sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | Amor nas Alturas – Quando a Síndrome do Impostor Ganha sua Própria Série Musical

Você já ouviu as vozes da sua cabeça hoje? Sim, aquelas que constantemente ficam te dizendo que você não é bom o suficiente, que essa ideia não vai dar certo, que determinado plano não é bom, que ninguém gosta de você: em suma, que você não vai conseguir. Sabe, essas vozes que costumam aparecer quando a gente menos espera – especialmente quando estamos prestes a dar um grande passo em nossas vidas – e que acabam minando todo e qualquer tipo de migalha de autoconfiança que possa existir dentro da gente. Isso tem um nome, e os estudos de psicologia a chamam de Síndrome do Impostor. Em níveis elevados podem acabar paralisando a pessoa socialmente, e estudos mais minuciosos podem comprovar que esta síndrome foi e é capaz de destruir diversas relações interpessoais. É exatamente este o foco da nova série musical da Star+, intitulada ‘Amor nas Alturas’.

Quando jovem, Lindsay (Mae Whitman, mais conhecida por seu trabalho como dubladora) achava que era importante dizer tudo o que pensava. Numa brincadeira de verdade ou consequência com sua então melhor amiga, Celeste (Sophia Hammons), ela acaba revelando uma fantasia íntima, e a garota espalha para toda a escola, causando um trauma em Lindsay. Anos se passam, Lindsay vive hoje uma vida mecânica com seu atual namorado, Ned (George Hampe), tendo abandonado todos os seus sonhos porque, desde este trauma da infância, as vozes em sua cabeça não a permite arriscar em sua vida. Porém, após ganhar um concurso literário de uma livraria em Nova Iorque, Lindsay decide, num ato de coragem, largar tudo e se mudar para a Big Apple, para se tornar uma verdadeira escritora. Mas, na nova cidade, ela conhecerá Miguel (o ator colombiano Carlos Valdes), que, além de gatinho, parece ouvir as mesmas vozes que ela.

A série logo de cara desperta a atenção do espectador com o seu cartaz, onde lemos “do mesmo diretor de ‘Hamilton’ (Thomas Kail) e do mesmo roteirista de ‘tick tick… BOOM!” (Steven Levenson), ou seja, dois grandes sucessos musicais recentes, o que certificaria ‘Amor nas Alturas’ como uma série de potencial sucesso. Mas o que vemos ao longo dos oito episódios de quarenta e poucos minutos cada é um conflito entre o desenvolvimento narrativo e a inserção (às vezes anticlímax) de canções para que os protagonistas possam resolver suas ansiedades no acostamento narrativo. de um modo geral as músicas não são tão cativantes, e talvez colabore para isso o fato de elas basicamente serem cantadas pelas tais vozes nas cabeças, que funcionam como antagonistas no enredo.

O casal protagonista, enquanto o casal, fica devendo na afinidade, embora sejam cantores afiados. A protagonista Lindsay parece trabalhar o tempo todo contra si mesma e contra o rapaz de quem gosta, o que dificulta a nossa conexão como espectador. Em contrapartida, Miguel é um rapaz fofo, carismático e que rouba o holofote justamente por fazer esse contraponto com a protagonista chatinha. Apesar disso, o que é mais legal na série é ela acontecer no ano de 1999, ou seja, às vésperas do apocalipse cibernético que ameaçou zerar o calendário mundial, as contas bancárias e todas as informações nos computadores. Com o aspecto de fim de o mundo o tempo todo pairando sobre a cabeça das pessoas, é compreensível imaginar o impulso e o desespero de determinadas ações cometidas pelos personagens, afinal, o mundo está prestes a acabar.

Com uma ideia interessante, uma Nova Iorque não convencional de pano de fundo e um desenvolvimento conflitante, ‘Amor nas Alturas’ é uma série que tinha bastante potencial, mas que entrega um resultado abaixo do esperado nesta primeira temporada. Agora é esperar que com a virada do milênio a nova temporada entregue mais conexão enquanto comédia romântica musical.

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