terça-feira, abril 30, 2024

Crítica | Abordando dilemas morais e hipocrisia, Carvão é uma OBRA-PRIMA do cinema brasileiro! [Festival do Rio 2022]

Um choque entre dois mundos é a combustão que nos leva para uma estrada de diversos conflitos e escolhas, onde o paradoxo entre a impulsividade e a premeditação vira um reflexo dilacerante da natureza humana. Escrito e dirigido pela cineasta paulista Carolina Markowicz (em seu primeiro longa-metragem), Carvão joga na tela contradições camufladas de dilemas morais e a hipocrisia do julgamento para os que chegam e para os que estão no epicentro dessa história ambientada em uma casa humilde no interior de nosso país. Surpreendente até seu último minuto, somos testemunhas de mais uma grande obra do cinema brasileiro.

Na trama, exibida nos importantes Festivais de Toronto e San Sebastian, conhecemos Irene (Maeve Jinkings), uma mulher que vive com o marido (Rômulo Braga), o filho Jean (Jean de Almeida Costa) e o pai (esse já em estado bastante debilitado) em uma cidade isolada dos grandes centros, no interior do Brasil. A família vive uma vida simples onde a falta de dinheiro é algo frequente. Certo dia, uma mulher aparece com uma proposta inusitada, que consiste na família hospedar um misterioso visitante internacional chamado Miguel (César Bordón), em troca de uma boa quantia de dinheiro. Eles topam. Assim, se seguem dias de muitos conflitos, onde vamos entendendo melhor cada um desses personagens.

Há um raio-x intrigante sobre alguns personagens. Todos tem conflitos, e esses são muito bem aprofundados. Tem a esposa, religiosa, mãe, que começa a perceber uma mudança de comportamento no marido infiel, além de agir conforme o que acredita sobre a situação de seu pai. Tem o esposo, um acomodado, que vive de bicos, que vê na bolada ganha uma oportunidade de se desligar do mundo e agradar o seu verdadeiro amor. Temos o estrangeiro e sua fuga para bem longe dos grandes centros, mal sabia ele que a complexidade encontrada ali seria desafiante. Tem também a visão da criança sobre tudo que os adultos ao seu redor apresentam de exemplos. Essas sucessões de conflitos dos adultos nos levam para um olhar sobre a hipocrisia quase que frequentemente.

O sofrer pra dentro é uma característica marcante da protagonista Irene, interpretada por uma das grandes atrizes do nosso cinema, Maeve Jinkings. Nas tomadas de decisões mais chocantes que assistimos, Irene dribla qualquer compaixão, esconde as dores, busca de propósito não enxergar as verdades que sente. Nessa estrada de emoções não explícitas, isoladas, tudo que faz parte vira imprevisível. Irene marca seu nome como uma das personagens mais intrigantes dos últimos anos no cinema brasileiro.

Os acontecimentos marcantes são inúmeros, alguns destacados por dilemas morais. O roteiro parece abrir estradas na sua trajetória onde nos perguntamos a todo instante: o que vai acontecer na próxima cena?! As reflexões chegam por todos os lados, as cenas chocantes misturam um leque de descobertas sobre mais da personalidade dos envolvidos. Carolina Markowicz cria uma fórmula que explora até o último segundo o agir, o pensar e o sentir.

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