domingo , 22 dezembro , 2024

Conheça os Recordes Quebrados pelo Oscar na Década de 1990

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O mundo do cinema está em constante movimento. E o maior prêmio da sétima arte, segue de perto esta evolução – seja social ou técnica. É incrível o quanto mudamos nestes mais de 90 anos dos prêmios da Academia. Temos certeza de que muita novidade ainda virá alinhando cada vez mais o que esperamos de um mundo melhor. Com o fim da segregação racial na década de 1960, por exemplo, muitos avanços foram feitos para o reconhecimento de artistas negros na Academia – luta que segue de pé, ainda muito cobrada. O mesmo acontece na categoria de direção, onde menos de dez mulheres ao longo da história foram nomeadas.

Enquanto as mudanças seguem ocorrendo e as melhorias continuam a serem feitas, é sempre bom voltar e lembrar o que foi conquistado nesse tempo de quase 100 anos dos prêmios da Academia. E para isso, retornaremos para uma época muito especial e guardada com muito carinho por todos que viveram ou cresceram nela: os anos 1990. Aqui, relembraremos com você os recordes que o Oscar quebrou em edições da década de 90 – confira abaixo e comente.



A Primeira Brasileira Indicada ao Oscar

Muitos, em especial os mais novos, podem não saber, mas quando fazemos a pergunta: algum ator brasileiro já foi indicado ao Oscar? A resposta é SIM! Nossa icônica “Fernandona”, Fernanda Montenegro, uma de nossas maiores atrizes de todos os tempos, possui tal honraria em seu currículo. Este verdadeiro monstro sagrado da dramaturgia, não apenas nacional, mas mundial, é a única brasileira (até o momento – esperamos que em breve outro artista de nosso país faça este coro) que conquistou uma indicação ao Oscar – o maior prêmio do cinema mundial. É claro que falamos do trabalho de Fernandona em Central do Brasil (1998), uma das produções mais marcantes e adoradas de nosso cinema. Escrito e dirigido por Walter Saller, o filme recebeu duas indicações ao Oscar: além da atuação da estrela, também na categoria de filme estrangeiro. Infelizmente, o Brasil não levaria em nenhuma das categorias, a mais amarga sendo a “derrota” de Fernandona para a insossa Gwyneth Paltrow em Shakespeare Apaixonado.

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O Recorde de Indicações de Filmes Brasileiros

Os anos 1990 podem ser considerados o auge do cinema nacional no Oscar. Foi a época em que os votantes da Academia tiveram mais apreço pelas obras produzidas em nosso país. Não que nosso cinema atual não possua a mesma qualidade, ou quem sabe seja ainda melhor, mas é que a década de 90 foi considerada a “retomada” do cinema brasileiro – onde deixávamos para trás de vez a fase da pornochanchada e também os fenômenos populares que eram os filmes dos Trapalhões (nos anos 80 conseguindo deixar superproduções hollywoodianas comendo poeira nos cinemas por aqui) e dávamos as boas-vindas à produções intensas, políticas e de qualidade – que abordavam as questões bem peculiares de nosso país, as discutindo com seriedade. Nesta seara, ganhávamos logo três dos quatro filmes que tiveram a honraria de ser indicados ao Oscar na categoria de filme estrangeiro – o primeiro foi O Pagador de Promessas (1962). Os anos 90 ficariam marcados por O Quatrilho (1995), de Fábio Barreto; O Que É Isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto; e o citado Central do Brasil (1998), de Walter Salles. Lembrando que Cidade de Deus (2002) recebeu quatro indicações ao Oscar, mas não foi indicado na categoria de filme estrangeiro.

Primeiro Diretor Negro Indicado

Spike Lee tem suma importância na representatividade racial no cinema. Foi o seu Faça a Coisa Certa, de 1989, o responsável por iniciar uma nova fase do cinema inclusivo negro nas telas de cinema, tirando o blaxploitation dos guetos e levando para o mainstream. Transformado em fenômeno, o filme chegou até o Oscar. Porém, apesar da honraria de duas indicações (entre elas, roteiro para Spike Lee), o filme e o diretor entrariam para a história como completamente esnobados pela Academia. Ao contrário do que muitos imaginavam e torciam, Spike Lee não foi indicado para melhor diretor e Faça a Coisa Certa não recebeu indicação de melhor filme.

