segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | ‘Coquetel Explosivo’ – Amazon Prime lança ação com Karen Gillan que é pura diversão e pancadaria

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Mulheres fortes, muita pancadaria e uma história de vingança.

A breve premissa de ‘Coquetel Explosivo’, que chegou recentemente ao catálogo do Amazon Prime Video, pode ser aplicada a uma lista interminável de longas-metragens das últimas três ou quatro décadas. Aqui, a narrativa é centrada em Sam (Karen Gillan), uma jovem assassina profissional que segue os passos da mãe, Scarlet (Lena Headey), e cumpre trabalhos para uma organização secreta conhecida como A Firma. Quando uma de suas missões sai de controle e acaba com a morte do filho de um perigoso homem, todos se voltam contra ela e cabe à protagonista lutar pela própria vida e proteger aqueles que ama.



Quando olhamos para a estrutura fílmica arquitetada pelo diretor Navot Papushado, poucos elementos realmente chamam nossa atenção e prometem uma aventura original. Entretanto, é o carisma e a química do elenco que nos mantém vidrados na telinha do começo ao fim – ainda mais considerando o peso que cada um dos atores imprime nessa épica saga. Afinal, além da dupla supracitada, temos a presença de Carla Gugino, Angela Bassett e Michelle Yeoh como um trio de “bibliotecárias” que, na verdade, fazem parte de uma sociedade de assassinas; Paul Giamatti como o chefe da Firma; e Chloe Coleman como uma inocente menina que é arrastada para um ciclo interminável de sanguinolência e que se torna “pupila” de Sam.

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É necessário dizer que Papushado “joga no seguro”: há um apreço por uma zona de conforto do gênero explorado que marca presença em cada um dos atos e cada uma das sequências. Sam é a representação máxima da anti-heroína vingativa cuja mãe sumiu por longos quinze anos antes do aguardado reencontro – e canaliza sua raiva e sua frustração enfrentando antagonistas perigosos que ficam entre ela e seu objetivo. Gillan, aqui, faz um trabalho considerável dentro de todos os limites autoimpostos e, apesar de carregar certas semelhanças com seus papéis em ‘Guardiões da Galáxia’ ou em ‘Jumanji’, ainda procura incremente o arco da personagem com uma fria indiferença que condiz com o próprio trabalho. Headey insurge como uma extensão da filha e, mesmo com todos os problemas que teve no passado, tenta recuperar uma espécie de glória que beira o utópico.

Gugino, Bassett e Yeoh carregam consigo uma força imensa e ajudam no desenrolar da obra e a equilibrar os vários deslizes técnicos que despontam em quase duas horas de tela. Não há surpresa quanto à beleza das atuações de suas personagens – afinal, a versatilidade das atrizes já foi provada inúmeras vezes em produções diversas; o que nos chama a atenção é o conflito de personalidades que emana do trio, como se fossem engrenagens de uma espécie de “monitoria” distorcida e que não admite traições. É dentro desse aspecto que as três fazem o melhor de um roteiro que, assinado por Papushado e por Ehud Lavski, de fato não tem muito de novo a nos contar.

É quase instantâneo traçarmos paralelos entre o longa e tantos outros do gênero – mas uma semelhança em específico nos chama a atenção: toda a delineação artística e performática nos arremessa diretamente para a franquia ‘John Wick’, seja pelo anacronismo imagético das luzes neon e dos figurinos setentistas, seja pelo exagero camp dos enquadramentos e da fotografia. O cineasta deixa bem claro que, mesmo não tendo total domínio da história para contá-la de uma maneira diferente, pode apostar fichas em visuais elegantes e nostálgicos (no melhor significado de ambas as palavras). Ora, até mesmo a lanchonete emerge como versão alternativa do Hotel Continental na saga estrelada por Keanu Reeves – funcionando como um espaço seguro em que as armas são retiradas para que não haja nenhuma fatalidade.

A sensação de rip-off é permanente e, por esse motivo, pode se construir como um mero espetáculo de tiros e de embates sem qualquer substância. É óbvio que tentar mergulhar numa piscina rasa é a receita certa para se machucar – mas andar em sua superfície não é necessariamente algo ruim. ‘Coquetel Explosivo’ cumpre com aquilo que promete, que é nos deixar interessados em uma diversão de fim de semana com um elenco chamativo e floreios encantadores: as cenas de combate podem esbarrar em certos equívocos amadores, mas não o suficiente para desviar nossa atenção.

Talvez o maior sucesso encontrado pelo filme tenha sido sua capacidade de amalgamar tudo o que existe em um único lugar. Como um coquetel, os ingredientes foram adicionados sem qualquer medida em um liquidificador – e então, batidos até virarem uma deliciosa trama que, quando encarada dentro dos parâmetros que estabelece, pode deixar o público satisfeito (e, quem sabe, ansiando por mais).

