quinta-feira , 21 novembro , 2024

Creepshow | Conheça os Filmes clássicos de terror dos anos 80

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Com uma série que se encaminha para sua segunda temporada e um especial animado de Halloween recente, a marca Creepshow está mais viva do que nunca na mente dos fãs de terror. Mas você sabia que tudo começou lá atrás no longínquo ano de 1982, com uma ideia original saída de duas mentes geniais do gênero: Stephen King e George Romero?

Pois bem, nesta nova matéria, resolvemos nos embrenhar pelo universo de Creepshow, que voltou com tudo no auge de sua popularidade, e apresentar para você, querido leitor mais jovem, de onde nasceu o conceito para esta coletânea de contos de horror barra pesada no áudio visual. Vem com a gente desvendar as origens de Creepshow abaixo.



Duas mentes assustadoras

O escritor Stephen King e o cineasta George Romero (A Noite dos Mortos-Vivos) compartilhavam o gosto refinado pelo macabro, sendo assim obviamente se tornaram bons amigos de longa data. A esta altura, King já havia visto seus livros Carrie – A Estranha e O Iluminado se transformarem em filmes de sucesso em 1976 e 1980 respectivamente. O próximo passo para o autor era encontrar um projeto no qual pudesse trabalhar com o “compadre” Romero. Bem, ao menos de forma mais criativa, já que King havia estreado nas telas como ator no filme de Romero, Cavaleiros de Aço (1981).

Curiosamente, não foi um livro de King que uniu a dupla nas telonas, mas sim uma grande homenagem a uma forma de arte desacreditada no passado, com a qual os dois cresceram em suas infâncias: os quadrinhos de horror. E quando falamos neste tópico, imediatamente uma editora vem à cabeça, a EC Comics, responsável pelos sustos de meninos e meninas desde a década de 1950, em títulos como Tales from the Crypt (propriedade que rende por si só uma matéria no audiovisual também), The Vault of Horror e The Haunt of Fear.

Muitos podem não saber, mas Creepshow não existia realmente na forma de quadrinhos. O que King e Romero fizeram foi, na forma de uma brincadeira, homenagear o estilo de tais revistinhas ao criarem a sua própria fictícia para um filme. Tanto que a dupla de realizadores insistiu para que a equipe dos setores de fotografia, direção de arte e efeitos formulassem a estética de tais fotogramas impressos, como se ganhassem vida. Assim surgiu Creepshow, produção inteiramente escrita pelo mestre Stephen King e dirigida pelo grande e saudoso George Romero.

A primeira decisão criativa era imprescindível. Creepshow precisava ser uma coletânea de histórias (hoje conhecida pelo termo antologia). Assim, contando com cinco histórias de arrepiar e com um prólogo e um epílogo, estreava no Festival de Cannes (isso mesmo, pasmem), em 20 de maio de 1982, essa obra colaborativa. Nos EUA, o longa fez seu debute no dia 12 de novembro do mesmo ano. Intitulado Creepshow: Arrepio do Medo por aqui, chegava ao Brasil no dia 25 de dezembro de 1982.

Com um orçamento de US$8 milhões, o filme fez bonito para a Warner, arrecadando em bilheteria algo em torno de US$21 milhões somente nos EUA – passando por cima de “rivais” (como Halloween III: Season of the Witch) como um rolo compressor.

Os Contos

A seleção de contos para preencher o filme era de quase todos inéditos, marcando assim a estreia de King como roteirista para um filme. Somente dois eram reformulações de contos prévios do autor. Pegando carona na proibição de tais revistas no auge do conservadorismo americano nos anos 50, a trama abre com um prólogo sobre um menino (vivido pelo filho de King na vida real, Joe Hill, que seguindo os passos do pai se tornou também um autor de terror bem sucedido) levando um “esculacho” do pai (papel do veterano Tom Atkins) justamente por ler tais histórias de horror. Seu pai sem titubear joga os quadrinhos do filho no lixo. Logo depois o menino recebe uma visita de outro mundo e pensa numa forma de vingança contra seu progenitor abusivo.

