essência machista para traçar a mulher do chefe, uma vulgar e durona secretária do namorado, que o ajuda na organização do crime e presta alguns favores na cama? Dois parceiros já maduros da equipe, que nunca se entendem e discutem o tempo inteiro no desenrolar da ação criminosa?

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Se a construção de personagens é problemática, imagina-se que o roteiro também faz a narrativa afundar como uma bigorna: quem pensou assim, acertou. Repleto de flashbacks, o roteiro tinha tudo para disponibilizar uma intrigante história. Aqui, nada acontece: há personagens que desaparecem sem deixar vestígios, intensos buracos na narrativa que às vezes nos confundimos se estamos realmente numa sessão de cinema de ação nacional ou num enredo de feitiços e bruxarias como na sala de cinema ao lado, exibindo Harry Potter, onde coisas desaparecem de forma enigmática, sem deixar vestígios.

Todo este aparato crítico não é para deixar o leitor com pena dos envolvidos. Longe disso. Apesar de ser sofrível, a campanha de marketing do filme é excepcional e o trailer interessante, provavelmente garantindo o retorno do investimento na produção e a possibilidade de novos papéis para os envolvidos no elenco.


Crítica por:
Leonardo Campos

 

 

Assalto Ao Banco Central

 

O maior assalto a um banco na história do Brasil, ocorreu faz alguns anos, e até hoje não conseguiram recuperar a quantia total roubada (160 milhões de reais). Essa história real, que nos lembra o filme de Woody Allen (Trapaceiros), onde a trupe woodialiana monta uma loja de cookies e embaixo do estabelecimento, cavam um túnel em direção ao banco.
Na vida real foi mais ou menos assim; inspirado neste fato, Marcos Paulo (o diretor de novelas) decidiu rodar um filme.

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Esta é a estreia do diretor nos cinemas e isto é perceptível em sua narrativa. Motivos: escalação de atores globais no elenco (tudo bem, ele também convidou atores de cinema como Juliano Cazarré, Gero Camilo e Hermila Guedes); diálogos televisivos e over; e a tentativa frustrada de contar uma história não linear. Esta última é a pior. Pois o diretor não tem a sagacidade de um Tarantino para contar uma história fora da ordem, mas o faz a fim de aparentar inovação.

Iniciando pelo primeiro problema no longa: o elenco. Parte do elenco , acostumado com a linguagem televisa, ficou presa à tal. Com exceção de Lima Duarte, Juliano Cazarré, Gero Camilo e Tonico Pereira – cujos personagens são de longe os mais interessantes e bem interpretados -; o restante se conteve com atuações caricaturais ou por vezes expressivas demais – o caso de Eriberto Leão, Milhem Cortaz, Daniel Filho e Antonia Fontenelle (participação desnecessária). E por falar em Antonia Fontenelle, sua entrada é desesperada e didática demais.

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Milhem Cortaz, não exibe aqui sua malvadeza e timming de Tropa de Elite; seu vilão/protagonista é over e canastra em demasio. O ator não conseguiu segurar a onda de protagonizar um filme, e nem tem porte para tal. Tonico Pereira exibe sua boa forma, e é por ter uma extensa bagagem cinematográfica que, juntamente com Gero Camilo, fornecem aos espectadores boas cenas de humor – que não aconteceriam se fosse outros atores -.

O segundo problema, é inevitável: os diálogos e situações televisivas. O excesso de frases de efeito tiram a dinâmica do filme. Tornando-o cansativo. A evasividade dos personagens contribui também para a falta de jogo entre os atores. O terceiro problema é o mais grave: a edição. Marcos Paulo tenta fazer algo diferente e atraente pro longa, em vão. A história é contada em dois momentos: a gangue planejando o roubo e a polícia investigando o crime. Simultaneamente. E quando a ação é finalizada, eles continuam a ação investigativa. Talvez se o caríssimo editor, exibisse primeiro as ações decorrentes da investigação,e aí depois narrasse como aconteceu tudo; o longa pudesse ter mais agilidade e pudesse despertar o interesse dos espectadores.

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E ele se enrola em sua própria narrativa, acontecimentos são descritos muito antes de acontecerem. Como filme de ação, este não decola e como longa policial é brochante. Mas Marcos Paulo merece uma salva de palmas, esta é sua estreia cinematográfica e ele consegue resultados na sua obra de igual teor às produções dispensáveis de seu ator Daniel Filho, há anos produzindo/dirigindo/atuando no cinema brasileiro.

