domingo , 22 dezembro , 2024

Conheça a franquia ‘Tubarão’ | Todos os filmes estão Disponíveis na Netflix

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Tubarão, clássico irretocável de Steven Spielberg, completa 45 anos em 2020. Para comemorar, já que sempre buscamos motivos para assistir novamente a este ícone, lançamos recentemente uma matéria com diversas curiosidades e histórias de bastidores – que você pode conferir no link abaixo.

Tubarão | Clássico de Steven Spielberg completa 45 Anos – Conheça Curiosidades



Como toda homenagem a esta lendária produção cinematográfica é pouca, pegando o gancho da estreia dos quatro filmes da franquia na Netflix, o CinePOP traz para você esta nova matéria, comentando com alguns detalhes muito interessantes todos os filmes Tubarão, superproduções da Universal Pictures. Vem conhecer e se prepare para maratonar todos os longas desta franquia de dentes afiados.

Tubarão (1975)

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Tudo começou aqui, é claro. Tubarão é baseado no livro homônimo de Peter Benchley sobre uma pequena cidade aterrorizada por um grande tubarão branco. Steven Spielberg, então um jovem de 28 anos, foi contratado para dirigir e não gostou nada do livro. Assim, alguns elementos da história foram alterados, dando foco e melhor desenvolvimento aos personagens humanos – em especial os três protagonistas: Martin Brody (Roy Scheider), o xerife que tem medo d’água, Matt Hooper (Richard Dreyfuss), o biólogo marinho, e Quint (Robert Shaw), o pescador durão e convencido de que é o único que conseguirá dar cabo do inconveniente peixe.

As filmagens foram um pesadelo porque o boneco animatrônico do tubarão não funcionava direito, o que acabou servindo para Spielberg escondê-lo até não poder mais, criando assim mais suspense e tensão. Esta forma de não revelar de cara a criatura em filmes do gênero terminou fazendo escola. Apesar de todos os empecilhos, atritos e dificuldades na produção, Tubarão (1975) se tornou um estrondoso sucesso, criando o conceito dos blockbusters – foi o primeiro filme da história a arrecadar mais de US$200 milhões nas bilheterias norte-americanas.

Com um orçamento de US$7 milhões estimados, Tubarão rendeu US$260 milhões nos EUA, e US$471 milhões mundialmente, se tornando um verdadeiro fenômeno. E seu feito não acaba por aí. Além do sucesso junto ao público, Tubarão também se tornou um filme de prestígio com os especialistas em cinema, sendo indicado para 4 prêmios no Oscar, incluindo melhor filme do ano, e levando para casa os outros 3: som, edição e trilha sonora para o maestro John Williams. Era a Academia se abrindo para filmes populares ainda em meados da década de 1970. E você achando que era coisa de agora.

Tubarão 2 (1978)

Com o sucesso estrondoso de Tubarão (1975), a Universal não conversou e logo tirou do papel a sequência. Muitos se perguntam inclusive por que demorou tanto – com três anos de espera. Spielberg recebeu o convite para retornar, mas não quis saber de voltar à água, optando por seu épico de visita alienígena, Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977). Richard Dreyfuss o seguiu no projeto como protagonista, então nada de Hooper.

Agora, os produtores precisavam encontrar uma história para o filme. E a opção quase foi uma prequel centrada na juventude de Quint e sua experiência durante a Segunda Guerra Mundial a bordo do navio USS Indianápolis – evento que ele relata no primeiro filme. No entanto, chegaram à conclusão de que o público queria era ver a ilha de Amity novamente e a também a família Brody. Assim, acompanhamos basicamente uma reedição do primeiro filme, com o xerife Brody (mais uma vez vivido por Roy Scheider) as voltas com um novo tubarão aterrorizando seu lugarejo.

