segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | As Marvels tem potencial como comédia de ação, mas se perde com roteiro instável e desajeitado

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Os devaneios juvenis de Kamala Khan nos primeiros minutos de As Marvels anunciavam o que prometia ser uma divertida e pueril comédia de ação, energizada por acrobacias mirabolantes e efeitos visuais surreais, naturais do fator “super” que sempre acompanha as adaptações de quadrinhos de heróis. Em poucos instantes, esse fantasioso e colorido universo da carismática adolescente ganha novas dimensões diante dos nossos olhos, se dilacerando e se expandindo em uma eletrizante e frenética sequência de ação, onde espaço e tempo insistem em se colidir, à medida em que também chamam a nossa atenção.



Com um ato de abertura ambicioso e extremamente divertido, As Marvels chega aos cinemas sob uma expectativa baixa, mas que – surpreendentemente- cresce rapidamente diante da clássica magia Marvel que toma conta da tela e da nossa atenção. Trabalhando bem a dinâmica entre Carol Danvers, Kamala e Monica Rambeau, Nia DaCosta soube alinhá-las de maneira que seus arcos fizessem sentido quando interconectados. Mas embora seu esqueleto narrativo seja coerente e eficaz, a diretora e co-roteirista se perde em sua imensidão de ideias e faz do novo longa do MCU uma mistura confusa de gêneros que não conversam entre si.

Tentando unir a ação à comédia e ao drama, DaCosta tenta inovar na Marvel Studios ao acrescentar um toque de musical como uma espécie de alívio cômico narrativo. Mas sem qualquer conexão realmente eficaz com a trama central, a teatralidade expressa em duas canções originais (uma delas ainda cantada pela própria Brie Larson) fica à deriva, como um corte solto e perdido dentro do filme. E isso é uma evidência clara da falta de sinergia narrativa do longa. Tentando navegar por diversos gêneros, a cineasta estreia no MCU com boas intenções, mas não sabe muito bem como executá-las. E esse é um dos maiores problemas de As Marvels.

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Feito de recortes que ora são puro comédia infanto-juvenil e ora migram abruptamente para o drama, a aguardada sequência de Capitã Marvel carece de harmonia e equilíbrio. Seus takes divertidos e engraçados funcionam isoladamente, mas se perdem dentro do conjunto da obra. Com dificuldade de focar sua trama, a diretora tenta abraçar diversas abordagens, mas nunca entrega nada por completo. A falta de foco no texto e no formato narrativo fazem do segundo ato uma miscelânea boba, que só não compromete toda a experiência da audiência em virtude da impecável dinâmica entre Brie Larson, Teyonah Parris e Iman Vellani.

Com um engajamento excelente, o trio de atrizes flui ao longo da trama e nos convence da inevitável amizade nascida entre elas. Aqui, Larson se redime do primeiro filme e lapida sua caracterização de Carol Danvers. Mantendo as características cruciais da personagem, ela acrescenta uma leveza admirável, regada por uma sensibilidade e feminilidade que tornam a heroína um deleite de se assistir em tela. Carismática como jamais a vimos no MCU, ela lidera o filme com tranquilidade e divide nossa atenção com a talentosa Iman, que faz da Kamala um dos melhores aspectos do filme.

Beirando o alívio cômico, a heroína adolescente pode não ser a favorita de alguns fãs, mas sabe dominar as cenas que protagoniza com seu deslumbramento diante do universo que está adentrando. E seguindo esse fascínio muito bem trabalhado por Iman, Nia DaCosta tenta fazer de As Marvels uma comédia de ação teen, mas peca por não seguir nessa proposta até os instantes finais. Se furtando da oportunidade de trabalhar o humor e a ação como inicialmente havia se proposto, ela se priva da chamce de redenção que a Marvel Studios tanto precisava em 2023. Por querer fazer demais, ela acaba entregando bem menos.

Com uma vilã com motivações tão comuns como a de tantos outros do passado da Marvel e da DC, a nova iteração da Disney infelizmente não honra as expectativas que facilmente alimenta em seus primeiros minutos e gradativamente nos perde ao longo de suas quase duas horas de filme. Uma experiência incompleta que pouco nos entrega, As Marvels é mais um filme que não honra o legado de anos construído por Kevin Feige e por seu exército de diretores e roteiristas da era de ouro do MCU. Como um prenúncio de um futuro impreciso e arriscado, a adaptação dos quadrinhos não carrega em si um horizonte muito animador para os fãs do gênero. Mas prometendo também resgatar o saudoso passado dos anos 2000, ela e a Marvel Studios lutam – com unhas e garras – para trazer de volta o frenesi que marcou uma poderosa década nos cinemas.

