Quatro temporadas de sucesso transformaram uma simples história sobre pessoas que decidiram assaltar a Casa da Moeda, na Espanha, em ícones pop. Assim tem sido a trajetória da série ‘La Casa de Papel’, com muita ação, planos mirabolantes e personagens profundos cujas histórias geram a empatia do espectador. Por tudo isso, a estreia da primeira parte primeira parte da quinta temporada de ‘La Casa de Papel’ tenha sido tão aguardada, pois sabemos que é o início do fim.
O primeiro episódio faz ligação direta com o fim da quarta temporada, retomando o resgate cinematográfico de Lisboa (Itziar Ituño), levando-a para dentro do atraco. O apelo da população segue forte do lado de fora, enquanto o coronel Tamayo (Fernando Cayo) tenta de todas as formas conseguir dar fim às mais de cem horas de cerco ao prédio, considerando, inclusive, o uso das Forças Armadas para resolver a questão. Em paralelo a isso, a detetive Alicia Sierra (Najwa Nimri) consegue descobrir o verdadeiro esconderijo do Professor (Álvaro Morte) e usa isso como um trunfo para tentar recuperar o prestígio perdido. Do lado de dentro, os Dalís ainda sofrem com a morte de Nairóbi (Alba Flores), e pensam o que fazer com seu algoz, Gandía (José Manuel Poga), porém, uma reviravolta entre os reféns faz com que os Dalís se vejam sozinhos no assalto e tenham que tomar decisões por conta própria para resistir.
A quinta temporada de ‘La Casa de Papel’ já começa com a ação acontecendo, elevando, em apenas dois episódios, o nível de adrenalina da produção. Ao mesmo tempo, o roteiro de Javier Gómez Santander e Álex Pina dá uma segurada, pisa um pouco no freio, porque nos três episódios seguintes o roteiro ia simplesmente colocar um tijolo no acelerador e ir com tudo para cima dos personagens. Ainda que o fã dos Dalís consiga reconhecer as tomadas repaginadas de outras temporadas (técnica esta que é uma das assinaturas das produções de Álex Pina), ainda assim as cenas são apoteóticas, na mesma medida das originais, como, por exemplo, a do sacrifício de Berlim (Pedro Alonso), com tiroteio para todos os lados, é resgatada nesta quinta temporada, com a inversão dos peões, mas usando a mesma tomada cinematográfica revolta em tiro, explosões e destruição.
O que podemos perceber é que essa primeira parte do fim de ‘La Casa de Papel’ elevou o nível da adrenalina no bom e no mau sentido, na trama e nos personagens, de modo que temos eventos acontecendo que não fazem o menor sentido (como Lisboa se tornar a chefe do grupo), e, ao mesmo tempo, temos personagens já há tanto tempo naquela tensão do jogo do gato e rato, que estão literalmente enlouquecendo. A adrenalina somatizada à endorfina e à tensão da sobrevivência dão destaque aos personagens Arturo (Enrique Arce), Sierra, Denver (Jaime Lorente) e Bogotá (Hovik Keuchkerian), além de um batalhão especial, estilo ‘Esquadrão Suicida’, que entra em cena para tocar o terror nos Dalís. Isso faz com que essa última temporada seja mais pesada, com muitas perdas figurativas e literalmente.
A primeira parte da última temporada de ‘La Casa de Papel’ é intensa, heavy metal, descontrolada e provoca os protagonistas ao seus limites emocionais e psicológicos. Do jeito que acaba, deixa um sabor agridoce na boca, ansiando pelo capítulo final em dezembro.