A maior expressão da liberdade de nossa parte, é quando respeitamos o direito à liberdade dos outros. Chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (23), o polêmico documentário, dirigido pela dupla Raphael Bottini e Peppe Siffredi, A Viagem de Yoani. Construindo um computador sozinha, comprando peças no mercado clandestino nas periferias de Cuba, a jovem protagonista se tornou rapidamente um sucesso da rede mundial de computadores. Seu site, Geração Y, é traduzido para 20 países e hoje é considerada por pesquisas como uma das mulheres mais influentes do mundo.
Com belíssimas imagens da eterna ilha de Fidel, o documentário conta um pouco sobre a história da cubana Yoani Sanchez e sua conturbada visita ao Brasil depois de anos sem poder sair da ilha onde nasceu. Somos jogados em um mundo cubano de anos atrás com várias curiosidades, como: o acesso à internet nos hotéis, uma das poucas formas de contato de liberdade do povo com o mundo. Um país tão controlador, ter um blog e expressar sua opinião é algo que gera um certo medo mas Yoani era movida pela vontade de contar ao mundo a sua visão da história cubana nas últimas décadas. Mas ao longo dos curtos 75 minutos, outros argumentos são apresentados e colocam em xeque a credibilidade dessa celebridade da internet mundial.
Quando a protagonista desembarca no Brasil, muitos manifestantes a favor de Fidel fazem protestos calorosos por onde ela passa. Um copo cheio de insatisfações com o totalitarismo de Fidel e Cia são um dos grandes focos de Yoani na maioria de seus textos. Militantes, alguns obviamente movidos por motivos duvidosos, pois, deixam claros em depoimentos curtos ao longo do filme que nunca visitaram e viram as realidades de Cuba, fazem protestos que se seguram na linha tênue entre a violência verbal e a física. Esses intensos relatos são as partes mais tensas deste excelente documentário.
O filme é uma grande mesa de debates, apresenta argumentos a favor e contra Yoani. O público é munido de pensamentos, situações e teorias, chegando a diversas conclusões que podem ir variando conforme os minutos de projeção passam. Essa imparcialidade com o tema, eleva a qualidade deste trabalho que merece ser discutido e a discussão ampliada em salas de aula e em universidades. Usar o cinema como forma de ensinar e formar a opinião crítica dos jovens é uma das coisas mais inteligentes que existem.