domingo , 22 dezembro , 2024

Conheça os Filmes Brasileiros no Festival de Berlim 2023

YouTube video

Este ano, o CinePOP decola em direção às ruas de Berlim para apresentar em detalhes um dos principais festivais de cinema do mundo. Após um artigo especial sobre alguns importantes pontos da 73ª edição da Berlinale, a proposta deste texto é apresentar os títulos nacionais em estreia mundial durante os dias 16 e 26 de fevereiro na capital alemã.

Brasil nos últimos anos de Festival de Berlim

Além dos títulos badalados como Central do Brasil (1998) e Tropa de Elite (2007), ganhadores do Urso de Ouro, vários outras obras nacionais passaram pela competição oficial e outros pelas mostras paralelas. Em 2018, por exemplo, Bixa Travesty, com Linn da Quebrada, ganhou o prêmio Teddy — honraria concedida a filmes de temática LGBTQIA + — de Melhor do documentário e, na ficção, Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, levaram o mesmo prêmio na mostra Panorama. 



Linn da Quebrada em Bixa Travesty (2018)

Ainda em 2018, o documentário Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi, ganhou menção especial do júri. Outros dois documentários nacionais participaram da seleção: O Processo, de Maria Augusta Ramos, e Aeroporto Central, de Karim Aïnouz.

No ano passado, o país esteve na mostra Panorama com Fogaréu, de Flávia Neves, ainda sem lançamento nacional, assim como Três Tigres Tristes, de Rodrigo Carneiro, apresentado na mostra Forum. Já Mato Seco sem Chama, de Joana Pimenta e Adirley Queirós  — presente na mostra Forum —  estreia nos cinemas nacionais no próximo dia 23 de fevereiro. 

Assista também:
YouTube video


Deixando as edições passadas de lado, vamos falar dos filmes deste ano. Entre os seis selecionados brasileiros, três são curtas-metragens. Um é uma restauração parte da mostra retrospectiva e outros dois são produções novíssimas na mostra Panorama e Fórum

Curtas-Metragens

Infantaria, de Laís Santos Araújo

Mostra Geração 14plus, 24 min. 

Em um cenário opulento e exuberante, uma festa de aniversário está sendo realizada. Joana anseia pela menstruação, o irmão Dudu sente falta do pai ausente, Verbena procura uma saída. Por meio de um realismo mágico brasileiro,  vemos que realizar os sonhos pode ser dolorido. 

Laís Santos Araújo é de Macéio (AL) e já tem no currículo outras produções, como: Cidade Líquida (2015) e Como Ficamos da Mesma Altura (2019).

As Miçangas, de Rafaela Camelo e Emanuel Lavor

Mostra Berlinale Short, 18 min.

Duas jovens se retiram para uma remota casa de férias. Enquanto uma delas faz um aborto médico, a outra cuida dela silenciosamente. Enquanto isso, uma cobra desliza ao redor delas, sem ser notada. No elenco, Pâmela Germano e Tícia Ferraz.

Formada em audiovisual na Universidade de Brasília, Rafaela Camelo já teve seu curta Mistério da carne (2019) selecionado no Festival de Sundance, nos Estados Unidos. Já Emanuel Lavor acaba de concluir um mestrado em roteiro na EICTV, em Cuba (2021-2022) e já escreveu e co-dirigiu o curta O Pequeno Chupa-Dedo (2019), ao lado de Pedro Buson.

A Árvore, de Ana Vaz

Mostra Forum Expanded, 21 min.

Em coprodução com a Espanha, este é um filme de meditação em sequências de 30 segundos sobre o pai da artista que liga geografias, tempos, vivos e mortos com uma espada de metal – a montagem. Um filme rodado nas pegadas do cineasta experimental Bruce Baillie (1931-2020).

Nascida em Brasília, Ana Vaz é uma artista cujos filmes, instalações e textos performáticos exploram relações complexas entre ambientes, territórios e histórias híbridas para além da nossa percepção. Com mais de uma dezena de obras no currículo, ela já esteve presente em vários festivais. 

Mostras Paralelas

Propriedade, de Daniel Bandeira

Mostra Panorama, 101 min.

Propriedade começa como o retrato de uma mulher traumatizada, mas transforma-se em um emocionante suspense sobre as extremas disparidades entre as classes sociais no Brasil. O impasse é instaurado quando trabalhadores rebeldes ocupam a propriedade da família de Teresa e ela foge no último minuto para um carro blindado. Mesmo acuada em seu temporário refúgio, ela recusa-se a negociar.