Assim abrimos oficialmente as histórias com “O Dia dos Pais”, que fala sobre uma herança maldita e uma linhagem familiar amaldiçoada. A fortuna da família Grantham foi feita através de todo tipo de infração, desde fraude até assassinato. Naturalmente, os membros desta família estão mais que acostumados com toda e qualquer contravenção, e é isto que leva Bedelia (Viveca Lindfors) a matar o próprio pai, o poderoso patriarca Nathan (Jon Lormer). Muitos anos depois, com a família tendo crescido, e Bedelia já idosa, após uma visita ao cemitério bêbada, ela termina por invocar do túmulo o cadáver de seu falecido pai. O morto-vivo agora segue rumo à sua antiga mansão, onde irá encontrar sua neta e seus interesseiros bisnetos para uma reunião familiar inesquecível. Um dos chamarizes deste primeiro conto é a presença de Ed Harris como o marido da bisneta do vovô zumbi.

O segundo, “The Lonesome Death of Jordy Verrill”, é baseado em “Weeds”, conto do próprio King. Ele igualmente estrela como protagonista vivendo o personagem título, um caipira cartunesco dono de pouca inteligência. A reviravolta ocorre com a queda de um meteorito em sua propriedade rural, o qual o protagonista imagina que seja o fim de seus problemas financeiros. Porém, se torna um problema ainda maior, uma vez que ele o toca e se inicia uma mutação em sua pele, o transformando, e em tudo que ele toca, em vegetação alienígena.

A terceira narrativa é intitulada “Something to Tide You Over”, outra história original de King. Aqui temos a presença ilustre de Leslie Nielsen, famoso humorista da franquia Corra que a Polícia Vem Aí num papel nada engraçado. Aqui ele vive um vingativo e cruel marido, que decide punir sua esposa infiel e o amante dela. Nos sets de filmagem, porém, foram reportadas as brincadeiras e o bom humor do ator bonachão, sempre fazendo o elenco rir durante as tomadas. Outro humorista parte desta terceira trama é Ted Danson (Três Solteirões e um Bebê) no papel do amante. O homem traído prepara uma armadilha para a esposa e o “outro” e os enterra na areia da praia até o pescoço, enquanto assiste de sua mansão a maré subir. Mas assim como o mar, tudo que vai volta, e logo o sujeito receberá visitas inusitadas igualmente atrás de sua própria justiça.

The Crate”, baseado no conto homônimo de King, é um prato cheio para quem curte histórias de monstros. Como de costume no longa, aqui temos outra subtrama envolvendo vingança. O grande Hal Halbrook estrela como um professor universitário que fica sabendo sobre um monstro no porão do prédio da faculdade, que está se alimentado secretamente das pessoas. É então que o sujeito tem a “brilhante” ideia de atrair sua insuportável esposa, a quem ele odeia (papel de Adrienne Barbeau), para uma “palavrinha” com a criatura.

Encerrando os cinco contos, “They’re Creeping On You” quase ficou de fora do filme, por se mostrar o mais difícil de ser realizado. De fato, King tinha até uma nova história de plano B caso precisasse realmente deixa-lo de fora – essa tal história terminou entrando na continuação. Aqui, um empresário sem escrúpulos vive em um apartamento altamente tecnológico e extremamente sanitário, já que o sujeito é um recluso e com TOC de limpeza. Interpretado por E. G. Marshall (num papel que quase foi de Max von Sydow), o protagonista coleciona inimizades devido a forma como faz negócios. Assim, é claro que um destino amargo se abateria sobre ele, já que muito da proposta de Creepshow é ser a punição definitiva para pessoas ruins. E aqui, o castigo do protagonista vem servido por uma infestação… de baratas!

Antes de se encerrarem os créditos ainda ganhamos a conclusão da história do menino e seu pai abusivo, com o epílogo trazendo a vingança do garoto.

As Continuações

É natural em Hollywood que tudo que faça sucesso gere continuações. E com Creepshow não foi diferente. A criação de King e Romero foi recebida com tanto entusiasmo que logo os produtores decidiram levar a ideia para a TV na forma de uma série. No entanto, com envolvimento de um grande estúdio como a Warner, além da produtora Laurel Entertainment, a questão sobre os direitos autorais terminam virando uma teia de tão emaranhado. Assim, mantendo o espírito do projeto, a opção foi por mudar apenas o título da empreitada, constando os mesmos realizadores e equipe técnica, e tendo inclusive Romero e King supervisionando e assinando o roteiro de alguns episódios. Assim nascia Tales from the Darkside – no Brasil conhecido como Galeria do Terror -, programa que ficou no ar de 1983 até 1988, se mostrando igualmente um sucesso.

