quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica – Loki | 1º episódio não inova, mas dita o tom da série

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu ao primeiro episódio de Loki, não leia esta matéria para não receber spoilers.



Depois do primeiro mês sem produções originais Marvel saindo semanalmente no Disney+, parece que a série do Loki demorou uma eternidade para estrear. Pois bem, agora que o primeiro capítulo já está disponível, podemos dizer que esse foi o “piloto” mais básico dessa nova leva de séries da Marvel até aqui. Isso não é um demérito, só quer dizer que se encaixa mais nos padrões narrativos estabelecidos até aqui. De qualquer forma, em aproximadamente 51 minutos, o primeiro capítulo estabelece pontos importantes não só para o desenvolvimento do próprio seriado, mas também para o futuro do MCU. Vamos falar mais sobre eles a partir do próximo parágrafo, então cuidado com os spoilers.

A série começa exatamente de onde Vingadores: Ultimato (2019) deixou o Loki (Tom Hiddleston): escapando da linha alternativa da Batalha de Nova York, em 2012. Ele pega o Tesseract e foge para a Mongólia, onde é capturado e levado a julgamento pela agência de controle de linhas do tempo, a TVA. E é lá que as coisas ficam estranhas. Com um visual meio retrô futurista, vemos a repartição pública temporal julgando casos e resolvendo realidades alternativas com um grande reset.

Nessa história de apagar linhas do tempo alternativas que fogem de controle, é falado que a realidade da qual Loki veio foi apagada. Para os agentes da TVA, isso foi uma forma de resolver a confusão dos Vingadores na busca pelas Joias do Infinito. Porém, para quem não habita essa realidade, acabou soando mais como preguiça de roteiro. Afinal, eles descartaram a possibilidade de mostrar os heróis ou a S.H.I.E.L.D. daquele universo unindo esforços para encontrar o Loki fugitivo. Seria interessante se fosse bem trabalhado, mas acabaram só jogando essa realidade fora.

Nessa mesma sequência de introdução da TVA, é mostrado um outro prisioneiro marrento que diz ser filho de um membro da diretoria da Goldman Sachs e que basta um telefonema para destruir a carreira do guarda. Essa piada pode ter escapado de alguns, mas acontece que a empresa citada pelo rapaz é uma das principais investidoras internacionais, famosa por seus lucros bilionários e exploração dos funcionários. Em outras palavras, a série atribui o sucesso da empresa a um jovem viajante do tempo. Convenhamos, é bem fácil fazer investimentos milionários certeiros quando se sabe o que vai acontecer no futuro.

Se a série mandou mal ao descartar a linha do tempo dos Vingadores alternativos, ela mandou bem demais ao desenvolver o Multiverso. Uma das explicações para a existência da TVA é justamente manter o fluxo saudável e evitar a “Loucura do Multiverso”, referenciando o próximo filme-evento da Marvel: Doutor Estanho: No Multiverso da Loucura, programado para sair em 2022. Nas explicações, eles falam que criaturas Nexus podem acabar desviando os rumos do Multiverso, causando colapso e “loucura”. Como vimos em WandaVision, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) é um ser Nexus. E, ao que tudo indica, o Loki tende a se revelar um deles também.

No entanto, antes de especular sobre o futuro do anti-herói, o primeiro episódio faz uma verdadeira sessão de terapia com o Deus da Trapaça. Inicialmente, ele seria resetado como todos os outros criminosos, mas surge Mobius M. Mobius (Owen Wilson) e faz com que sua sentença seja alterada para que Loki possa auxiliá-lo na busca por um criminoso que está bagunçando as linhas do tempo e mexendo com a TVA.

