quarta-feira , 18 dezembro , 2024

Crítica | As Múmias e o Anel Perdido é uma aventura de animação dispensável

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Desde que o mundo começou a questionar e a pedir novas representações e representatividade nas produções audiovisuais as produtoras começaram (aos poucos, é verdade) a ouvir esses pedidos e, muitas vezes, a repensar seus roteiros e produções em andamento. Assim, nos últimos anos, temos tido lançamentos, tanto nos cinemas quanto nos streamings, de filmes e séries sobre culturas diversas, com equipe ou elenco pertencente a essas culturas ou cujas construções narrativas tivessem uma preocupação maior em não estereotipar, rir ou diminuir essas culturas. Nesse esforço coletivo, tem havido erros e acertos, mas, acima de tudo, tem se demostrado um grande esforço de todos, o que sinaliza boa vontade, mesmo que não seja perfeito – ainda. 

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Nefer (na voz original de Eleanor Tomlinson) é uma princesa do reino das múmias, submerso ao mundo dos homens para protegê-las a todas, para que, desse modo, elas possam viver livremente. Seu pai, o Faraó (voz de Sean Bean), decide que é chegado o momento de casá-la, e, por isso, realiza um ritual de escolha do pretendido – que, acidentalmente, elege Thut (Joe Thomas), um ex-corredor de bigas cujo trauma do passado o impede de competir. Mesmo se sentindo obrigado a casar, os dois tentam uma solução diplomática, e Thut recebe a missão de guardar o anel de noivado para entregá-lo na época certa a Nefer. Porém, quando o ambicioso Lord Carnaby (Hugh Bonneville) descobre o túmulo vazio de uma múmia e, consequentemente, encontra o reino perdido das múmias vivas, a liberdade de todas as múmias do local ficará em risco, e Nefer e Thut deverão não só recuperar o anel perdido, mas também proteger a população.

Com uma hora e meia de duração, ‘As Múmias e o Anel Perdido’ estreia nos cinemas brasileiros a partir do final de semana pós-Carnaval como uma grande aposta da Warner em angariar o público que ainda está naquele período de transição, entre o fim das férias e a volta às aulas e também que não é tão criança, mas ainda não é tão adolescente assim. 

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Esteticamente bem feito, não passa despercebido, porém, o tom ocidental imprimido na narrativa do roteiro de Javier López Barreira e Jordi Gasull ressoando ao longo do enredo, mesmo que nos menores detalhes, que o talvez ao espectador menos crítico passe despercebido, mas que, porém, ao público que anda atento e exigente por narrativas representativas fica bem evidente. Exemplos ocorrem quando as múmias chegam a Londres e reconhecem o local como de grande prosperidade, comparando-o ao reino de Roma; quando Nefer, ao chegar numa apresentação teatral egípcia, pergunta qual colônia seria aquela; ou, acima de tudo, no tom de pele claro demais para múmias que se dizem egípcia – em épocas em que se retoma o tom de pele negro de Cleópatra, desenhar múmias egípcias com tom de pele claro e narizes finos é complicado… Por outro lado, é visível o esforço na construção desses personagens – dessa vez caracterizados com seus desenhos nos rostos. Dava para Juan Jesús Garcia Galocha, como diretor, ter repensado esses pontos.

Salvo este quesito, ‘As Múmias e o Anel Perdido’ é uma aventura de animação divertidinha e engraçada em alguns aspectos, bem-feita e antenada na garotada, com toques de Tik Tok e Just Dance. Uma opção para a garotada encerrar as férias no cinema.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Nefer (na voz original de Eleanor Tomlinson) é uma princesa do reino das múmias, submerso ao mundo dos homens para protegê-las a todas, para que, desse modo, elas possam viver livremente. Seu pai, o Faraó (voz de Sean Bean), decide que é chegado o momento de casá-la, e, por isso, realiza um ritual de escolha do pretendido – que, acidentalmente, elege Thut (Joe Thomas), um ex-corredor de bigas cujo trauma do passado o impede de competir. Mesmo se sentindo obrigado a casar, os dois tentam uma solução diplomática, e Thut recebe a missão de guardar o anel de noivado para entregá-lo na época certa a Nefer. Porém, quando o ambicioso Lord Carnaby (Hugh Bonneville) descobre o túmulo vazio de uma múmia e, consequentemente, encontra o reino perdido das múmias vivas, a liberdade de todas as múmias do local ficará em risco, e Nefer e Thut deverão não só recuperar o anel perdido, mas também proteger a população.

Com uma hora e meia de duração, ‘As Múmias e o Anel Perdido’ estreia nos cinemas brasileiros a partir do final de semana pós-Carnaval como uma grande aposta da Warner em angariar o público que ainda está naquele período de transição, entre o fim das férias e a volta às aulas e também que não é tão criança, mas ainda não é tão adolescente assim. 

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Esteticamente bem feito, não passa despercebido, porém, o tom ocidental imprimido na narrativa do roteiro de Javier López Barreira e Jordi Gasull ressoando ao longo do enredo, mesmo que nos menores detalhes, que o talvez ao espectador menos crítico passe despercebido, mas que, porém, ao público que anda atento e exigente por narrativas representativas fica bem evidente. Exemplos ocorrem quando as múmias chegam a Londres e reconhecem o local como de grande prosperidade, comparando-o ao reino de Roma; quando Nefer, ao chegar numa apresentação teatral egípcia, pergunta qual colônia seria aquela; ou, acima de tudo, no tom de pele claro demais para múmias que se dizem egípcia – em épocas em que se retoma o tom de pele negro de Cleópatra, desenhar múmias egípcias com tom de pele claro e narizes finos é complicado… Por outro lado, é visível o esforço na construção desses personagens – dessa vez caracterizados com seus desenhos nos rostos. Dava para Juan Jesús Garcia Galocha, como diretor, ter repensado esses pontos.

Salvo este quesito, ‘As Múmias e o Anel Perdido’ é uma aventura de animação divertidinha e engraçada em alguns aspectos, bem-feita e antenada na garotada, com toques de Tik Tok e Just Dance. Uma opção para a garotada encerrar as férias no cinema.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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