 

Mas não foi fácil ter Scheider no elenco também, o ator não queria nada com a sequência, mas foi obrigado a protagonizá-la devido a seu contrato. Divergências com o diretor Michael Cimino o tiraram do elenco do drama de guerra O Franco Atirador (1978), o qual estava estrelando. Em seu lugar entrou Robert De Niro, que foi indicado ao Oscar pelo papel. Assim, Scheider caiu novamente nas garras, ou nas presas, do tubarão. Quem vê o filme, e seu desempenho dedicado, nem imagina os embates homéricos com o diretor francês Jeannot Szwarc que rolaram nos sets do longa. Szwarc depois seguiu para dirigir Em Algum Lugar do Passado (1980) e Supergirl – O Filme (1984).

Para acalmar os ânimos, os produtores da franquia David Brown e Richard Zanuck marcaram uma reunião para Szwarc e Scheider se entenderem. A coisa não deu certo e piorou, resultando nos dois caírem no pau numa briga, precisando ser apartada pelos produtores. As coisas só melhoram quando a Universal subiu o cachê de Scheider para três vezes mais em relação ao filme original, e que Tubarão 2 contaria como dois filmes, liberando assim o ator de seu contrato.

Como dito, a história é praticamente a mesma do original: um novo tubarão chega à Amity, mas ninguém acredita no xerife, tido como paranoico. A diferença é que Tubarão 2 se comporta mais como um filme slasher adolescente, sendo a proposta dos produtores trazerem o filme ainda mais para o gênero do terror.

Assim, um grupo de jovens ganha destaque em grande parte da projeção, em suas aventuras marítimas e questões sobre namoro, por exemplo – dentre eles, Keith Gordon é o rosto mais conhecido, tendo continuado para filmes como Vestida para Matar (1980), Christine – O Carro Assassino (1983) e De Volta às Aulas (1986).

Eles são perseguidos pelo assassino em série da vez: que aqui calhou de ser uma gigantesca criatura marinha. Até mesmo a forma do novo tubarão serve para corroborar com esta investida. Logo de início, ao atacar um barco, que pega fogo e explode, o tubarão fica desfigurado, com a metade da cara queimada e com cicatrizes. Sai da frente Jason e Freddy.

Tubarão 2 contou com um orçamento absurdo (para a época) de US$20 milhões e teve o retorno de pouco mais de US$81 milhões nos EUA – bem abaixo do original. No mundo, o filme arrecadou um pouco mais de US$187 milhões.

Tubarão 3-D (1983)

Bem, por aqui talvez nunca tenhamos tido a oportunidade de apreciar Tubarão 3 em toda a sua glória. Já que um dos motivos para esta produção existir foi o uso da tecnologia 3D – uma febre na época, em especial com filmes de terror, vide Sexta-Feira 13 – Parte 3 (1982) e Amityville 3-D (1983). E segundo os críticos que puderam conferir o lançamento do Bluray com a tecnologia, este é um dos grandes atrativos do longa. Tubarão 3 é uma grande brincadeira que não se leva muito a sério.

Por falar em não se levar a sério, o filme seria declaradamente uma paródia a princípio. Tudo por causa do sucesso de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu (1980), comédia escrachada que zoava com os filmes catástrofe – febre da década de 1970. Assim, os produtores pensaram em pegar uma parcela deste filão para a sua franquia – chegando inclusive a ser escrito um roteiro dentro da proposta humorística. O filme tinha até título: Jaws 3 – People 0, algo como “Tubarão 3, Pessoas 0”. Já imaginou?

No final, optaram por um filme “sério”, seguindo a linha dos anteriores, voltado ao terror e suspense – e aqui adicionando aventura à mistura também. A trama se passa num parque aquático, mais especificamente no Sea World, que é constantemente citado por nome, olhem isso. Apesar da mudança de cenário, saindo de Amity, a família Brody não foi esquecida, com os filhos do xerife já adultos protagonizando aqui. Michael, o mais velho, é interpretado por um novato Dennis Quaid.

