sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | 11.22.63 – Stephen King, JJ Abrams e James Franco em série de história e ficção

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De volta ao presente

Quem nunca imaginou poder voltar no tempo e mudar algo em nossa vida, um momento decisório, que não queríamos muito bem que tivesse sido como foi. E mais do que isso, já pensou poder mudar a história da humanidade, apagando aquele episódio negro e assim garantindo um mundo melhor. Essa é exatamente a proposta da série 11.22.63, novo texto de suspense, fantasia e ficção – mas não de terror – escrito pelo mestre Stephen King, mais em voga na atualidade do que nunca.

Na realidade, esta é uma minissérie em oito episódios, com começo, meio e fim, exibida em fevereiro de 2016 nos EUA, no site de streaming Hulu, que só pudemos conferir agora, mas não podíamos deixar de comentá-la para você, pois é boa o suficiente e é preciso conhece-la.



O indicado ao Oscar James Franco (127 Horas), cujo nome voltou aos holofotes devido a Artista do Desastre, filme que protagoniza e dirige, e pelo qual levou o Globo de Ouro de melhor ator este ano, é o protagonista da minissérie, no papel do professor colegial Jake Epping. Sua vida não encontra-se no melhor dos trilhos e o sujeito passa por um divórcio – sua ex-mulher é interpretada pela estonteante Brooklyn Sudano, a Vanessa de Eu, a Patroa e as Crianças (2003-2005). É quando um velho amigo, papel de Chris Cooper, dono de uma lanchonete que frequenta, lhe confere um segredo sobrenatural, que a vida do protagonista irá mudar para sempre.

Dentro da lanchonete, na dispensa, existe um inexplicável portal no tempo que leva quem atravessá-lo de volta para o ano de 1960. Assim como Marty McFly (Michael J. Fox) em De Volta para o Futuro (1985), o viajante do tempo pode sentir e viver uma outra época no passado, e ver com os próprios olhos tudo o que leu nos livros de história. Para os aficionados pela matéria, tal possibilidade é um prato cheio.

Bem, mas além de um estudo social em primeira mão, o personagem de Cooper tem outros planos. Para garantir um futuro melhor, ele planeja como primeiro ato dentro de um grande leque de possibilidades, impedir o assassinato do presidente Kennedy. O próprio já tentou, mas encontra-se impossibilitado devido a uma doença terminal, e assim ele confia no jovem colega para que carregue esta missão adiante. Como o portal sempre joga quem o atravessa numa falha exatamente em 1960, é necessário esperar três anos ainda, vivendo nesta realidade, para evitar o dia fatídico. E quando indaga sobre a impossibilidade de passar três anos em outra “dimensão”, a resposta do colega especialista no assunto chega pronta, poucos minutos passam no mundo real, mesmo que você fique anos fora do tempo.

Assim, Epping topa o desafio e se prepara para se assentar na década de 1960, se ambientando com costumes, vestuário e tudo mais. Mesmo sem se desviar de seu objetivo principal, o protagonista arruma tempo para tentar remendar outras situações, focadas em pessoas que conhece. Por exemplo, o personagem de Leon Rippy, um homem de meia idade humilde, se formando no colegial. Sua vida é desgraçada na noite de halloween em que seu pai mata sua mãe, seus irmãos e tanta mata-lo. Pensando em mudar o futuro do sujeito, o protagonista intervém na noite trágica e tenta evitar o crime do abusivo Frank Dunning, um dos melhores desempenhos da carreira de Josh Duhamel.

Existe também a subtrama envolvendo o relacionamento do protagonista com a professora divorciada Sadie Dunhill (Sarah Gadon, da minissérie Alias Grace), que se mostrará a espinha dorsal desta trama, extremamente cativante e emocionante. Mas seu propósito na viagem exige proximidade de Lee Harvey Oswald, o homem acusado do assassinato, e tido por muitos apenas um bode expiatório dentro de uma conspiração super intrincada e complexa. Diversas teorias sobre o assassinato ainda são especuladas, mas a série não descamba muito a privilegia-las – aqui é mais a persona de Oswald que é posta em cheque. Não por menos, o desequilibrado ex-militar é vivido por Daniel Webber, que interpretou o mesmo tipo de papel na série do Justiceiro (2017), da Marvel / Netflix. O jovem parece ter nascido para este tipo de personagem.

O que surpreende em 11.22.63 é a qualidade do texto e o cuidado com a produção. Se The Deuce, série da HBO protagonizada por Franco, é enaltecida como um dos retratos mais fiéis dos anos 1970, 11.22.63 deveria seguir o mesmo rastro de elogios com sua caracterização da década de 1960. Realmente sentimos que voltamos no tempo ao lado do personagem, perpassando cada detalhe da época, de lanchonetes, lojas, hospedarias, aos comportamentos, tudo exala a minúcia do trabalho.

Além da criatividade desta história, tais elementos são mesclados de forma ideal na série, a ficção científica e o lado da recriação de época, sem que um eclipse o outro em momento algum. Diversas teorias são possibilitadas ao público, tanto sobre o assassinato do político, quanto como de fato funcionaria uma viagem temporal e como suas mudanças afetariam o presente.

11.22.63 é uma minissérie para ver e rever, e descobrir detalhes que não havíamos percebido em uma primeira investida – como, por exemplo, a curiosidade de termos Annette O´Toole, a Beverly Marsh da primeira versão de It: Uma Obra Prima do Medo (1990), baseado num famoso texto de King, marcando presença aqui no papel da beata fervorosa Edna Price, que acolhe o protagonista em sua casa.

