quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Fora de Série – O ‘coming of age’ perfeito para a nova geração

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Filmes adolescentes em geral são conhecidos por alguns elementos-chave que ajudam a compor o enredo – como o colégio no pano de fundo, diferentes grupinhos e a jornada de amadurecimento do protagonista. No entanto, entre tantos longas do gênero que carregam essas marcas, alguns se destacam por conseguirem ultrapassar o superficial e trazer uma mensagem a mais para dialogar tanto com quem vive a mesma fase dos personagens quanto com quem já passou dela. Esse é definitivamente o caso de Fora de Série, que marca a estreia de Olivia Wilde na direção e vem arrancando elogios da crítica especializada e do público desde a sua primeira exibição no Festival SXSW. Mesclando comédia com a dose certa de emoção, Booksmart – como é chamado no título original – muito provavelmente é o coming of age da vez.

A premissa não é novidade: é o último ano do Ensino Médio e tudo o que os jovens querem é uma noite memorável para fechar com chave de ouro os anos que passaram no colégio. Quer dizer, a maioria deles, já que as CDFs Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein) passaram todo esse tempo focando nos estudos e prometem sair do high school com a mesma filosofia para brilharem na vida de jovens adultas – a primeira em sua viagem para a África e a segunda com suas notas incríveis em Yale. O plano parecia perfeito e condizente com a personalidade das duas; porém, ao descobrir que alunos que não focaram só nas leituras e provas também iriam para boas faculdades (como Harvard e a própria Yale), Molly tem um surto de consciência e convoca sua melhor amiga para uma importante última missão: a de mostrar para seus colegas de classe que elas também poderiam ser tão divertidas quanto inteligentes indo à festa organizada por um deles na noite antes da formatura. Mas, até conseguirem chegar ao tão sonhado destino, as duas passam por uma série de complicações e situações hilárias que fazem lembrar outros filmes do gênero – como Superbad, por exemplo (que traz Jonah Hill, coincidentemente irmão da atriz Beanie Feldstein, como um dos protagonistas).



Além de aparecer como o filme da linha “última noite de diversão” que o público feminino ainda não tinha, Booksmart se destaca com suas duas personagens fortes e extremamente empoderadas. Amy, lésbica assumida e preocupada com causas sociais, é responsável por levantar questões importantes do feminismo – como criticar o fato de todos chamarem uma garota com um nome pejorativo só por ela ter ficado com vários garotos; já Molly, que não segue o padrão de magreza da maioria das meninas de sua turma, inspira com sua autoconfiança e amor-próprio. Muito bem dirigidas por Olivia Wilde e com um carisma próprio, as duas atrizes têm o timing perfeito para fazer rir nas horas de comédia e para gerar a comoção necessária nos momentos de tensão ou drama – além de terem a química perfeita para convencerem como melhores amigas inseparáveis (das dancinhas e looks compartilhados a uma tensa cena de briga na reta final da história).

Outro ponto de destaque em Fora de Série é a quebra de estereótipo dos personagens, que o público vai descobrindo junto com as duas protagonistas. Nem tudo é o que parece ser, e se julgar superior a um ou outro por conta de um pré-conceito (quem nunca?) pode acabar afastando pessoas incríveis e que são muito mais do que seus estilos e ~famas antecipadas~ deixam transparecer. Como a adolescência é o período em que a identidade está sendo moldada, fugir dos maniqueísmos e mostrar que todos nós somos múltiplos e muito mais profundos do que uma simples capa pode revelar já faz o longa de Olivia Wilde se sobressair dentre tantos outras produções adolescentes que ficam no superficial. E somado a tudo isso, a personagem de Jessica Williams, a professora Mrs.Fine, ainda fala com os adultos que sentem nostalgia desse período da vida por não terem vivido tudo o que deveriam na época. Do diálogo que tem com as duas protagonistas em seu carro (onde revela que cometeu o erro de decidir curtir a vida intensamente só aos 20 e poucos anos) ao olhar de encantamento que demonstra ao chegar na festa dos alunos, ela mostra como essa fase é única e merece ser vivida.

Além do ótimo roteiro e dos personagens bem construídos, Olivia Wilde também não decepciona na parte técnica da direção. Do mesmo modo que Greta Gerwig em Lady Bird – outro coming of age de sucesso, que chegou a ser indicado em várias categorias do Oscar 2018 -, a atriz mostra amadurecimento por trás das câmeras. Um dos destaques é a cena do mergulho na piscina durante a festa, que, aliada à trilha sonora, ilustra perfeitamente a dura sensação de quebra de expectativa de uma das personagens em um momento importante do filme. Considerando seu olhar apurado para retratar a adolescência e o sucesso de sua estreia, dá para esperar muitas outras produções da estrela por aí (e ainda bem por isso, já que é sempre satisfatório ver uma mulher ganhando seu merecido espaço em Hollywood).

