sábado , 14 dezembro , 2024

Crítica | Intruso – Suspense Brasileiro que estreia nos cinemas 13 Anos Depois!

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Sim, é isso mesmo que você leu. Esta semana temos um suspense brasileiro estreando em circuito nacional com treze anos de atraso. Apesar da coincidência com o número do azar, a verdade é que o longa ‘Intruso’ é um desses projeto que têm certo ar de filme B que passa em festivais de cinema para um público bem seleto. O longa foi rodado há 13 anos, em 2006, com uma verba de apenas R$ 10 mil.

O argumento não é exatamente original: em uma casa, uma família (pai, mãe, seus três filhos já grandes, a esposa de um deles, a neta e o cachorro) está presa neste ambiente, tensa, aguardando a chegada de um indivíduo que está prestes a aparecer, porém, não dá para precisar quando. Com sua chegada, o clima entre os familiares piora, pois todos, a partir desse momento, têm que viver sob rígida vigilância deste sujeito e obedecer suas ordens, sob o risco de severa punição. Tudo que o espectador sabe é que ninguém pode sair da casa ou se comunicar com o mundo externo: todo mundo tem que agir naturalmente, como se suas rotinas não tivessem sido afetadas.



É complicado avaliar um filme desses tanto tempo depois, sabendo que todo mundo envolvido na produção já evoluiu suas carreiras. Isto porque o elenco conta com nomes conhecidos do mercado, como Eriberto Leão (bem congelado no papel do intruso suspeitoso), Juliana Knust (a mais natural do elenco, no papel da filha mais velha, possivelmente recém-saída de ‘Malhação’), Genezio de Barros (razoável como o pai de família preocupado, pois manteve a mesma expressão desesperada durante todo o tempo), Lu Grimaldi (como mãe, parece que ela buscou suas fontes no Expressionismo, mas recaiu no clichê) e participação especial de Danton Melo (que está a cara do Pablo Escobar).

O longa tem uma atmosfera de filme caseiro e antigo, quase como se tivesse sido filmado em VHS (na verdade, hoje é que fazemos filmes com melhor tecnologia, em alta definição de cores). É interessante pensar que sua produção foi feita com apenas dez mil reais de orçamento, e que os atores toparam ficar hospedados na própria casa onde foi gravado o longa, para diminuir os custos da produção. Considerando que todos eles já tinham carreiras reconhecidas na época da gravação, topar essa empreitada sinaliza comprometimento com o projeto e com a arte, e é muito legal valorizar isso.

Dentro das possibilidades da época, a direção de Paulo Fontenelle conseguiu alcançar um resultado razoável com o longa-metragem, mas não uma imersão total do espectador no conflito da trama. O público pode levar um ou dois sustos, mas em boa parte do longa nós apenas acompanhamos uma sequência óbvia e repetitiva de cenas parecidas.

Para quem curte um cinema mais experimental e intimista, ‘Intruso’ é uma boa opção, com um desfecho interessante que surpreende quando se revela.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O argumento não é exatamente original: em uma casa, uma família (pai, mãe, seus três filhos já grandes, a esposa de um deles, a neta e o cachorro) está presa neste ambiente, tensa, aguardando a chegada de um indivíduo que está prestes a aparecer, porém, não dá para precisar quando. Com sua chegada, o clima entre os familiares piora, pois todos, a partir desse momento, têm que viver sob rígida vigilância deste sujeito e obedecer suas ordens, sob o risco de severa punição. Tudo que o espectador sabe é que ninguém pode sair da casa ou se comunicar com o mundo externo: todo mundo tem que agir naturalmente, como se suas rotinas não tivessem sido afetadas.

É complicado avaliar um filme desses tanto tempo depois, sabendo que todo mundo envolvido na produção já evoluiu suas carreiras. Isto porque o elenco conta com nomes conhecidos do mercado, como Eriberto Leão (bem congelado no papel do intruso suspeitoso), Juliana Knust (a mais natural do elenco, no papel da filha mais velha, possivelmente recém-saída de ‘Malhação’), Genezio de Barros (razoável como o pai de família preocupado, pois manteve a mesma expressão desesperada durante todo o tempo), Lu Grimaldi (como mãe, parece que ela buscou suas fontes no Expressionismo, mas recaiu no clichê) e participação especial de Danton Melo (que está a cara do Pablo Escobar).

O longa tem uma atmosfera de filme caseiro e antigo, quase como se tivesse sido filmado em VHS (na verdade, hoje é que fazemos filmes com melhor tecnologia, em alta definição de cores). É interessante pensar que sua produção foi feita com apenas dez mil reais de orçamento, e que os atores toparam ficar hospedados na própria casa onde foi gravado o longa, para diminuir os custos da produção. Considerando que todos eles já tinham carreiras reconhecidas na época da gravação, topar essa empreitada sinaliza comprometimento com o projeto e com a arte, e é muito legal valorizar isso.

Dentro das possibilidades da época, a direção de Paulo Fontenelle conseguiu alcançar um resultado razoável com o longa-metragem, mas não uma imersão total do espectador no conflito da trama. O público pode levar um ou dois sustos, mas em boa parte do longa nós apenas acompanhamos uma sequência óbvia e repetitiva de cenas parecidas.

Para quem curte um cinema mais experimental e intimista, ‘Intruso’ é uma boa opção, com um desfecho interessante que surpreende quando se revela.

 

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