Completando o elenco, Bess Armstrong vive a treinadora Kay, namorada do protagonista e melhor personagem do filme, e Lea Thompson (a Lorraine do blockbuster De Volta para o Futuro) estreava no cinema como outra funcionária do parque. O nome de maior peso, no entanto, era o de Louis Gossett Jr. (visto recentemente na série Watchmen), que acabara de ganhar o Oscar por A Força do Destino (1982); aqui ele estava no papel de um inescrupuloso empresário, dono do parque. Ah sim, e para os mais velhos, temos também o Manimal em pessoa, Simon MacCorkindale, que vive um experiente caçador/aventureiro e tem uma das mortes mais estranhas e nonsense da franquia.

Na trama, o tubarão é uma fêmea desta vez, e tem um filho. Quando os funcionários do parque capturam o filhote, a mamãe não fica nada contente e sua fúria é sentida na terceira dimensão. Mas nada nos prepararia para o quarto filme…

Tubarão 3-D foi dirigido por Joe Alves, em seu único trabalho na função. Alves é mais conhecido como diretor de arte de filmes como Tubarão 2, Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Fuga de Nova York. Com o orçamento de US$20,500 milhões, ou seja, US$500 mil a mais que o anterior, o terceiro longa da franquia arrecadou US$45 milhões nos EUA, e quase US$88 milhões mundialmente, demonstrando assim a perda de força dos filmes do peixe assassino junto ao público.

Tubarão 4 – A Vingança (1987)

Peixes tem instinto de vingança? Bem, segundo o roteiro deste quarto exemplar da franquia, sim. E muito. É o que leva este tubarão (que talvez seja parente do animal do primeiro filme, vai saber) a seguir a família Brody, de Amity até as Bahamas. Ellen Brody retorna, novamente interpretada por Lorraine Gary, em seu terceiro filme da franquia, desta vez à frente da trama. E como Roy Scheider em sã consciência jamais aceitaria retornar (como o próprio disse: “nem Satã me faria aceitar”), a solução foi matar o policial de um enfarto. Mas, segundo sua esposa, ele morreu “de medo” do tubarão. Faz sentido, já que matou dois, sozinho.

A esta altura devo dizer que Tubarão 4 não é apenas o pior filme da franquia, como também é considerado pela maioria dos cinéfilos como um dos piores filmes já produzidos na história da sétima arte. Mas que pode ser uma sessão muito divertida junto aos amigos, ainda mais se tiver bebida alcoólica envolvida. É daqueles prazeres culposos que de tão ruins se tornam bons e servem para dar boas risadas. A forma como o tubarão é eliminado ao final, é simplesmente hilária.

Temos também uma conexão psíquica entre a protagonista e o tubarão – a mulher consegue sentir os ataques do bicho à distância. A veterana Gary não merecia isso. Este foi seu último trabalho no cinema, e o primeiro em oito anos, desde 1949: Uma Guerra Muito Louca (1979), de Steven Spielberg, outro fiasco.

Não podemos esquecer o grande nome associado ao projeto, Michael Caine. Apesar de um papel coadjuvante, inclusive nos créditos, o grande ator britânico era o nome mais conhecido do elenco, já tendo até mesmo três indicações ao Oscar no currículo a esta altura. Como o próprio veterano afirma, Tubarão 4 foi um de seus filmes de “contracheque”. Caine admite nunca ter assistido ao filme, mas diz ter certeza de que é péssimo. Segundo o ator, “a casa construída com seu salário de US$1.5 milhão, por outro lado, ficou linda”. Palavras do próprio.

Caine aceitou participar do projeto apenas ao ler as palavras “Havaí” no roteiro, era um desejo do ator conhecer o local paradisíaco. Assim, o lendário artista filmou por apenas sete dias, ganhou uma nova casa, férias e de quebra o Oscar. Bem, não por Tubarão 4, é claro, mas sim por Hannah e Suas Irmãs (1986), de Woody Allen. Como nem tudo é perfeito, Caine não pôde ir aceitar o prêmio na cerimônia devido a suas férias, digo, trabalho neste longa. No filme, ele interpreta o piloto de avião Hoagie, que começa um relacionamento com a viúva Ellen Brody e desempenha uma façanha inacreditável ao fim do filme, se livrando do tubarão após este ter “engolido” seu pequeno aeroplano.