O desfecho é simplesmente lindo e perfeito, reforçando a ideia de que precisamos nos desapegar – de tudo. Esta é a principal mensagem da obra de King: sempre estaremos insatisfeitos, inclusive historicamente, mas remendar o passado pode prejudicar inúmeras conquistas do presente. Tudo acontece por um motivo, até mesmo tragédias, o que precisamos mesmo é fazer as pazes com elas.

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Na realidade, esta é uma minissérie em oito episódios, com começo, meio e fim, exibida em fevereiro de 2016 nos EUA, no site de streaming Hulu, que só pudemos conferir agora, mas não podíamos deixar de comentá-la para você, pois é boa o suficiente e é preciso conhece-la.

O indicado ao Oscar James Franco (127 Horas), cujo nome voltou aos holofotes devido a Artista do Desastre, filme que protagoniza e dirige, e pelo qual levou o Globo de Ouro de melhor ator este ano, é o protagonista da minissérie, no papel do professor colegial Jake Epping. Sua vida não encontra-se no melhor dos trilhos e o sujeito passa por um divórcio – sua ex-mulher é interpretada pela estonteante Brooklyn Sudano, a Vanessa de Eu, a Patroa e as Crianças (2003-2005). É quando um velho amigo, papel de Chris Cooper, dono de uma lanchonete que frequenta, lhe confere um segredo sobrenatural, que a vida do protagonista irá mudar para sempre.

Dentro da lanchonete, na dispensa, existe um inexplicável portal no tempo que leva quem atravessá-lo de volta para o ano de 1960. Assim como Marty McFly (Michael J. Fox) em De Volta para o Futuro (1985), o viajante do tempo pode sentir e viver uma outra época no passado, e ver com os próprios olhos tudo o que leu nos livros de história. Para os aficionados pela matéria, tal possibilidade é um prato cheio.

Bem, mas além de um estudo social em primeira mão, o personagem de Cooper tem outros planos. Para garantir um futuro melhor, ele planeja como primeiro ato dentro de um grande leque de possibilidades, impedir o assassinato do presidente Kennedy. O próprio já tentou, mas encontra-se impossibilitado devido a uma doença terminal, e assim ele confia no jovem colega para que carregue esta missão adiante. Como o portal sempre joga quem o atravessa numa falha exatamente em 1960, é necessário esperar três anos ainda, vivendo nesta realidade, para evitar o dia fatídico. E quando indaga sobre a impossibilidade de passar três anos em outra “dimensão”, a resposta do colega especialista no assunto chega pronta, poucos minutos passam no mundo real, mesmo que você fique anos fora do tempo.

Assim, Epping topa o desafio e se prepara para se assentar na década de 1960, se ambientando com costumes, vestuário e tudo mais. Mesmo sem se desviar de seu objetivo principal, o protagonista arruma tempo para tentar remendar outras situações, focadas em pessoas que conhece. Por exemplo, o personagem de Leon Rippy, um homem de meia idade humilde, se formando no colegial. Sua vida é desgraçada na noite de halloween em que seu pai mata sua mãe, seus irmãos e tanta mata-lo. Pensando em mudar o futuro do sujeito, o protagonista intervém na noite trágica e tenta evitar o crime do abusivo Frank Dunning, um dos melhores desempenhos da carreira de Josh Duhamel.

Existe também a subtrama envolvendo o relacionamento do protagonista com a professora divorciada Sadie Dunhill (Sarah Gadon, da minissérie Alias Grace), que se mostrará a espinha dorsal desta trama, extremamente cativante e emocionante. Mas seu propósito na viagem exige proximidade de Lee Harvey Oswald, o homem acusado do assassinato, e tido por muitos apenas um bode expiatório dentro de uma conspiração super intrincada e complexa. Diversas teorias sobre o assassinato ainda são especuladas, mas a série não descamba muito a privilegia-las – aqui é mais a persona de Oswald que é posta em cheque. Não por menos, o desequilibrado ex-militar é vivido por Daniel Webber, que interpretou o mesmo tipo de papel na série do Justiceiro (2017), da Marvel / Netflix. O jovem parece ter nascido para este tipo de personagem.

O que surpreende em 11.22.63 é a qualidade do texto e o cuidado com a produção. Se The Deuce, série da HBO protagonizada por Franco, é enaltecida como um dos retratos mais fiéis dos anos 1970, 11.22.63 deveria seguir o mesmo rastro de elogios com sua caracterização da década de 1960. Realmente sentimos que voltamos no tempo ao lado do personagem, perpassando cada detalhe da época, de lanchonetes, lojas, hospedarias, aos comportamentos, tudo exala a minúcia do trabalho.

Além da criatividade desta história, tais elementos são mesclados de forma ideal na série, a ficção científica e o lado da recriação de época, sem que um eclipse o outro em momento algum. Diversas teorias são possibilitadas ao público, tanto sobre o assassinato do político, quanto como de fato funcionaria uma viagem temporal e como suas mudanças afetariam o presente.

11.22.63 é uma minissérie para ver e rever, e descobrir detalhes que não havíamos percebido em uma primeira investida – como, por exemplo, a curiosidade de termos Annette O´Toole, a Beverly Marsh da primeira versão de It: Uma Obra Prima do Medo (1990), baseado num famoso texto de King, marcando presença aqui no papel da beata fervorosa Edna Price, que acolhe o protagonista em sua casa.

O desfecho é simplesmente lindo e perfeito, reforçando a ideia de que precisamos nos desapegar – de tudo. Esta é a principal mensagem da obra de King: sempre estaremos insatisfeitos, inclusive historicamente, mas remendar o passado pode prejudicar inúmeras conquistas do presente. Tudo acontece por um motivo, até mesmo tragédias, o que precisamos mesmo é fazer as pazes com elas.

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