domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar – Reboot do clássico com Macaulay Culkin traz protagonista sem graça…

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O primeiro ‘Esqueceram de Mim’ é um clássico que marcou toda uma geração de crianças que, a partir daí, passaram a sonhar em ficar sozinhos em casa para as festas de fim de ano. Aí veio a sequência ‘Esqueceram de Mim 2 – Perdido em Nova York’, que é uma continuação digna para o hype levantado no primeiro filme, exaltando quão bom é passar o Natal em Nova York. Então, o astro Macaulay Culkin se afastou da carreira de ator, a franquia ganhou mais continuações malsucedidas e agora, em 2021, produzido pensando no consumo domiciliar, estreia mais um filme desse universo: ‘Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar’, direto na plataforma da DisneyPlus.



Jeff (Rob Delaney) e Pam (Ellie Kemper) estão tentando vender a casa escondido dos filhos, pois é véspera de Natal e eles não querem partir o coração de ninguém. Em um dia de visitas de compradores, Carol (Aisling Bea) e Max (Archie Yates) aparecem na casa, fingindo-se interessados, mas, na verdade, só pararam ali porque Max precisava usar o banheiro. Então, numa conversa esquisitíssima e aleatória entre Jeff e Max, os dois descobrem que uma boneca antiga da mãe de Jeff pode ter grande valor de mercado. Jeff não dá muita bola para o assunto até descobrir que a boneca poderia valer mais de duzentos mil dólares, só que, quando a procura na caixa, não a encontra, e ele se dá conta de que o pestinha do Max certamente roubou o brinquedo. Decidido a salvar sua casa e dar uma lição no moleque, ele e a esposa irão invadir a casa do menino para recuperar o que é seu por direito.

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As uma hora e meia de ‘Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar’ são completamente descabidas. Em se tratando de uma sequência de franquia, é de se estranhar, por exemplo, que o protagonismo da história não comece com o menino, e sim com a suposta dupla de ladrões – que aqui é substituída por um casal de classe média endividado com a hipoteca. Esse é o grande problema no roteiro de Mikey Day e Streeter Seidell para a história original de John Hugges: os supostos ladrões na verdade estão certos (estão tentando recuperar a boneca que é deles, ainda que não estejam utilizando os meios legais para isso), e o menino Max nada mais é que um riquinho mimado que, coitado, não suporta a própria família por ser barulhenta e, incapaz, coitado, de esperar chegar em casa para ir ao banheiro (o filme mostra depois que as duas casas são bem próximas, a ponto de serem vizinhos), obriga a mãe a parar na casa de Jeff tão somente para ir ao banheiro, e, ainda por cima, supostamente se apossa do boneco dos outros (o longa dá um close na cara dele diante do boneco). Quer dizer, como torcer para o menino, quando o casal da classe média é que está com a razão?

Esse é o cerne dos problemas do filme de Dan Mazer, sem mencionar uma meia dúzia de cenas que não servem para absolutamente nada, como a que Max vai à igreja… para nada. Entretanto, há dois resgates dos filmes originais que são realmente o maior barato: a cena do filme que Kevin assistia em Nova York, repaginada como ficção científica, e a presença de Devin Ratray, o Buzz McCallister da franquia original, que aqui reclama que seu primo Kevin anualmente passa trotes para a polícia dizendo que há uma criança sozinha em casa. Esse é o melhor momento do filme.

Com uma história esquisita e brincadeiras bem perigosas (que literalmente poderiam matar alguém), o novo ‘Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar’ é uma narrativa deslocada que não vai agradar ao público antigo e provavelmente não vai agradar a molecada de hoje. Um constrangimento do início ao fim.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O primeiro ‘Esqueceram de Mim’ é um clássico que marcou toda uma geração de crianças que, a partir daí, passaram a sonhar em ficar sozinhos em casa para as festas de fim de ano. Aí veio a sequência ‘Esqueceram de Mim 2 – Perdido em Nova York’, que é uma continuação digna para o hype levantado no primeiro filme, exaltando quão bom é passar o Natal em Nova York. Então, o astro Macaulay Culkin se afastou da carreira de ator, a franquia ganhou mais continuações malsucedidas e agora, em 2021, produzido pensando no consumo domiciliar, estreia mais um filme desse universo: ‘Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar’, direto na plataforma da DisneyPlus.

Jeff (Rob Delaney) e Pam (Ellie Kemper) estão tentando vender a casa escondido dos filhos, pois é véspera de Natal e eles não querem partir o coração de ninguém. Em um dia de visitas de compradores, Carol (Aisling Bea) e Max (Archie Yates) aparecem na casa, fingindo-se interessados, mas, na verdade, só pararam ali porque Max precisava usar o banheiro. Então, numa conversa esquisitíssima e aleatória entre Jeff e Max, os dois descobrem que uma boneca antiga da mãe de Jeff pode ter grande valor de mercado. Jeff não dá muita bola para o assunto até descobrir que a boneca poderia valer mais de duzentos mil dólares, só que, quando a procura na caixa, não a encontra, e ele se dá conta de que o pestinha do Max certamente roubou o brinquedo. Decidido a salvar sua casa e dar uma lição no moleque, ele e a esposa irão invadir a casa do menino para recuperar o que é seu por direito.

As uma hora e meia de ‘Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar’ são completamente descabidas. Em se tratando de uma sequência de franquia, é de se estranhar, por exemplo, que o protagonismo da história não comece com o menino, e sim com a suposta dupla de ladrões – que aqui é substituída por um casal de classe média endividado com a hipoteca. Esse é o grande problema no roteiro de Mikey Day e Streeter Seidell para a história original de John Hugges: os supostos ladrões na verdade estão certos (estão tentando recuperar a boneca que é deles, ainda que não estejam utilizando os meios legais para isso), e o menino Max nada mais é que um riquinho mimado que, coitado, não suporta a própria família por ser barulhenta e, incapaz, coitado, de esperar chegar em casa para ir ao banheiro (o filme mostra depois que as duas casas são bem próximas, a ponto de serem vizinhos), obriga a mãe a parar na casa de Jeff tão somente para ir ao banheiro, e, ainda por cima, supostamente se apossa do boneco dos outros (o longa dá um close na cara dele diante do boneco). Quer dizer, como torcer para o menino, quando o casal da classe média é que está com a razão?

Esse é o cerne dos problemas do filme de Dan Mazer, sem mencionar uma meia dúzia de cenas que não servem para absolutamente nada, como a que Max vai à igreja… para nada. Entretanto, há dois resgates dos filmes originais que são realmente o maior barato: a cena do filme que Kevin assistia em Nova York, repaginada como ficção científica, e a presença de Devin Ratray, o Buzz McCallister da franquia original, que aqui reclama que seu primo Kevin anualmente passa trotes para a polícia dizendo que há uma criança sozinha em casa. Esse é o melhor momento do filme.

Com uma história esquisita e brincadeiras bem perigosas (que literalmente poderiam matar alguém), o novo ‘Esqueceram de Mim no Lar Doce Lar’ é uma narrativa deslocada que não vai agradar ao público antigo e provavelmente não vai agradar a molecada de hoje. Um constrangimento do início ao fim.

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