domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica 2 | Avatar: O Caminho da Água – James Cameron entrega espetáculo visual em um museu de grandes novidades

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Pode parecer clichê ou desnecessariamente óbvio, mas é perfeitamente salutar afirmar que a indústria do cinema hoje é completamente diferente do que era na época em que ‘Avatar’ (2009) foi lançado. E não apenas pelos novos filões que surgiram durante a última década, mas também em como uma produção desse tipo se encaixaria dentro da cultura pop contemporânea, agora amplamente difundida e tematicamente diversa.

Até porque, ao contrário daquele momento, em que grandes “eventos cinematográficos” aconteciam apenas por artifícios tecnológicos ou conclusões de mega sagas – como ‘Matrix’ e ‘Harry Potter’ – atualmente é quase que natural termos, anualmente, dois ou três título que reúnem um enorme fandom havido para conferir tudo o mais rápido possível.



De modo que desde o anúncio de ‘Avatar: O Caminho da Água’ criou-se uma dúvida, ou melhor, uma quase certeza interna de que tal sequência jamais teria a capacidade de alcançar o feito do longa anterior – ser a maior bilheteria da história. O que também deixou todo mundo curioso para saber qual seria o fato novo utilizado pelo tecno-mercadologicamente revolucionário cineasta James Cameron para então resolver essa situação e assim marcar novamente a vertente.

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A primeira questão por enquanto não pode ser respondida, ainda que a segunda nos dê uma previsão do que deverá acontecer. Afinal de contas, James Cameron conseguiu, novamente, elevar o jogo quando se fala em tecnologia dentro da mídia cinema? Podemos dizer que sim, já que a qualidade do CGI apresentado alcança um apelo estético tão impressionante que é basicamente impossível distinguir o que é real ou feito através de computadores.

Os minúsculos detalhes da pele, dos pelos, dos cabelos e dos olhares que observamos nos bichões azuis e demais animais da fauna de Pandora não apenas impressionam e impactam, como também hipnotizam e nos faz pensar que agora, sim, chegamos no ápice dos efeitos visuais, pois não temos mais para onde ir.

O que falar então da flora, já tão impressionante no filme anterior e que agora ganha novos contornos por destacar a deslumbrante vida marinha. Onde tudo ganha força pelo uso eficaz de um 3D que surge como um oásis em meio a tanta picaretagem feita com a tecnologia ao longo dos anos. Resumindo, Cameron entrega, novamente, o suprassumo das animações em CGI devido ao seu extremo rigor técnico que beira a insanidade ou até mesmo a psicopatia.

Dito isso, vamos então para o que mais importa no frigir dos ovos, o fato da narrativa funcionar dentro da já conhecida história do universo criado por Cameron. Primeiramente, é válido salientar que a trama assumidamente simplória não prejudicou em nada o filme anterior, até porque a proposta ali empreendida estava acima da urgência do caso abordado.

O autor usou ali a narrativa de apelo ambientalista para apresentar o mágico universo de Pandora, a sua cultura local, a ecologia do planeta, a hostilidade do ar, a beleza das montanhas suspensas, o dialeto Na’vi e tantas outras particularidades que tornaram a experiência interessante e fez com que nos importássemos com os personagens que travavam uma guerra contra forças militares que queriam destruir o seu espaço – a famosa luta do índio contra o homem-branco e colonizador. Tudo muito batido, mas perfeitamente funcional e que poderia ser mais audacioso e  melhor desenvolvido em um segundo capítulo.

Então, treze anos depois, sem a menor cerimônia, Cameron recicla em ‘Avatar: O Caminho da Água’ diversos desses elementos, até mesmo o vilão unidimensional, o Coronel Quaritch (Stephen Lang), para explorar uma outra tribo, que surge também como uma nova espécie e tem como habitat natural o elemento da água – e essas serão todas as novidades apresentadas nesse novo mundo.

Isso não seria problema se tudo não soasse tão inchado ou sem propósito, já que quase metade da fita é focada apenas em exibir os personagens interagindo com os cenários, apostando quase que totalmente no aspecto “parque de diversão” já telegrafado antes mesmo de seu anúncio.

