quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Jennifer Lawrence BRILHA na divertida comédia adulta ‘Que Horas Eu Te Pego?’!

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Jennifer Lawrence ganhou fama mundial ao interpretar Katniss Everdeen na franquia ‘Jogos Vorazes’ e, desde então, conquistou o mundo com interpretações incríveis, como em ‘O Lado Bom da Vida’, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, e em ‘mãe!’, subestimado suspense comandado por Darren Aronofsky. Agora, ela está de volta às telonas como a protagonista e a produtora da comédia adulta Que Horas Eu Te Pego?’, cujo resultado é bastante positivo – entregando exatamente o que propunha em uma narrativa de superação e amadurecimento que usa os clichês ao seu favor.

Antes de mais nada, é preciso dizer que a ideia do longa-metragem não é se consagrar como uma potente análise da vida humana ou das relações entre os indivíduos; pelo contrário, o projeto funciona como um bem-vindo escape cômico que, durante pouco mais de uma hora e quarenta, nos faz esquecer dos problemas e nos arremessa a uma jornada recheada de momentos hilários e de ácidos diálogos. E não é nenhuma surpresa que sejamos presenteados com esse teor sarcástico, visto que o longa-metragem é dirigido e escrito por Gene Stupnitsky (mesmo nome por trás do irreverente ‘Bons Meninos’).



A trama traz Lawrence como Maddie Barker, uma mulher que faz de tudo para permanecer na casa que pertencia à sua mãe na paradisíaca costa litorânea de Montauk, Nova York. Trabalhando como motorista de Uber, ela vê seus planos se desmantelado quando o carro que usa para seu ganha-pão é guinchado – deixando-a apenas com o irrisório trabalho de garçonete em um restaurante local. Sem perspectiva de conseguir pagar as contas e sendo pressionada a vender a casa para os ricaços que passam o verão em seu lar, ela encontra uma oportunidade de recuperar a vida que tinha quando um casal abastado revela estar procurando por alguém que ajude seu filho único, Percy (Andrew Barth Feldman), de dezenove anos, a desabrochar. Percy não tem amigos e é muito introvertido – o que preocupa os pais, visto que o jovem, em breve, entrará na faculdade e não estará acompanhado de mais ninguém.

A princípio hesitante com a estranha oferta, Maddie resolve dar uma chance e é contratada para ser a “namorada falsa” de Percy até que ele esteja pronto para trilhar o próprio caminho. Entretanto, as coisas não saem exatamente como o planejado: conforme Maddie tenta ao máximo fazer com que o garoto saia da concha e descubra o gigantesco mundo que existe lá fora, ela também percebe que ele traz seu melhor à tona, fazendo-a derrubar muralhas que ergueu para se proteger e ser vulnerável em alguns momentos. E, como poderíamos imaginar, Maddie começa a desenvolver sentimentos verdadeiros pelo rapaz – tornando seu trabalho muito mais difícil.

Stupnitsky surpreendeu ao público ao encabeçar o supracitado ‘Bons Meninos’, oferecendo uma perspectiva não muito vista em obras do gênero. Ao retornar ao circuito cinematográfico, ele, agora, tem mais espaço para explorar temas reais sem precisar de muita cautela – visto que não está mais trabalhando com crianças, e sim com adultos. E, ainda que a construção dos personagens não seja tão profunda, nota-se uma predileção do cineasta em transportar todos os holofotes para a jornada coming-of-age de Maddie. Aos 32 anos, ela começa a passar por uma crise identitária em que todos os traumas do passado se aglutinam de uma só vez e deturpam sua perspectiva sobre os outros: temos, por exemplo, o fato do pai tê-la abandonado e nem sequer ter tido a cortesia de responder a uma carta, motivo pelo qual não quer estreitar laços com ninguém; a morte da mãe também é um fator decisivo para a arquitetura de seu caráter, visto que a casa emerge como o único símbolo que a mantém viva – e que está prestes a se perder em virtude de aumento de impostos, precárias condições laborais e a falta de prospecto futuro.

A química entre Lawrence é Feldman é ótima, mas não o bastante para garantir que ambos tenham o mesmo tempo de glória. Conhecendo a versatilidade invejável da atriz, era apenas óbvio que ela roubasse os holofotes para si mesma, demonstrando um timing cômico aplaudível e garantindo que as quebras de expectativa dialogassem com os conflitos geracionais entre sua personagem e a do colega. Ora, Lawrence é a estrela das sequências mais insanas do filme, incluindo uma em que sai do mar e espanca um trio de baderneiros totalmente nua, ou quando se agarra ao capô de um carro para conversar com Percy, tentando consertar os erros que cometeu. E, num espectro mais específico, ela nos guia por uma crítica à gentrificação que continua como tema de importante discussão nos dias de hoje.

