sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

Crítica | Imaculada – Sydney Sweeney protagoniza o HORROR do cruzamento da Virgem Maria com o Bebê de Rosemary


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Imaculada reúne a experiência de déjà-vu à catarse sanguinária com a atriz do momento Sydney Sweeney (Todos Menos Você). Não é um exagero dizer que a atriz norte-americana de 26 anos carregou a produção nas costas, presente em cada frame do enredo, ela também é produtora e responsável por levar a ideia às telas por meio da NEON

Para isso, Sydney uniu-se a Michael Mohan pela terceira vez na sua carreira. Diretor e criador da série da Netflix Everything Sucks! (2018) e diretor e roteirista de The Voyeurs:  Observadores (2021), disponível no Prime Video, Mohan já pode considerar Sydney sua musa. Desta vez, porém, o roteiro é do desconhecido Andrew Lobel e sofre bastante com reviravoltas sem base e clichês do gênero terror. 



sydney sweeney imaculada

Com uma ambientação em um convento italiano, Imaculada consegue criar uma atmosfera intrigante e ressaltar toda a mística religiosa em torno dos atos de contrição e fé. A cena inicial do longa tal como apresentação deste universo recorrente nos filmes de horror dita a regra principal da história: uma vez dentro deste convento, não se pode sair. O que motiva os espectadores a questionarem: o que existe de tão ruim atrás das barras de ferro daquele portão? 

Em seguida, vemos a chegada da noviça Cecilia (Sydney Sweeney) na Itália para realizar seus votos em um novo convento na Europa, após o fechamento das portas do seu último estabelecimento religioso nos EUA. Sem saber muitas palavras de italiano, a jovem atravessa o oceano em busca de uma razão para sua vida e sobrevivência de um trágico evento ainda na pré-adolescência. A partir deste incidente, Cecília decidiu dedicar sua vida a Deus e descobrir porque Ele a salvou. 


sydney sweeney imaculada 2

Ao lado da sensível e recatada Cecília são apresentadas duas outras noviças antagonistas Mary (Simona Tabasco) e Gwen (Benedetta Porcaroli). Enquanto Mary parece ser sistemática, pouco simpática e, por fim, invejosa, Gwen é rebelde, desafiadora e amiga, sendo assim um dos pontos de apoio à adaptação ao convento e à comunicação em inglês, com um elenco predominantemente italiano. 

Logo após as celebrações da cerimônia de votos a profissão de fé, Cecilia acompanha uma das irmãs e vê seu rosto totalmente coberto por uma máscara vermelha. Sem saber como reagir, ela é interpelada por uma freira mais experiente, a qual conta possuir umas das relíquias da crucificação de Jesus Cristo e Cecília desmaia. Esta é a deixa para suspeitarmos de todas as próximas cenas com as figuras de poder Madre Superior (Dora Romano), Cardinal Franco Merola (Giorgio Colangeli) e Padre Sal Tedeschi (Álvaro Morte).

Assista também: 
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13 Sydney Sweeney on the set of IMMACULATE

Com um recurso deveras recorrente dos filmes de horror, as imagens de choques são introduzidas em uma alusão entre realidade e sonhos. Do mesmo modo, a sonoplastia aproveita-se de todos os momentos para “presentear” a plateia com jumpscares, já batidos de tão repetidos em filmes da Blumhouse. O roteiro utiliza até mesmo pássaros batendo contra a vidraça da janela para causar um baque repentino sem nenhuma utilidade para a trama. 

Após assistir ao filme The Voyeurs:  Observadores, é possível afirmar uma inclinação do diretor Michael Mohan em filmar olhos cujas retinas escondem segredos e as lágrimas de Sydney Sweeney inundam diversas sequências. Com o surgimento de uma gravidez no enredo, Imaculada dialoga com o clássico do gênero O Bêbe de Rosemary (1968), de Roman Polanski. O impacto, no entanto, é bastante aquém do martírio de Mia Farrow

sydney sweeney immaculate

Se no título dos anos 60, a intriga é realmente inquietante e o espectador percorre os meandros de suspense e descoberta com a protagonista, neste filme as revelações são simplistas e pouco elaboradas. A personalidade de Cecília muda completamente do início para os 30 minutos finais do filme.

Aterrorizada por conta da sua imaculada gravidez e os destinos de Mary e Gwen, a educada e inocente freira torna-se uma pessoa sem impedimentos para cometer repetidamente um dos pecados mais graves dos Dez Mandamentos bíblicos. Sem coerência narrativa e situações pouco factíveis, toda a mise-en-scene do convento e das leis divinas e das loucuras humanas em nome Dele são jogadas fora para apresentar sangue pelo sangue.

Imaculada Sydney Sweeny 3
Os derradeiros minutos são louváveis por dar à Cecília o poder de decisão usurpado dela durante toda a narrativa. O final, contudo, funcionaria muito melhor sem tornar a mesma personagem em uma pessoa completamente amoral e diferente de nove meses atrás. Por conta da falha de construção da protagonista, Imaculada torna-se apenas mais um filme de jumpscares e sanguinários sem conectar-se com o público ou produzir medo ou repulsa. 

O temor pela personagem é inexistente, pois ela nunca é retratada com uma pessoa real, embora Sydney Sweeney incorpore o estereótipo da Scream Queen, ela não encara as complexidades entre crença e manipulação. Diferente do desespero de Agnes de encontrar uma saída em O Banho do Diabo, apresentado no Festival de Berlim 2024, ou da dor emocional de Mia em Fale Comigo (2022), de Danny Philippou e Michael Philippou apenas para citar bons exemplos do gênero —, Imaculada é uma espetáculo macabro sem essência.

