domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Aruanas – 2ª Temporada ESCANCARA a Corrupção nas Políticas Ambientais

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A primeira temporada de ‘Aruanas’ – produzida em 2019 e que chegou em primeira mão aos assinantes da Globoplay no primeiro semestre de 2020 e só foi exibida ao público geral no final daquele ano, em TV aberta – trouxe a história de três amigas ativistas que dedicavam suas vidas em prol de defender o meio-ambiente. Passado na floresta Amazônica, a locação daquela primeira temporada era um dos grandes chamarizes da série, pois toda vez que uma cena mostrava a realidade ribeirinha da região norte, o público do resto do país (tão distante da realidade da região) tinha a oportunidade de se aproximar dos dramas e dilemas vividos por aquela população. Já a segunda temporada, que chegou aos assinantes da Globoplay no final de 2021, mudou a geografia da trama, ganhando um tom mais político dessa vez.



Sentindo-se traída por sua ex-amiga Verônica (Taís Araújo), Natalie (Débora Falabella) tenta seguir tocando a Aruanas junto com sua melhor amiga, Luiza (Leandra Leal). O problema é que a ausência da advogada Verônica na ong está fazendo muita diferença, pois por isso elas precisaram fazer uma parceria com Theo (Daniel Oliveira), advogado filho de um importante político, o que deixa Luiza desconfortável com essa dependência com uma pessoa desconhecida. Quando Natalie é chamada a conhecer a cidade de Arapós, a convite do melhor prefeito do país, Enzo (Lázaro Ramos), e presencia o protesto suicida de um homem (Lima Duarte), as Aruanas começam a traçar um paralelo entre a perfeição da cidade-modelo e a PEC trilionária que os políticos estão tentando fazer passar em Brasília, e elas vão fazer de tudo para desmascarar os envolvidos.

Criado por Marcos Nisti e Estela Renner, a segunda temporada de ‘Aruanas’ se distancia do ambiente selvático e se volta para a cidade. Ainda que siga tratando da questão do meio-ambiente, a série perde seu diferencial ao sair do Amazonas e se localizar na cidade fictícia de Arapós, no interior de São Paulo, concentrando seu conflito na questão da corrupção no ambiente político e no quanto essas jogadas internalizadas entre deputados e senadores ditam quem pode ou não destruir a natureza.

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Em se tratando de um thriller político-ambiental, é natural que esses elementos participem do enredo da série, mas ao colocar a temática em segundo plano e novamente centrar o andamento da trama a partir dos conflitos pessoais das protagonistas, a trama demora a se desenrolar; quando aborda a parte importante da história (o desmatamento, a poluição, a corrupção), o faz tão didaticamente, em diálogos tão frenéticos, que o espectador encontra dificuldade de acompanhar os números.

São bem criativas as soluções encontradas pelos diretores André Filipe Binder e Mariana Richard para as gravações durante a pandemia, trazendo uma pegada mais dramatúrgica à série, voltando-a mais para o político ambiental do que para o thriller. A inserção de novos personagens e rostinhos conhecidos do público ajudam a abrilhantar a série, cujo objetivo é de extrema relevância e deveria ser exibido em horário nobre da Globo junto com a campanha de marketing voltada para os assinantes da plataforma. Com uma segunda temporada conduzida por CPIs e denúncias, ‘Aruanas’ traça um retrato de um Brasil contemporâneo que mesmo 500 anos depois, segue despertando a cobiça e a ganância dos homens no poder.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A primeira temporada de ‘Aruanas’ – produzida em 2019 e que chegou em primeira mão aos assinantes da Globoplay no primeiro semestre de 2020 e só foi exibida ao público geral no final daquele ano, em TV aberta – trouxe a história de três amigas ativistas que dedicavam suas vidas em prol de defender o meio-ambiente. Passado na floresta Amazônica, a locação daquela primeira temporada era um dos grandes chamarizes da série, pois toda vez que uma cena mostrava a realidade ribeirinha da região norte, o público do resto do país (tão distante da realidade da região) tinha a oportunidade de se aproximar dos dramas e dilemas vividos por aquela população. Já a segunda temporada, que chegou aos assinantes da Globoplay no final de 2021, mudou a geografia da trama, ganhando um tom mais político dessa vez.

Sentindo-se traída por sua ex-amiga Verônica (Taís Araújo), Natalie (Débora Falabella) tenta seguir tocando a Aruanas junto com sua melhor amiga, Luiza (Leandra Leal). O problema é que a ausência da advogada Verônica na ong está fazendo muita diferença, pois por isso elas precisaram fazer uma parceria com Theo (Daniel Oliveira), advogado filho de um importante político, o que deixa Luiza desconfortável com essa dependência com uma pessoa desconhecida. Quando Natalie é chamada a conhecer a cidade de Arapós, a convite do melhor prefeito do país, Enzo (Lázaro Ramos), e presencia o protesto suicida de um homem (Lima Duarte), as Aruanas começam a traçar um paralelo entre a perfeição da cidade-modelo e a PEC trilionária que os políticos estão tentando fazer passar em Brasília, e elas vão fazer de tudo para desmascarar os envolvidos.

Criado por Marcos Nisti e Estela Renner, a segunda temporada de ‘Aruanas’ se distancia do ambiente selvático e se volta para a cidade. Ainda que siga tratando da questão do meio-ambiente, a série perde seu diferencial ao sair do Amazonas e se localizar na cidade fictícia de Arapós, no interior de São Paulo, concentrando seu conflito na questão da corrupção no ambiente político e no quanto essas jogadas internalizadas entre deputados e senadores ditam quem pode ou não destruir a natureza.

Em se tratando de um thriller político-ambiental, é natural que esses elementos participem do enredo da série, mas ao colocar a temática em segundo plano e novamente centrar o andamento da trama a partir dos conflitos pessoais das protagonistas, a trama demora a se desenrolar; quando aborda a parte importante da história (o desmatamento, a poluição, a corrupção), o faz tão didaticamente, em diálogos tão frenéticos, que o espectador encontra dificuldade de acompanhar os números.

São bem criativas as soluções encontradas pelos diretores André Filipe Binder e Mariana Richard para as gravações durante a pandemia, trazendo uma pegada mais dramatúrgica à série, voltando-a mais para o político ambiental do que para o thriller. A inserção de novos personagens e rostinhos conhecidos do público ajudam a abrilhantar a série, cujo objetivo é de extrema relevância e deveria ser exibido em horário nobre da Globo junto com a campanha de marketing voltada para os assinantes da plataforma. Com uma segunda temporada conduzida por CPIs e denúncias, ‘Aruanas’ traça um retrato de um Brasil contemporâneo que mesmo 500 anos depois, segue despertando a cobiça e a ganância dos homens no poder.

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