Tubarão 4 foi dirigido por Joseph Sargent, vencedor de quatro prêmios Emmy como diretor, e teve o maior orçamento da franquia com US$23 milhões. Nos EUA, sequer recuperou o que gastou, pegando de volta apenas US$20.763 milhões – diminuindo o prejuízo somente em sua arrecadação mundial, onde juntou US$51.881 milhões.

Bônus:

Do Fundo do Mar (1999)

Calma, calma. Sabemos que Deep Blue Sea, de Renny Harlin, não é uma continuação da franquia, e sequer pertence ao mesmo estúdio. Produção da Warner, este filme de tubarões não tem nada a ver com as obras da Universal. Bem, mesmo assim podemos afirmar que Do Fundo do Mar é o melhor filme de tubarão que não é Tubarão. De fato, este longa do fim dos anos 1990 é melhor do que todas as continuações da franquia, só perdendo para o clássico original.

Seria uma digna volta para a série cinematográfica, caso a Universal tivesse pescado este roteiro antes da Warner, e o produzido como um quinto Tubarão – ou quem sabe um reboot. Uma mudança de cenário, um roteiro inteligente, personagens carismáticos e ação e adrenalina, sem esquecer o terror e a tensão, para dar e vender, era tudo que a franquia necessitava para dar a volta por cima.

Na trama do filme, que também está no acervo da Netflix (e você precisa ver), cientistas procuram a cura para o Alzheimer extraindo uma substância encontrada no cérebro de tubarões. Como seus cérebros são pequenos, eles os modificam geneticamente, aumentando sua massa encefálica para mais substância extraírem, criando assim tubarões maiores e, por consequência, mais inteligentes. E sabemos bem o que ocorre toda vez que o homem tenta brincar de Deus…

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Tubarão, clássico irretocável de Steven Spielberg, completa 45 anos em 2020. Para comemorar, já que sempre buscamos motivos para assistir novamente a este ícone, lançamos recentemente uma matéria com diversas curiosidades e histórias de bastidores – que você pode conferir no link abaixo.

Tubarão | Clássico de Steven Spielberg completa 45 Anos – Conheça Curiosidades

Como toda homenagem a esta lendária produção cinematográfica é pouca, pegando o gancho da estreia dos quatro filmes da franquia na Netflix, o CinePOP traz para você esta nova matéria, comentando com alguns detalhes muito interessantes todos os filmes Tubarão, superproduções da Universal Pictures. Vem conhecer e se prepare para maratonar todos os longas desta franquia de dentes afiados.

Tubarão (1975)

Tudo começou aqui, é claro. Tubarão é baseado no livro homônimo de Peter Benchley sobre uma pequena cidade aterrorizada por um grande tubarão branco. Steven Spielberg, então um jovem de 28 anos, foi contratado para dirigir e não gostou nada do livro. Assim, alguns elementos da história foram alterados, dando foco e melhor desenvolvimento aos personagens humanos – em especial os três protagonistas: Martin Brody (Roy Scheider), o xerife que tem medo d’água, Matt Hooper (Richard Dreyfuss), o biólogo marinho, e Quint (Robert Shaw), o pescador durão e convencido de que é o único que conseguirá dar cabo do inconveniente peixe.

As filmagens foram um pesadelo porque o boneco animatrônico do tubarão não funcionava direito, o que acabou servindo para Spielberg escondê-lo até não poder mais, criando assim mais suspense e tensão. Esta forma de não revelar de cara a criatura em filmes do gênero terminou fazendo escola. Apesar de todos os empecilhos, atritos e dificuldades na produção, Tubarão (1975) se tornou um estrondoso sucesso, criando o conceito dos blockbusters – foi o primeiro filme da história a arrecadar mais de US$200 milhões nas bilheterias norte-americanas.