Ironicamente, no penúltimo ano do programa, as duas partes se entenderam novamente, e trabalharam juntas para confeccionar Creepshow 2 (subtitulado Show de Horrores no Brasil), a tão aguardada sequência do sucesso de 1982. Esta é a resposta para os que se perguntam por que um filme de sucesso demorou 5 anos para dar continuidade e voltar a gerar lucro. Em 1987 finalmente estreava Creepshow 2, que desta vez contava com Romero apenas assinando o roteiro ao lado de King, deixando a direção para Michael Gornick, diretor de fotografia do primeiro Creepshow e usual colaborador do cineasta. Desta forma era como se os fãs tivessem dois Creepshow rolando ao mesmo tempo: um indo ao ar na TV e outro em cartaz nas salas de cinema.

Devido a estas questões de direitos, o segundo longa contou com um orçamento menor, de US$3.5 milhões, e fez menos bilheteria também para a Warner, arrecadando nos EUA algo em torno de US$14 milhões. O corte orçamentário também atingiu o roteiro, que viu as histórias diminuírem de cinco para apenas três. Dois outros contos chegaram a ser planejados e escritos para compor o projeto – um deles inclusive migrou para outra produção, que será comentada mais abaixo.

Desta vez o prólogo e o epílogo, além das histórias principais em si, ficaram maiores para encorpar o tempo de duração de 1 hora e 30 minutos. A história de apresentação agora também entrecorta as subtramas, mostrando um novo menino ávido pelos contos da revista Creepshow, com o que vemos em tela sendo as histórias lidas pelo garoto nos quadrinhos. Neste prólogo Billy (Domenick John) sofre com os valentões do colégio, até conseguir atraí-los para uma armadilha contendo suas amigas: plantas carnívoras.

A primeira história é intitulada “Old Chief Wood’nhead” e mostra um casal de idosos donos de uma loja de conveniência sofrendo com a criminalidade em sua cidadezinha. Bandidos armados roubam o local e terminam por assassinar o casal. No papel do marido, o vencedor do Oscar George Kennedy é o rosto mais conhecido. No local, os velhinhos guardavam uma estátua de um índio de madeira, que ganha vida devido a artefatos dados por um índio de verdade, e parte numa revanche sangrenta contra os criminosos.

Na sequência, “The Raft” ou “A Jangada” é uma homenagem aos filmes de terror adolescente, misturando A Bolha Assassina na receita. Dois casais de jovens param num lago para nadar e chegam até uma grande estrutura de madeira flutuante. No local, se encontra também uma criatura viscosa, muito parecia com uma mancha de óleo, que começa a devorá-los um a um, fazendo os que restam lutar por sobrevivência.

Finalizando, “The Hitchhiker” ou “o caronista” faz alusão de forma interessante a questões sociais delicadas. O trecho mostra uma dondoca infiel (papel de Lois Chiles) traindo seu marido sem que ele saiba e precisando voltar rapidamente para casa antes dele. No trajeto, ela atropela um homem sem teto que pedia carona e foge sem dar assistência. Não tendo sido vista, ela acredita que nada irá lhe acontecer. No entanto, o sujeito simplesmente não a deixará em paz. Essa era a história que King tinha na manga caso precisasse de um substituto para o último conto do primeiro filme.

Creepshow 2 foi lançado, mas a série Galeria do Terror só chegaria ao fim no ano seguinte. Aproveitando a popularidade do novo produto que tinham em mãos, King e Romero não perderam tempo e logo firmaram um acordo cinematográfico, desta vez com a Paramount. Assim, em 1990, três anos após Creepshow 2, a dupla levava para os cinemas Tales from the Darkside: The Movie, a versão para as telonas do seriado de sucesso. No Brasil, com o título Contos da Escuridão.

Com um orçamento de US$3.5 milhões, Contos da Escuridão obteve mais sucesso com o público do que Creepshow 2, retornando em bilheteria US$16.3 milhões. De fato, grande parte dos fãs considera este um “terceiro episódio não oficial” da franquia Creepshow, já que funciona de forma muito similar.

Mais três histórias são apresentadas em Contos da Escuridão, desta vez narrados pelo menino Timmy (Matthew Lawrence), capturado e prestes a ser comido por uma bruxa, papel da ‘Blondie’ Debbie Harry.

