quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica | Cherry – Inocência Perdida – Tom Holland e Irmãos Russo deixam Marvel com filme de drama real

Anthony e Joe Russo – são mundialmente conhecidos por terem alavancado os filmes da Marvel e elevado o patamar das produções de super-heróis a outro nível. Tom Holland é um meninote cuja carreira ganhou projeção internacional ao interpretar o novo Homem-Aranha. Após o fim da fase 3 do MCU, os três se juntaram para fazer algo completamente fora dessa caixinha, e o resultado vemos em ‘Cherry – Inocência Perdida’, estreia desse fim de semana na Apple TV+.

O protagonista sem nome (Tom Holland) namora Madison (Kelli Berglund), mas está de olho em Emily (Ciara Bravo). Então, os dois ficam juntos e tudo vai bem, até que, por medo, Emily decide dizer que vai estudar em Montreal e termina com o rapaz. A partir daí ele perde a cabeça e, num ato de desespero, decide se inscrever no exército dos EUA. Só que as experiências que ele irá viver no treinamento e no combate no Iraque irá bagunçar sua cabeça e a sua vida para sempre.

Para sermos bem honestos, a história de ‘Cherry – Inocência Perdida’ é bem fraquinha, bem white people problems. Dá pra ver que o protagonista não tinha um problema de fato na sua vida; ele era um cara perdido e sem propósito, até que se apaixona e, diante de um pé na bunda, comete a burrice de entrar pro exército. O próprio personagem reconhece isso, o que só corrobora que a história é rasa e não gera empatia com o espectador. Tudo que acontece a partir daí – a ida ao Iraque, o retorno para casa e o fundo do poço – são consequências desse impulso tomado na base da vingança e do orgulho, reflexo de um rapaz privilegiado que acha, ingenuamente, que pode passar por esse tipo de experiência sem que ela traga reflexos na sua vida.

Apesar disso, o grande diferencial do filme está na construção dessa narrativa e na direção dos Irmãos Russo. Baseado na história escrita por Nico Walter e com roteiro de Jessica Goldberg e Angela Russo-Otstot, o filme é contado em atos (meio Tarantinesco) pelo narrador-protagonista, que, por vezes, quebra a quarta parede para dar sua opinião crítico-reflexiva sobre os fatos. Todas as sensações do protagonista são expressadas por todas as vias possíveis: diálogos, música, cores, iluminação. Há uma cena em que ele e Emily se encontram na porta de uma festa – por ele ter tomado ácido, os espectadores o veem em tons de cinza e branco, enquanto Emily aparece em tons de sépia mais vibrantes, pois assim ele a vê naquele momento.

Anthony e Joe Russo fazem um belo trabalho de edição para conduzir essa ópera trágica de duas horas e vinte de duração. Sequenciando momentos fofos com o horror da guerra e o impacto dos reflexos dos traumas da guerrilha na vida cotidiana em sociedade, os Irmãos Russo prestam um bom serviço em criticar – com deboche e acidez estilo Irmãos Coen –, o absurdo que é esses treinamentos militares e a falta de propósito que torna os jovens estadunidenses apáticos perante o mundo. Ao abordar tema tão sensível aos EUA colocando um ator queridinho nesse difícil papel, ‘Cherry – Inocência Perdida’ busca alertar a juventude sobre as consequências de uma vida vidrada no patriotismo cego, que só serve para ganhar medalhas e prêmios, mas que traz seríssimas consequências na vida desses indivíduos e para a sociedade como um todo. Com ritmo lento e uma importante mensagem, ‘Cherry – Inocência Perdida’ tem ares de festival de cinema alternativo e mostra que Tom Holland é muito mais que o amigão da vizinhança.

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