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Crítica | Black Mirror 4×03 – Crocodilo


Fugindo do Passado

Uma das coisas interessantes de Black Mirror é que por se tratar de uma antologia, na qual os episódios não estão necessariamente interligados, pode ser assistido em qualquer ordem. Foi justamente o trajeto que realizei quando comecei a assistir ao seriado nas primeiras temporadas. Com nesta quarta temporada ainda por cima houve uma mudança na ordem dos episódios nos 45 do segundo tempo (Arkangel era o primeiro, e passou para segundo, etc.), então nossos textos aqui não respeitarão ordem cronológica também – a única exigência talvez seja que Black Museum, o último episódio, fique realmente para o final, pois irá melhorar sua experiência, acredite.

Pulamos aqui para o terceiro episódio, intitulado Crocodilo. Gravado na Islândia, o que demonstra um orçamento maior nesta temporada e a abrangência da produção – como já citado, este é o auge do hype da série – o episódio tem como diretor o segundo maior nome atrás das câmeras (depois de Jodie Foster, que comandou o episódio anterior), o cineasta John Hillcoat, responsável por filmes como A Estrada (2009), Os Infratores (2012) e Polícia em Poder da Máfia (2016). E assim como Arkangel, de Foster, o terceiro episódio, apesar do grande nome no comando, resulta em muita cobertura e pouco recheio.

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Andrea Riseborough (Oblivion) é quem domina Crocodilo na frente das câmeras, com uma personagem complexa, mas que infelizmente não é tão bem explorada quanto desejaríamos. De fato, a atriz pediu para estrelar o episódio, já que originalmente o protagonista aqui seria um homem – corroborando a presença de mulheres à frente da quarta temporada. O interesse de Riseborough por esta trama e pela personagem é compreensível – já que no papel soa bem atraente. E a atriz se sai melhor em sua performance chamativa do que o resultado do episódio em si. Ela é o ponto alto aqui.

A trama simplória, abre no estilo Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997), com um jovem casal encobrindo um crime de atropelamento. Anos mais tarde, a jovem (Riseborough) se torna uma bem sucedida mulher de negócios, e quando vê o passado negro esboçando um retorno à superfície, sai eliminando todos os rastros que possam ligá-la a tal fatídico dia. Para piorar a situação e aumentar sua falta de sorte, uma funcionária de uma companhia de seguros (Kiran Sonia Sawar) entra em cena, investigando outro acidente de atropelamento, e chegando até a protagonista, possivelmente a única testemunha deste outro caso.

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A tecnologia proposta aqui é uma máquina que consegue ler suas memórias, algo como o que temos em Minority Report (2002). No entanto, o episódio parece apenas querer chocar pela crueza, e exagera nos atos da mulher fria e cada vez mais sem escrúpulos – se tornando uma verdadeira psicopata. Assim como em Arkangel, esta história poderia ser contata sem o uso da tecnologia – adaptada para um suspense policial mundano. Não sentimos o peso de tais elementos futurísticos influenciarem na narrativa – e isso é um dos elementos que fazem de Black Mirror o que ele é.

O visual proposto para Riseborough é uma boa caracterização e enfatiza a frieza (ela parece feita de gelo). Fora isso não existe aqui reviravoltas interessantes ou dignas da série, esta é uma história simples e direta. Crocodilo resulta em mais um esforço apenas mediano nesta temporada.

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Pablo R. Bazarello
Crítico, cinéfilo dos anos 80, membro da ACCRJ, natural do Rio de Janeiro. Apaixonado por cinema e tudo relacionado aos anos 80 e 90. Cinema é a maior diversão. A arte é o que faz a vida valer a pena. 15 anos na estrada do CinePOP e contando...
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