Na primeira, o elenco conta com Steve Buscemi e Christian Slater, marcando a estreia da musa Julianne Moore nas telonas. “Lot 249” é uma adaptação de Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes. Depois que o personagem de Buscemi é trapaceado para perder uma bolsa de estudos na universidade por Moore e um colega, ele invoca uma Múmia, dando vida à criatura para que cometa sua vingança.

Depois, em “Cat From Hell”, baseado num conto de King, os realizadores reciclam a história que faria parte de Creepshow 2. Nela, um gato preto é alvo de um milionário que acredita que o animal está exercendo uma vingança cósmica contra os donos de uma empresa que utiliza gatos em suas pesquisas e foi responsável pela morte de milhares dos bichanos. O próprio é o próxima da lista animal.

Na última história, “Lover’s Vow”, um conto folclórico japonês é o tema, adaptado para a cultura norte-americana. A trama fala sobre um sujeito presenciando uma estátua monstruosa ganhando vida e matando seu melhor amigo. Um pacto é feito entre ele e a criatura para que nunca conte sobre o ocorrido. Na mesma noite ele conhece uma bela mulher, papel da sumida Rae Dawn Chong. Os dois iniciam um relacionamento, se casam e têm filhos. Mas quando o protagonista resolve quebrar a promessa e contar para a esposa sobre o que viu na fatídica noite, traz para si e sua família uma triste tragédia.

Existia planos para uma sequência de Contos da Escuridão, que infelizmente não foram concretizados. Um Creepshow 3 chegou a ser lançado em 2006 direto no mercado de vídeo, com o subtítulo Forças do Mal no Brasil. Mas sem o envolvimento de Stephen King e George Romero, se tornou uma produção obscura e esquecível, que pouco vale ser mencionada.

Em 2019, novamente com envolvimento de King e de seu filho Joe Hill, além de artistas ligados ao original (como a atriz Adrienne Barbeau), finalmente Creepshow ganhou sua tão aguardada série de TV – um presente do streaming Shudder para os fãs. Com seis episódios, cada um dividido em duas histórias, foi ao ar a primeira temporada no fim de setembro de 2019, propiciamente chegando até o dia das bruxas em 31 de outubro. A segunda temporada já foi confirmada e começa a tomar forma, preparando seu lançamento em breve.

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Pois bem, nesta nova matéria, resolvemos nos embrenhar pelo universo de Creepshow, que voltou com tudo no auge de sua popularidade, e apresentar para você, querido leitor mais jovem, de onde nasceu o conceito para esta coletânea de contos de horror barra pesada no áudio visual. Vem com a gente desvendar as origens de Creepshow abaixo.

Duas mentes assustadoras

O escritor Stephen King e o cineasta George Romero (A Noite dos Mortos-Vivos) compartilhavam o gosto refinado pelo macabro, sendo assim obviamente se tornaram bons amigos de longa data. A esta altura, King já havia visto seus livros Carrie – A Estranha e O Iluminado se transformarem em filmes de sucesso em 1976 e 1980 respectivamente. O próximo passo para o autor era encontrar um projeto no qual pudesse trabalhar com o “compadre” Romero. Bem, ao menos de forma mais criativa, já que King havia estreado nas telas como ator no filme de Romero, Cavaleiros de Aço (1981).

Curiosamente, não foi um livro de King que uniu a dupla nas telonas, mas sim uma grande homenagem a uma forma de arte desacreditada no passado, com a qual os dois cresceram em suas infâncias: os quadrinhos de horror. E quando falamos neste tópico, imediatamente uma editora vem à cabeça, a EC Comics, responsável pelos sustos de meninos e meninas desde a década de 1950, em títulos como Tales from the Crypt (propriedade que rende por si só uma matéria no audiovisual também), The Vault of Horror e The Haunt of Fear.

Muitos podem não saber, mas Creepshow não existia realmente na forma de quadrinhos. O que King e Romero fizeram foi, na forma de uma brincadeira, homenagear o estilo de tais revistinhas ao criarem a sua própria fictícia para um filme. Tanto que a dupla de realizadores insistiu para que a equipe dos setores de fotografia, direção de arte e efeitos formulassem a estética de tais fotogramas impressos, como se ganhassem vida. Assim surgiu Creepshow, produção inteiramente escrita pelo mestre Stephen King e dirigida pelo grande e saudoso George Romero.

