quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | 3º episódio da 4ª temporada de ‘Only Murders in the Building’ é DELICIOSAMENTE descompensado

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Se há algo que aprendemos com Only Murders in the Building, é que ainda existem histórias cômicas muito boas a serem contadas – e o terceiro capítulo da 4ª temporada volta a reiterar a produção como uma das melhores das últimas décadas.

A série, estrelada por Steve Martin (Charles), Selena Gomez (Mabel) e Martin Short (Oliver), voltou recentemente para seu mais novo ciclo e apresentou uma reviravolta tão grandiosa a ser acompanhada, que é notável que a iteração vem se sagrando a melhor até agora, apostando fichas em relações mais complexas entre os protagonistas e contando com um ensemble extremamente talentoso cuja química explode em tela. E, com a chegada do novo episódio, é perceptível como os criadores estão comprometidos em pegar elementos emprestados das clássicas histórias detetivescas que sempre fizeram parte do imaginário popular e repaginá-las com tiradas hilárias e propositalmente descompensadas que nos fazem mergulhar de cabeça nesse incrível universo.



Após investigarem um misterioso apartamento na Ala Oeste do Arconia e coletarem informações sobre os vizinhos que, de certa maneira, poderiam ter alguma coisa a ver com o assassinato de Sazz (Jane Lynch), Charles, Mabel e Oliver resolvem dar continuidade às investigações – mas as coisas não saem muito como o planejado quando Eva Longoria, Eugene Levy e Zach Galifianakis aparecem para acompanhá-los no dia a dia, visto que vão interpretá-los na adaptação que a Paramount Pictures está produzindo acerca do podcast que apresentam. E, enquanto Martin, Gomez e Short continuam brilhando com interpretações magníficas, é esse trio infundido numa metalinguagem deliciosa que rouba os holofotes.

Um dos aspectos que mais nos chamam a atenção no capítulo, intitulado “Two for the Road”, é o sagaz roteiro assinado pela dupla Ben Smith e Pete Swanson. A ideia aqui é colocar cada protagonista ao lado do respectivo ator que irá interpretá-lo na releitura cinematográfica do podcast – estreitando, ampliando ou criando laços das maneiras mais improváveis possíveis. Dessa maneira, a narrativa desmembra-se em três blocos distintos que partem de premissa similar, expandem-se de formas distintas até se aglutinarem em um belíssimo “reencontro” que, mesmo se apressando em alguns momentos, faz sentido dentro da estrutura apresentada e nos prepara para a semana seguinte de maneira inteligente e envolvente.

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De um lado, Oliver e Zach digladiam para se entenderem de forma a encontrarem um ponto em comum – cujo sucesso só é alcançado em um inesperado momento de vulnerabilidade em que Oliver demonstra ser mais do que um diretor excêntrico que faz de tudo para se manter relevante e para eternizar um legado que acredita possuir; de outro, Eva e Mabel se enfrentam na investigação de Rudy Thurber (Kumail Nanjiani), um morador da Ala Oeste que é aficionado por decorações de natal. Eva deseja descontruir a persona de Mabel em uma releitura própria, enquanto Mabel luta para descobrir quem realmente é em meio a tantas mudanças – incluindo um desesperado anseio de encontrar um lugar para morar; por fim, Charles e Eugene unem-se através de diferenças tão gritantes que o tornam parecidos em impetuosas e desmedidas ações que nos arrancam boas risadas.

Todo o episódio é estruturado com solidez e funciona mesmo não apostando fichas em construções mais ambiciosas e arriscadas – e, considerando que estamos apenas no começo da temporada, essa jogada foi certeira na maioria dos aspectos e preparou terreno para as reviravoltas que irão acontecer e as novas pistas que serão entregues ao público. Em suma, Only Murders in the Building entrega mais uma semana de alta qualidade aos fãs em um enredo que, ao contrário do que poderíamos imaginar, é focado mais na humanidade de seus personagens do que nos arquétipos que representam no conjunto completo da obra.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Se há algo que aprendemos com Only Murders in the Building, é que ainda existem histórias cômicas muito boas a serem contadas – e o terceiro capítulo da 4ª temporada volta a reiterar a produção como uma das melhores das últimas décadas.

