Dua Lipa começou seu ascendente sucesso ainda em 2017 com o dançante pop “New Rules”, entregando pouco depois um competente álbum homônimo que a colocava nos holofotes como uma das próximas grandes artistas do gênero.
Mas não seria até o final do ano passado que a cantora e compositora encontraria sua verdadeira voz: o lançamento de “Don’t Start Now” faria o mundo retornar para os anos 1970 e 1980, recordando das pistas de danças das clássicas discotecas com a sólida e ao mesmo tempo original e dançante canção – nos deixando animados para seu próximo CD, intitulado ‘Future Nostalgia’.
E, sem sombra de dúvida, os últimos meses parecem ter sido um presente de Dua Lipa para seus fãs e para si mesma. Sua borbulhante e ácida personalidade casou perfeitamente com iterações como a dissonante “Future Nostalgia”, a saudosista “Physical” e, no dia de hoje (26), uma das melhores produções do ano: “Break My Heart”.
Logo no começo, a performer opta por seus vocais mais graves, oscilando à medida que o minimalista synth-pop transforma-se numa onírica balada antes de um incrível dropbeat que deixaria Diana Ross e Gloria Gaynor extremamente orgulhosas. Envolta pelas notas agudas dos violinos e pela retumbante bateria, ela nos apresenta uma divertida história de amor ambientada num videoclipe irretocável, cuja direção de arte oscila entre o kitsch e o camp sem perder a mão de sutilezas coloridas, vibrantes – e bastante narcóticas.
Mais do que isso, é incrível o modo como Dua Lipa brinca com rendições teatrais, por vezes abraçando a linearidade, por vezes ousando um crescendo que entra em deliciosa divergência com o instrumental – o que mostra que sua maturação artística não poderia ter vindo em melhor hora (e em melhor forma).