A primeira decisão criativa era imprescindível. Creepshow precisava ser uma coletânea de histórias (hoje conhecida pelo termo antologia). Assim, contando com cinco histórias de arrepiar e com um prólogo e um epílogo, estreava no Festival de Cannes (isso mesmo, pasmem), em 20 de maio de 1982, essa obra colaborativa. Nos EUA, o longa fez seu debute no dia 12 de novembro do mesmo ano. Intitulado Creepshow: Arrepio do Medo por aqui, chegava ao Brasil no dia 25 de dezembro de 1982.

Com um orçamento de US$8 milhões, o filme fez bonito para a Warner, arrecadando em bilheteria algo em torno de US$21 milhões somente nos EUA – passando por cima de “rivais” (como Halloween III: Season of the Witch) como um rolo compressor.

Os Contos

A seleção de contos para preencher o filme era de quase todos inéditos, marcando assim a estreia de King como roteirista para um filme. Somente dois eram reformulações de contos prévios do autor. Pegando carona na proibição de tais revistas no auge do conservadorismo americano nos anos 50, a trama abre com um prólogo sobre um menino (vivido pelo filho de King na vida real, Joe Hill, que seguindo os passos do pai se tornou também um autor de terror bem sucedido) levando um “esculacho” do pai (papel do veterano Tom Atkins) justamente por ler tais histórias de horror. Seu pai sem titubear joga os quadrinhos do filho no lixo. Logo depois o menino recebe uma visita de outro mundo e pensa numa forma de vingança contra seu progenitor abusivo.

Assim abrimos oficialmente as histórias com “O Dia dos Pais”, que fala sobre uma herança maldita e uma linhagem familiar amaldiçoada. A fortuna da família Grantham foi feita através de todo tipo de infração, desde fraude até assassinato. Naturalmente, os membros desta família estão mais que acostumados com toda e qualquer contravenção, e é isto que leva Bedelia (Viveca Lindfors) a matar o próprio pai, o poderoso patriarca Nathan (Jon Lormer). Muitos anos depois, com a família tendo crescido, e Bedelia já idosa, após uma visita ao cemitério bêbada, ela termina por invocar do túmulo o cadáver de seu falecido pai. O morto-vivo agora segue rumo à sua antiga mansão, onde irá encontrar sua neta e seus interesseiros bisnetos para uma reunião familiar inesquecível. Um dos chamarizes deste primeiro conto é a presença de Ed Harris como o marido da bisneta do vovô zumbi.

O segundo, “The Lonesome Death of Jordy Verrill”, é baseado em “Weeds”, conto do próprio King. Ele igualmente estrela como protagonista vivendo o personagem título, um caipira cartunesco dono de pouca inteligência. A reviravolta ocorre com a queda de um meteorito em sua propriedade rural, o qual o protagonista imagina que seja o fim de seus problemas financeiros. Porém, se torna um problema ainda maior, uma vez que ele o toca e se inicia uma mutação em sua pele, o transformando, e em tudo que ele toca, em vegetação alienígena.

A terceira narrativa é intitulada “Something to Tide You Over”, outra história original de King. Aqui temos a presença ilustre de Leslie Nielsen, famoso humorista da franquia Corra que a Polícia Vem Aí num papel nada engraçado. Aqui ele vive um vingativo e cruel marido, que decide punir sua esposa infiel e o amante dela. Nos sets de filmagem, porém, foram reportadas as brincadeiras e o bom humor do ator bonachão, sempre fazendo o elenco rir durante as tomadas. Outro humorista parte desta terceira trama é Ted Danson (Três Solteirões e um Bebê) no papel do amante. O homem traído prepara uma armadilha para a esposa e o “outro” e os enterra na areia da praia até o pescoço, enquanto assiste de sua mansão a maré subir. Mas assim como o mar, tudo que vai volta, e logo o sujeito receberá visitas inusitadas igualmente atrás de sua própria justiça.

The Crate”, baseado no conto homônimo de King, é um prato cheio para quem curte histórias de monstros. Como de costume no longa, aqui temos outra subtrama envolvendo vingança. O grande Hal Halbrook estrela como um professor universitário que fica sabendo sobre um monstro no porão do prédio da faculdade, que está se alimentado secretamente das pessoas. É então que o sujeito tem a “brilhante” ideia de atrair sua insuportável esposa, a quem ele odeia (papel de Adrienne Barbeau), para uma “palavrinha” com a criatura.

