quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Lady Bird: A Hora de Voar – 99% no Rotten Tomatoes e aqui não é diferente!

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Dirigido e escrito por Greta Gerwig (Frances Ha), Lady Bird é uma ode à cidade de Sacramento, além de uma jornada sobre amadurecimento da adolescência ao início da juventude, mas muito mais uma relação calorosa entre mãe e filha. Esta é a primeira vez que Greta assume sozinha as funções de roteirista e diretora, e não poderia ter tido melhor desempenho.

É evidente que a artista traz muito da sua própria trajetória no enredo, o que faz dele uma história totalmente tocante, verossímil e divertida. Aos 23 anos, Saoirse Ronan está perfeita no papel da dinâmica adolescente em busca de emoção e um sentido mais amplo para vida, ou nas palavras da personagem, ir para bem longe de sua cidade natal. Sua primorosa atuação deve lhe render uma terceira indicação ao Oscar, após os elogiados Desejo e Reparação (2007) e Brooklyn (2015).



A cena inicial de mãe e filha ouvindo uma história no rádio do carro e derramando lágrimas é um prólogo genial. A partir dali se desenvolve um veemente diálogo sobre como Christine “Lady Bird” McPherson (Saoirse Ronan) deseja se livrar das suas raízes em Sacramento e buscar algo mais colorido para sua vida, enquanto Marion McPherson (Laurie Metcalf), sua mãe, tenta contra-argumentar realisticamente os voos da menina.

Para encerrar o assunto, Lady Bird simplesmente salta do carro em movimento. Um simples gesto que mostra muito de sua personalidade intempestiva e sonhadora. Seu apelido já é uma alelo a sua idealizada fuga de casa. Como um pássaro, a adolescente deseja alçar voo, entretanto, para isso, ela necessita encarar o último ano do ensino médio em um colégio católico.

Nessa conjuntura de expectativas e dura realidade, Lady Bird vive as experiências da juventude como relacionamentos, sexo e amizade. Apesar de não demonstrar nenhum talento especial ou ser uma estudante excepcional, a jovem aspira estar rodeada de pessoas criativas e inquisidoras, isto é, ir para uma universidade em Nova York, ou pelo menos alguma província ao norte da costa oeste dos Estado Unidos.

Um dos pontos fortes da obra é como essa jornada de transição é mostrada de forma simples, mas ao mesmo tempo visceral. Cada cena – como a escolha de um vestido na loja com mãe – é uma visão única e sistemática na vida da personagem. O competente roteiro de Greta entrega dezenas de belíssimas sequências, imagens que te transportam para a percepção do mundo da jovem, com todas as suas frustrações e criatividade para driblá-las.

Desde o início, a narrativa é perfeitamente desenhada com culminantes momentos de tensão entre mãe e filha, mas de ternura e carinho em relação ao pai (Tracy Letts). Freud explica? Algumas discussões são tão fortes que alfinetam nosso coração, já outras nos transportam para os nossos próprios dilemas filiais.

A veterana atriz Laurie Metcalf (conhecida pelo papel de mãe de Sheldon no seriado The Big Bang Theory) tem uma química impecável com Saoirse, numa contundente demonstração de tensão do amor materno. Não me surpreenderia algumas indicações ao prêmio de melhor atriz coadjuvante.

Aliás, os coadjuvantes dessa história são encantadores. Todos, ao seu momento, tem uma mágica participação no caminho de Christine. Um dos seus interesses amorosos, Kyle, com quem temos um dos mais divertidos momentos do filme, ou seja, a descoberta do sexo, é vivido por Timothée Chalamet, aclamado pela atuação em Me Chame Pelo Seu Nome (2017).

Assim como em Frances Ha (2012), nos sentimos reconfortados pela protagonista, porque, de uma forma ou de outra, ela consegue realizar o seu sonho e se encontrar. Lá, Frances transitava entre os sonhos juvenis e a maturidade da vida adulta. Aqui, Christine descobre que crescer é saber reconhecer a necessidade do outro, não apenas olhar para si mesma.

Sacramento é um personagem ao fundo observando toda essa jornada. Quando Lady Bird escreve sua carta para universidade, ela descreve a cidade, e a diretora da escola aponta como a estudante demonstra abertamente o seu amor por Sacramento. O que ela imediatamente rebate ao dizer que não queria expressar nenhum sentimento, mas apenas “prestou atenção” ao redor.