Se no primeiro filme o vilão buscava tirar a seiva da árvore Na’vi, no segundo tentam absolver o liquido cerebral dessa nova espécie de baleia Na’vi. Do mesmo modo, em ambos os títulos o Coronel está caçando Jake Sully e cia. Ou seja, coisas que se repetem e ideias muito simples para algo tão extenso.

Porém, diferente da anterior, essa nova história não se preocupa tanto em ampliar Pandora, na intenção do público conhecer outros conceitos e segredos do fascinante lugar, estando assim muito mais focado na aventura dos filhos do casal Jake (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana), e dos garotos dessa nova tribo da água.

Claramente envolto por uma aura Disney, ‘Avatar 2’ funciona como um “filme Sessão da Tarde” sem grandes pretensões, pelo menos no que se refere à trama central, mas na verdade a produção quer ser muito mais que isso e aí acaba falhando.

James Cameron também se autorreferencia ao trazer falas do primeiro ‘Avatar’ e cenas semelhantes a ‘O Exterminador do Futuro 2’ (1991) – na queima da floresta logo no início – ou a ‘Tintanic’ (1997) – com um naufrágio final repleto de tomadas idênticas àquelas vistas no famoso navio. Um alento para os antigos fãs do diretor e um exercício funcional dentro dessa nova e ousada empreitada.

Deixemos então de lado toda essa sua pretensão mercadológica e analisemos ‘Avatar: O Caminho da Água’ apenas como um novo filme qualquer que acabou de estrar, onde podemos tirar daí uma aventura honesta, visualmente impactante e capaz de proporcionar uma legítima experiência do que é ver um verdadeiro blockbuster no telão.

Porém, quando falamos em “proposta revolucionária”, seja por um viés tecnológico ou mesmo investida rentável, talvez Cameron não tenha obtido aqui o mesmo êxito de outrora, não devendo alcançar todos os zeros que almeja. É mais aceitável enxerga-lo como uma evolução técnica daquilo que foi visto antes, ou uma manutenção cinematográfica do seu estilo, já que o resultado final é um tanto deslocado do seu tempo, do que a obra que irá mudar a sétima arte.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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Pode parecer clichê ou desnecessariamente óbvio, mas é perfeitamente salutar afirmar que a indústria do cinema hoje é completamente diferente do que era na época em que ‘Avatar’ (2009) foi lançado. E não apenas pelos novos filões que surgiram durante a última década, mas também em como uma produção desse tipo se encaixaria dentro da cultura pop contemporânea, agora amplamente difundida e tematicamente diversa.

Até porque, ao contrário daquele momento, em que grandes “eventos cinematográficos” aconteciam apenas por artifícios tecnológicos ou conclusões de mega sagas – como ‘Matrix’ e ‘Harry Potter’ – atualmente é quase que natural termos, anualmente, dois ou três título que reúnem um enorme fandom havido para conferir tudo o mais rápido possível.

De modo que desde o anúncio de ‘Avatar: O Caminho da Água’ criou-se uma dúvida, ou melhor, uma quase certeza interna de que tal sequência jamais teria a capacidade de alcançar o feito do longa anterior – ser a maior bilheteria da história. O que também deixou todo mundo curioso para saber qual seria o fato novo utilizado pelo tecno-mercadologicamente revolucionário cineasta James Cameron para então resolver essa situação e assim marcar novamente a vertente.

A primeira questão por enquanto não pode ser respondida, ainda que a segunda nos dê uma previsão do que deverá acontecer. Afinal de contas, James Cameron conseguiu, novamente, elevar o jogo quando se fala em tecnologia dentro da mídia cinema? Podemos dizer que sim, já que a qualidade do CGI apresentado alcança um apelo estético tão impressionante que é basicamente impossível distinguir o que é real ou feito através de computadores.

Os minúsculos detalhes da pele, dos pelos, dos cabelos e dos olhares que observamos nos bichões azuis e demais animais da fauna de Pandora não apenas impressionam e impactam, como também hipnotizam e nos faz pensar que agora, sim, chegamos no ápice dos efeitos visuais, pois não temos mais para onde ir.

