quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | ‘Atlas’, thriller sci-fi com Jennifer Lopez, é incrivelmente competente e divertido

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Jennifer Lopez não apenas encontrou sucesso no cenário musical, como causou um grande impacto no escopo cinematográfico ao estrelar produções diversas, desde comédias românticas como ‘A Sogra’ ou ‘Dança Comigo?’ até cinebiografias dramáticas como ‘Selena’ e ‘As Golpistas’. Entre altos e baixos, Lopez calcou uma carreira extremamente versátil que a colocou no centro dos holofotes por bastante tempo – e parece que 2024 vem se provando um ano de prolificidade considerável para a artista. Afinal, depois de ter dirigido e produzido um filme musical e um álbum intitulados ‘This Is Me… Now’, bem como uma obra documental sobre o processo de criação de ambos os projetos, ela também investiu esforços no ambicioso e aguardado thriller sci-fi Atlas.

Com estreia marcada para esta sexta-feira, 24 de maio, o longa-metragem apresenta Lopez como a personagem titular – uma analista de dados que segue de perto o revolucionário e mortal legado da mãe (interpretada por Lana Parrilla) que ocasionou uma revolta generalizada das inteligências artificiais, transformando-as em terroristas genocidas cujo único objetivo é exterminar a raça humana do planeta (ou, ao menos, subjugá-la a um poder maior). Unindo forças com uma equipe de forças especiais, ela se lança em uma jornada a outro planeta para encontrar uma IA renegada e rebelde chamada Harlan (Simu Liu), com o objetivo de destruí-la de uma vez por todas antes que seja tarde demais para o futuro da humanidade na Terra.



Como bem sabemos, produções originais da Netflix costumam nos deixar com um pé atrás – principalmente por renderem-se a clichês cansativos e a histórias tão familiares que chegam a ser esquecíveis. Logo, a hesitação para conferir o filme é apenas natural; porém, contrariando as pré-existentes expectativas, Atlas posa como uma divertida e competente aventura que, embora os múltiplos erros técnicos e alguns convencionalismos narrativos que são próprios do gênero tratado, cumprem com o prometido e arrancam uma das melhores atuações da carreira de Lopez. E, como se não bastasse, somos agraciados com um sólido e estelar elenco que inclui Sterling K. Brown, Mark Strong e uma participação em voz de Gregory James Cohan.

A estrutura imagética da obra é, de longe, inspirada por inúmeros videogames, seja na composição dos quadros, seja na saudosista “jornada do herói” proclamada em um universo futurista. É notável como a problemática das IAs, que já foi alvo de exploração em inúmeras produções das décadas passadas e, agora, recebe uma camada a mais em virtude de sua exponencial popularização, serve de base para um enredo singelo e que tenta unir, de certa maneira, a tecnologia e a humanidade em um lugar só. Atlas é uma misantropa abandonada pelo pai e que viu sua mãe ser assassinada por uma entidade eletrônica que se revoltou contra a própria criadora – e, por esse motivo, tem uma dificuldade imensurável de confiar em qualquer um.

Não é surpresa que um dos obstáculos enfrentados pela protagonista seja o fato dela depender de um traje mecha para sobreviver em um ambiente hostil e tóxico (o planeta onde Harlan se esconde) e, hora após hora, e se render a uma conexão neural para que eles se tornem um só. Aqui, os roteiristas Leo Sardarian e Aron Eli Coleite prezam por inflexões arquetípicas do existencialismo que fariam mais sentido dentro de um título menos mercadológico e mais intimista (como, por exemplo, ‘A Chegada’), apesar de fornecerem certa profundidade aos personagens. Todavia, percebemos que a dupla tem intenções ótimas de analisar os laços entre robôs e humanos através de uma interconexão que precisa ser simbiótica, e não destrutiva – e, por mais que demore, essa predileção se concretiza no ato de encerramento do filme.

Deixando os temas de lado, Brad Peyton fica a encargo da direção e presta homenagem a games como ‘Titanfall’, ‘Bioshock’ e ‘Destiny’ para fomentar uma mitologia mimética e nostálgica, emulando enquadramentos, fotografia e uma trajetória que se assemelha a fases de um jogo e coloca o espectador como membro ativo. Mas a paixão por essa modalidade artística é tamanha, que lidamos com efeitos visuais mal renderizados em diversas cenas e uma reciclagem de convencionalismos que torna a história um tanto quanto previsível – ainda que Peyton tente nos despistar com pistas falsas e foreshadowings propositalmente errôneos para causar impacto na reviravolta do terceiro bloco.

O elemento de maior sucesso é o elenco e as fortes atuações de Lopez, navegando em meio a traumas e a fantasmas do passado que nos são revelados sequência após sequência; Liu, enclausurado em um delicioso arquétipo vilanesco e clássico; e Cohan em uma performance ótima como a voz do traje IA que Atlas é forçada a colocar caso queira sobreviver no planeta onde Harlan se esconde – provocando risos honestos com quebras de expectativa bem colocadas e despretensiosas. Todavia, é um fato dizer que gostaríamos de ver mais de Parrilla no longa, considerando suas ótimas investidas artísticas nos últimos anos.