Confira a crítica em vídeo:

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Os devaneios juvenis de Kamala Khan nos primeiros minutos de As Marvels anunciavam o que prometia ser uma divertida e pueril comédia de ação, energizada por acrobacias mirabolantes e efeitos visuais surreais, naturais do fator “super” que sempre acompanha as adaptações de quadrinhos de heróis. Em poucos instantes, esse fantasioso e colorido universo da carismática adolescente ganha novas dimensões diante dos nossos olhos, se dilacerando e se expandindo em uma eletrizante e frenética sequência de ação, onde espaço e tempo insistem em se colidir, à medida em que também chamam a nossa atenção.

Com um ato de abertura ambicioso e extremamente divertido, As Marvels chega aos cinemas sob uma expectativa baixa, mas que – surpreendentemente- cresce rapidamente diante da clássica magia Marvel que toma conta da tela e da nossa atenção. Trabalhando bem a dinâmica entre Carol Danvers, Kamala e Monica Rambeau, Nia DaCosta soube alinhá-las de maneira que seus arcos fizessem sentido quando interconectados. Mas embora seu esqueleto narrativo seja coerente e eficaz, a diretora e co-roteirista se perde em sua imensidão de ideias e faz do novo longa do MCU uma mistura confusa de gêneros que não conversam entre si.

Tentando unir a ação à comédia e ao drama, DaCosta tenta inovar na Marvel Studios ao acrescentar um toque de musical como uma espécie de alívio cômico narrativo. Mas sem qualquer conexão realmente eficaz com a trama central, a teatralidade expressa em duas canções originais (uma delas ainda cantada pela própria Brie Larson) fica à deriva, como um corte solto e perdido dentro do filme. E isso é uma evidência clara da falta de sinergia narrativa do longa. Tentando navegar por diversos gêneros, a cineasta estreia no MCU com boas intenções, mas não sabe muito bem como executá-las. E esse é um dos maiores problemas de As Marvels.

Feito de recortes que ora são puro comédia infanto-juvenil e ora migram abruptamente para o drama, a aguardada sequência de Capitã Marvel carece de harmonia e equilíbrio. Seus takes divertidos e engraçados funcionam isoladamente, mas se perdem dentro do conjunto da obra. Com dificuldade de focar sua trama, a diretora tenta abraçar diversas abordagens, mas nunca entrega nada por completo. A falta de foco no texto e no formato narrativo fazem do segundo ato uma miscelânea boba, que só não compromete toda a experiência da audiência em virtude da impecável dinâmica entre Brie Larson, Teyonah Parris e Iman Vellani.

Com um engajamento excelente, o trio de atrizes flui ao longo da trama e nos convence da inevitável amizade nascida entre elas. Aqui, Larson se redime do primeiro filme e lapida sua caracterização de Carol Danvers. Mantendo as características cruciais da personagem, ela acrescenta uma leveza admirável, regada por uma sensibilidade e feminilidade que tornam a heroína um deleite de se assistir em tela. Carismática como jamais a vimos no MCU, ela lidera o filme com tranquilidade e divide nossa atenção com a talentosa Iman, que faz da Kamala um dos melhores aspectos do filme.

Beirando o alívio cômico, a heroína adolescente pode não ser a favorita de alguns fãs, mas sabe dominar as cenas que protagoniza com seu deslumbramento diante do universo que está adentrando. E seguindo esse fascínio muito bem trabalhado por Iman, Nia DaCosta tenta fazer de As Marvels uma comédia de ação teen, mas peca por não seguir nessa proposta até os instantes finais. Se furtando da oportunidade de trabalhar o humor e a ação como inicialmente havia se proposto, ela se priva da chamce de redenção que a Marvel Studios tanto precisava em 2023. Por querer fazer demais, ela acaba entregando bem menos.

Com uma vilã com motivações tão comuns como a de tantos outros do passado da Marvel e da DC, a nova iteração da Disney infelizmente não honra as expectativas que facilmente alimenta em seus primeiros minutos e gradativamente nos perde ao longo de suas quase duas horas de filme. Uma experiência incompleta que pouco nos entrega, As Marvels é mais um filme que não honra o legado de anos construído por Kevin Feige e por seu exército de diretores e roteiristas da era de ouro do MCU. Como um prenúncio de um futuro impreciso e arriscado, a adaptação dos quadrinhos não carrega em si um horizonte muito animador para os fãs do gênero. Mas prometendo também resgatar o saudoso passado dos anos 2000, ela e a Marvel Studios lutam – com unhas e garras – para trazer de volta o frenesi que marcou uma poderosa década nos cinemas.

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