Bill (Alex Winter) e Ted (Keanu Reeves) estão de volta, trinta e um anos depois de estrearem pela primeira vez nas telonas. Nesse ínterim, eles não viajaram no tempo – na verdade, a carreira musical dos dois desandou. De um grande sucesso musical, a dupla aos poucos foi perdendo fãs, caindo posições nas paradas de sucesso e, após inúmeras tentativas de voltar a emplacar um sucesso, a verdade nua e crua bate na porta deles: Bill e Ted são dois perdedores, na faixa dos cinquenta anos, desempregados, pais de família e que se recusam a crescer.
Mas então eles recebem a visita de Kelly (Kristen Schaal), que viajou para lhes dizer que o universo está em grande risco, e a Grande Líder (Holland Taylor) lhes passa uma importante missão: para salvar a galáxia, Bill e Ted precisam compor uma canção que irá unir os povos do mundo inteiro e trazer a paz intergaláctica. Para isso, os dois têm a bela ideia de roubar a música deles mesmos no futuro, e, por isso, ficam viajando no tempo encontrando seus eus por aí. Em paralelo a isso, suas filhas – Thea (Samara Weaving) e Billie (Brigette Lundy-Paine) – irão fazer de tudo para ajudá-los em sua missão.
Baseado nos personagens criados mais de três décadas atrás por Ed Solomon e Chris Matheson, o roteiro escrito por eles tenta desesperadamente recuperar aquele clima jovial descontraído dos primeiros longas da franquia, mas, no final, alcança uma roupagem de síndrome de Peter Pan – de que esses personagens se recusam a envelhecer e amadurecer. Portanto, o aspecto geral de ‘Bill & Ted: Encare a Música’ é essa sensação de que estamos vendo dois homens de cinquenta anos tentando a todo custo se manter num comportamento juvenil bobaloide, completamente sem lugar nos dias de hoje. Isso se reflete em tudo no longa: no argumento, nas atuações engessadas, no mote de cada núcleo, nas piadas, no linguajar (que permanece o mesmo, com o excesso de gírias como “cara” o tempo todo), etc. É claro que isso também é o que o que fez o sucesso desses dois personagens – e isso é até legal, de certo modo. Mas, a combinação de todos esses elementos remete à moral da história do filme ‘Vizinhos’: é preciso amadurecer sem perder a essência jovial, mas, acima de tudo, é preciso reconhecer que é preciso amadurecer.
O roteiro é dividido em duas linhas: uma com Bill e Ted e outra com as filhas Thea e Billie. E a coisa toda é tão constrangedora que a história das filhas é muito mais interessante que a dos pais, que basicamente ficam se encontrando consigo mesmos em diferentes tempos. Claramente é uma tentativa sutil do diretor Dean Parisot de tentar passar o bastão adiante para que a franquia continue, mas é tudo tão fraquinho nesse filme, que nem dá vontade de ver eventuais continuações.
‘Bill & Ted: Encare a Música’ é desses filmes bastante nostálgicos que até pode agradar aos fãs, mas que não tinha nenhuma necessidade de acontecer. Apesar disso, é um filme bacaninha, que presta bonita homenagem aos grandes nomes da música mundial, e ainda tem uma inesperada participação especial Dave Grohl. Ah, e tem pós-crédito!