O que falar então da flora, já tão impressionante no filme anterior e que agora ganha novos contornos por destacar a deslumbrante vida marinha. Onde tudo ganha força pelo uso eficaz de um 3D que surge como um oásis em meio a tanta picaretagem feita com a tecnologia ao longo dos anos. Resumindo, Cameron entrega, novamente, o suprassumo das animações em CGI devido ao seu extremo rigor técnico que beira a insanidade ou até mesmo a psicopatia.

Dito isso, vamos então para o que mais importa no frigir dos ovos, o fato da narrativa funcionar dentro da já conhecida história do universo criado por Cameron. Primeiramente, é válido salientar que a trama assumidamente simplória não prejudicou em nada o filme anterior, até porque a proposta ali empreendida estava acima da urgência do caso abordado.

O autor usou ali a narrativa de apelo ambientalista para apresentar o mágico universo de Pandora, a sua cultura local, a ecologia do planeta, a hostilidade do ar, a beleza das montanhas suspensas, o dialeto Na’vi e tantas outras particularidades que tornaram a experiência interessante e fez com que nos importássemos com os personagens que travavam uma guerra contra forças militares que queriam destruir o seu espaço – a famosa luta do índio contra o homem-branco e colonizador. Tudo muito batido, mas perfeitamente funcional e que poderia ser mais audacioso e  melhor desenvolvido em um segundo capítulo.

Então, treze anos depois, sem a menor cerimônia, Cameron recicla em ‘Avatar: O Caminho da Água’ diversos desses elementos, até mesmo o vilão unidimensional, o Coronel Quaritch (Stephen Lang), para explorar uma outra tribo, que surge também como uma nova espécie e tem como habitat natural o elemento da água – e essas serão todas as novidades apresentadas nesse novo mundo.

Isso não seria problema se tudo não soasse tão inchado ou sem propósito, já que quase metade da fita é focada apenas em exibir os personagens interagindo com os cenários, apostando quase que totalmente no aspecto “parque de diversão” já telegrafado antes mesmo de seu anúncio.

Se no primeiro filme o vilão buscava tirar a seiva da árvore Na’vi, no segundo tentam absolver o liquido cerebral dessa nova espécie de baleia Na’vi. Do mesmo modo, em ambos os títulos o Coronel está caçando Jake Sully e cia. Ou seja, coisas que se repetem e ideias muito simples para algo tão extenso.

Porém, diferente da anterior, essa nova história não se preocupa tanto em ampliar Pandora, na intenção do público conhecer outros conceitos e segredos do fascinante lugar, estando assim muito mais focado na aventura dos filhos do casal Jake (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana), e dos garotos dessa nova tribo da água.

Claramente envolto por uma aura Disney, ‘Avatar 2’ funciona como um “filme Sessão da Tarde” sem grandes pretensões, pelo menos no que se refere à trama central, mas na verdade a produção quer ser muito mais que isso e aí acaba falhando.

James Cameron também se autorreferencia ao trazer falas do primeiro ‘Avatar’ e cenas semelhantes a ‘O Exterminador do Futuro 2’ (1991) – na queima da floresta logo no início – ou a ‘Tintanic’ (1997) – com um naufrágio final repleto de tomadas idênticas àquelas vistas no famoso navio. Um alento para os antigos fãs do diretor e um exercício funcional dentro dessa nova e ousada empreitada.

Deixemos então de lado toda essa sua pretensão mercadológica e analisemos ‘Avatar: O Caminho da Água’ apenas como um novo filme qualquer que acabou de estrar, onde podemos tirar daí uma aventura honesta, visualmente impactante e capaz de proporcionar uma legítima experiência do que é ver um verdadeiro blockbuster no telão.

Porém, quando falamos em “proposta revolucionária”, seja por um viés tecnológico ou mesmo investida rentável, talvez Cameron não tenha obtido aqui o mesmo êxito de outrora, não devendo alcançar todos os zeros que almeja. É mais aceitável enxerga-lo como uma evolução técnica daquilo que foi visto antes, ou uma manutenção cinematográfica do seu estilo, já que o resultado final é um tanto deslocado do seu tempo, do que a obra que irá mudar a sétima arte.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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