Encerrando os cinco contos, “They’re Creeping On You” quase ficou de fora do filme, por se mostrar o mais difícil de ser realizado. De fato, King tinha até uma nova história de plano B caso precisasse realmente deixa-lo de fora – essa tal história terminou entrando na continuação. Aqui, um empresário sem escrúpulos vive em um apartamento altamente tecnológico e extremamente sanitário, já que o sujeito é um recluso e com TOC de limpeza. Interpretado por E. G. Marshall (num papel que quase foi de Max von Sydow), o protagonista coleciona inimizades devido a forma como faz negócios. Assim, é claro que um destino amargo se abateria sobre ele, já que muito da proposta de Creepshow é ser a punição definitiva para pessoas ruins. E aqui, o castigo do protagonista vem servido por uma infestação… de baratas!

Antes de se encerrarem os créditos ainda ganhamos a conclusão da história do menino e seu pai abusivo, com o epílogo trazendo a vingança do garoto.

As Continuações

É natural em Hollywood que tudo que faça sucesso gere continuações. E com Creepshow não foi diferente. A criação de King e Romero foi recebida com tanto entusiasmo que logo os produtores decidiram levar a ideia para a TV na forma de uma série. No entanto, com envolvimento de um grande estúdio como a Warner, além da produtora Laurel Entertainment, a questão sobre os direitos autorais terminam virando uma teia de tão emaranhado. Assim, mantendo o espírito do projeto, a opção foi por mudar apenas o título da empreitada, constando os mesmos realizadores e equipe técnica, e tendo inclusive Romero e King supervisionando e assinando o roteiro de alguns episódios. Assim nascia Tales from the Darkside – no Brasil conhecido como Galeria do Terror -, programa que ficou no ar de 1983 até 1988, se mostrando igualmente um sucesso.

Ironicamente, no penúltimo ano do programa, as duas partes se entenderam novamente, e trabalharam juntas para confeccionar Creepshow 2 (subtitulado Show de Horrores no Brasil), a tão aguardada sequência do sucesso de 1982. Esta é a resposta para os que se perguntam por que um filme de sucesso demorou 5 anos para dar continuidade e voltar a gerar lucro. Em 1987 finalmente estreava Creepshow 2, que desta vez contava com Romero apenas assinando o roteiro ao lado de King, deixando a direção para Michael Gornick, diretor de fotografia do primeiro Creepshow e usual colaborador do cineasta. Desta forma era como se os fãs tivessem dois Creepshow rolando ao mesmo tempo: um indo ao ar na TV e outro em cartaz nas salas de cinema.

Devido a estas questões de direitos, o segundo longa contou com um orçamento menor, de US$3.5 milhões, e fez menos bilheteria também para a Warner, arrecadando nos EUA algo em torno de US$14 milhões. O corte orçamentário também atingiu o roteiro, que viu as histórias diminuírem de cinco para apenas três. Dois outros contos chegaram a ser planejados e escritos para compor o projeto – um deles inclusive migrou para outra produção, que será comentada mais abaixo.

Desta vez o prólogo e o epílogo, além das histórias principais em si, ficaram maiores para encorpar o tempo de duração de 1 hora e 30 minutos. A história de apresentação agora também entrecorta as subtramas, mostrando um novo menino ávido pelos contos da revista Creepshow, com o que vemos em tela sendo as histórias lidas pelo garoto nos quadrinhos. Neste prólogo Billy (Domenick John) sofre com os valentões do colégio, até conseguir atraí-los para uma armadilha contendo suas amigas: plantas carnívoras.

A primeira história é intitulada “Old Chief Wood’nhead” e mostra um casal de idosos donos de uma loja de conveniência sofrendo com a criminalidade em sua cidadezinha. Bandidos armados roubam o local e terminam por assassinar o casal. No papel do marido, o vencedor do Oscar George Kennedy é o rosto mais conhecido. No local, os velhinhos guardavam uma estátua de um índio de madeira, que ganha vida devido a artefatos dados por um índio de verdade, e parte numa revanche sangrenta contra os criminosos.