Dessa mesma forma, Greta transformou sua “atenção” ao redor nesta majestosa obra sobre caminhos a percorrer, expressar gratidão, se colocar no lugar do outro e, sobretudo, ser dona das suas escolhas. Com diálogos energéticos e atuações excepcionais, Lady Bird é um fabuloso filme sobre transição e amadurecimento, em que o importante é viver, aprender e seguir em frente.

 

 

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É evidente que a artista traz muito da sua própria trajetória no enredo, o que faz dele uma história totalmente tocante, verossímil e divertida. Aos 23 anos, Saoirse Ronan está perfeita no papel da dinâmica adolescente em busca de emoção e um sentido mais amplo para vida, ou nas palavras da personagem, ir para bem longe de sua cidade natal. Sua primorosa atuação deve lhe render uma terceira indicação ao Oscar, após os elogiados Desejo e Reparação (2007) e Brooklyn (2015).

A cena inicial de mãe e filha ouvindo uma história no rádio do carro e derramando lágrimas é um prólogo genial. A partir dali se desenvolve um veemente diálogo sobre como Christine “Lady Bird” McPherson (Saoirse Ronan) deseja se livrar das suas raízes em Sacramento e buscar algo mais colorido para sua vida, enquanto Marion McPherson (Laurie Metcalf), sua mãe, tenta contra-argumentar realisticamente os voos da menina.

Para encerrar o assunto, Lady Bird simplesmente salta do carro em movimento. Um simples gesto que mostra muito de sua personalidade intempestiva e sonhadora. Seu apelido já é uma alelo a sua idealizada fuga de casa. Como um pássaro, a adolescente deseja alçar voo, entretanto, para isso, ela necessita encarar o último ano do ensino médio em um colégio católico.

Nessa conjuntura de expectativas e dura realidade, Lady Bird vive as experiências da juventude como relacionamentos, sexo e amizade. Apesar de não demonstrar nenhum talento especial ou ser uma estudante excepcional, a jovem aspira estar rodeada de pessoas criativas e inquisidoras, isto é, ir para uma universidade em Nova York, ou pelo menos alguma província ao norte da costa oeste dos Estado Unidos.

Um dos pontos fortes da obra é como essa jornada de transição é mostrada de forma simples, mas ao mesmo tempo visceral. Cada cena – como a escolha de um vestido na loja com mãe – é uma visão única e sistemática na vida da personagem. O competente roteiro de Greta entrega dezenas de belíssimas sequências, imagens que te transportam para a percepção do mundo da jovem, com todas as suas frustrações e criatividade para driblá-las.

Desde o início, a narrativa é perfeitamente desenhada com culminantes momentos de tensão entre mãe e filha, mas de ternura e carinho em relação ao pai (Tracy Letts). Freud explica? Algumas discussões são tão fortes que alfinetam nosso coração, já outras nos transportam para os nossos próprios dilemas filiais.

A veterana atriz Laurie Metcalf (conhecida pelo papel de mãe de Sheldon no seriado The Big Bang Theory) tem uma química impecável com Saoirse, numa contundente demonstração de tensão do amor materno. Não me surpreenderia algumas indicações ao prêmio de melhor atriz coadjuvante.

Aliás, os coadjuvantes dessa história são encantadores. Todos, ao seu momento, tem uma mágica participação no caminho de Christine. Um dos seus interesses amorosos, Kyle, com quem temos um dos mais divertidos momentos do filme, ou seja, a descoberta do sexo, é vivido por Timothée Chalamet, aclamado pela atuação em Me Chame Pelo Seu Nome (2017).

Assim como em Frances Ha (2012), nos sentimos reconfortados pela protagonista, porque, de uma forma ou de outra, ela consegue realizar o seu sonho e se encontrar. Lá, Frances transitava entre os sonhos juvenis e a maturidade da vida adulta. Aqui, Christine descobre que crescer é saber reconhecer a necessidade do outro, não apenas olhar para si mesma.

Sacramento é um personagem ao fundo observando toda essa jornada. Quando Lady Bird escreve sua carta para universidade, ela descreve a cidade, e a diretora da escola aponta como a estudante demonstra abertamente o seu amor por Sacramento. O que ela imediatamente rebate ao dizer que não queria expressar nenhum sentimento, mas apenas “prestou atenção” ao redor.

Dessa mesma forma, Greta transformou sua “atenção” ao redor nesta majestosa obra sobre caminhos a percorrer, expressar gratidão, se colocar no lugar do outro e, sobretudo, ser dona das suas escolhas. Com diálogos energéticos e atuações excepcionais, Lady Bird é um fabuloso filme sobre transição e amadurecimento, em que o importante é viver, aprender e seguir em frente.

 

 

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