Como era de se esperar, Loki se nega a ajudar e tenta escapar, sempre sendo atrapalhado pela coleira de controle temporal colocada nele. Então, Mobius começa a mostrar trechos de fracasso do passado de Loki, tentando fazer com que ele entenda o motivo de suas ações. Nenhuma delas parece surtir efeito, até que ele avança no futuro e mostra ao Deus da Trapaça o que o futuro de sua linha do tempo guardava para ele: a morte de sua mãe (Rene Russo) ocorrendo por sua culpa. Além de ter um peso fundamental para o personagem, esse momento valoriza bastante Thor: O Mundo Sombrio (2013), um dos filmes mais criticados do estúdio. Isso mexe com a cabeça de Loki, que consegue escapar e se depara com várias Joias do Infinito sendo usadas como peso de papel.

E aí que chega o ponto alto do episódio. Depois de escapar de sua prisão, Loki começa a ser perseguido pelos agentes da TVA. Em vez de tentar escapar dali, ele se dá conta de que sua realidade foi apagada e que sua busca obsessiva pelo Tesseract, que culminou em inúmeras derrotas em sua vida, foi em vão, já que existia um poder ainda maior em uma região na qual nem mesmo as Joias do Infinito tinham efeito. Dessa forma, meio em choque pela falta de sentido na existência, ele retorna para a sala onde estava preso e começa a assistir sua vida. Em lágrimas, ele vê mais derrotas, um entendimento com o irmão, Thor (Chris Hemsworth), até chegar a sua morte, em Vingadores: Guerra Infinita (2018). Desolado com a falta de propósito e ainda motivado pela sede por poder, ele meio que aceita sua atual insignificância, “desce do pedestal” e aceita participar da missão da TVA. Essa “sessão de terapia” foi bastante inesperada no primeiro episódio, apesar de ter acontecido em todas as outras séries da Marvel no Disney+. E a forma como ela foi trabalhada aqui, considerando que mexeu diretamente com um dos três personagens mais arrogantes do MCU, é um dos pontos altos desse episódio inicial.

Então, ao final do episódio, quando Loki aceita trabalhar com Mobius, é revelado que aquele demônio que aparece em um vitral da França não era o Mephisto, como alguns especulavam, mas sim o próprio Loki. E a missão do Deus da Trapaça junto da TVA seria encontrar esse outro Loki, capturá-lo e impedi-lo de seguir bagunçando as linhas do tempo.

Hora da Teoria

A motivação desse (ou dessa) outro Loki ainda não foi revelada. Sabe-se apenas que essa versão criminosa está roubando as cargas das armas que resetam outras linhas do tempo. Não seria nenhum absurdo supor que o “Loki do Mal” teve sua realidade apagada pela TVA e, sem ter para onde voltar, resolveu se vingar da agência impedindo que eles destruam a realidade de outras pessoas. Além de ser uma abordagem interessante, revertendo os papéis de heróis e vilões, pode render uma trama bem trabalhada e com muito potencial.

Saindo de uma possível teoria para uma teoria confirmada, esse primeiro episódio mostrou que os fãs acertaram uma parte da trama por conta de uma cena do trailer. Quando a prévia saiu, muita gente acreditou que a cena de Loki pulando de um avião estava relacionada a um caso histórico dos EUA. E não é que foi isso mesmo?

O retrato falado de D.B. Cooper serviu de base para o figurino do Loki.

Durante a sequência em que Mobius mostra partes do passado de Loki em uma tela, ele passa um vídeo dos anos 1970, quando Loki sequestrou um avião, pediu um resgate de US$ 200 mil e saltou de paraquedas após conseguir o dinheiro. Considerado o único crime aéreo da história dos Estados Unidos a ser encerrado sem solução, a ameaça de bomba de Dan B. Cooper aconteceu exatamente como mostrado na série. E o criminoso nunca foi encontrado, já que fugiu sem deixar rastros. De acordo com a série, ele nunca foi pego por ser o Loki é ter sido transportado pela Bifrost de volta para Asgard. A causa? Bem, o Thor venceu uma aposta… Essa pegada de acontecimentos históricos do passado rolando por conta da influência de Loki e companhia é um acerto que pode render momentos memoráveis para a série, caso seja bem explorada.