 

 

Crítica por: Thais Nepomuceno (Blog)

 

 

Assalto ao Banco Central

 

O cinema brasileiro está crescendo rapidamente, e com isso o número de filmes estreando aumentou drasticamente nos últimos anos, o que nos traz ótimas produções (‘Tropa de Elite 2’), bombas terríveis (‘Cilada.com’) e filmes despretensiosos, que divertem (‘De Pernas pro Ar’, ‘Bruna Surfistinha’).
Assalto ao Banco Central’ se encaixa na última citação, é entretenimento puro, divertido e descartável.

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Inspirado em uma história real, que deixou a população brasileira boque aberta há seis anos, o longa tem erros e acertos visíveis, mas deixará grande parte do público satisfeito, com uma trama leve, cheia de boas risadas. ‘Assalto ao Banco Central’ é, na verdade, uma comédia.

Em Agosto de 2005, 164.7 milhões de reais foram roubados do Banco Central em Fortaleza, Ceará. Sem dar um único tiro, sem disparar um alarme, os bandidos entraram e saíram por um túnel de 84 metros cavado sob o cofre, carregando 3 toneladas de dinheiro. Foram mais de três meses de operação. Milhares de reais foram gastos no planejamento. Foi o segundo maior assalto a banco do mundo. Um dos crimes mais sofisticados e bem planejados de que já se teve notícia no Brasil. Quem eram essas pessoas? E o que aconteceu com elas depois?

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O roteirista Renê Belmonte optou por usar a história real como base para uma trama fictícia, tendo a liberdade de trabalhar os personagens de maneira diferente da realidade, deixando os bandidos com cara de mocinhos.

E o problema é justamente esse: se Belmonte teve a liberdade de adicionar ficção à trama, ele poderia ter criado uma história muito mais realista e interessante, além de dar um fim digno a uma trama tão mirabolante, fato que não ocorreu – o final é o mais clichê possível.

A edição opta por adicionar os depoimentos dos bandidos enquanto a trama desenrola, para assim tentar criar um suspense sobre como eles conseguiram executar um golpe tão elaborado.

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O grande acerto da produção está em seu elenco, muito esforçado e bem preparado.
Milhem Cortaz é quem rouba a cena, como o vilão Barão. O veterano Lima Duarte também demonstra todo seu talento, na pele do delegado Chico Amorim. O destaque ainda vai para Hermila Guedes, que entrega uma grande atuação como a sensual Carla, e Giulia Gam, interessante como a delegada Telma. Eriberto Leão, o protagonista Mineiro, entrega uma atuação mediana e contida.

Assalto ao Banco Central’ é visivelmente baseado nas produções de assalto norte-americanas, e assim como as mesmas, diverte sem grandes pretensões. Filme pipoca.

Crítica por: Renato Marafon

 

 

As Palavras

 

Muito já se falou dos desafios de balancear tramas paralelas: alguma delas pode ficar interessante demais e ofuscar as demais, outra pode ficar esquecida por tempo demais… No caso de As Palavras (The Words), as tramas são interligadas, mas sua convivência não é pacífica.
Um autor (Dennis Quaid, de O que Esperar quando Você Está Esperando) está em um evento de promoção de seu novo livro. Ele lê trechos do romance para uma plateia ávida pela história. No meio do público destaca-se uma bela fã do escritor (Olivia Wilde, de O Preço do Amanhã).

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O livro narra os conflitos de Rory (Bradley Cooper, de Sem Limites), um aspirante a autor que não consegue uma editora interessada em seus escritos. Um dia, compra uma antiga bolsa em Paris e encontra dentro dela um original inédito. Ele decide passar a limpo no computador aquele antigo texto cheio de talento.

Sua esposa (Zoe Saldana, de Colombiana: Em Busca de Vingança) lê a transcrição e acredita que aquela bela história de amor foi composta por seu marido. Ela o convence a apresentar o original para uma editora, onde o livro é publicado e trona-se um best-seller.

O verdadeiro autor (Jeremy Irons, de Margin Call) está vivo e entra em contato com Rory para contar sua história de vida em uma terceira narrativa de As Palavras. As três linhas dramáticas se entrelaçam no decorrer do filme, mas a confusão que criam desperdiça energia dos temas abordados.

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O longa poderia tratar da ética dos protagonistas, da dificuldade de ser bem-sucedido no meio cultural, das histórias de amor de seus personagens; mas é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que a concentração fica comprometida.

O espectador perde tempo demais para manter o entendimento das três tramas e não consegue se identificar com os personagens ou seus conflitos. A trilha musical de Marcelo Zarvos (Solteiros com Filhos) exagera em uma tentativa de injetar emotividade no conjunto, mas o roteiro impede a empreitada de ser bem-feita.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (CineDude)