Nesta obra, Daniel Bandeira traça um paralelo social — quase intransponível — entre o individualismo elitista dos ricos e a raiva coletiva dos pobres. Nascido em Recife, o diretor e roteirista começou sua carreira com o longa Amigos de Risco (2007), apresentado no Festival de Brasília. 

O Estranho, de Flora Dias e Juruna Mallon

Mostra Forum, 107 min. 

Coprodução Brasil e França, O Estranho é o segundo projeto em conjunto dos diretores Flora Dias e Juruna Mallon. O “estranho” do título é um lugar: o Aeroporto Internacional de Guarulhos, próximo a São Paulo. Construído em território indígena, o aeroporto mudou completamente a paisagem local. Enquanto milhares de pessoas ganham os céus em seu território, o filme acompanha aqueles que estão sempre lá no solo, isto é, os que trabalham no free shop ou no manuseio de bagagens. 

Nascida na cidade do interior de São Paulo, Jales, Flora Dias estreou no cinema ao lado de Juruna Mallon, do Rio de Janeiro, com o longa O sol nos meus olhos (2013), apresentado no Festival de Tiradentes e no Festival Mar del Plata, na Argentina. 

A Rainha Diaba, de Antonio Carlos da Fontoura

Mostra Forum Special - Retrospectiva, 99 min.

Lançado em 1975, A Rainha Diaba ganha agora uma cópia restaurada pela CinemaScópio e Cine Limite. Em uma mistura de cenas realistas e estilizadas, a gay negra “Rainha Diaba” comanda o submundo do Rio de Janeiro dos fundos de um bordel. Seu canivete pode ser usado para raspar as pernas ou para abrir traidores. 

Assim como em Madame Satã (2002), de Karim Aïnouz, a lendária figura do gângster dos anos 1930, João Francisco dos Santos, serve de inspiração para a narrativa. Desta vez, no entanto, ela é transposta para os anos 1970 como uma das primeiras representações da estranheza. O saudoso ator Milton Gonçalves ganhou o troféu Candango por sua interpretação no Festival de Brasília 48 anos atrás. 

Aos 83 anos, o roteirista, produtor e diretor Antônio Carlos da Fontoura coleciona mais de 10 títulos na cinematografia brasileira, entre as suas obras mais recentes está a cinebiografia de Renato Russo, Somos Tão Jovens (2013) e a adaptação para as telonas da tirinha Gatão de Meia Idade (2006).

YouTube video

Mais notícias...

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Conheça os Filmes Brasileiros no Festival de Berlim 2023

Este ano, o CinePOP decola em direção às ruas de Berlim para apresentar em detalhes um dos principais festivais de cinema do mundo. Após um artigo especial sobre alguns importantes pontos da 73ª edição da Berlinale, a proposta deste texto é apresentar os títulos nacionais em estreia mundial durante os dias 16 e 26 de fevereiro na capital alemã.

Brasil nos últimos anos de Festival de Berlim

Além dos títulos badalados como Central do Brasil (1998) e Tropa de Elite (2007), ganhadores do Urso de Ouro, vários outras obras nacionais passaram pela competição oficial e outros pelas mostras paralelas. Em 2018, por exemplo, Bixa Travesty, com Linn da Quebrada, ganhou o prêmio Teddy — honraria concedida a filmes de temática LGBTQIA + — de Melhor do documentário e, na ficção, Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, levaram o mesmo prêmio na mostra Panorama. 

Linn da Quebrada em Bixa Travesty (2018)

Ainda em 2018, o documentário Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi, ganhou menção especial do júri. Outros dois documentários nacionais participaram da seleção: O Processo, de Maria Augusta Ramos, e Aeroporto Central, de Karim Aïnouz.

No ano passado, o país esteve na mostra Panorama com Fogaréu, de Flávia Neves, ainda sem lançamento nacional, assim como Três Tigres Tristes, de Rodrigo Carneiro, apresentado na mostra Forum. Já Mato Seco sem Chama, de Joana Pimenta e Adirley Queirós  — presente na mostra Forum —  estreia nos cinemas nacionais no próximo dia 23 de fevereiro. 

Deixando as edições passadas de lado, vamos falar dos filmes deste ano. Entre os seis selecionados brasileiros, três são curtas-metragens. Um é uma restauração parte da mostra retrospectiva e outros dois são produções novíssimas na mostra Panorama e Fórum

Curtas-Metragens

Infantaria, de Laís Santos Araújo

Mostra Geração 14plus, 24 min. 

Em um cenário opulento e exuberante, uma festa de aniversário está sendo realizada. Joana anseia pela menstruação, o irmão Dudu sente falta do pai ausente, Verbena procura uma saída. Por meio de um realismo mágico brasileiro,  vemos que realizar os sonhos pode ser dolorido. 