Com um orçamento de US$7 milhões estimados, Tubarão rendeu US$260 milhões nos EUA, e US$471 milhões mundialmente, se tornando um verdadeiro fenômeno. E seu feito não acaba por aí. Além do sucesso junto ao público, Tubarão também se tornou um filme de prestígio com os especialistas em cinema, sendo indicado para 4 prêmios no Oscar, incluindo melhor filme do ano, e levando para casa os outros 3: som, edição e trilha sonora para o maestro John Williams. Era a Academia se abrindo para filmes populares ainda em meados da década de 1970. E você achando que era coisa de agora.

Tubarão 2 (1978)

Com o sucesso estrondoso de Tubarão (1975), a Universal não conversou e logo tirou do papel a sequência. Muitos se perguntam inclusive por que demorou tanto – com três anos de espera. Spielberg recebeu o convite para retornar, mas não quis saber de voltar à água, optando por seu épico de visita alienígena, Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977). Richard Dreyfuss o seguiu no projeto como protagonista, então nada de Hooper.

Agora, os produtores precisavam encontrar uma história para o filme. E a opção quase foi uma prequel centrada na juventude de Quint e sua experiência durante a Segunda Guerra Mundial a bordo do navio USS Indianápolis – evento que ele relata no primeiro filme. No entanto, chegaram à conclusão de que o público queria era ver a ilha de Amity novamente e a também a família Brody. Assim, acompanhamos basicamente uma reedição do primeiro filme, com o xerife Brody (mais uma vez vivido por Roy Scheider) as voltas com um novo tubarão aterrorizando seu lugarejo.

 

Mas não foi fácil ter Scheider no elenco também, o ator não queria nada com a sequência, mas foi obrigado a protagonizá-la devido a seu contrato. Divergências com o diretor Michael Cimino o tiraram do elenco do drama de guerra O Franco Atirador (1978), o qual estava estrelando. Em seu lugar entrou Robert De Niro, que foi indicado ao Oscar pelo papel. Assim, Scheider caiu novamente nas garras, ou nas presas, do tubarão. Quem vê o filme, e seu desempenho dedicado, nem imagina os embates homéricos com o diretor francês Jeannot Szwarc que rolaram nos sets do longa. Szwarc depois seguiu para dirigir Em Algum Lugar do Passado (1980) e Supergirl – O Filme (1984).

Para acalmar os ânimos, os produtores da franquia David Brown e Richard Zanuck marcaram uma reunião para Szwarc e Scheider se entenderem. A coisa não deu certo e piorou, resultando nos dois caírem no pau numa briga, precisando ser apartada pelos produtores. As coisas só melhoram quando a Universal subiu o cachê de Scheider para três vezes mais em relação ao filme original, e que Tubarão 2 contaria como dois filmes, liberando assim o ator de seu contrato.

Como dito, a história é praticamente a mesma do original: um novo tubarão chega à Amity, mas ninguém acredita no xerife, tido como paranoico. A diferença é que Tubarão 2 se comporta mais como um filme slasher adolescente, sendo a proposta dos produtores trazerem o filme ainda mais para o gênero do terror.

Assim, um grupo de jovens ganha destaque em grande parte da projeção, em suas aventuras marítimas e questões sobre namoro, por exemplo – dentre eles, Keith Gordon é o rosto mais conhecido, tendo continuado para filmes como Vestida para Matar (1980), Christine – O Carro Assassino (1983) e De Volta às Aulas (1986).

Eles são perseguidos pelo assassino em série da vez: que aqui calhou de ser uma gigantesca criatura marinha. Até mesmo a forma do novo tubarão serve para corroborar com esta investida. Logo de início, ao atacar um barco, que pega fogo e explode, o tubarão fica desfigurado, com a metade da cara queimada e com cicatrizes. Sai da frente Jason e Freddy.