Na sequência, “The Raft” ou “A Jangada” é uma homenagem aos filmes de terror adolescente, misturando A Bolha Assassina na receita. Dois casais de jovens param num lago para nadar e chegam até uma grande estrutura de madeira flutuante. No local, se encontra também uma criatura viscosa, muito parecia com uma mancha de óleo, que começa a devorá-los um a um, fazendo os que restam lutar por sobrevivência.

Finalizando, “The Hitchhiker” ou “o caronista” faz alusão de forma interessante a questões sociais delicadas. O trecho mostra uma dondoca infiel (papel de Lois Chiles) traindo seu marido sem que ele saiba e precisando voltar rapidamente para casa antes dele. No trajeto, ela atropela um homem sem teto que pedia carona e foge sem dar assistência. Não tendo sido vista, ela acredita que nada irá lhe acontecer. No entanto, o sujeito simplesmente não a deixará em paz. Essa era a história que King tinha na manga caso precisasse de um substituto para o último conto do primeiro filme.

Creepshow 2 foi lançado, mas a série Galeria do Terror só chegaria ao fim no ano seguinte. Aproveitando a popularidade do novo produto que tinham em mãos, King e Romero não perderam tempo e logo firmaram um acordo cinematográfico, desta vez com a Paramount. Assim, em 1990, três anos após Creepshow 2, a dupla levava para os cinemas Tales from the Darkside: The Movie, a versão para as telonas do seriado de sucesso. No Brasil, com o título Contos da Escuridão.

Com um orçamento de US$3.5 milhões, Contos da Escuridão obteve mais sucesso com o público do que Creepshow 2, retornando em bilheteria US$16.3 milhões. De fato, grande parte dos fãs considera este um “terceiro episódio não oficial” da franquia Creepshow, já que funciona de forma muito similar.

Mais três histórias são apresentadas em Contos da Escuridão, desta vez narrados pelo menino Timmy (Matthew Lawrence), capturado e prestes a ser comido por uma bruxa, papel da ‘Blondie’ Debbie Harry.

Na primeira, o elenco conta com Steve Buscemi e Christian Slater, marcando a estreia da musa Julianne Moore nas telonas. “Lot 249” é uma adaptação de Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes. Depois que o personagem de Buscemi é trapaceado para perder uma bolsa de estudos na universidade por Moore e um colega, ele invoca uma Múmia, dando vida à criatura para que cometa sua vingança.

Depois, em “Cat From Hell”, baseado num conto de King, os realizadores reciclam a história que faria parte de Creepshow 2. Nela, um gato preto é alvo de um milionário que acredita que o animal está exercendo uma vingança cósmica contra os donos de uma empresa que utiliza gatos em suas pesquisas e foi responsável pela morte de milhares dos bichanos. O próprio é o próxima da lista animal.

Na última história, “Lover’s Vow”, um conto folclórico japonês é o tema, adaptado para a cultura norte-americana. A trama fala sobre um sujeito presenciando uma estátua monstruosa ganhando vida e matando seu melhor amigo. Um pacto é feito entre ele e a criatura para que nunca conte sobre o ocorrido. Na mesma noite ele conhece uma bela mulher, papel da sumida Rae Dawn Chong. Os dois iniciam um relacionamento, se casam e têm filhos. Mas quando o protagonista resolve quebrar a promessa e contar para a esposa sobre o que viu na fatídica noite, traz para si e sua família uma triste tragédia.

Existia planos para uma sequência de Contos da Escuridão, que infelizmente não foram concretizados. Um Creepshow 3 chegou a ser lançado em 2006 direto no mercado de vídeo, com o subtítulo Forças do Mal no Brasil. Mas sem o envolvimento de Stephen King e George Romero, se tornou uma produção obscura e esquecível, que pouco vale ser mencionada.

Em 2019, novamente com envolvimento de King e de seu filho Joe Hill, além de artistas ligados ao original (como a atriz Adrienne Barbeau), finalmente Creepshow ganhou sua tão aguardada série de TV – um presente do streaming Shudder para os fãs. Com seis episódios, cada um dividido em duas histórias, foi ao ar a primeira temporada no fim de setembro de 2019, propiciamente chegando até o dia das bruxas em 31 de outubro. A segunda temporada já foi confirmada e começa a tomar forma, preparando seu lançamento em breve.

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