Laís Santos Araújo é de Macéio (AL) e já tem no currículo outras produções, como: Cidade Líquida (2015) e Como Ficamos da Mesma Altura (2019).

As Miçangas, de Rafaela Camelo e Emanuel Lavor

Mostra Berlinale Short, 18 min.

Duas jovens se retiram para uma remota casa de férias. Enquanto uma delas faz um aborto médico, a outra cuida dela silenciosamente. Enquanto isso, uma cobra desliza ao redor delas, sem ser notada. No elenco, Pâmela Germano e Tícia Ferraz.

Formada em audiovisual na Universidade de Brasília, Rafaela Camelo já teve seu curta Mistério da carne (2019) selecionado no Festival de Sundance, nos Estados Unidos. Já Emanuel Lavor acaba de concluir um mestrado em roteiro na EICTV, em Cuba (2021-2022) e já escreveu e co-dirigiu o curta O Pequeno Chupa-Dedo (2019), ao lado de Pedro Buson.

A Árvore, de Ana Vaz

Mostra Forum Expanded, 21 min.

Em coprodução com a Espanha, este é um filme de meditação em sequências de 30 segundos sobre o pai da artista que liga geografias, tempos, vivos e mortos com uma espada de metal – a montagem. Um filme rodado nas pegadas do cineasta experimental Bruce Baillie (1931-2020).

Nascida em Brasília, Ana Vaz é uma artista cujos filmes, instalações e textos performáticos exploram relações complexas entre ambientes, territórios e histórias híbridas para além da nossa percepção. Com mais de uma dezena de obras no currículo, ela já esteve presente em vários festivais. 

Mostras Paralelas

Propriedade, de Daniel Bandeira

Mostra Panorama, 101 min.

Propriedade começa como o retrato de uma mulher traumatizada, mas transforma-se em um emocionante suspense sobre as extremas disparidades entre as classes sociais no Brasil. O impasse é instaurado quando trabalhadores rebeldes ocupam a propriedade da família de Teresa e ela foge no último minuto para um carro blindado. Mesmo acuada em seu temporário refúgio, ela recusa-se a negociar.

Nesta obra, Daniel Bandeira traça um paralelo social — quase intransponível — entre o individualismo elitista dos ricos e a raiva coletiva dos pobres. Nascido em Recife, o diretor e roteirista começou sua carreira com o longa Amigos de Risco (2007), apresentado no Festival de Brasília. 

O Estranho, de Flora Dias e Juruna Mallon

Mostra Forum, 107 min. 

Coprodução Brasil e França, O Estranho é o segundo projeto em conjunto dos diretores Flora Dias e Juruna Mallon. O “estranho” do título é um lugar: o Aeroporto Internacional de Guarulhos, próximo a São Paulo. Construído em território indígena, o aeroporto mudou completamente a paisagem local. Enquanto milhares de pessoas ganham os céus em seu território, o filme acompanha aqueles que estão sempre lá no solo, isto é, os que trabalham no free shop ou no manuseio de bagagens. 

Nascida na cidade do interior de São Paulo, Jales, Flora Dias estreou no cinema ao lado de Juruna Mallon, do Rio de Janeiro, com o longa O sol nos meus olhos (2013), apresentado no Festival de Tiradentes e no Festival Mar del Plata, na Argentina. 

A Rainha Diaba, de Antonio Carlos da Fontoura

Mostra Forum Special - Retrospectiva, 99 min.

Lançado em 1975, A Rainha Diaba ganha agora uma cópia restaurada pela CinemaScópio e Cine Limite. Em uma mistura de cenas realistas e estilizadas, a gay negra “Rainha Diaba” comanda o submundo do Rio de Janeiro dos fundos de um bordel. Seu canivete pode ser usado para raspar as pernas ou para abrir traidores. 

Assim como em Madame Satã (2002), de Karim Aïnouz, a lendária figura do gângster dos anos 1930, João Francisco dos Santos, serve de inspiração para a narrativa. Desta vez, no entanto, ela é transposta para os anos 1970 como uma das primeiras representações da estranheza. O saudoso ator Milton Gonçalves ganhou o troféu Candango por sua interpretação no Festival de Brasília 48 anos atrás. 

Aos 83 anos, o roteirista, produtor e diretor Antônio Carlos da Fontoura coleciona mais de 10 títulos na cinematografia brasileira, entre as suas obras mais recentes está a cinebiografia de Renato Russo, Somos Tão Jovens (2013) e a adaptação para as telonas da tirinha Gatão de Meia Idade (2006).

YouTube video
Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS