Após dois curtas-metragens e ter assinado o roteiro do polêmico filme Border, a cineasta sueca de 43 anos Isabella Eklöf chega ao seu primeiro longa-metragem na direção dando um grande bico na porta contando a trajetória de uma ingênua jovem e seu relacionamento abusivo com um gângster durante a passagem deles na cidade portuária de Bodrum, na Riviera turca. História impactante, cenas pesadíssimas, que embrulha o estômago mas faz refletir sobre a questão da redenção dentro de um camuflado deslumbre, se existe ou não. Holiday está disponível no ótimo catálogo do streaming Reserva Imovision.
Na trama, conhecemos Sascha (Victoria Carmen Sonne), uma jovem que desembarca em um aeroporto na Turquia para passar um tempo na casa de praia do namorado bandido Michael (Lai Yde) e acaba encarando uma normalidade de violência e abusos dentro do universo do namorado. Quando parece que começa a perceber que há algo errado, ou pelo menos que deseja sair daquele universo mesmo que de maneira não convicta, ela conhece um velejador holandês mas Michael não deixará as coisas irem para o rumo que estavam caminhando.
Selecionado para o Festival de Sundance no ano de 2018, Holiday, aborda paralelos que nos fazem entender melhor a protagonista, consumida por uma ingenuidade tamanha. Por exemplo, o medo vira um paralelo para o ar dessa ingenuidade que envolve a personagem, escolhas aparecem mas o deslumbre para com uma vida de luxo e a acomodação de uma falsa liberdade parece que a deixam confusa a todo instante, mesmo seus instintos a levando para uma busca por uma outra realidade pois aquilo que vive não pode ser nem de longe um padrão para uma vida calma e tranquila. Nada ao seu redor a ajuda nesse caminho complicado, a chegada do velejador holandês parece que desperta nela uma reação de esperança, quase uma desconstrução sobre a sua visão daqueles dias naquele lugar.
Violência física, psicológica, o filme é recheado de fortes cenas que deixarão o espectador impactado. Esse poder de atingir chocando é o caminho tomado por Eklöf para mostrar os rumos sem volta da vida, por escolhas que estão na nossa frente mas, com todos os obstáculos, às vezes não nos fazem enxergar.