Esta “trapalhada”, ou má vontade, seria remediada (em partes) dois anos depois – quando finalmente a Academia indicaria o primeiro diretor negro em sua premiação. E ela veio para o saudoso John Singleton, pelo igualmente fervoroso Os Donos da Rua (1991) – um complemento da costa oeste dos EUA para Faça a Coisa Certa, situada em Los Angeles ao invés de Nova York. Além disso, Os Donos da Rua e John Singleton ainda guardam outro recorde: de diretor mais jovem indicado, já que o cineasta recebeu a nomeação quando tinha 24 anos, batendo Orson Welles por Cidadão Kane (1941), nomeado aos 26 anos. Infelizmente, Singleton faleceu em 2019, aos 51 anos, nos privando de seu talento.

Primeira Animação Indicada ao Oscar de Filme

No fim dos anos 80, após um período sombrio para suas animações (que viam um fracasso de bilheteria após o outro), a Disney entrava em nova fase, realizando as pazes com o público. E o grande responsável por esta retomada foi A Pequena Sereia (1989). Para seu próximo projeto de animação em longa-metragem, o estúdio do Mickey estava disposto a ir bem mais longe. E realmente foi. A Bela e a Fera se tornava não apenas um fenômeno absoluto de crítica e público, mas segue até hoje mencionado como uma das melhores obras já feitas na casa – incluindo na quebra de barreiras em um aspecto técnico (com o uso de efeitos em 3D) -, como também uma de suas produções mais prestigiadas, ou quem sabe “a” mais prestigiada.

Isso porque em 1992, A Bela e a Fera entrava para a história como a primeira obra cinematográfica criada na forma de animação a receber a honraria de ser indicada na categoria de melhor filme no Oscar, dividindo espaço com longas protagonizados por atores de verdade, de carne e osso. Dez anos depois, a categoria de animação seria criada. E quando o Oscar ampliou para até dez filmes indicados na categoria principal, mais dois longas em animação foram lembrados nesta mesma categoria: Up – Altas Aventuras (2009) e Toy Story 3 (2010), formando as únicas três animações a disputar o prêmio principal. O feito de A Bela e a Fera, no entanto, ainda impressiona ao pensarmos que ocorreu numa época onde apenas cinco filmes eram indicados.

O Último Big Five

Nos prêmios do Oscar existe um termo chamado “Big Five”, ou “Os Grandes Cinco”, que se refere aos que são considerados os maiores prêmios que um filme pode ganhar na noite, ou seja: melhor filme, diretor, ator principal, atriz principal e roteiro. Na história do Oscar somente três filmes até hoje tiveram a honraria de ganhar o tão almejado Big Five. O primeiro foi lá atrás ainda na década de 1930: Aconteceu Naquela Noite (1934), comédia romântica clássica em preto e branco, com Clark Gable (de E o Vento Levou) e Claudette Colbert. Depois de muitas décadas de hiato do Big Five, o “fenômeno” voltaria a ocorrer com Um Estranho no Ninho, na década de 1970, drama protagonizado por Jack Nicholson.

E finalmente na década de 1990, talvez o mais famoso longa a ser lembrado no chamado Big Five: O Silêncio dos Inocentes (1991). O que chama atenção nesta escolha é que O Silêncio dos Inocentes é um suspense barra-pesada, que na época do lançamento foi considerado um filme “de mau gosto” por alguns críticos renomados, por beirar o terror na forma explícita que retrata seus crimes. O longa, no entanto, extremamente popular na época, só cresceu seu número de fãs ao ponto de ser considerado por muitos especialistas como o melhor filme de suspense de todos os tempos. E o Oscar concorda, já que o presenteou com os prêmios de melhor filme, diretor (Jonathan Demme), atriz (Jodie Foster), ator (Anthony Hopkins) e roteiro. Até hoje, O Silêncio dos Inocentes mantém o recorde como o último filme a receber o Big Five.

Segunda Atriz Mais Jovem a Receber o Oscar

Existem os que até hoje defendem uma categoria separada para crianças na disputa por estatuetas de atuação. Ao longo dos anos, continuamos a receber eventualmente entre os indicados a melhor ator, atriz ou coadjuvantes algum pequenino. De Haley Joel Osment (11 anos) por O Sexto Sentido, Abigail Breslin (10 anos) por Pequena Miss Sunshine, e Quvenzhané Wallis (9 anos) por Indomável Sonhadora (2012), muitos atores mirins já foram indicados na história dos prêmios da Academia. Mas a vitória não veio para muitos. E na década de 1990, ganharíamos a SEGUNDA criança mais nova a receber um Oscar. Trata-se de ninguém menos que Anna Paquin, famosa pela franquia X-Men no cinema e pela série de vampiros True Blood, hoje com 39 anos de idade. Em 1994, com 11 anos de idade, Paquin levou para casa o Oscar como atriz coadjuvante por O Piano, de Jane Campion, se tornando assim a segunda atriz mais jovem da história a receber a honraria da Academia. A mais jovem ainda é Tatum O’Neal, que levou o Oscar na mesma categoria de coadjuvante, aos 10 anos de idade por Lua de Papel, em 1974.