Enfim, apesar de não ser dos mais inovadores em níveis narrativos, o primeiro episódio de Loki é muito bem executado e já dá uma ideia do que podemos esperar dessa série. Em outras palavras, ele cumpre bem seu papel e abre as portas para o que parece ser mais uma boa série da Marvel que acompanharemos pelas próximas cinco semanas.

Os novos episódios de Loki estreiam no Disney+ toda quarta-feira.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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A série começa exatamente de onde Vingadores: Ultimato (2019) deixou o Loki (Tom Hiddleston): escapando da linha alternativa da Batalha de Nova York, em 2012. Ele pega o Tesseract e foge para a Mongólia, onde é capturado e levado a julgamento pela agência de controle de linhas do tempo, a TVA. E é lá que as coisas ficam estranhas. Com um visual meio retrô futurista, vemos a repartição pública temporal julgando casos e resolvendo realidades alternativas com um grande reset.

Nessa história de apagar linhas do tempo alternativas que fogem de controle, é falado que a realidade da qual Loki veio foi apagada. Para os agentes da TVA, isso foi uma forma de resolver a confusão dos Vingadores na busca pelas Joias do Infinito. Porém, para quem não habita essa realidade, acabou soando mais como preguiça de roteiro. Afinal, eles descartaram a possibilidade de mostrar os heróis ou a S.H.I.E.L.D. daquele universo unindo esforços para encontrar o Loki fugitivo. Seria interessante se fosse bem trabalhado, mas acabaram só jogando essa realidade fora.

Nessa mesma sequência de introdução da TVA, é mostrado um outro prisioneiro marrento que diz ser filho de um membro da diretoria da Goldman Sachs e que basta um telefonema para destruir a carreira do guarda. Essa piada pode ter escapado de alguns, mas acontece que a empresa citada pelo rapaz é uma das principais investidoras internacionais, famosa por seus lucros bilionários e exploração dos funcionários. Em outras palavras, a série atribui o sucesso da empresa a um jovem viajante do tempo. Convenhamos, é bem fácil fazer investimentos milionários certeiros quando se sabe o que vai acontecer no futuro.

Se a série mandou mal ao descartar a linha do tempo dos Vingadores alternativos, ela mandou bem demais ao desenvolver o Multiverso. Uma das explicações para a existência da TVA é justamente manter o fluxo saudável e evitar a “Loucura do Multiverso”, referenciando o próximo filme-evento da Marvel: Doutor Estanho: No Multiverso da Loucura, programado para sair em 2022. Nas explicações, eles falam que criaturas Nexus podem acabar desviando os rumos do Multiverso, causando colapso e “loucura”. Como vimos em WandaVision, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) é um ser Nexus. E, ao que tudo indica, o Loki tende a se revelar um deles também.

No entanto, antes de especular sobre o futuro do anti-herói, o primeiro episódio faz uma verdadeira sessão de terapia com o Deus da Trapaça. Inicialmente, ele seria resetado como todos os outros criminosos, mas surge Mobius M. Mobius (Owen Wilson) e faz com que sua sentença seja alterada para que Loki possa auxiliá-lo na busca por um criminoso que está bagunçando as linhas do tempo e mexendo com a TVA.

Como era de se esperar, Loki se nega a ajudar e tenta escapar, sempre sendo atrapalhado pela coleira de controle temporal colocada nele. Então, Mobius começa a mostrar trechos de fracasso do passado de Loki, tentando fazer com que ele entenda o motivo de suas ações. Nenhuma delas parece surtir efeito, até que ele avança no futuro e mostra ao Deus da Trapaça o que o futuro de sua linha do tempo guardava para ele: a morte de sua mãe (Rene Russo) ocorrendo por sua culpa. Além de ter um peso fundamental para o personagem, esse momento valoriza bastante Thor: O Mundo Sombrio (2013), um dos filmes mais criticados do estúdio. Isso mexe com a cabeça de Loki, que consegue escapar e se depara com várias Joias do Infinito sendo usadas como peso de papel.

