“Homem de Ferro” (2008) serviu como divisor de águas para o cinema de quadrinhos. Muitos filmes do (agora) subgênero já haviam sido feitos, muitos inclusive saídos da mesma empresa, a Marvel Comics, como “X-Men”, “Homem-Aranha” e “Hulk”, mas “Homem de Ferro” foi importante por diversos motivos.
Primeiro por colocar os personagens nas mãos da Marvel (transformada em produtora) novamente, e não nas de produtores de estúdios como a Fox (“X-Men” e “Quarteto Fantástico”), Sony/Columbia (“Homem-Aranha”) e Universal (“Hulk”), que nem sempre acertavam.
Segundo por transformar um herói secundário da casa, em uma das mais rentáveis franquias do cinema atual. E por último por reerguer a carreira do então apagadoRobert Downey Jr., e transformá-lo num dos maiores astros da atualidade (nenhuma outra carreira de um ator foi tão definida por um filme do subgênero, quem sabe talvez a de Hugh Jackman). “Homem de Ferro” (2008) acertava em cheio tudo o que um bom filme de super-herói precisava: uma trama interessante, personagens críveis e carismáticos, seriedade e humor em equilíbrio, e ótimos atores tratando o projeto como uma obra mirada ao Oscar.
Cinco anos depois, Robert Downey Jr. volta a interpretar o personagem pela quarta vez. Agora, sai Jon Favrou da direção (que continua interpretando o personagem Happy) e entra Shane Black (“Beijos e Tiros”); mas não são notadas grandes diferenças em questão de tom.
O roteiro escrito pelo próprio Black em parceria com Drew Pearce coloca o herói com severos ataques de ansiedade (o protagonista sempre precisa ter um demônio interno a ser superado) após os eventos ocorridos em “Os Vingadores”. A aparição do super-terrorista conhecido como Mandarim (Ben Kingsley) ameaça a segurança nacional dos EUA, quando o vilão declara guerra ao presidente americano.
Junto com o fato, o passado de Tony Stark ressurge na forma de um antigo rival cientista, personagem de Guy Pearce, que desenvolveu uma tecnologia regenerativa “quente”; e uma ex-namorada, papel da ótima Rebecca Hall, igualmente uma mulher da ciência. “Homem de Ferro 3” não é tão bom quanto os dois anteriores. Além de diversos furos no roteiro, o filme não explora de maneira satisfatória seus novos personagens (que tinham grande potencial) e suas personalidades. Isso resulta em bons atores do nível de Guy Pearce e Rebecca Hall mal utilizados com pouco tempo em cena.
Ao invés o filme prefere optar por perder tempo com uma subtrama envolvendo o menino Ty Simpkins, que parece não ir a lugar algum, e soa como pura “encheção de lingüiça” (seria o menino sobrinho de algum produtor aqui?). “Homem de Ferro 3” é o tipo de filme que irá te distrair enquanto estiver assistindo, mas que fará o público começar a levantar diversas perguntas sobre a trama, e ver que nem tudo (ou muita coisa) se encaixa.
O maior traço de originalidade aqui vem justamente na reviravolta que envolve o aqui-inimigo Mandarim, e o quanto menos for dito sobre isso melhor. Basta dizer que é algo completamente inusitado e criativo, mas que ao mesmo tempo é garantido de deixar muitos fãs de quadrinhos enfurecidos.