As Dobradinhas de Atores

Recentemente, eu fiz uma matéria sobre os únicos 12 atores da história (destes, 9 sendo atrizes) a receberam indicações de melhor ator principal e melhor ator coadjuvante no mesmo ano. É um fato curioso e que como podemos ver ocorre pouco. Mas é sempre interessante quando presenciamos um ano assim. E na década de 1990, foi a época em que isso mais aconteceu (empatado com os anos 2000, com três vezes cada). Antes disso, apenas cinco atores haviam conquistado o feito, sendo dois deles na década de 80. Com a chegada dos anos 90, o grande Al Pacino abria a década com uma indicação dupla em 1993, como coadjuvante por O Sucesso a Qualquer Preço, e finalmente sua vitória por Perfume de Mulher.

Leia também: Oscar | Relembre os (ÚNICOS) 12 artistas indicados para atuação principal e coadjuvante no mesmo ano

Mas os anos 90 ainda trariam outro recorde dessa dobradinha, mantido até hoje. Foi a primeira, e única, vez em quem duas atrizes foram lembradas para duas indicações cada uma, no mesmo ano. Assim, em 1994, logo no ano seguinte de Pacino, ao invés de dez atrizes indicadas, tínhamos apenas oito, já que as “fominhas” Emma Thompson e Holly Hunter abocanharam duas indicações cada uma. Thomspon, indicada como protagonista por Vestígios do Dia e coadjuvante por Em Nome do Pai, sairia de mãos abanando; enquanto Hunter, indicada como coadjuvante por A Firma, venceria o prêmio de atriz protagonista por O Piano.

Mas calma, você acha que acabou? A década de 1990 ainda reserva mais um recorde, mantido até hoje para prêmio de atores. Aqui também falaremos sobre uma dobradinha, mas uma dobradinha de vitórias consecutivas com um mesmo ator ganhando o prêmio principal dois anos seguidos. Tom Hanks, ator de comédias da década de 80, mudava radicalmente o teor de seus projetos ao decidir emplacar em obras mais sérias e dramáticas. E a Academia comprou a ideia, dando o Oscar para o ator por Filadélfia (1993), drama sobre Aids, e logo no ano seguinte, o premiando novamente por Forrest Gump – O Contador de Histórias (1994). Tom Hanks se tornava o segundo ator (e último até o momento) da história a conquistar tal feito. O primeiro sendo Spencer Tracy, lá na década de 1930, vencendo por Marujo Intrépido (1937) e Com os Braços Abertos (1938). Até hoje, o recorde de Hanks está mantido.

A Inovação das Animações

Finalizando a lista com os recordes mais impressionantes da década de 90 no Oscar, temos um verdadeiro marco revolucionário no terreno tecnológico. Apenas quatro anos após a indicação de A Bela e a Fera na categoria de filme do ano no Oscar, a Disney quebrava outra barreira (bem, melhor dizendo, a Pixar). Apesar do Brasil ter brigado pelo título de primeira produção inteiramente criada através de efeitos gerados por computadores, com a animação Cassiopéia (1996), que segundo muitos havia começado a ser produzida antes, a verdade é que Toy Story (1995) foi lançado antes nos cinemas – um ano antes para ser mais preciso.

Assim, o recorde de primeiro longa-metragem inteiramente desenvolvido através de efeitos de computadores em terceira dimensão será para sempre lembrado como pertencendo a esta história atemporal sobre um menino e seus brinquedos, que já gerou três continuações (em 1999, 2010 e 2019) e colocou a Pixar e a Disney no mercado como uma das potências do gênero. Toy Story é histórico por várias quebras de barreira e tal feito não poderia passar “ileso”. Assim, o Oscar tratou de dar um prêmio especial para o diretor do filme, o cineasta John Lasseter, por ter desenvolvido a técnica utilizada até hoje e iniciar uma verdadeira revolução na forma de se contar histórias no cinema.