E aí que chega o ponto alto do episódio. Depois de escapar de sua prisão, Loki começa a ser perseguido pelos agentes da TVA. Em vez de tentar escapar dali, ele se dá conta de que sua realidade foi apagada e que sua busca obsessiva pelo Tesseract, que culminou em inúmeras derrotas em sua vida, foi em vão, já que existia um poder ainda maior em uma região na qual nem mesmo as Joias do Infinito tinham efeito. Dessa forma, meio em choque pela falta de sentido na existência, ele retorna para a sala onde estava preso e começa a assistir sua vida. Em lágrimas, ele vê mais derrotas, um entendimento com o irmão, Thor (Chris Hemsworth), até chegar a sua morte, em Vingadores: Guerra Infinita (2018). Desolado com a falta de propósito e ainda motivado pela sede por poder, ele meio que aceita sua atual insignificância, “desce do pedestal” e aceita participar da missão da TVA. Essa “sessão de terapia” foi bastante inesperada no primeiro episódio, apesar de ter acontecido em todas as outras séries da Marvel no Disney+. E a forma como ela foi trabalhada aqui, considerando que mexeu diretamente com um dos três personagens mais arrogantes do MCU, é um dos pontos altos desse episódio inicial.

Então, ao final do episódio, quando Loki aceita trabalhar com Mobius, é revelado que aquele demônio que aparece em um vitral da França não era o Mephisto, como alguns especulavam, mas sim o próprio Loki. E a missão do Deus da Trapaça junto da TVA seria encontrar esse outro Loki, capturá-lo e impedi-lo de seguir bagunçando as linhas do tempo.

Hora da Teoria

A motivação desse (ou dessa) outro Loki ainda não foi revelada. Sabe-se apenas que essa versão criminosa está roubando as cargas das armas que resetam outras linhas do tempo. Não seria nenhum absurdo supor que o “Loki do Mal” teve sua realidade apagada pela TVA e, sem ter para onde voltar, resolveu se vingar da agência impedindo que eles destruam a realidade de outras pessoas. Além de ser uma abordagem interessante, revertendo os papéis de heróis e vilões, pode render uma trama bem trabalhada e com muito potencial.

Saindo de uma possível teoria para uma teoria confirmada, esse primeiro episódio mostrou que os fãs acertaram uma parte da trama por conta de uma cena do trailer. Quando a prévia saiu, muita gente acreditou que a cena de Loki pulando de um avião estava relacionada a um caso histórico dos EUA. E não é que foi isso mesmo?

O retrato falado de D.B. Cooper serviu de base para o figurino do Loki.

Durante a sequência em que Mobius mostra partes do passado de Loki em uma tela, ele passa um vídeo dos anos 1970, quando Loki sequestrou um avião, pediu um resgate de US$ 200 mil e saltou de paraquedas após conseguir o dinheiro. Considerado o único crime aéreo da história dos Estados Unidos a ser encerrado sem solução, a ameaça de bomba de Dan B. Cooper aconteceu exatamente como mostrado na série. E o criminoso nunca foi encontrado, já que fugiu sem deixar rastros. De acordo com a série, ele nunca foi pego por ser o Loki é ter sido transportado pela Bifrost de volta para Asgard. A causa? Bem, o Thor venceu uma aposta… Essa pegada de acontecimentos históricos do passado rolando por conta da influência de Loki e companhia é um acerto que pode render momentos memoráveis para a série, caso seja bem explorada.

Enfim, apesar de não ser dos mais inovadores em níveis narrativos, o primeiro episódio de Loki é muito bem executado e já dá uma ideia do que podemos esperar dessa série. Em outras palavras, ele cumpre bem seu papel e abre as portas para o que parece ser mais uma boa série da Marvel que acompanharemos pelas próximas cinco semanas.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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