sexta-feira , 27 dezembro , 2024

Crítica | Cores da Justiça – Filme de Ação Genérico e Previsível Faz Sucesso na Netflix

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Muitas variáveis podem determinar o sucesso de uma produção em uma plataforma de streaming. Pode ser o fato de possuir rostinhos conhecidos no elenco, o tema do filme coincidir com algum interesse público instantâneo, ou, até mesmo, a falta de opções novas em um dado fim de semana, que leva as pessoas a optarem por assistir a um filme ou série simplesmente por acreditarem que já viram tudo que há disponível na plataforma. Bom, esse parece ser o caso de ‘Cores da Justiça’, novo filme de ação que anda figurando no Top 10 da Netflix desde sua estreia.



Alicia West (Naomie Harris) é uma policial novata que está há apenas três semanas na delegacia, patrulhando as ruas de Nova Orleans. Depois de um período de dez anos lutando na guerra, ela está de volta, mas não reconhece mais seu bairro nem as pessoas com quem costumava conviver. Sendo uma mulher negra, ela sente na pele os dilemas e contradições de ser policial. Certo dia, quando cobre o turno da noite de seu parceiro Kevin (Reid Scott), ela acaba presenciando uma cena de corrupção de outro policial, que envolve o departamento de narcóticos da delegacia e também o chefão do crime, Brown (James Moses Black). Sozinha em seu próprio bairro e duvidando de tudo e de todos, Alicia só poderá contar com a ajuda de Mouse (Tyrese Gibson), funcionário de uma lojinha e primo de sua grande amiga do passado, Missy (Nafessa Williams).

Recheado de clichês, a trama de ‘Cores da Justiça’ é completamente previsível. Se por um lado isso não traz nenhuma novidade para o espectador, por outro entrega exatamente o que se espera. Do mesmo roteirista de ‘Plano de Voo’, a sensação que se tem é que o enredo foi escrito por alguém de fora desse núcleo, que teve uma ideia e resolveu colocá-la no papel sem mergulhar a fundo na realidade policial. Peter A. Dowling constrói uma história fraca, que busca trazer o debate do racismo institucional na polícia para uma trama que, no final das contas, não debate nem resolve a questão. Até o fim, são uma hora e quarenta e sete minutos de um filme cuja história tenta o tempo todo se fazer de única, mas que só consegue reforçar estereótipos.

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Apesar de genérico, o longa de Deon Taylor consegue boas sequências de ação e perseguição pelas ruas, tanto a pé quanto em carros, demonstrando qualidade e firmeza para realizar filmes desse gênero. A sequência final, realizada no conjunto habitacional, de longe é a mais bem-feita, seja porque foi filmada já de noite, seja porque o diretor conseguiu fazer uso da penumbra e das cores para construir uma ambientação de suspense periférico para sua história.

Sem trazer nada de novo e com um gostinho de “já vi isso antes”, ‘Cores da Justiça’ é um filme de ação bem estilo Domingo Maior. Através do embate polícia x bandido, bem versus mal, no final das contas o longa não traz nenhuma solução, pois, afinal, não há resposta para essa questão que não passe por uma profunda mudança social. Talvez seu único diferencial tenha sido colocar uma mulher como protagonista dessa história, para variar um pouco, pois, de resto, é tudo igual.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Muitas variáveis podem determinar o sucesso de uma produção em uma plataforma de streaming. Pode ser o fato de possuir rostinhos conhecidos no elenco, o tema do filme coincidir com algum interesse público instantâneo, ou, até mesmo, a falta de opções novas em um dado fim de semana, que leva as pessoas a optarem por assistir a um filme ou série simplesmente por acreditarem que já viram tudo que há disponível na plataforma. Bom, esse parece ser o caso de ‘Cores da Justiça’, novo filme de ação que anda figurando no Top 10 da Netflix desde sua estreia.

Alicia West (Naomie Harris) é uma policial novata que está há apenas três semanas na delegacia, patrulhando as ruas de Nova Orleans. Depois de um período de dez anos lutando na guerra, ela está de volta, mas não reconhece mais seu bairro nem as pessoas com quem costumava conviver. Sendo uma mulher negra, ela sente na pele os dilemas e contradições de ser policial. Certo dia, quando cobre o turno da noite de seu parceiro Kevin (Reid Scott), ela acaba presenciando uma cena de corrupção de outro policial, que envolve o departamento de narcóticos da delegacia e também o chefão do crime, Brown (James Moses Black). Sozinha em seu próprio bairro e duvidando de tudo e de todos, Alicia só poderá contar com a ajuda de Mouse (Tyrese Gibson), funcionário de uma lojinha e primo de sua grande amiga do passado, Missy (Nafessa Williams).

Recheado de clichês, a trama de ‘Cores da Justiça’ é completamente previsível. Se por um lado isso não traz nenhuma novidade para o espectador, por outro entrega exatamente o que se espera. Do mesmo roteirista de ‘Plano de Voo’, a sensação que se tem é que o enredo foi escrito por alguém de fora desse núcleo, que teve uma ideia e resolveu colocá-la no papel sem mergulhar a fundo na realidade policial. Peter A. Dowling constrói uma história fraca, que busca trazer o debate do racismo institucional na polícia para uma trama que, no final das contas, não debate nem resolve a questão. Até o fim, são uma hora e quarenta e sete minutos de um filme cuja história tenta o tempo todo se fazer de única, mas que só consegue reforçar estereótipos.

Apesar de genérico, o longa de Deon Taylor consegue boas sequências de ação e perseguição pelas ruas, tanto a pé quanto em carros, demonstrando qualidade e firmeza para realizar filmes desse gênero. A sequência final, realizada no conjunto habitacional, de longe é a mais bem-feita, seja porque foi filmada já de noite, seja porque o diretor conseguiu fazer uso da penumbra e das cores para construir uma ambientação de suspense periférico para sua história.

Sem trazer nada de novo e com um gostinho de “já vi isso antes”, ‘Cores da Justiça’ é um filme de ação bem estilo Domingo Maior. Através do embate polícia x bandido, bem versus mal, no final das contas o longa não traz nenhuma solução, pois, afinal, não há resposta para essa questão que não passe por uma profunda mudança social. Talvez seu único diferencial tenha sido colocar uma mulher como protagonista dessa história, para variar um pouco, pois, de resto, é tudo igual.

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