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Conheça os Recordes Quebrados pelo Oscar na Década de 1990

O mundo do cinema está em constante movimento. E o maior prêmio da sétima arte, segue de perto esta evolução – seja social ou técnica. É incrível o quanto mudamos nestes mais de 90 anos dos prêmios da Academia. Temos certeza de que muita novidade ainda virá alinhando cada vez mais o que esperamos de um mundo melhor. Com o fim da segregação racial na década de 1960, por exemplo, muitos avanços foram feitos para o reconhecimento de artistas negros na Academia – luta que segue de pé, ainda muito cobrada. O mesmo acontece na categoria de direção, onde menos de dez mulheres ao longo da história foram nomeadas.

Enquanto as mudanças seguem ocorrendo e as melhorias continuam a serem feitas, é sempre bom voltar e lembrar o que foi conquistado nesse tempo de quase 100 anos dos prêmios da Academia. E para isso, retornaremos para uma época muito especial e guardada com muito carinho por todos que viveram ou cresceram nela: os anos 1990. Aqui, relembraremos com você os recordes que o Oscar quebrou em edições da década de 90 – confira abaixo e comente.

A Primeira Brasileira Indicada ao Oscar

Muitos, em especial os mais novos, podem não saber, mas quando fazemos a pergunta: algum ator brasileiro já foi indicado ao Oscar? A resposta é SIM! Nossa icônica “Fernandona”, Fernanda Montenegro, uma de nossas maiores atrizes de todos os tempos, possui tal honraria em seu currículo. Este verdadeiro monstro sagrado da dramaturgia, não apenas nacional, mas mundial, é a única brasileira (até o momento – esperamos que em breve outro artista de nosso país faça este coro) que conquistou uma indicação ao Oscar – o maior prêmio do cinema mundial. É claro que falamos do trabalho de Fernandona em Central do Brasil (1998), uma das produções mais marcantes e adoradas de nosso cinema. Escrito e dirigido por Walter Saller, o filme recebeu duas indicações ao Oscar: além da atuação da estrela, também na categoria de filme estrangeiro. Infelizmente, o Brasil não levaria em nenhuma das categorias, a mais amarga sendo a “derrota” de Fernandona para a insossa Gwyneth Paltrow em Shakespeare Apaixonado.

O Recorde de Indicações de Filmes Brasileiros

Os anos 1990 podem ser considerados o auge do cinema nacional no Oscar. Foi a época em que os votantes da Academia tiveram mais apreço pelas obras produzidas em nosso país. Não que nosso cinema atual não possua a mesma qualidade, ou quem sabe seja ainda melhor, mas é que a década de 90 foi considerada a “retomada” do cinema brasileiro – onde deixávamos para trás de vez a fase da pornochanchada e também os fenômenos populares que eram os filmes dos Trapalhões (nos anos 80 conseguindo deixar superproduções hollywoodianas comendo poeira nos cinemas por aqui) e dávamos as boas-vindas à produções intensas, políticas e de qualidade – que abordavam as questões bem peculiares de nosso país, as discutindo com seriedade. Nesta seara, ganhávamos logo três dos quatro filmes que tiveram a honraria de ser indicados ao Oscar na categoria de filme estrangeiro – o primeiro foi O Pagador de Promessas (1962). Os anos 90 ficariam marcados por O Quatrilho (1995), de Fábio Barreto; O Que É Isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto; e o citado Central do Brasil (1998), de Walter Salles. Lembrando que Cidade de Deus (2002) recebeu quatro indicações ao Oscar, mas não foi indicado na categoria de filme estrangeiro.

Primeiro Diretor Negro Indicado

Spike Lee tem suma importância na representatividade racial no cinema. Foi o seu Faça a Coisa Certa, de 1989, o responsável por iniciar uma nova fase do cinema inclusivo negro nas telas de cinema, tirando o blaxploitation dos guetos e levando para o mainstream. Transformado em fenômeno, o filme chegou até o Oscar. Porém, apesar da honraria de duas indicações (entre elas, roteiro para Spike Lee), o filme e o diretor entrariam para a história como completamente esnobados pela Academia. Ao contrário do que muitos imaginavam e torciam, Spike Lee não foi indicado para melhor diretor e Faça a Coisa Certa não recebeu indicação de melhor filme.

