segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | 365 Dias Finais – Brochante, Trilogia Encerra Sem Fim e Sem Fazer Gozar

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Definitivamente um dos filmes mais polêmicos da pandemia foi ‘365 Dias’, que trouxe a história de uma mulher que era sequestrada por um mafioso italiano que simplesmente cismou de estar apaixonado por ela, e, com o passar dos dias, ela foi se apaixonando por ele. O longa revoltou terapeutas, feministas e sexólogos do mundo inteiro. Então, veio a sequência, no início de 2022, intitulado ‘365 Dias: Hoje’, que basicamente não tinha história nenhuma e era um compiladão de cenas luxuosas de um pornô barato com sussurros abafados por música alta, e isso revoltou ainda mais o público, que aguardou para saber se a mocinha tinha sobrevivido ao acidente no penhasco. Agora, a Netflix lança a prometida parte final da trilogia, de nome ‘365 Dias Finais’, que, apesar do título, não traz um final para a saga.



Após sobreviver à tentativa de assassinato, Laura (Anna-Maria Sieklucka) volta a morar na mansão de Massimo (Michele Morrone), que a tem sob máxima vigilância com medo de que Nacho (Simone Susinna) reapareça e os dois iniciem uma guerra entre as famílias mafiosas da Itália. Só que tanto controle está sufocando Laura, que decide dar um tempo nisso tudo e se afastar com sua melhor amiga, Elena (Blanka Lipinska), para Portugal, focando em seu trabalho como estilista. Porém, afastar-se de tudo não é suficiente para Laura, que não consegue tirar da cabeça o tempo carinhoso que passou com Nacho, e, agora, ela deverá tomar uma decisão definitiva sobre com quem quer passar o resto de sua vida.

A coisa boa em ‘365 Dias Finais’ é que, ao contrário do seu antecessor, este filme tem história. Tá, ela até pode ser ruim, mas bem, há diálogos, cenas de interpretação, locações diferentes, tramas que querem ir para algum lugar etc. Parece bobagem, mas, em um projeto tão polêmico, há de se comemorar cada pequena vitória.

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Apesar de ter história, o roteiro de Barbara Bialowas, Tomasz Mandes, Tomasz Klimala e Blanka Lipinska (aliás, o longa é baseado nos livros desta, que veio ao Brasil mês passado para a Bienal do Livro de São Paulo) realmente só se preocupa em inserir o enredo do livro em cenários luxuosos com tudo de bom e do melhor, numa tentativa de compensar na produção o que lhe falta em história. E tal qual nos filmes anteriores, também este abusa em determinados pontos. Dá a impressão de que os roteiristas têm uma boa ideia e decidem socá-la ao máximo na produção, repetindo-a até cansar. É assim que, neste, a maioria das cenas se dão ao pôr do sol, por exemplo, mesmo quando supostamente ainda era para ser de dia; e que Massimo se torna excessivamente babaca, só para tornar Nacho legal, tornando-se um grosseirão gratuito, abusador de drogas e degustador de mulheres como se fossem objetos; e a tal melhor amiga, Elena (que é, na real, interpretada pela autora do livro), mais do que um alívio cômico se torna uma bêbada chata e vexatosa, incapaz de entrar em cena sem derrubar coisas e fazer comentários idiotas. Por quê?

Ao menos a coisa toda, apesar de a história ser ruim, é bem dirigida por Barbara Bialowas e Tomasz Mandes, especialmente as (poucas) cenas de sexo, que incluem, ainda, um suposto ménage dos protagonistas e uma música bem similar à voz de Anitta na cena da praia; apesar de não constar nos créditos, a cantora brasileira postou foto com os bonitões no seu instagram.

Apesar da leve melhoria, ‘365 Dias Finais’ é brochante. Não traz um final para a saga sem pé nem cabeça dos personagens e relega ao espectador a escolha de Laura. Ou seja, é muito investimento para, no final, não fazer a gente gozar.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Definitivamente um dos filmes mais polêmicos da pandemia foi ‘365 Dias’, que trouxe a história de uma mulher que era sequestrada por um mafioso italiano que simplesmente cismou de estar apaixonado por ela, e, com o passar dos dias, ela foi se apaixonando por ele. O longa revoltou terapeutas, feministas e sexólogos do mundo inteiro. Então, veio a sequência, no início de 2022, intitulado ‘365 Dias: Hoje’, que basicamente não tinha história nenhuma e era um compiladão de cenas luxuosas de um pornô barato com sussurros abafados por música alta, e isso revoltou ainda mais o público, que aguardou para saber se a mocinha tinha sobrevivido ao acidente no penhasco. Agora, a Netflix lança a prometida parte final da trilogia, de nome ‘365 Dias Finais’, que, apesar do título, não traz um final para a saga.

Após sobreviver à tentativa de assassinato, Laura (Anna-Maria Sieklucka) volta a morar na mansão de Massimo (Michele Morrone), que a tem sob máxima vigilância com medo de que Nacho (Simone Susinna) reapareça e os dois iniciem uma guerra entre as famílias mafiosas da Itália. Só que tanto controle está sufocando Laura, que decide dar um tempo nisso tudo e se afastar com sua melhor amiga, Elena (Blanka Lipinska), para Portugal, focando em seu trabalho como estilista. Porém, afastar-se de tudo não é suficiente para Laura, que não consegue tirar da cabeça o tempo carinhoso que passou com Nacho, e, agora, ela deverá tomar uma decisão definitiva sobre com quem quer passar o resto de sua vida.

A coisa boa em ‘365 Dias Finais’ é que, ao contrário do seu antecessor, este filme tem história. Tá, ela até pode ser ruim, mas bem, há diálogos, cenas de interpretação, locações diferentes, tramas que querem ir para algum lugar etc. Parece bobagem, mas, em um projeto tão polêmico, há de se comemorar cada pequena vitória.

Apesar de ter história, o roteiro de Barbara Bialowas, Tomasz Mandes, Tomasz Klimala e Blanka Lipinska (aliás, o longa é baseado nos livros desta, que veio ao Brasil mês passado para a Bienal do Livro de São Paulo) realmente só se preocupa em inserir o enredo do livro em cenários luxuosos com tudo de bom e do melhor, numa tentativa de compensar na produção o que lhe falta em história. E tal qual nos filmes anteriores, também este abusa em determinados pontos. Dá a impressão de que os roteiristas têm uma boa ideia e decidem socá-la ao máximo na produção, repetindo-a até cansar. É assim que, neste, a maioria das cenas se dão ao pôr do sol, por exemplo, mesmo quando supostamente ainda era para ser de dia; e que Massimo se torna excessivamente babaca, só para tornar Nacho legal, tornando-se um grosseirão gratuito, abusador de drogas e degustador de mulheres como se fossem objetos; e a tal melhor amiga, Elena (que é, na real, interpretada pela autora do livro), mais do que um alívio cômico se torna uma bêbada chata e vexatosa, incapaz de entrar em cena sem derrubar coisas e fazer comentários idiotas. Por quê?

Ao menos a coisa toda, apesar de a história ser ruim, é bem dirigida por Barbara Bialowas e Tomasz Mandes, especialmente as (poucas) cenas de sexo, que incluem, ainda, um suposto ménage dos protagonistas e uma música bem similar à voz de Anitta na cena da praia; apesar de não constar nos créditos, a cantora brasileira postou foto com os bonitões no seu instagram.

Apesar da leve melhoria, ‘365 Dias Finais’ é brochante. Não traz um final para a saga sem pé nem cabeça dos personagens e relega ao espectador a escolha de Laura. Ou seja, é muito investimento para, no final, não fazer a gente gozar.

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