domingo , 24 novembro , 2024

Crítica ‘Cavaleiro da Lua’ | Série prova que Marvel pode ter heróis independentes

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A série do Cavaleiro da Lua chegou como quem não queria nada, mas logo se mostrou um entretenimento de primeira. Marcada por atuações fantásticas e personagens interessantíssimos, a produção não fez questão de se conectar a outros eventos do MCU, apesar de ter algumas sugestões. O que acabou por engrandecer o projeto.

Para começar esta crítica, é necessário apontar que enfim a Marvel entendeu o formato de série. Enquanto a maioria de suas produções anteriores eram praticamente filmes divididos em capítulos, Cavaleiro da Lua soube trabalhar sua trama episódio por episódio, deixando ganchos e fazendo o público ficar ansioso pela trama da semana seguinte. Para um empresa que não faz muito tempo que começou a investir em séries, compreender esse formato e suas diferenças para o cinema é algo fundamental.



Dito isso, a direção dessa série foi fundamental para seu sucesso. Particularmente, é difícil lembrar de alguma outra produção do MCU que tenha conseguido trabalhar tão bem a fotografia quanto neste seriado. Nos últimos anos, alguns comentários passaram a descrever fotografia de produções audiovisuais como “bonita” ou “feia”, sendo que isso ignora completamente o papel real desse aspecto técnico, que é a funcionalidade narrativa.

Em Cavaleiro da Lua, a fotografia funciona quase como um personagem à parte, ajudando efetivamente a contar a história e a estabelecer personagens. Em momento algum os enquadramentos te deixam esquecer das características dos protagonistas ou do viés heroico ou vilanesco de quem está em tela.

E por ser dirigida por um egípcio, a série traz uma valorização muito grande da cultura local, fugindo daqueles clichés hollywoodianos do país africano. Quem for apaixonado pela cultura egípcia, com certeza vai se deliciar com as passagens pelo Cairo e suas particularidades. Infelizmente, porém, quem mora no país ainda não conseguiu assistir a série, já que, pasme, o Disney+ ainda não foi disponibilizado no Egito. Pois é, uma baita bola fora da Disney, que vende uma representatividade sensacional na série, mas não disponibiliza o serviço para que a produção seja assistida no próprio país que homenageia.

Essas homenagens acontecem em uma trama amarradinha que flerta com a própria loucura de seu protagonista, que sofre de Transtorno Dissociativo de Identidade enquanto vive as consequências de ser um vendedor tímido e reservado de Londres, e um mercenário aventureiro que percorre o mundo servindo como o avatar do deus egípcio Khonshu.

É interessante reparar como a trama consegue se desenvolver sem se apoiar nos grandes eventos ou recorrer a participações de personagens já estabelecidos do MCU. É uma série que funciona de forma independente e em meio a tantas produções interligadas nesse universo, acabou sendo um sopro de ar fresco ver um projeto que se sustenta por si.

No entanto, dentre todas essas particularidades, quem rouba a cena mesmo é Oscar Isaac, que interpreta o protagonista. A forma como ele transita entre Steven Grant e Marc Spector apenas por meio de postura e expressões faciais é digna de pelo menos uma indicação ao Emmy por Melhor Ator.

É um trabalho tão magnífico e bem realizado que os mais antigos vão lembrar da transição do Superman para o Clark Kent de Christopher Reeve, em Superman (1978). Sim, é nesse nível, mas agora sem tempo de trocar o uniforme. Na reta final, inclusive, há um momento em que essa troca de personalidades acontece na mesma cena. É brilhante.

A forma como essas múltiplas personalidades são abordadas claramente é apoiada pela atuação de Isaac, mas só funciona mesmo porque cada uma delas é interessante o bastante para segurar o protagonismo da produção. Ou seja, é incrível assistir a cada um deles, seja Steve, Marc, o Cavaleiro ou o Senhor Da Lua em cena. E vale ressaltar a fidelidade da adaptação de quase todos eles. O que se distanciou mais foi o Senhor Da Lua, mas mesmo assim é praticamente impossível não gostar dele em tela.

Por fim, o elenco de apoio conseguiu ter seus momentos de protagonismo e o gancho deixado ao final da série só nos faz lamentar que a Disney não tenha renovado a produção para uma segunda temporada. Talvez ele retorne em um filme, ainda mais agora que o universo sobrenatural da Marvel está se desenvolvendo.

E se fica uma crítica mais profunda, é realmente ao CGI de alguns episódios. Nada que comprometa, mas em alguns momentos fica aquém do que a própria já mostrou ser capaz no passado. Por outro lado, da metade da série para o final, a computação gráfica fica impecável. Principalmente ao abordar os deuses e o confronto final.

Em outras palavras, a série é uma produção interessantíssima, com direção e atuações afiadas para entreter aos fãs e a quem não conhecia o personagem previamente. Caso seu retorno seja acertado, o MCU ganha um personagem maravilhoso para encantar o público com suas excentricidades nos próximos anos.