Atlas pode não fugir muito dos eixos no tocante ao cosmos da ficção científica e da ação, mas é um aprazível título para aproveitar no tempo livre e cumpre com o que promete ao se voltar para uma aventuresca e desafetada produção que nos instiga e nos envolve do começo ao fim.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Com estreia marcada para esta sexta-feira, 24 de maio, o longa-metragem apresenta Lopez como a personagem titular – uma analista de dados que segue de perto o revolucionário e mortal legado da mãe (interpretada por Lana Parrilla) que ocasionou uma revolta generalizada das inteligências artificiais, transformando-as em terroristas genocidas cujo único objetivo é exterminar a raça humana do planeta (ou, ao menos, subjugá-la a um poder maior). Unindo forças com uma equipe de forças especiais, ela se lança em uma jornada a outro planeta para encontrar uma IA renegada e rebelde chamada Harlan (Simu Liu), com o objetivo de destruí-la de uma vez por todas antes que seja tarde demais para o futuro da humanidade na Terra.

Como bem sabemos, produções originais da Netflix costumam nos deixar com um pé atrás – principalmente por renderem-se a clichês cansativos e a histórias tão familiares que chegam a ser esquecíveis. Logo, a hesitação para conferir o filme é apenas natural; porém, contrariando as pré-existentes expectativas, Atlas posa como uma divertida e competente aventura que, embora os múltiplos erros técnicos e alguns convencionalismos narrativos que são próprios do gênero tratado, cumprem com o prometido e arrancam uma das melhores atuações da carreira de Lopez. E, como se não bastasse, somos agraciados com um sólido e estelar elenco que inclui Sterling K. Brown, Mark Strong e uma participação em voz de Gregory James Cohan.

A estrutura imagética da obra é, de longe, inspirada por inúmeros videogames, seja na composição dos quadros, seja na saudosista “jornada do herói” proclamada em um universo futurista. É notável como a problemática das IAs, que já foi alvo de exploração em inúmeras produções das décadas passadas e, agora, recebe uma camada a mais em virtude de sua exponencial popularização, serve de base para um enredo singelo e que tenta unir, de certa maneira, a tecnologia e a humanidade em um lugar só. Atlas é uma misantropa abandonada pelo pai e que viu sua mãe ser assassinada por uma entidade eletrônica que se revoltou contra a própria criadora – e, por esse motivo, tem uma dificuldade imensurável de confiar em qualquer um.

Não é surpresa que um dos obstáculos enfrentados pela protagonista seja o fato dela depender de um traje mecha para sobreviver em um ambiente hostil e tóxico (o planeta onde Harlan se esconde) e, hora após hora, e se render a uma conexão neural para que eles se tornem um só. Aqui, os roteiristas Leo Sardarian e Aron Eli Coleite prezam por inflexões arquetípicas do existencialismo que fariam mais sentido dentro de um título menos mercadológico e mais intimista (como, por exemplo, ‘A Chegada’), apesar de fornecerem certa profundidade aos personagens. Todavia, percebemos que a dupla tem intenções ótimas de analisar os laços entre robôs e humanos através de uma interconexão que precisa ser simbiótica, e não destrutiva – e, por mais que demore, essa predileção se concretiza no ato de encerramento do filme.

Deixando os temas de lado, Brad Peyton fica a encargo da direção e presta homenagem a games como ‘Titanfall’, ‘Bioshock’ e ‘Destiny’ para fomentar uma mitologia mimética e nostálgica, emulando enquadramentos, fotografia e uma trajetória que se assemelha a fases de um jogo e coloca o espectador como membro ativo. Mas a paixão por essa modalidade artística é tamanha, que lidamos com efeitos visuais mal renderizados em diversas cenas e uma reciclagem de convencionalismos que torna a história um tanto quanto previsível – ainda que Peyton tente nos despistar com pistas falsas e foreshadowings propositalmente errôneos para causar impacto na reviravolta do terceiro bloco.

O elemento de maior sucesso é o elenco e as fortes atuações de Lopez, navegando em meio a traumas e a fantasmas do passado que nos são revelados sequência após sequência; Liu, enclausurado em um delicioso arquétipo vilanesco e clássico; e Cohan em uma performance ótima como a voz do traje IA que Atlas é forçada a colocar caso queira sobreviver no planeta onde Harlan se esconde – provocando risos honestos com quebras de expectativa bem colocadas e despretensiosas. Todavia, é um fato dizer que gostaríamos de ver mais de Parrilla no longa, considerando suas ótimas investidas artísticas nos últimos anos.

Atlas pode não fugir muito dos eixos no tocante ao cosmos da ficção científica e da ação, mas é um aprazível título para aproveitar no tempo livre e cumpre com o que promete ao se voltar para uma aventuresca e desafetada produção que nos instiga e nos envolve do começo ao fim.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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