Esta “trapalhada”, ou má vontade, seria remediada (em partes) dois anos depois – quando finalmente a Academia indicaria o primeiro diretor negro em sua premiação. E ela veio para o saudoso John Singleton, pelo igualmente fervoroso Os Donos da Rua (1991) – um complemento da costa oeste dos EUA para Faça a Coisa Certa, situada em Los Angeles ao invés de Nova York. Além disso, Os Donos da Rua e John Singleton ainda guardam outro recorde: de diretor mais jovem indicado, já que o cineasta recebeu a nomeação quando tinha 24 anos, batendo Orson Welles por Cidadão Kane (1941), nomeado aos 26 anos. Infelizmente, Singleton faleceu em 2019, aos 51 anos, nos privando de seu talento.

Primeira Animação Indicada ao Oscar de Filme

No fim dos anos 80, após um período sombrio para suas animações (que viam um fracasso de bilheteria após o outro), a Disney entrava em nova fase, realizando as pazes com o público. E o grande responsável por esta retomada foi A Pequena Sereia (1989). Para seu próximo projeto de animação em longa-metragem, o estúdio do Mickey estava disposto a ir bem mais longe. E realmente foi. A Bela e a Fera se tornava não apenas um fenômeno absoluto de crítica e público, mas segue até hoje mencionado como uma das melhores obras já feitas na casa – incluindo na quebra de barreiras em um aspecto técnico (com o uso de efeitos em 3D) -, como também uma de suas produções mais prestigiadas, ou quem sabe “a” mais prestigiada.

Isso porque em 1992, A Bela e a Fera entrava para a história como a primeira obra cinematográfica criada na forma de animação a receber a honraria de ser indicada na categoria de melhor filme no Oscar, dividindo espaço com longas protagonizados por atores de verdade, de carne e osso. Dez anos depois, a categoria de animação seria criada. E quando o Oscar ampliou para até dez filmes indicados na categoria principal, mais dois longas em animação foram lembrados nesta mesma categoria: Up – Altas Aventuras (2009) e Toy Story 3 (2010), formando as únicas três animações a disputar o prêmio principal. O feito de A Bela e a Fera, no entanto, ainda impressiona ao pensarmos que ocorreu numa época onde apenas cinco filmes eram indicados.

O Último Big Five

Nos prêmios do Oscar existe um termo chamado “Big Five”, ou “Os Grandes Cinco”, que se refere aos que são considerados os maiores prêmios que um filme pode ganhar na noite, ou seja: melhor filme, diretor, ator principal, atriz principal e roteiro. Na história do Oscar somente três filmes até hoje tiveram a honraria de ganhar o tão almejado Big Five. O primeiro foi lá atrás ainda na década de 1930: Aconteceu Naquela Noite (1934), comédia romântica clássica em preto e branco, com Clark Gable (de E o Vento Levou) e Claudette Colbert. Depois de muitas décadas de hiato do Big Five, o “fenômeno” voltaria a ocorrer com Um Estranho no Ninho, na década de 1970, drama protagonizado por Jack Nicholson.

E finalmente na década de 1990, talvez o mais famoso longa a ser lembrado no chamado Big Five: O Silêncio dos Inocentes (1991). O que chama atenção nesta escolha é que O Silêncio dos Inocentes é um suspense barra-pesada, que na época do lançamento foi considerado um filme “de mau gosto” por alguns críticos renomados, por beirar o terror na forma explícita que retrata seus crimes. O longa, no entanto, extremamente popular na época, só cresceu seu número de fãs ao ponto de ser considerado por muitos especialistas como o melhor filme de suspense de todos os tempos. E o Oscar concorda, já que o presenteou com os prêmios de melhor filme, diretor (Jonathan Demme), atriz (Jodie Foster), ator (Anthony Hopkins) e roteiro. Até hoje, O Silêncio dos Inocentes mantém o recorde como o último filme a receber o Big Five.

Segunda Atriz Mais Jovem a Receber o Oscar

Existem os que até hoje defendem uma categoria separada para crianças na disputa por estatuetas de atuação. Ao longo dos anos, continuamos a receber eventualmente entre os indicados a melhor ator, atriz ou coadjuvantes algum pequenino. De Haley Joel Osment (11 anos) por O Sexto Sentido, Abigail Breslin (10 anos) por Pequena Miss Sunshine, e Quvenzhané Wallis (9 anos) por Indomável Sonhadora (2012), muitos atores mirins já foram indicados na história dos prêmios da Academia. Mas a vitória não veio para muitos. E na década de 1990, ganharíamos a SEGUNDA criança mais nova a receber um Oscar. Trata-se de ninguém menos que Anna Paquin, famosa pela franquia X-Men no cinema e pela série de vampiros True Blood, hoje com 39 anos de idade. Em 1994, com 11 anos de idade, Paquin levou para casa o Oscar como atriz coadjuvante por O Piano, de Jane Campion, se tornando assim a segunda atriz mais jovem da história a receber a honraria da Academia. A mais jovem ainda é Tatum O’Neal, que levou o Oscar na mesma categoria de coadjuvante, aos 10 anos de idade por Lua de Papel, em 1974.

