quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica | L.O.C.A – Comédia com Mariana Ximenes usa o humor para falar da obsessão afetiva

Desde os tempos da Idade Média as mulheres são retratadas como mentalmente instáveis, histéricas, bruxas e diabólicas. Essa tecnologia machista de retratar as mulheres como incapazes de manter a sanidade vem sendo argumento de muitos homens ao longo dos séculos para mantê-las distante dos estudos, da família, dos bens: em suma, do controle da própria vida. Não mais! Para mostrar que esse estereótipo é uma construção social e não uma verdade, a comédia nacional ‘L.O.C.A – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor’ estreia essa semana no Telecine/NOW.

Manuela (Mariana Ximenes) é uma estudante de jornalismo que tem um caso com seu orientador de mestrado, Carlos (Fabio Assunção). No trabalho ela não é valorizada, pois seu chefe, Estevão (Otávio Muller), não a deixa escrever sobre o que quer. Pior: diz que entende mais de mulheres do que ela. Um dia, após uma briga com Carlos por ele não assumi-la publicamente, Manuela conhece a ‘L.O.C.A – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor’, um grupo em que mulheres que amam demais se encontram para desabafar sobre seus relacionamentos ou suas dificuldades em se relacionar novamente. É Elena (Debora Lamm) quem a apresenta ao grupo, e lá Manuela conhece Rebeca (Roberta Rodrigues). Juntas as três vão retomar o controle de seus sentimentos e de suas vidas amorosas.

Escrito e dirigido por Claudia Jouvin, o longa chama a atenção logo de cara pelas locações, com cenas gravadas na Faculdade de Letras da UFRJ, e pela estética marcada com cores fortes e contrastantes, que se alinham aos sentimentos efervescentes das personagens. Rebeca, com estampas animais e cores solares, transparece o sangue quente e o calor suburbano; Manuela trabalha em um ambiente com degradê de rosa e vermelho almodovariano; Elena, que tanto se esforça em ter o casamento perfeito, desfila belíssimos vestidos floridos que acentuam e valorizam seu corpo. Créditos e aplausos à diretora de figurino Marina Franco e à direção de arte, Kiti Duarte.

O trio protagonista entrega exatamente o que se espera das personagens, com destaque para as maravilhosas Roberta Rodrigues (é impossível não querer ser amiga de Rebeca) e Debora Lamm, que arrancam risadas com o absurdo das situações em que se metem. Embora exageradas ao extremo, é esse exagero que faz com que a espectadora se identifique em algum grau com o que está assistindo, e sinta simpatia pelos desafios que as três amigas precisam superar.

Através do humor, ‘L.O.C.A – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor’ busca descontruir a imagem erigida de que quando o assunto é amor, as mulheres perdem o controle. De uma maneira bem-humorada e quase didática, o longa seleciona três mulheres de núcleos sociais distintos para apontar ao público-alvo que a maturidade emocional é algo que pode e deve ser trabalhado em ambos os sexos, e que quando se tem o apoio das amigas todas nós nos tornamos mais fortes.

Apesar de uma premissa que causa estranheza de início, a verdade é que ‘L.O.C.A – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor’ é uma gratíssima surpresa. Divertido, engraçado, instrutivo e empoderado, é um filme para ver e se inspirar a retomar a autonomia emocional que há tanto tempo a tantas mulheres foi negada.

 

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