É claro que, no geral, Que Horas Eu Te Pego?’ é uma comédia escrachada que se finca muito nas fórmulas do gênero, o que torna toda a condução bastante previsível. Porém, se você está procurando por diversão, este é o título certo para conferir nos cinemas – e garanto que o elenco e o tom despojado da narrativa são fortes o suficiente para nos deixar mais que satisfeitos.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Antes de mais nada, é preciso dizer que a ideia do longa-metragem não é se consagrar como uma potente análise da vida humana ou das relações entre os indivíduos; pelo contrário, o projeto funciona como um bem-vindo escape cômico que, durante pouco mais de uma hora e quarenta, nos faz esquecer dos problemas e nos arremessa a uma jornada recheada de momentos hilários e de ácidos diálogos. E não é nenhuma surpresa que sejamos presenteados com esse teor sarcástico, visto que o longa-metragem é dirigido e escrito por Gene Stupnitsky (mesmo nome por trás do irreverente ‘Bons Meninos’).

A trama traz Lawrence como Maddie Barker, uma mulher que faz de tudo para permanecer na casa que pertencia à sua mãe na paradisíaca costa litorânea de Montauk, Nova York. Trabalhando como motorista de Uber, ela vê seus planos se desmantelado quando o carro que usa para seu ganha-pão é guinchado – deixando-a apenas com o irrisório trabalho de garçonete em um restaurante local. Sem perspectiva de conseguir pagar as contas e sendo pressionada a vender a casa para os ricaços que passam o verão em seu lar, ela encontra uma oportunidade de recuperar a vida que tinha quando um casal abastado revela estar procurando por alguém que ajude seu filho único, Percy (Andrew Barth Feldman), de dezenove anos, a desabrochar. Percy não tem amigos e é muito introvertido – o que preocupa os pais, visto que o jovem, em breve, entrará na faculdade e não estará acompanhado de mais ninguém.

A princípio hesitante com a estranha oferta, Maddie resolve dar uma chance e é contratada para ser a “namorada falsa” de Percy até que ele esteja pronto para trilhar o próprio caminho. Entretanto, as coisas não saem exatamente como o planejado: conforme Maddie tenta ao máximo fazer com que o garoto saia da concha e descubra o gigantesco mundo que existe lá fora, ela também percebe que ele traz seu melhor à tona, fazendo-a derrubar muralhas que ergueu para se proteger e ser vulnerável em alguns momentos. E, como poderíamos imaginar, Maddie começa a desenvolver sentimentos verdadeiros pelo rapaz – tornando seu trabalho muito mais difícil.

Stupnitsky surpreendeu ao público ao encabeçar o supracitado ‘Bons Meninos’, oferecendo uma perspectiva não muito vista em obras do gênero. Ao retornar ao circuito cinematográfico, ele, agora, tem mais espaço para explorar temas reais sem precisar de muita cautela – visto que não está mais trabalhando com crianças, e sim com adultos. E, ainda que a construção dos personagens não seja tão profunda, nota-se uma predileção do cineasta em transportar todos os holofotes para a jornada coming-of-age de Maddie. Aos 32 anos, ela começa a passar por uma crise identitária em que todos os traumas do passado se aglutinam de uma só vez e deturpam sua perspectiva sobre os outros: temos, por exemplo, o fato do pai tê-la abandonado e nem sequer ter tido a cortesia de responder a uma carta, motivo pelo qual não quer estreitar laços com ninguém; a morte da mãe também é um fator decisivo para a arquitetura de seu caráter, visto que a casa emerge como o único símbolo que a mantém viva – e que está prestes a se perder em virtude de aumento de impostos, precárias condições laborais e a falta de prospecto futuro.

A química entre Lawrence é Feldman é ótima, mas não o bastante para garantir que ambos tenham o mesmo tempo de glória. Conhecendo a versatilidade invejável da atriz, era apenas óbvio que ela roubasse os holofotes para si mesma, demonstrando um timing cômico aplaudível e garantindo que as quebras de expectativa dialogassem com os conflitos geracionais entre sua personagem e a do colega. Ora, Lawrence é a estrela das sequências mais insanas do filme, incluindo uma em que sai do mar e espanca um trio de baderneiros totalmente nua, ou quando se agarra ao capô de um carro para conversar com Percy, tentando consertar os erros que cometeu. E, num espectro mais específico, ela nos guia por uma crítica à gentrificação que continua como tema de importante discussão nos dias de hoje.

É claro que, no geral, Que Horas Eu Te Pego?’ é uma comédia escrachada que se finca muito nas fórmulas do gênero, o que torna toda a condução bastante previsível. Porém, se você está procurando por diversão, este é o título certo para conferir nos cinemas – e garanto que o elenco e o tom despojado da narrativa são fortes o suficiente para nos deixar mais que satisfeitos.

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