Tubarão 2 contou com um orçamento absurdo (para a época) de US$20 milhões e teve o retorno de pouco mais de US$81 milhões nos EUA – bem abaixo do original. No mundo, o filme arrecadou um pouco mais de US$187 milhões.

Tubarão 3-D (1983)

Bem, por aqui talvez nunca tenhamos tido a oportunidade de apreciar Tubarão 3 em toda a sua glória. Já que um dos motivos para esta produção existir foi o uso da tecnologia 3D – uma febre na época, em especial com filmes de terror, vide Sexta-Feira 13 – Parte 3 (1982) e Amityville 3-D (1983). E segundo os críticos que puderam conferir o lançamento do Bluray com a tecnologia, este é um dos grandes atrativos do longa. Tubarão 3 é uma grande brincadeira que não se leva muito a sério.

Por falar em não se levar a sério, o filme seria declaradamente uma paródia a princípio. Tudo por causa do sucesso de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu (1980), comédia escrachada que zoava com os filmes catástrofe – febre da década de 1970. Assim, os produtores pensaram em pegar uma parcela deste filão para a sua franquia – chegando inclusive a ser escrito um roteiro dentro da proposta humorística. O filme tinha até título: Jaws 3 – People 0, algo como “Tubarão 3, Pessoas 0”. Já imaginou?

No final, optaram por um filme “sério”, seguindo a linha dos anteriores, voltado ao terror e suspense – e aqui adicionando aventura à mistura também. A trama se passa num parque aquático, mais especificamente no Sea World, que é constantemente citado por nome, olhem isso. Apesar da mudança de cenário, saindo de Amity, a família Brody não foi esquecida, com os filhos do xerife já adultos protagonizando aqui. Michael, o mais velho, é interpretado por um novato Dennis Quaid.

Completando o elenco, Bess Armstrong vive a treinadora Kay, namorada do protagonista e melhor personagem do filme, e Lea Thompson (a Lorraine do blockbuster De Volta para o Futuro) estreava no cinema como outra funcionária do parque. O nome de maior peso, no entanto, era o de Louis Gossett Jr. (visto recentemente na série Watchmen), que acabara de ganhar o Oscar por A Força do Destino (1982); aqui ele estava no papel de um inescrupuloso empresário, dono do parque. Ah sim, e para os mais velhos, temos também o Manimal em pessoa, Simon MacCorkindale, que vive um experiente caçador/aventureiro e tem uma das mortes mais estranhas e nonsense da franquia.

Na trama, o tubarão é uma fêmea desta vez, e tem um filho. Quando os funcionários do parque capturam o filhote, a mamãe não fica nada contente e sua fúria é sentida na terceira dimensão. Mas nada nos prepararia para o quarto filme…

Tubarão 3-D foi dirigido por Joe Alves, em seu único trabalho na função. Alves é mais conhecido como diretor de arte de filmes como Tubarão 2, Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Fuga de Nova York. Com o orçamento de US$20,500 milhões, ou seja, US$500 mil a mais que o anterior, o terceiro longa da franquia arrecadou US$45 milhões nos EUA, e quase US$88 milhões mundialmente, demonstrando assim a perda de força dos filmes do peixe assassino junto ao público.

Tubarão 4 – A Vingança (1987)

Peixes tem instinto de vingança? Bem, segundo o roteiro deste quarto exemplar da franquia, sim. E muito. É o que leva este tubarão (que talvez seja parente do animal do primeiro filme, vai saber) a seguir a família Brody, de Amity até as Bahamas. Ellen Brody retorna, novamente interpretada por Lorraine Gary, em seu terceiro filme da franquia, desta vez à frente da trama. E como Roy Scheider em sã consciência jamais aceitaria retornar (como o próprio disse: “nem Satã me faria aceitar”), a solução foi matar o policial de um enfarto. Mas, segundo sua esposa, ele morreu “de medo” do tubarão. Faz sentido, já que matou dois, sozinho.