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A breve premissa de ‘Coquetel Explosivo’, que chegou recentemente ao catálogo do Amazon Prime Video, pode ser aplicada a uma lista interminável de longas-metragens das últimas três ou quatro décadas. Aqui, a narrativa é centrada em Sam (Karen Gillan), uma jovem assassina profissional que segue os passos da mãe, Scarlet (Lena Headey), e cumpre trabalhos para uma organização secreta conhecida como A Firma. Quando uma de suas missões sai de controle e acaba com a morte do filho de um perigoso homem, todos se voltam contra ela e cabe à protagonista lutar pela própria vida e proteger aqueles que ama.

Quando olhamos para a estrutura fílmica arquitetada pelo diretor Navot Papushado, poucos elementos realmente chamam nossa atenção e prometem uma aventura original. Entretanto, é o carisma e a química do elenco que nos mantém vidrados na telinha do começo ao fim – ainda mais considerando o peso que cada um dos atores imprime nessa épica saga. Afinal, além da dupla supracitada, temos a presença de Carla Gugino, Angela Bassett e Michelle Yeoh como um trio de “bibliotecárias” que, na verdade, fazem parte de uma sociedade de assassinas; Paul Giamatti como o chefe da Firma; e Chloe Coleman como uma inocente menina que é arrastada para um ciclo interminável de sanguinolência e que se torna “pupila” de Sam.

É necessário dizer que Papushado “joga no seguro”: há um apreço por uma zona de conforto do gênero explorado que marca presença em cada um dos atos e cada uma das sequências. Sam é a representação máxima da anti-heroína vingativa cuja mãe sumiu por longos quinze anos antes do aguardado reencontro – e canaliza sua raiva e sua frustração enfrentando antagonistas perigosos que ficam entre ela e seu objetivo. Gillan, aqui, faz um trabalho considerável dentro de todos os limites autoimpostos e, apesar de carregar certas semelhanças com seus papéis em ‘Guardiões da Galáxia’ ou em ‘Jumanji’, ainda procura incremente o arco da personagem com uma fria indiferença que condiz com o próprio trabalho. Headey insurge como uma extensão da filha e, mesmo com todos os problemas que teve no passado, tenta recuperar uma espécie de glória que beira o utópico.

Gugino, Bassett e Yeoh carregam consigo uma força imensa e ajudam no desenrolar da obra e a equilibrar os vários deslizes técnicos que despontam em quase duas horas de tela. Não há surpresa quanto à beleza das atuações de suas personagens – afinal, a versatilidade das atrizes já foi provada inúmeras vezes em produções diversas; o que nos chama a atenção é o conflito de personalidades que emana do trio, como se fossem engrenagens de uma espécie de “monitoria” distorcida e que não admite traições. É dentro desse aspecto que as três fazem o melhor de um roteiro que, assinado por Papushado e por Ehud Lavski, de fato não tem muito de novo a nos contar.

É quase instantâneo traçarmos paralelos entre o longa e tantos outros do gênero – mas uma semelhança em específico nos chama a atenção: toda a delineação artística e performática nos arremessa diretamente para a franquia ‘John Wick’, seja pelo anacronismo imagético das luzes neon e dos figurinos setentistas, seja pelo exagero camp dos enquadramentos e da fotografia. O cineasta deixa bem claro que, mesmo não tendo total domínio da história para contá-la de uma maneira diferente, pode apostar fichas em visuais elegantes e nostálgicos (no melhor significado de ambas as palavras). Ora, até mesmo a lanchonete emerge como versão alternativa do Hotel Continental na saga estrelada por Keanu Reeves – funcionando como um espaço seguro em que as armas são retiradas para que não haja nenhuma fatalidade.

A sensação de rip-off é permanente e, por esse motivo, pode se construir como um mero espetáculo de tiros e de embates sem qualquer substância. É óbvio que tentar mergulhar numa piscina rasa é a receita certa para se machucar – mas andar em sua superfície não é necessariamente algo ruim. ‘Coquetel Explosivo’ cumpre com aquilo que promete, que é nos deixar interessados em uma diversão de fim de semana com um elenco chamativo e floreios encantadores: as cenas de combate podem esbarrar em certos equívocos amadores, mas não o suficiente para desviar nossa atenção.

Talvez o maior sucesso encontrado pelo filme tenha sido sua capacidade de amalgamar tudo o que existe em um único lugar. Como um coquetel, os ingredientes foram adicionados sem qualquer medida em um liquidificador – e então, batidos até virarem uma deliciosa trama que, quando encarada dentro dos parâmetros que estabelece, pode deixar o público satisfeito (e, quem sabe, ansiando por mais).

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