A série, estrelada por Steve Martin (Charles), Selena Gomez (Mabel) e Martin Short (Oliver), voltou recentemente para seu mais novo ciclo e apresentou uma reviravolta tão grandiosa a ser acompanhada, que é notável que a iteração vem se sagrando a melhor até agora, apostando fichas em relações mais complexas entre os protagonistas e contando com um ensemble extremamente talentoso cuja química explode em tela. E, com a chegada do novo episódio, é perceptível como os criadores estão comprometidos em pegar elementos emprestados das clássicas histórias detetivescas que sempre fizeram parte do imaginário popular e repaginá-las com tiradas hilárias e propositalmente descompensadas que nos fazem mergulhar de cabeça nesse incrível universo.

Após investigarem um misterioso apartamento na Ala Oeste do Arconia e coletarem informações sobre os vizinhos que, de certa maneira, poderiam ter alguma coisa a ver com o assassinato de Sazz (Jane Lynch), Charles, Mabel e Oliver resolvem dar continuidade às investigações – mas as coisas não saem muito como o planejado quando Eva Longoria, Eugene Levy e Zach Galifianakis aparecem para acompanhá-los no dia a dia, visto que vão interpretá-los na adaptação que a Paramount Pictures está produzindo acerca do podcast que apresentam. E, enquanto Martin, Gomez e Short continuam brilhando com interpretações magníficas, é esse trio infundido numa metalinguagem deliciosa que rouba os holofotes.

Um dos aspectos que mais nos chamam a atenção no capítulo, intitulado “Two for the Road”, é o sagaz roteiro assinado pela dupla Ben Smith e Pete Swanson. A ideia aqui é colocar cada protagonista ao lado do respectivo ator que irá interpretá-lo na releitura cinematográfica do podcast – estreitando, ampliando ou criando laços das maneiras mais improváveis possíveis. Dessa maneira, a narrativa desmembra-se em três blocos distintos que partem de premissa similar, expandem-se de formas distintas até se aglutinarem em um belíssimo “reencontro” que, mesmo se apressando em alguns momentos, faz sentido dentro da estrutura apresentada e nos prepara para a semana seguinte de maneira inteligente e envolvente.

De um lado, Oliver e Zach digladiam para se entenderem de forma a encontrarem um ponto em comum – cujo sucesso só é alcançado em um inesperado momento de vulnerabilidade em que Oliver demonstra ser mais do que um diretor excêntrico que faz de tudo para se manter relevante e para eternizar um legado que acredita possuir; de outro, Eva e Mabel se enfrentam na investigação de Rudy Thurber (Kumail Nanjiani), um morador da Ala Oeste que é aficionado por decorações de natal. Eva deseja descontruir a persona de Mabel em uma releitura própria, enquanto Mabel luta para descobrir quem realmente é em meio a tantas mudanças – incluindo um desesperado anseio de encontrar um lugar para morar; por fim, Charles e Eugene unem-se através de diferenças tão gritantes que o tornam parecidos em impetuosas e desmedidas ações que nos arrancam boas risadas.

Todo o episódio é estruturado com solidez e funciona mesmo não apostando fichas em construções mais ambiciosas e arriscadas – e, considerando que estamos apenas no começo da temporada, essa jogada foi certeira na maioria dos aspectos e preparou terreno para as reviravoltas que irão acontecer e as novas pistas que serão entregues ao público. Em suma, Only Murders in the Building entrega mais uma semana de alta qualidade aos fãs em um enredo que, ao contrário do que poderíamos imaginar, é focado mais na humanidade de seus personagens do que nos arquétipos que representam no conjunto completo da obra.

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