A galera que cresceu entre os anos 90 e 2000 certamente ouve o termo “filme de pai” e já sabe a que se refere. Criados por uma geração que se apaixonou pelo cinema entre os tiros e facadas de Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme e muitos outros, esses ‘pais’ passaram sua paixão adiante mostrando filmes como Rambo, Conan, Braddock e por aí vai, para a molecada. Porém, com a chegada dos anos 2000, esse tipo de filme caiu no esquecimento.
Os exércitos de um homem só foram deixados de lado e a ação passou a trazer um tom mais aventuresco, cabendo a alguns poucos atores, muitas vezes considerados ultrapassados por parte da crítica, levarem a duras penas as “ações à moda antiga”.
Pois bem, mostrando que os “filmes de pai” ainda resistem, Contra-Ataque chegou à Netflix e vem dando o que falar. A produção mexicana começa de um jeito divertido, com cinco amigos viajando rumo aos EUA e se divertindo no carro, até que uma caminhonete carregada de bandidos provoca um acidente e tenta executá-los. O que parecia ser o fim do grupo dá início a uma sequência de ação sensacional, que culmina nesse grupo incomum arrastando a bandidagem no asfalto.
Sim, eles eram um grupo de militares de folga, indo comemorar o aniversário do ‘mascote’ antes de uma grande missão contra o narcotráfico mexicano. Porém, eles foram traídos e tiveram sua localização revelada para o chefão do cartel, que decidiu dar um fim ao homem que ousou enfrentá-lo e humilhar seus capangas: o Capitão Guerra (Luis Alberti).
Conforme a história avança, o público vai entendendo como essa confusão toda começou e compreende melhor a personalidade de cada membro do grupo militar. Guerra, um homem íntegro e correto até demais, confia plenamente em seus homens e conta com eles para sobreviver até conseguirem apoio. Com isso, prepare-se para sequências de muito tiro, bomba e táticas militares postas em prática.
Em muitos momentos, o longa captura o espírito de videogames clássicos de tiro, abordando cenários como florestas, carros e um casarão abandonado. Do outro lado, o mafioso é bem estilo de vilão dos anos 80. Ele é um traficante sem escrúpulos que se sente humilhado por ter seu irmão e melhores capangas massacrados por um grupo militar. E aí entra outro elemento clássico dos filmes de pai: o verdadeiro inimigo é a corrupção. O governo participa da história, mas é daquele jeito já conhecido, em que membros do alto escalão da política mexicana fazem acordos e se vendem para o narcotráfico.
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O lado negativo é que esse ponto da corrupção acaba ficando de lado, diferentemente de um Tropa de Elite 2, por exemplo, em que ela ocupa parte central na trama. Aqui, ela é um dos causadores dessa jornada inteira, mas não tem muito desenvolvimento. Principalmente no que diz respeito às consequências da missão do grupo do Guerra. É algo que poderia render mais.
Na verdade, esse filme é um reflexo do momento de revolta que vive a população mexicana. Durante as últimas eleições, em 2024, cerca de 30 candidatos foram assassinados no período de campanhas. E a mensagem que o filme passa é muito nítida, está literalmente escrita em tela: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”. E um povo revoltado gera obras que reflitam o que carece.
No fim das contas, Contra-Ataque é um grande filme de ação, por mais que tenha uma trama simples e personagens não aprofundados. É uma história sobre revolta, integridade e honradez, perfeita para quem sente falta dos clássicos de ação oitentista. Um filmão de pai!
Contra-Ataque está disponível na Netflix.
Assista:
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