As Dobradinhas de Atores

Recentemente, eu fiz uma matéria sobre os únicos 12 atores da história (destes, 9 sendo atrizes) a receberam indicações de melhor ator principal e melhor ator coadjuvante no mesmo ano. É um fato curioso e que como podemos ver ocorre pouco. Mas é sempre interessante quando presenciamos um ano assim. E na década de 1990, foi a época em que isso mais aconteceu (empatado com os anos 2000, com três vezes cada). Antes disso, apenas cinco atores haviam conquistado o feito, sendo dois deles na década de 80. Com a chegada dos anos 90, o grande Al Pacino abria a década com uma indicação dupla em 1993, como coadjuvante por O Sucesso a Qualquer Preço, e finalmente sua vitória por Perfume de Mulher.

Leia também: Oscar | Relembre os (ÚNICOS) 12 artistas indicados para atuação principal e coadjuvante no mesmo ano

Mas os anos 90 ainda trariam outro recorde dessa dobradinha, mantido até hoje. Foi a primeira, e única, vez em quem duas atrizes foram lembradas para duas indicações cada uma, no mesmo ano. Assim, em 1994, logo no ano seguinte de Pacino, ao invés de dez atrizes indicadas, tínhamos apenas oito, já que as “fominhas” Emma Thompson e Holly Hunter abocanharam duas indicações cada uma. Thomspon, indicada como protagonista por Vestígios do Dia e coadjuvante por Em Nome do Pai, sairia de mãos abanando; enquanto Hunter, indicada como coadjuvante por A Firma, venceria o prêmio de atriz protagonista por O Piano.

Mas calma, você acha que acabou? A década de 1990 ainda reserva mais um recorde, mantido até hoje para prêmio de atores. Aqui também falaremos sobre uma dobradinha, mas uma dobradinha de vitórias consecutivas com um mesmo ator ganhando o prêmio principal dois anos seguidos. Tom Hanks, ator de comédias da década de 80, mudava radicalmente o teor de seus projetos ao decidir emplacar em obras mais sérias e dramáticas. E a Academia comprou a ideia, dando o Oscar para o ator por Filadélfia (1993), drama sobre Aids, e logo no ano seguinte, o premiando novamente por Forrest Gump – O Contador de Histórias (1994). Tom Hanks se tornava o segundo ator (e último até o momento) da história a conquistar tal feito. O primeiro sendo Spencer Tracy, lá na década de 1930, vencendo por Marujo Intrépido (1937) e Com os Braços Abertos (1938). Até hoje, o recorde de Hanks está mantido.

A Inovação das Animações

Finalizando a lista com os recordes mais impressionantes da década de 90 no Oscar, temos um verdadeiro marco revolucionário no terreno tecnológico. Apenas quatro anos após a indicação de A Bela e a Fera na categoria de filme do ano no Oscar, a Disney quebrava outra barreira (bem, melhor dizendo, a Pixar). Apesar do Brasil ter brigado pelo título de primeira produção inteiramente criada através de efeitos gerados por computadores, com a animação Cassiopéia (1996), que segundo muitos havia começado a ser produzida antes, a verdade é que Toy Story (1995) foi lançado antes nos cinemas – um ano antes para ser mais preciso.

Assim, o recorde de primeiro longa-metragem inteiramente desenvolvido através de efeitos de computadores em terceira dimensão será para sempre lembrado como pertencendo a esta história atemporal sobre um menino e seus brinquedos, que já gerou três continuações (em 1999, 2010 e 2019) e colocou a Pixar e a Disney no mercado como uma das potências do gênero. Toy Story é histórico por várias quebras de barreira e tal feito não poderia passar “ileso”. Assim, o Oscar tratou de dar um prêmio especial para o diretor do filme, o cineasta John Lasseter, por ter desenvolvido a técnica utilizada até hoje e iniciar uma verdadeira revolução na forma de se contar histórias no cinema.

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