Nota: 9

Cavaleiro da Lua está disponível no Disney+.

 

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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A série do Cavaleiro da Lua chegou como quem não queria nada, mas logo se mostrou um entretenimento de primeira. Marcada por atuações fantásticas e personagens interessantíssimos, a produção não fez questão de se conectar a outros eventos do MCU, apesar de ter algumas sugestões. O que acabou por engrandecer o projeto.

Para começar esta crítica, é necessário apontar que enfim a Marvel entendeu o formato de série. Enquanto a maioria de suas produções anteriores eram praticamente filmes divididos em capítulos, Cavaleiro da Lua soube trabalhar sua trama episódio por episódio, deixando ganchos e fazendo o público ficar ansioso pela trama da semana seguinte. Para um empresa que não faz muito tempo que começou a investir em séries, compreender esse formato e suas diferenças para o cinema é algo fundamental.

Dito isso, a direção dessa série foi fundamental para seu sucesso. Particularmente, é difícil lembrar de alguma outra produção do MCU que tenha conseguido trabalhar tão bem a fotografia quanto neste seriado. Nos últimos anos, alguns comentários passaram a descrever fotografia de produções audiovisuais como “bonita” ou “feia”, sendo que isso ignora completamente o papel real desse aspecto técnico, que é a funcionalidade narrativa.

Em Cavaleiro da Lua, a fotografia funciona quase como um personagem à parte, ajudando efetivamente a contar a história e a estabelecer personagens. Em momento algum os enquadramentos te deixam esquecer das características dos protagonistas ou do viés heroico ou vilanesco de quem está em tela.

E por ser dirigida por um egípcio, a série traz uma valorização muito grande da cultura local, fugindo daqueles clichés hollywoodianos do país africano. Quem for apaixonado pela cultura egípcia, com certeza vai se deliciar com as passagens pelo Cairo e suas particularidades. Infelizmente, porém, quem mora no país ainda não conseguiu assistir a série, já que, pasme, o Disney+ ainda não foi disponibilizado no Egito. Pois é, uma baita bola fora da Disney, que vende uma representatividade sensacional na série, mas não disponibiliza o serviço para que a produção seja assistida no próprio país que homenageia.

Essas homenagens acontecem em uma trama amarradinha que flerta com a própria loucura de seu protagonista, que sofre de Transtorno Dissociativo de Identidade enquanto vive as consequências de ser um vendedor tímido e reservado de Londres, e um mercenário aventureiro que percorre o mundo servindo como o avatar do deus egípcio Khonshu.

É interessante reparar como a trama consegue se desenvolver sem se apoiar nos grandes eventos ou recorrer a participações de personagens já estabelecidos do MCU. É uma série que funciona de forma independente e em meio a tantas produções interligadas nesse universo, acabou sendo um sopro de ar fresco ver um projeto que se sustenta por si.

No entanto, dentre todas essas particularidades, quem rouba a cena mesmo é Oscar Isaac, que interpreta o protagonista. A forma como ele transita entre Steven Grant e Marc Spector apenas por meio de postura e expressões faciais é digna de pelo menos uma indicação ao Emmy por Melhor Ator.

É um trabalho tão magnífico e bem realizado que os mais antigos vão lembrar da transição do Superman para o Clark Kent de Christopher Reeve, em Superman (1978). Sim, é nesse nível, mas agora sem tempo de trocar o uniforme. Na reta final, inclusive, há um momento em que essa troca de personalidades acontece na mesma cena. É brilhante.

A forma como essas múltiplas personalidades são abordadas claramente é apoiada pela atuação de Isaac, mas só funciona mesmo porque cada uma delas é interessante o bastante para segurar o protagonismo da produção. Ou seja, é incrível assistir a cada um deles, seja Steve, Marc, o Cavaleiro ou o Senhor Da Lua em cena. E vale ressaltar a fidelidade da adaptação de quase todos eles. O que se distanciou mais foi o Senhor Da Lua, mas mesmo assim é praticamente impossível não gostar dele em tela.

Por fim, o elenco de apoio conseguiu ter seus momentos de protagonismo e o gancho deixado ao final da série só nos faz lamentar que a Disney não tenha renovado a produção para uma segunda temporada. Talvez ele retorne em um filme, ainda mais agora que o universo sobrenatural da Marvel está se desenvolvendo.

E se fica uma crítica mais profunda, é realmente ao CGI de alguns episódios. Nada que comprometa, mas em alguns momentos fica aquém do que a própria já mostrou ser capaz no passado. Por outro lado, da metade da série para o final, a computação gráfica fica impecável. Principalmente ao abordar os deuses e o confronto final.

Em outras palavras, a série é uma produção interessantíssima, com direção e atuações afiadas para entreter aos fãs e a quem não conhecia o personagem previamente. Caso seu retorno seja acertado, o MCU ganha um personagem maravilhoso para encantar o público com suas excentricidades nos próximos anos.

Nota: 9

Cavaleiro da Lua está disponível no Disney+.

 

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