A esta altura devo dizer que Tubarão 4 não é apenas o pior filme da franquia, como também é considerado pela maioria dos cinéfilos como um dos piores filmes já produzidos na história da sétima arte. Mas que pode ser uma sessão muito divertida junto aos amigos, ainda mais se tiver bebida alcoólica envolvida. É daqueles prazeres culposos que de tão ruins se tornam bons e servem para dar boas risadas. A forma como o tubarão é eliminado ao final, é simplesmente hilária.

Temos também uma conexão psíquica entre a protagonista e o tubarão – a mulher consegue sentir os ataques do bicho à distância. A veterana Gary não merecia isso. Este foi seu último trabalho no cinema, e o primeiro em oito anos, desde 1949: Uma Guerra Muito Louca (1979), de Steven Spielberg, outro fiasco.

Não podemos esquecer o grande nome associado ao projeto, Michael Caine. Apesar de um papel coadjuvante, inclusive nos créditos, o grande ator britânico era o nome mais conhecido do elenco, já tendo até mesmo três indicações ao Oscar no currículo a esta altura. Como o próprio veterano afirma, Tubarão 4 foi um de seus filmes de “contracheque”. Caine admite nunca ter assistido ao filme, mas diz ter certeza de que é péssimo. Segundo o ator, “a casa construída com seu salário de US$1.5 milhão, por outro lado, ficou linda”. Palavras do próprio.

Caine aceitou participar do projeto apenas ao ler as palavras “Havaí” no roteiro, era um desejo do ator conhecer o local paradisíaco. Assim, o lendário artista filmou por apenas sete dias, ganhou uma nova casa, férias e de quebra o Oscar. Bem, não por Tubarão 4, é claro, mas sim por Hannah e Suas Irmãs (1986), de Woody Allen. Como nem tudo é perfeito, Caine não pôde ir aceitar o prêmio na cerimônia devido a suas férias, digo, trabalho neste longa. No filme, ele interpreta o piloto de avião Hoagie, que começa um relacionamento com a viúva Ellen Brody e desempenha uma façanha inacreditável ao fim do filme, se livrando do tubarão após este ter “engolido” seu pequeno aeroplano.

Tubarão 4 foi dirigido por Joseph Sargent, vencedor de quatro prêmios Emmy como diretor, e teve o maior orçamento da franquia com US$23 milhões. Nos EUA, sequer recuperou o que gastou, pegando de volta apenas US$20.763 milhões – diminuindo o prejuízo somente em sua arrecadação mundial, onde juntou US$51.881 milhões.

Bônus:

Do Fundo do Mar (1999)

Calma, calma. Sabemos que Deep Blue Sea, de Renny Harlin, não é uma continuação da franquia, e sequer pertence ao mesmo estúdio. Produção da Warner, este filme de tubarões não tem nada a ver com as obras da Universal. Bem, mesmo assim podemos afirmar que Do Fundo do Mar é o melhor filme de tubarão que não é Tubarão. De fato, este longa do fim dos anos 1990 é melhor do que todas as continuações da franquia, só perdendo para o clássico original.

Seria uma digna volta para a série cinematográfica, caso a Universal tivesse pescado este roteiro antes da Warner, e o produzido como um quinto Tubarão – ou quem sabe um reboot. Uma mudança de cenário, um roteiro inteligente, personagens carismáticos e ação e adrenalina, sem esquecer o terror e a tensão, para dar e vender, era tudo que a franquia necessitava para dar a volta por cima.

Na trama do filme, que também está no acervo da Netflix (e você precisa ver), cientistas procuram a cura para o Alzheimer extraindo uma substância encontrada no cérebro de tubarões. Como seus cérebros são pequenos, eles os modificam geneticamente, aumentando sua massa encefálica para mais substância extraírem, criando assim tubarões maiores e, por consequência, mais inteligentes. E sabemos bem o que ocorre toda vez que o homem tenta brincar de Deus…

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