quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Amor e Gelato – Romance Teen da Netflix é Tão Ruinzinho, que nem as Paisagens da Itália Salvam…

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Tem uma coisa que todo fã de livro sabe: não devemos nos apegar a um livro do qual gostamos muito, pois, caso os direitos autorais sejam vendidos, corremos o risco de nos decepcionarmos se a coisa não for bem-feita. E não são poucos os exemplos de grandes histórias que ganharam o formato audiovisual em projetos truncados. Infelizmente, ‘Amor e Gelato’, lançado pela Netflix nessas férias, é mais um exemplo que recai nessa vasta lista de produções mal adaptadas.



Lina (Susanna Skaggs) é uma jovem adolescente que acaba de terminar a escola, ao mesmo tempo em que perdeu a mãe para um câncer. Sozinha no mundo, ela decide fazer a última vontade de sua mãe: ir para a Itália, refazendo os passos que sua própria mãe fizera quando era jovem. A contragosto – uma vez que Lina é uma jovem introvertida que só quer saber de ler e nunca teve muita vida social – ela faz a viagem à Itália, na esperança de conhecer um pouco mais essa mãe. Entretanto, uma vez lá, lhe é entregue o diário de viagem de sua genitora, e ela começa a descobrir paralelos entre sua própria experiência na viagem e à de sua mãe, especialmente no quesito amoroso.

Baseado no livro homônimo de Jenna Evans Welch, ‘Amor e Gelato’ é desses filmes de romance adolescente que tenta trazer uma vibe meio ‘Sob o Sol da Toscana’ mas o resultado é um apanhadão de situações desconexas e de continuidade frágil, que exigem que o espectador pule etapas da história e simplesmente aceite as ações dos personagens sem questionar. O típico erro de um roteiro que quer adaptar um livro sem se preocupar que um longa-metragem tem outro formato, e, portanto, não pode simplesmente pegar a história e filmá-la, sem desenvolver um contexto que otimize o enredo a caber em uma hora e meia de filme. Resultado da falta de experiência de Brandon Camp, que, embora seja responsável pelo sucesso ‘O Mistério da Libélula’ (2002), não demonstra ter domínio em adaptações literárias para o audiovisual.

O mesmo vale para Brandon Camp como diretor desse projeto, cujo resultado comprova que o diretor não orientou seus atores a demonstrarem sentimentos e expressões condizentes com o que os personagens deveriam estar sentindo. Pensando que a faixa etária desse elenco deveria ser entre os dezoito e vinte e poucos anos, fica esquisito ver os atores interpretando esteticamente esses personagens com ares e desenvoltura de trinta e poucos. Além disso, o envolvimento da protagonista com os dois gatinhos que irão disputar seu coração – o ricaço Lorenzo (Tobia De Angelis) e o cozinheiro Alessandro (Saul Nanni) – é tão superficial, tão sem profundidade, que é impossível ao espectador criar qualquer conexão com eles, que dirá torcer pelo final feliz.

O livro ‘Amor e Gelato’ fez sucesso entre os leitores jovens, mas sua adaptação fílmica é um completo fiasco. Nem mesmo o fato de ter sido filmado na Itália é um ponto positivo, pois são poucas as cenas de plano aberto ou gravadas em pontos turísticos, resumindo-se quase a apenas cenas de transição de estátuas. Ou seja, ‘Amor e Gelato’ é desses exemplos que é melhor ler o livro que ver o filme.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Lina (Susanna Skaggs) é uma jovem adolescente que acaba de terminar a escola, ao mesmo tempo em que perdeu a mãe para um câncer. Sozinha no mundo, ela decide fazer a última vontade de sua mãe: ir para a Itália, refazendo os passos que sua própria mãe fizera quando era jovem. A contragosto – uma vez que Lina é uma jovem introvertida que só quer saber de ler e nunca teve muita vida social – ela faz a viagem à Itália, na esperança de conhecer um pouco mais essa mãe. Entretanto, uma vez lá, lhe é entregue o diário de viagem de sua genitora, e ela começa a descobrir paralelos entre sua própria experiência na viagem e à de sua mãe, especialmente no quesito amoroso.

Baseado no livro homônimo de Jenna Evans Welch, ‘Amor e Gelato’ é desses filmes de romance adolescente que tenta trazer uma vibe meio ‘Sob o Sol da Toscana’ mas o resultado é um apanhadão de situações desconexas e de continuidade frágil, que exigem que o espectador pule etapas da história e simplesmente aceite as ações dos personagens sem questionar. O típico erro de um roteiro que quer adaptar um livro sem se preocupar que um longa-metragem tem outro formato, e, portanto, não pode simplesmente pegar a história e filmá-la, sem desenvolver um contexto que otimize o enredo a caber em uma hora e meia de filme. Resultado da falta de experiência de Brandon Camp, que, embora seja responsável pelo sucesso ‘O Mistério da Libélula’ (2002), não demonstra ter domínio em adaptações literárias para o audiovisual.

O mesmo vale para Brandon Camp como diretor desse projeto, cujo resultado comprova que o diretor não orientou seus atores a demonstrarem sentimentos e expressões condizentes com o que os personagens deveriam estar sentindo. Pensando que a faixa etária desse elenco deveria ser entre os dezoito e vinte e poucos anos, fica esquisito ver os atores interpretando esteticamente esses personagens com ares e desenvoltura de trinta e poucos. Além disso, o envolvimento da protagonista com os dois gatinhos que irão disputar seu coração – o ricaço Lorenzo (Tobia De Angelis) e o cozinheiro Alessandro (Saul Nanni) – é tão superficial, tão sem profundidade, que é impossível ao espectador criar qualquer conexão com eles, que dirá torcer pelo final feliz.

O livro ‘Amor e Gelato’ fez sucesso entre os leitores jovens, mas sua adaptação fílmica é um completo fiasco. Nem mesmo o fato de ter sido filmado na Itália é um ponto positivo, pois são poucas as cenas de plano aberto ou gravadas em pontos turísticos, resumindo-se quase a apenas cenas de transição de estátuas. Ou seja, ‘Amor e Gelato’ é desses exemplos que é melhor ler o livro que ver o filme.

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