domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Era de Ouro – A Biografia do Produtor Que Lançou KISS e Donna Summer

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Sabe aquele quarteto mascarado de Nova York que toca um rock’n roll pesado há quase cinquenta anos? Sabe aquela jovem mulher preta cuja voz, afinadíssima, conquistou as pistas de dança entre o fim da década de 1970 e o início da década de 1980? Sabe aquele grupo de cantores dançarinos que se vestiam com roupas de profissões diferentes e cantavam uma música com uma sigla que, toda vez que toca numa festa, todo mundo se levanta para dançar? Estamos falando do Kiss, da Donna Summer, do Village People – entre outros. O que todos eles têm em comum é um nome, um produtor musical que ajudou a lançá-los no cenário. E é a história desse homem que chega a partir dessa semana nos cinemas brasileiros, com um filme ‘A Era de Ouro’.



Neil Bogart (Jeremy Jordan) nem sempre teve esse nome. Nascido no Brooklyn, em Nova York, o jovem rapaz cresceu vendo o pai se endividar e apanhar por isso – é justamente por essa razão que quer sair dali e ter uma vida melhor. Neil começa a vida fazendo breve sucesso como cantor, muito por conta da sua visão de marketing, que o permitiu ganhar de Elvis Presley em um concurso local. Assim ele consegue, junto com seu sócio Cecil (Jay Pharoah), abrir a gravadora independente Casablanca Records. Seu senso para negócios e seu bom ouvido foi capaz de detectar talento em grupos e cantores que ouvimos até hoje, porém a trajetória e a demora para que esses mesmos talentos de fato estourassem na mídia se misturou com a vida pessoal de Neil, ao ponto de ambas as áreas de sua vida estarem tão intrinsecamente emaranhadas, que foi impossível separar as coisas.

Com pouco mais de duas horas de duração ‘A Era de Ouro’ cria um bocado de expectativa, mas o filme escrito e dirigido por Timothy Scott Bogart (filho do biografado) é basicamente uma cinebiografia do cara por trás do sucesso. Ou seja, não é tanto a história do Kiss, do Village People, da Donna Summer ou de qualquer outro artista – eles estão lá, mas de maneira periférica; o foco do filme é contar a vida desse cara, que particularmente ninguém aqui no Brasil conhece, mas que foi, sim, o responsável pelo sucesso nas carreiras dos artistas acima mencionados e outros tantos.

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Isto dito, é um tanto frustrante ver no pôster e no trailer tanta menção a esses artistas, e na hora do vamos ver do filme, eles aparecerem tão pouco. O roteiro intercala depoimentos do Neil da ficção quebrando a quarta parede, falando diretamente com o espectador, numa pegada meio documental, comentando e anunciando os episódios da sua vida; dessa forma, os pontos negativos de sua trajetória, por exemplo, são analisados de forma que o personagem tem o espaço para se defender perante o espectador antes que nós o julguemos. Alternando esses depoimentos constantes está a construção narrativa da trajetória da Casablanca, que, por sua vez, também se intercala com flashbacks do passado de Neil. Assim, a frequência com que o protagonista defende suas ações para a gente acaba quebrando o ritmo do filme.

A Era de Ouro’ é um filme que atrai quem curte cinebiografias e o mundo musical, de modo a conhecer a vida pessoal, entre altos e baixos, desse cara comum que fez de tudo para que hoje nós pudéssemos cantar todas essas músicas. Um projeto pessoal familiar dos filhos herdeiros de Neil, que ganha a distribuição internacional e pode atrair principalmente aos fãs do Kiss, que até hoje alimentam a banda com seu amor. Uma opção nos cinemas para o Dia dos Pais.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Neil Bogart (Jeremy Jordan) nem sempre teve esse nome. Nascido no Brooklyn, em Nova York, o jovem rapaz cresceu vendo o pai se endividar e apanhar por isso – é justamente por essa razão que quer sair dali e ter uma vida melhor. Neil começa a vida fazendo breve sucesso como cantor, muito por conta da sua visão de marketing, que o permitiu ganhar de Elvis Presley em um concurso local. Assim ele consegue, junto com seu sócio Cecil (Jay Pharoah), abrir a gravadora independente Casablanca Records. Seu senso para negócios e seu bom ouvido foi capaz de detectar talento em grupos e cantores que ouvimos até hoje, porém a trajetória e a demora para que esses mesmos talentos de fato estourassem na mídia se misturou com a vida pessoal de Neil, ao ponto de ambas as áreas de sua vida estarem tão intrinsecamente emaranhadas, que foi impossível separar as coisas.

Com pouco mais de duas horas de duração ‘A Era de Ouro’ cria um bocado de expectativa, mas o filme escrito e dirigido por Timothy Scott Bogart (filho do biografado) é basicamente uma cinebiografia do cara por trás do sucesso. Ou seja, não é tanto a história do Kiss, do Village People, da Donna Summer ou de qualquer outro artista – eles estão lá, mas de maneira periférica; o foco do filme é contar a vida desse cara, que particularmente ninguém aqui no Brasil conhece, mas que foi, sim, o responsável pelo sucesso nas carreiras dos artistas acima mencionados e outros tantos.

Isto dito, é um tanto frustrante ver no pôster e no trailer tanta menção a esses artistas, e na hora do vamos ver do filme, eles aparecerem tão pouco. O roteiro intercala depoimentos do Neil da ficção quebrando a quarta parede, falando diretamente com o espectador, numa pegada meio documental, comentando e anunciando os episódios da sua vida; dessa forma, os pontos negativos de sua trajetória, por exemplo, são analisados de forma que o personagem tem o espaço para se defender perante o espectador antes que nós o julguemos. Alternando esses depoimentos constantes está a construção narrativa da trajetória da Casablanca, que, por sua vez, também se intercala com flashbacks do passado de Neil. Assim, a frequência com que o protagonista defende suas ações para a gente acaba quebrando o ritmo do filme.

A Era de Ouro’ é um filme que atrai quem curte cinebiografias e o mundo musical, de modo a conhecer a vida pessoal, entre altos e baixos, desse cara comum que fez de tudo para que hoje nós pudéssemos cantar todas essas músicas. Um projeto pessoal familiar dos filhos herdeiros de Neil, que ganha a distribuição internacional e pode atrair principalmente aos fãs do Kiss, que até hoje alimentam a banda com seu amor. Uma opção nos cinemas para o Dia dos Pais.

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