 

Visto em pré-estreia em Paris, Imaculada estreou no dia 12 de março no SXSW Festival em Austin, no Texas. O longa está previsto para chegar aos cinemas do Brasil em 30 de maio de 2024.


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Imaculada reúne a experiência de déjà-vu à catarse sanguinária com a atriz do momento Sydney Sweeney (Todos Menos Você). Não é um exagero dizer que a atriz norte-americana de 26 anos carregou a produção nas costas, presente em cada frame do enredo, ela também é produtora e responsável por levar a ideia às telas por meio da NEON

Para isso, Sydney uniu-se a Michael Mohan pela terceira vez na sua carreira. Diretor e criador da série da Netflix Everything Sucks! (2018) e diretor e roteirista de The Voyeurs:  Observadores (2021), disponível no Prime Video, Mohan já pode considerar Sydney sua musa. Desta vez, porém, o roteiro é do desconhecido Andrew Lobel e sofre bastante com reviravoltas sem base e clichês do gênero terror. 

sydney sweeney imaculada

Com uma ambientação em um convento italiano, Imaculada consegue criar uma atmosfera intrigante e ressaltar toda a mística religiosa em torno dos atos de contrição e fé. A cena inicial do longa tal como apresentação deste universo recorrente nos filmes de horror dita a regra principal da história: uma vez dentro deste convento, não se pode sair. O que motiva os espectadores a questionarem: o que existe de tão ruim atrás das barras de ferro daquele portão? 

Em seguida, vemos a chegada da noviça Cecilia (Sydney Sweeney) na Itália para realizar seus votos em um novo convento na Europa, após o fechamento das portas do seu último estabelecimento religioso nos EUA. Sem saber muitas palavras de italiano, a jovem atravessa o oceano em busca de uma razão para sua vida e sobrevivência de um trágico evento ainda na pré-adolescência. A partir deste incidente, Cecília decidiu dedicar sua vida a Deus e descobrir porque Ele a salvou. 

sydney sweeney imaculada 2

Ao lado da sensível e recatada Cecília são apresentadas duas outras noviças antagonistas Mary (Simona Tabasco) e Gwen (Benedetta Porcaroli). Enquanto Mary parece ser sistemática, pouco simpática e, por fim, invejosa, Gwen é rebelde, desafiadora e amiga, sendo assim um dos pontos de apoio à adaptação ao convento e à comunicação em inglês, com um elenco predominantemente italiano. 

Logo após as celebrações da cerimônia de votos a profissão de fé, Cecilia acompanha uma das irmãs e vê seu rosto totalmente coberto por uma máscara vermelha. Sem saber como reagir, ela é interpelada por uma freira mais experiente, a qual conta possuir umas das relíquias da crucificação de Jesus Cristo e Cecília desmaia. Esta é a deixa para suspeitarmos de todas as próximas cenas com as figuras de poder Madre Superior (Dora Romano), Cardinal Franco Merola (Giorgio Colangeli) e Padre Sal Tedeschi (Álvaro Morte).

13 Sydney Sweeney on the set of IMMACULATE

Com um recurso deveras recorrente dos filmes de horror, as imagens de choques são introduzidas em uma alusão entre realidade e sonhos. Do mesmo modo, a sonoplastia aproveita-se de todos os momentos para “presentear” a plateia com jumpscares, já batidos de tão repetidos em filmes da Blumhouse. O roteiro utiliza até mesmo pássaros batendo contra a vidraça da janela para causar um baque repentino sem nenhuma utilidade para a trama. 

Após assistir ao filme The Voyeurs:  Observadores, é possível afirmar uma inclinação do diretor Michael Mohan em filmar olhos cujas retinas escondem segredos e as lágrimas de Sydney Sweeney inundam diversas sequências. Com o surgimento de uma gravidez no enredo, Imaculada dialoga com o clássico do gênero O Bêbe de Rosemary (1968), de Roman Polanski. O impacto, no entanto, é bastante aquém do martírio de Mia Farrow

sydney sweeney immaculate

Se no título dos anos 60, a intriga é realmente inquietante e o espectador percorre os meandros de suspense e descoberta com a protagonista, neste filme as revelações são simplistas e pouco elaboradas. A personalidade de Cecília muda completamente do início para os 30 minutos finais do filme.

Aterrorizada por conta da sua imaculada gravidez e os destinos de Mary e Gwen, a educada e inocente freira torna-se uma pessoa sem impedimentos para cometer repetidamente um dos pecados mais graves dos Dez Mandamentos bíblicos. Sem coerência narrativa e situações pouco factíveis, toda a mise-en-scene do convento e das leis divinas e das loucuras humanas em nome Dele são jogadas fora para apresentar sangue pelo sangue.

Imaculada Sydney Sweeny 3
Os derradeiros minutos são louváveis por dar à Cecília o poder de decisão usurpado dela durante toda a narrativa. O final, contudo, funcionaria muito melhor sem tornar a mesma personagem em uma pessoa completamente amoral e diferente de nove meses atrás. Por conta da falha de construção da protagonista, Imaculada torna-se apenas mais um filme de jumpscares e sanguinários sem conectar-se com o público ou produzir medo ou repulsa. 

O temor pela personagem é inexistente, pois ela nunca é retratada com uma pessoa real, embora Sydney Sweeney incorpore o estereótipo da Scream Queen, ela não encara as complexidades entre crença e manipulação. Diferente do desespero de Agnes de encontrar uma saída em O Banho do Diabo, apresentado no Festival de Berlim 2024, ou da dor emocional de Mia em Fale Comigo (2022), de Danny Philippou e Michael Philippou apenas para citar bons exemplos do gênero —, Imaculada é uma espetáculo macabro sem essência.

 

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