Por fim, com sua mensagem de amizade que pode conseguir causar lágrima nos mais sensíveis, Booksmart relembra a importância de ter a “sua pessoa” ao redor, ainda mais na fase em que ainda estamos tentando entender quem somos e para onde vamos. Em uma sociedade onde a rivalidade feminina é tão cultivada, produções que colocam essa parceria em um patamar ainda mais importante que a do amor romântico é quase utilidade pública, já que é quase impossível ser feliz completamente sozinho. No mais, assim como acontece com os bons exemplares do gênero teen, o modo como dialoga com o público e o ritmo fluido vão fazer com que os fãs do gênero não queiram rir e se emocionar uma vez só. Não é exagero dizer: tem o selo John Hughes de Qualidade!

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A premissa não é novidade: é o último ano do Ensino Médio e tudo o que os jovens querem é uma noite memorável para fechar com chave de ouro os anos que passaram no colégio. Quer dizer, a maioria deles, já que as CDFs Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein) passaram todo esse tempo focando nos estudos e prometem sair do high school com a mesma filosofia para brilharem na vida de jovens adultas – a primeira em sua viagem para a África e a segunda com suas notas incríveis em Yale. O plano parecia perfeito e condizente com a personalidade das duas; porém, ao descobrir que alunos que não focaram só nas leituras e provas também iriam para boas faculdades (como Harvard e a própria Yale), Molly tem um surto de consciência e convoca sua melhor amiga para uma importante última missão: a de mostrar para seus colegas de classe que elas também poderiam ser tão divertidas quanto inteligentes indo à festa organizada por um deles na noite antes da formatura. Mas, até conseguirem chegar ao tão sonhado destino, as duas passam por uma série de complicações e situações hilárias que fazem lembrar outros filmes do gênero – como Superbad, por exemplo (que traz Jonah Hill, coincidentemente irmão da atriz Beanie Feldstein, como um dos protagonistas).

Além de aparecer como o filme da linha “última noite de diversão” que o público feminino ainda não tinha, Booksmart se destaca com suas duas personagens fortes e extremamente empoderadas. Amy, lésbica assumida e preocupada com causas sociais, é responsável por levantar questões importantes do feminismo – como criticar o fato de todos chamarem uma garota com um nome pejorativo só por ela ter ficado com vários garotos; já Molly, que não segue o padrão de magreza da maioria das meninas de sua turma, inspira com sua autoconfiança e amor-próprio. Muito bem dirigidas por Olivia Wilde e com um carisma próprio, as duas atrizes têm o timing perfeito para fazer rir nas horas de comédia e para gerar a comoção necessária nos momentos de tensão ou drama – além de terem a química perfeita para convencerem como melhores amigas inseparáveis (das dancinhas e looks compartilhados a uma tensa cena de briga na reta final da história).

Outro ponto de destaque em Fora de Série é a quebra de estereótipo dos personagens, que o público vai descobrindo junto com as duas protagonistas. Nem tudo é o que parece ser, e se julgar superior a um ou outro por conta de um pré-conceito (quem nunca?) pode acabar afastando pessoas incríveis e que são muito mais do que seus estilos e ~famas antecipadas~ deixam transparecer. Como a adolescência é o período em que a identidade está sendo moldada, fugir dos maniqueísmos e mostrar que todos nós somos múltiplos e muito mais profundos do que uma simples capa pode revelar já faz o longa de Olivia Wilde se sobressair dentre tantos outras produções adolescentes que ficam no superficial. E somado a tudo isso, a personagem de Jessica Williams, a professora Mrs.Fine, ainda fala com os adultos que sentem nostalgia desse período da vida por não terem vivido tudo o que deveriam na época. Do diálogo que tem com as duas protagonistas em seu carro (onde revela que cometeu o erro de decidir curtir a vida intensamente só aos 20 e poucos anos) ao olhar de encantamento que demonstra ao chegar na festa dos alunos, ela mostra como essa fase é única e merece ser vivida.

Além do ótimo roteiro e dos personagens bem construídos, Olivia Wilde também não decepciona na parte técnica da direção. Do mesmo modo que Greta Gerwig em Lady Bird – outro coming of age de sucesso, que chegou a ser indicado em várias categorias do Oscar 2018 -, a atriz mostra amadurecimento por trás das câmeras. Um dos destaques é a cena do mergulho na piscina durante a festa, que, aliada à trilha sonora, ilustra perfeitamente a dura sensação de quebra de expectativa de uma das personagens em um momento importante do filme. Considerando seu olhar apurado para retratar a adolescência e o sucesso de sua estreia, dá para esperar muitas outras produções da estrela por aí (e ainda bem por isso, já que é sempre satisfatório ver uma mulher ganhando seu merecido espaço em Hollywood).

Por fim, com sua mensagem de amizade que pode conseguir causar lágrima nos mais sensíveis, Booksmart relembra a importância de ter a “sua pessoa” ao redor, ainda mais na fase em que ainda estamos tentando entender quem somos e para onde vamos. Em uma sociedade onde a rivalidade feminina é tão cultivada, produções que colocam essa parceria em um patamar ainda mais importante que a do amor romântico é quase utilidade pública, já que é quase impossível ser feliz completamente sozinho. No mais, assim como acontece com os bons exemplares do gênero teen, o modo como dialoga com o público e o ritmo fluido vão fazer com que os fãs do gênero não queiram rir e se emocionar uma vez só. Não é exagero dizer: tem o selo John Hughes de Qualidade!

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